quinta-feira, março 07, 2013

PQT DE VCA, JOHN RECHY, CHEDID, CHOMSKY, BAKHTIN, NAWAL & AGNES MARTIN

 

PALPO A QUIMERA & O TREMOR DE VCA – Bastou um verso de Murilo Mendes e surgiram átomos de palavras com uma tuia de monósticos iniciado pelo “Onde busco abrigo e abstrato exílio”. Giro em que vergas gemem e ergas emem altanoite, com grito de pedra à dor do mundo de um Rimbaud abandonado na barca dos sentidos, clarim plúmbeo e sexo da morte, cônegos partidos na conspiração do crepúsculo e a profecia azul, o basalto absoluto aos artesão de Nuremberg, acordes de cor com dísticos amarelos e tercetos italianos, objetos, realidade, leitura, visão pergunta à tinta ou a Gôngora, o cio de égua porque o amor cura na derrota pela pedra, em que doar\doer era apenas rumor do tempo com a confissão trêmula a Ivonilde com três poemas perdidos. Voz de gaivota e o aconselho no poema a Tutmósis Terceiro, era setembro em Creta para a Declaração sem princípio, destino e glória do poema das tardes perpétuas e noites betuminosas. Sete poemas (seis próprios) em um quarto em Lisboa ainda em novembro e chovia no nascimento do azul na insônia do tempo no velório amarelo da morte mineral loucura. O naufrágio do rosto aos mortos de abril (à América Latina sepultada sob o escombro da tortura). A azul voz de gaivota  no epitáfio cônico (em forma de crônica) porque palpo a quimera e o tremor, ir serpente ser pela estória de gnomos sem elfos ou c0nfissão unicórnia, eu álamo, Shelley afogou-se em setembro no Golfo de Spezzia e a tristeza se abate sobre basaltos. Cavalos da autora derrubaram pianos enquanto os últimos ruidos da manhã atravessam tênue céu de açucena, fragmentos de ouro do poemas aos 55, vi VI e vi II, Rilke, Pound, Hordelin, Paz, os sentidos do poema, poeta coitado (confissão irrespondível, de chegada e de olhos, o crepúsculo tocaia touro: lábaro extremado. Silêncio amanhece pálpebra aberta: olhar posto e descontínuo, meu nome é capricónio na segunda confissão do poeta sem aspas aos olhos da manhã. Ah, com prefácio de Delmo Montenegro sobre um motivo de Vinicius de Moraes e Valdene Duarte: só as paredes confesso. Fragmentos de César Leal e Sébastien Joachim, invocando Eliot, Eugênio de Andrade, Laugston Hughes, Walter de la Mare, Archibald Macleish, José Gomes Ferreira, para cismar: o visível inviabiliza o invisível ou o cobre com a cal da opacidade... Vá-se à medula do que seja novo, mire-se na ganga pura, abula o ouro hipnótico, entregue-se à potência da palavra e à geometria do porvir! Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - As mulheres são metade da sociedade. Você não pode ter uma revolução sem mulheres. Você não pode ter democracia sem mulheres. Você não pode ter igualdade sem mulheres. Você não pode ter nada sem mulheres. Democracia não é apenas liberdade de criticar o governo ou chefe de Estado, ou para realizar eleições parlamentares. A verdadeira democracia obtém apenas quando as pessoas - mulheres, homens, jovens, crianças - têm a capacidade de mudar o sistema de capitalismo industrial que os oprimiu desde os primeiros dias da escravidão: um sistema baseado em divisão de classe, patriarcal e militar , um sistema hierárquico que subjuga as pessoas apenas porque nascem pobres, ou mulheres ou pele escuras... Pensamento da escritora, médica e feminista egípcia Nawal al-Sa'dawi (1931-2021).

 

