LITERÓTICA: PLETORA
DOS ANTÍPODAS - A sua nudez se agiganta na minha afeição. E
eu recolho o seu corpo como quem persegue a salvação da vida. E persigo
escalando suas encostas íngremes e latejantes de carne firme, ilha perfumada
nua em pêlo, arrepiada com toda a seiva transbordante com cheiro bom de
enlouquecer. E endoideço enquanto você se prolonga na alegria do meu coração
que se apropria de toda sua esbelta deidade tentadora para deixá-la encurralada
nas minhas carícias à queima roupa. E vou desenfreado pilhando seu corpo
enquanto se precipita sobre o poderio do meu falo rijo que lambuza a generosidade
do triângulo púbico até a celebração sinuosa da dança pélvica que me arregala
os olhos de forma assustadora com seu embalar de felicidade por possuí-la
suculenta e depravada. E na nossa obscena empatia vou explorando as minas de
ouro escondidas sob a língua sibilante da Britney cheia de imprecações, no
regato dos seios que nutre nossa atração recíproca e nossos corpos mútuos, nos
pontos de ebulição que acende a clareira de nossa vertigem despudorada, nas
nádegas arrebitadas que bamboleia para o meu completo enlouquecimento, na sua
guarita onde a minha vontade endurecida mergulha no abismo para que possa
hibernar soterrado de prazer. E na descoberta da delícia, vou investindo com
lambidas ferozes cada fatia da deusa do meu panteão, minha suméria Nammu que
pariu o céu e a terra no caos enquanto o meu sexo guerreiro golpeia e empurro
com estocadas loucas cerrando os dentes, penetrando sua alma como um cavalo
selvagem que atravessa o seu gemido gutural apertando meu membro no prazer
crescente e inevitável, até transbordar todos os impulsos e peripécias do nosso
bom bocado onde o bumerangue vence a parada de todo quilate de sua satisfação
tantalizada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo
& mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - A tragédia não é que o amor
não dure. A tragédia é o amor que dura... Quando você percebe que
alguém está tentando te machucar, dói menos. A menos que você o ame... Os seres humanos precisam de infelicidade
pelo menos tanto quanto eles precisam de felicidade... A poesia tem sido o maior prazer da minha vida... Pensamento da escritora
australiana Shirley Hazzard (1931-2016).
ALGUÉM FALOU: Quando as
coisas dão errado na vida, você levanta o queixo, põe um sorriso encantador,
prepara um coquetel para você... Não existe isso de arruinar a sua vida. A vida
é uma coisa muito resistente, ao que parece. Por vezes você não precisa de um
objetivo de vida, você não precisa de saber qual é o próximo grande plano. Você
só precisa saber o que vai fazer agora!... Pensamento da escritora
britânica Sophie Kinsella.
ÉTICA & MORAL
– Para Mário Sérgio Cortella: Ética é a concepção dos princípios que eu escolho, moral
é a sua prática. Veja mais aqui. Para José Saramago: Nem a arte nem a
literatura têm de nos dar lições de moral. Somos nós que temos de nos salvar, e
isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa
soar antigo e anacrônico. Veja mais aqui & aqui. Para Oscar Wilde: Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando
todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém
está olhando chamamos de Caráter. Veja mais aqui & aqui. E sobre Ética
& Moral veja mais aqui.
O SONO – [...] Privar-nos de uma boa noite de sono afeta
negativamente o estado de humor, o poder de concentração e a capacidade de
acessar funções cognitivas mais complexas. A combinação desses fatores é o que
chamamos de desempenho mental. [...] Quando
você não dorme o suficiente percebe que não está dando o melhor de si, seja nas
decisões de trabalho, nos desafios dos relacionamentos ou em qualquer situação
que requeira julgamento, equilíbrio emocional e criatividade. [...].
Trechos extraídos da obra A terceira medida do sucesso (Sextante, 2013),
da escritora Arianna Huffington. A esse respeito veja A importância do
sono de Regeane Reabulsi aqui & a
privação do sono de Jonathan Crary
aqui.
AS COISAS DESMORONAM – [...] Não há história que não seja verdadeira, [...] O mundo não tem fim, e o que é bom para um povo é uma abominação para
os outros. [...] Se eu seguro a mão
dela, ela diz: 'Não toque!' Se eu seguro o pé dela, ela diz: 'Não toque! [...]
O sol vai brilhar sobre aqueles que estão
de pé antes de brilhar sobre aqueles que se ajoelham sob eles. [...] Quando a lua está brilhando, o aleijado fica
com fome de uma caminhada. [...] Uma
criança não pode pagar pelo leite de sua mãe. [...]. Trechos extraídos da obra Things Fall Apart (Anchor Books, 1994),
do escritor nigeriano Chinua Achebe (1930-2013), Veja mais aqui e aqui.