ALGUEM FALOU - Para ser um artista, você olha, você percebe, você reconhece o que está passando pela sua cabeça. E não são ideias. Tudo o que você sente e tudo o que você vê e tudo o que toda a sua vida passa pela sua cabeça, você sabe. Mas você tem que reconhecê-lo e acompanhá-lo e realmente senti-lo. Minhas obras não têm objeto, nem espaço, nem linha, nem nada – nem formas. Eles são luz, leveza, sobre a fusão, sobre a falta de forma, quebrando a forma. Você não pensaria em forma perto do oceano. Você pode entrar se não encontrar nada. Um mundo sem objetos, sem interrupção, fazendo uma obra sem interrupção ou obstáculo. É aceitar a necessidade desse simples e direto entrar em um campo de visão como se fosse cruzar uma praia vazia para olhar o oceano. Negligenciar sua própria mente é como negligenciar sua consciência. Isso é como desistir de toda a esperança de alegria e felicidade, realmente. Você é o único que pode descobrir para você o significado de qualquer coisa. O que isso significa para você. Com isso, não quero dizer significado intelectual. Quero dizer, o que isso significa, como isso faz você se sentir. Você tem que ver se você realmente está feliz ou não. Se você está realmente triste ou não. E você tem que investigar o que passa pela sua cabeça. Pensamento da pintora e educadora canadense Agnes Martin (1912-2004), autora do poema: O estado de espírito aventureiro é uma casa alta // Para aproveitar a vida, o estado de espírito aventureiro deve ser / compreendido e mantido // A característica essencial da aventura é que é um / avançar para um território desconhecido // O a alegria da aventura é inexplicável // Essa é a atratividade da / obra de arte. É aventureiro, / extenuante e alegre. E também autora do texto: Ao descrever a inspiração, não quero que você pense que estou falando de religião. Aquilo que nos surpreende - momentos de felicidade - isso é inspiração. Inspiração que é diferente do cuidado diário. Muitas pessoas, quando adultas, ficam tão impressionadas com a inspiração que é diferente dos cuidados diários que pensam que são únicas por tê-la. Nada poderia estar mais longe da verdade. A inspiração está presente o tempo todo. Veja mais aqui.

 

CULTURA POPULAR - [...] todos eram iguais e onde reinava uma forma especial de contato livre e familiar entre os indivíduos normalmente separados na vida cotidiana pelas barreiras intransponíveis da sua condição, sua fortuna, seu emprego, idade e situação familiar [...] A vitória sobre a morte não é absolutamente a sua eliminação abstrata, é ao mesmo tempo o seu destronamento, sua renovação, sua transformação em alegria: o inferno explodiu e converteu-se numa cornucópia. [...] A vitória sobre a morte não é absolutamente a sua eliminação abstrata, é ao mesmo tempo o seu destronamento, sua renovação, sua transformação em alegria: o inferno explodiu e converteu-se numa cornucópia. [...]. Trechos extraídos da obra A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (Annablume, 2002), do filósofo e pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin (1895-1975). Veja mais aqui.

 

CIDADE DA NOITE - [...] Contra uma parede, uma mulher loira desbotada - um anjo exilado, com traços de beleza ainda persistentes em seu rosto pálido - está sentada com olhos delineados em preto queimando o bar. [...] Da rua, olhei para os prédios de apartamentos, para as janelas nuas dos minúsculos cubículos. Mais rostos macilentos olhando inexpressivamente; corpos magros e mutilados de mulheres indiferentes em combinações; homens sem camisa. Todos têm a mesma aparência: a aparência de uma condenação resignada e não mais questionadora. O mundo de joelhos… [...] Sua família a expulsou, anos atrás; eles até se ofereceram para pagá-la para ficar longe. Ela acrescentou com orgulho: “Mas Kathy não aceitaria o dinheiro deles. Ela vive em um pequeno buraco do inferno no bairro desde então - sozinha. Aqueles apagões que ela tem... Ela está morrendo,” ela disse abruptamente. [...] E eu vejo: Dominando o horizonte, no topo de um prédio alto, um holofote gigante escaneando a cidade. Ele desliza assustadoramente, gira sobre a água negra. Ele flutua, paira acima do horizonte, circunda a cidade noturna. E loucamente animado, de repente me pergunto se aquele holofote girando todas as noites não está tentando de alguma forma abraçar tudo - abraçar aquela fusão de contradições selvagens dentro desta lenda chamada América momentaneamente perdido - algo encontrado novamente no parque, nos quartos dos fugitivos, nas selvas abandonadas: o mundo da dor não solicitada e não solicitada... encontrado agora, de forma libertadora, até mesmo na memória do próprio Neil. E eu pude pensar naquele momento, pela primeira vez realmente: É possível odiar o mundo imundo e ainda amá-lo com um amor abstrato e piedoso. [...]. Trechos extraídos da obra As cidades da noite (Civilização Brasileira, 1964), do escritor estadunidense John Rechy, autor de frases como: Você pode apodrecer aqui sem sentir. Apenas a ausência de solidão. Isso é amor o suficiente. Li muitos livros, vi muitos, muitos filmes. Assisti outras vidas, só por uma janela. A memória é muito pouco confiável para ser "verdadeira"

 

O POEMA FINAL - Uma forja arde em meu coração. \ Sou mais vermelha que a aurora, \ Mais profunda que algas, \ Mais distante que gaivotas, \ Mais oca que poços. \ Mas eu só dou à luz \ Sementes e cascas. \ Minha língua se emaranha em palavras: \ Não falo mais branco, \ Nem pronuncio preto, \ Nem sussurro o cinza de um penhasco gasto pelo vento, \Mal vislumbro uma andorinha, \ O breve vislumbre de uma sombra, \ Ou adivinho uma íris. \ Onde estão as palavras, \ O fogo eterno, \ O poema final? \ A fonte da vida? Poema da escritora egípcia Andrée Chedid (1920-2011). Veja mais aqui.

 



Imagem: João Wainer / Folha Imagem


A ‘guerra contra o terrorismo’ serve, antes de mais nada, para encobrir 

outras políticas, como se fez com a ‘ameaça comunista’”.


O lingüista PhD pela Universidade da Pensilvânia, filósofo, escritor e teórico das comunicações norte-americano Noam Chomsky é um dos maiores intelectuais da contemporaneidade, autor de uma volumosa produção intelectual, adversário virulento do estruturalismo e do behaviorismo, voz condutora da esquerda e ativista contra a política externa norte-americana. Ele trabalha no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e já escreveu mais de 30 livros sobre temas como intervencionismo, direitos humanos e mídia, além de várias obras no campo da lingüística. Reconhecido pelos críticos como um socialista libertário, Chomsky destacou-se na década de 1990 por ser o principal crítico do mercado livre. Para ele, o caráter liberal do capitalismo é estruturalmente falho e moralmente maléfico.
Entre as suas obras estão “Aspectos da Teoria da Sintaxe”, onde o autor criou a Gramática Transformacional. Tendo criado anteriormente a gramática gerativa que visava descrever todas as frases de uma língua através de um número finito de regras que possibilita engendrar ou explicitar um número infinito de frases, e, também, a gramática sintagmática onde as palavras que compõem a frase são denominadas de constituintes últimos e a ordem ocupadas por estes, uns em relação aos outros, é designada pela expressão estrutura linear da frase. Na gramática transformacional, a sintaxe se desdobra em dois componentes: base da gramática, definindo as estruturas fundamentais; e o componente transformacional que é constituído pelas transformações graças às quais é possível chegar às estruturas das frases, tal como se apresentam na língua. Com isso, o sentido de cada frase é derivado, em grande parte, senão totalmente, de sua estrutura profunda, por meio de regras de interpretação semântica.
Também “O lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e ordem global”, onde o autor faz uma análise profunda do sistema doutrinário das democracias capitalistas e da ameaça neoliberal, colocando-se como crítico do mercado livre e ao capitalismo, interpretado por ele como falho estruturalmente. Chomsky assinala que o neoliberalismo existe há tempo e a realidade hoje é que ele se configurou através de uma nova versão onde vigora a opressão sobre a maior parte da sociedade. Por esta razão ele entende que o Neoliberalismo é a causa da progressão das desigualdades sócio-econômicas, catastróficos e de irreversíveis desastres ecológicos, da instabilidade econômica global e do aumento da concentração de riqueza. Com isso ele traz um manifesto anti-neoliberal que denuncia as conseqüências originadas pela imposição dessa política de repercussão global. Portanto, o alvo das maiores críticas é o governo dos EUA e também declara oposição aos países ricos, descrevendo a geração de pobreza das nações adeptas aos ditames do Consenso de Washington.
Um outro livro, “Notas sobre o anarquismo”, Chomsky explicita o seu antidogmatismo: “(...) o anarquismo tem costas largas, e, como o papel, aceita qualquer coisa”, onde ele ressalta a pluralidade e a ponto de assinalar anarquismos, formulando sua concepção de socialismo libertário e anarquismo social que é a tendência anarquista que está preocupada com os problemas sociais, criticando a propriedade privada dos meios de produção, a opressão do Estado e do Capital, as múltiplas opressões que estão além da esfera política e econômica como a opressão de gênero, de raça, a discriminação dos homossexuais e assim por diante. No livro ele analisa a relevância do anarco-sindicalismo, trata acerca do arnarquismo frente o marxismo e as expectativas para o futuro, metas e projeto, os intelectuais e o Estado no arnarquismo, a reforma e revolução, o poder e os dilemas do socialismo libertário. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

BIBLIOGRAFIA:
CHOMSKY Noam. O lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Tradução Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
_____. Aspectos da teoria da sintaxe. São Paulo: Abril, 1978.
_____. Notas sobre o anarquismo. São Paulo: Imaginário, 2004.




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