A INVENÇÃO DO AMOR - Em
todas as esquinas da cidade / nas paredes dos bares á; porta dos edifícios
públicos nas janelas dos autocarros / mesmo naquele muro arruinado por entre
anúncios de aparelhos de rádio e detergentes / na vitrine da pequena loja onde
não entra ninguém / no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da
nossa esperança de fuga / um cartaz denuncia o nosso amor / Em letras enormes
do tamanho / do medo da solidão da angústia / um cartaz denuncia que um homem e
uma mulher / se encontraram num bar de hotel / numa tarde de chuva / entre
zunidos de conversa / e inventaram o amor com carácter de urgência / deixando
cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana / Um homem e uma
mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura / e souberam entender-se
sem palavras inúteis / Apenas o silêncio A descoberta A estranheza / de um
sorriso natural e inesperado / Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
/ Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente / embora subterraneamente
unidos pela invenção conjunta / de um amor subitamente imperativo / Um homem e
uma mulher um cartaz de denúncia / colado em todas as esquinas da cidade / A
rádio já falou A TV anuncia / iminente a captura A policia de costumes avisada
/ procura os dois amantes nos becos e nas avenidas / Onde houver uma flor rubra
e essencial / é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo / É preciso encontrá-los antes que seja tarde / Antes que
o exemplo frutifique / Antes que a invenção do amor se processe em cadeia / Há
pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos / Chamem as tropas
aquarteladas na província / Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos
da defesa passiva / Todos / Decrete-se a lei marcial com todas as consequências
/ O perigo justifica-o / Um homem e uma mulher / conheceram-se amaram-se
perderam-se no labirinto da cidade / É indispensável encontrá-los dominá-los
convencê-los / antes que seja demasiado tarde / e a memória da infância nos
jardins escondidos / acorde a tolerância no coração das pessoas / Fechem as
escolas / Sobretudo protejam as crianças da contaminação / uma agência comunica
que algures ao sul do rio / um menino pediu uma rosa vermelha / e chorou
nervosamente porque lha recusaram / Segundo o director da sua escola é um
pequeno triste / Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem
razão / Aplicado no entanto Respeitador da disciplina / Um caso típico de
inadaptação congénita disseram os psicólogos / Ainda bem que se revelou a tempo
/ Vai ser internado / e submetido a um tratamento especial de recuperação / Mas
é possível que haja outros. É absolutamente vital / que o diagnóstico se faça
no período primário da doença / E também que se evite o contágio com o homem e
a mulher / de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade / Está
em jogo o destino da civilização que construímos / o destino das máquinas das
bombas de hidrogénio / das normas de discriminação racial / o futuro da
estrutura industrial de que nos orgulhamos / a verdade incontroversa das declarações
políticas / Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários / precisamos
da sua experiência onde quer que se escondam / ao temor do castigo / Que todos
estejam a postos / Vigilância é a palavra de ordem / Atenção ao homem e á;
mulher de que se fala nos cartazes / À mais ligeira dúvida não hesitem
denunciem / Telefonem á; polícia ao comissariado ao Governo Civil / não
precisam de dar o nome e a morada / e garante-se que nenhuma perseguição será
movida / nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa / Organizem em
cada bairro em cada rua em cada prédio / comissões de vigilância. Está em jogo
a cidade / o país a civilização do ocidente / esse homem e essa mulher têm de
ser presos / mesmo que para isso tenhamos de recorrer á;s medidas mais
drásticas / Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais
/ a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência / Em
qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente / espreitam
a rua pelo intervalo das persianas / beijam-se soluçam baixo e enfrentam a
hostilidade nocturna / É preciso encontrá-los / É indispensável descobri-los / Escutem
cuidadosamente a todas as portas antes de bater / É possível que cantem / mas
defendam-se de entender a sua voz / Alguém que os escutou / deixou cair as
armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas / E quando foi
interrogado em Tribunal de Guerra / respondeu que a voz e as palavras o faziam
feliz / lhe lembravam a infância / Campos verdes floridos água simples correndo
A brisa das montanhas / Foi condenado á; morte é evidente / É preciso evitar um
mal maior / Mas caminhou cantando para o muro da execução / foi necessário
amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele / um misterioso halo de uma
felicidade incorrupta / Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los
/ nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra
privativa / Não estarão nunca aí / Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada
acontece / A identificação é fácil / Onde estiverem estará também pousado sobre
a porta / um pássaro desconhecido e admirável / ou florirá na soleira a mancha
vegetal de uma flor luminosa / Será então aí / Engatilhem as armas invadam a
casa disparem á; queima roupa / Um tiro no coração de cada um / Vê-los-ão
possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro / e podereis
voltar alegremente para junto dos filhos da mulher / Mais ai de vós se
sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto / Quer dizer que fostes
contagiados Que estais também perdidos para nós / É preciso nesse caso ter
coragem para desfechar na fronte / o tiro indispensável / Não há outra saída A
cidade o exige / Se um homem de repente interromper as pesquisas / e perguntar
quem é e o que faz ali de armas na mão / já sabeis o que tendes a fazer Matai-o
Amigo irmão que seja / matai-o Mesmo que tenha comido á; vossa mesa e crescido
a vosso lado / matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda / os
seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea / e deslizem depois numa tristeza
líquida / até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira / um só golpe
mortal misericordioso basta / para impor o silêncio secreto e inviolável / Procurem
a mulher o homem que num bar / de hotel se encontraram numa tarde de chuva / Se
tanto for preciso estabeleçam barricadas / senhas salvo-condutos horas de
recolher / censura prévia á; Imprensa tribunais de exceção / Para bem da cidade
do país da cultura / é preciso encontrar o casal fugitivo / que inventou o amor
com carácter de urgência / Os jornais da manhã publicam a notícia / de que os
viram passar de mãos dadas sorrindo / numa rua serena debruada de acácias / Um
velho sem família a testemunha diz / ter sentido de súbito uma estranha paz
interior / uma voz desprendendo um cheiro a primavera / o doce bafo quente da
adolescência longínqua / No inquérito oficial atónito afirmou / que o homem e a
mulher tinham estrelas na fronte / e caminhavam envoltos numa cortina de música
/ com gestos naturais alheios Crê-se / que a situação vai atingir o clímax / e
a polícia poderá cumprir o seu dever. Poema do escritor e jornalista cabo-verdiano Daniel
Filipe (1925-1964).
LITERÓTICA: SOU FESTA DENTRO DELA!
GINOFAGIA: QUATRO POEMETOS EM PROSA DE PAIXÃO POR ELA
EU & ELA NAQUELA NOITE TODAS AS NOITES
GINOFAGIA DA CHEGADA DELA PRO AMOR