ESSAS MLHERES
EXCEPCIONAIS – UMA: LIÇÃO DE VIDA – A escritora
afro-estadunidense Octavia Butler (1947-2006)
que também atuou como educadora no combate ao preconceito e racismo, transmitiu
por meio de sua obra o que havia de exemplar na sua própria condução: Para se erguer das suas próprias cinzas, uma
Fénix primeiro tem de arder... Somos todos capazes de subir muito mais do que
normalmente nos permitem supor... Consideremos que nascemos não com propósito,
mas com potencial... (Veja mais dela aqui). DOIS: POESIA NA GUERRA – A poeta
estadunidense Sara Teasdale (1884–1933) deixou sua marca num belo poema
intitulado Tempos de Guerra: Chuvas
suaves chegarão e o cheiro de chão, \ E andorinhas revoando, seus rútilos sons;\
E sapos nos brejos cantarolando na noite,\ E ameixeiras silvestres em seu
branco oscilante,\ Tordos trajarão incandescentes ornamentos\ Trinando seus
caprichos em baixos tapamentos;\ E ninguém então saberá da guerra, ninguém\ Se
importará quando ela terminar enfim.\ Ninguém se importaria, nem árvore nem
ave,\ Se os homens morressem em sua totalidade; \ E a própria primavera, ao
acordar na aurora,\ Sequer perceberia se fôssemos embora. (Veja mais dela aqui).
TRÊS: ENCONTRE O QUE PROCURA – Já a estilista e designer de moda estadunidense Whitney
Port dá seu depoimento como quem
acerta o alvo: Encontre o que você
ama e encontre uma maneira de fazer disso parte do seu dia a dia. Você precisa
encontrar confiança para assumir certos riscos. Você vai ouvir muitos nãos
antes de chegar ao sim. É importante ter essa confiança para superar isso e
saber que faz parte de tentar crescer algo grande... Taí, falou bonito. E
vamos aprumar a conversa! Veja mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Uma cidade é um mundo se amarmos um dos seus habitantes... Procuramos
preencher o vazio da nossa individualidade e por um breve momento desfrutamos
da ilusão de estar completos. Mas é só uma ilusão. O amor une e depois
divide... É necessária muita energia e muita neurose para escrever um romance.
Se fôssemos realmente sensatos, faríamos outra coisa... Um poema é o que
acontece quando uma ansiedade encontra uma técnica...
Pensamento do escritor indiano Lawrence Durrell (1912-1990).
ALGUEM FALOU - A
cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu tudo o resto...
Pensamento do escritor francês Émile Henriot (1889-1961).
DINHEIRO - [...] – Por que é que a lei é tão injusta que um homem não 8 tem permissão para se casar até ter vinte e um anos,
enquanto uma mulher pode fazê-lo já aos dezesseis anos? – disse de
repente. – A lei quer ser mais cortesa com as damas. – Ah, não! –
ela exclamou impacientemente e bateu lentamente o leque sobre o joelho.
– Não é o que quero dizer! O que quero dizer é que nós também não deveríamos
ter permissão para nos casar antes de atingir 9 a maioridade. – A mulher se torna adulta antes do
homem. – Ah, sim. Ela é adulta antes para ter seu próprio futuro nas
suas mãos? Não sabia. – E há muitas que querem se casar antes de
completar os vinte e um anos. Tu mesma, por exemplo – ele disse, fazendo
um gesto bem-intencionado com a cabeça e levantando a caneca de cerveja.
– Por isso a lei precisa mudar. – Concedeu-se essa proteção à mulher
menor de idade, que depende do consentimento de seu guardião [...] Era irracional o que ela viera dizendo
novamente, mas lhe pareceu um pouco difícil dizer isso naquele momento. Com
as mulheres, nunca se chega a lugar algum; elas sempre teriam a última palavra.
Também sabia havia algum tempo que, quando ela se apossava de algo, não soltava
mais. O raciocínio lhe deu um sentimento de mal-estar. O que mais havia querido
fazer era evitá-lo. – Quando te casaste comigo, eu era menor de idade –
a tensão de sua alma fez seu batimento cardíaco voar, mas as palavras
eram inanimadas como um parágrafo de lei e assim davam voltas na sua
cabeça. – Uma nota promissória minha não seria válida e nenhuma outra
pessoa teria o direito de passar uma, nem de um öre13 sequer, em meu nome ou de conceder algo que no futuro
viria a ser meu. Minha pessoa é mais que meu dinheiro. Se eu não era
madura o suficiente para administrá-lo, muito menos o era quando se tratava de
cuidar de mim mesma. Um menor tampouco deveria deixar seu futuro penhorado como
propriedade sua. Essa lógica é simples. [...] E ela mesma – ela não tinha exatamente aquilo pelo que os outros lutam
por meio do trabalho? Dinheiro... Dinheiro? Que palavra pobre! Dinheiro,
mas nada pelo que lutar. Não, combater com a vida, lutar por seu pão, isso
é viver. Ela passou a mão devagar pela testa. Vegetar e morrer, isso era um
dever, claro – para ela [...]. Trechos extraídos da obra Pengar, Ur Från Skåne (Albert Bonniers
Förlag, 1969), da escritora sueca Victoria
Benedictsson (1850-1888).
DOIS POEMAS - RITO DE PASSAGEM
- Algo está acontecendo. \ Chifres
projetavam-se para cima da testa. \ Cascos batem impacientes onde antes havia
pés. \ Meu filho, a juventude cresce alarmante em seu rosto. \ Seu olhar
inocente é cruelmente encantador para mim agora. \ Você se arrepia onde minha
mão afetuosa se mexeria \ para acariciar sua bochecha. Eu não me atrevo. \ Medidores
irregulares batem entre o seu coração e o meu. \ Farejando o ar, você pega o
calor e examina \ as linhas que você pega indo como se eu estivesse ou não lá \
e me ultrapassasse. \ E onde parece que ontem derramei o vinho, \ você também
se torna bestial para se tornar um homem. \ Paz, paz. Eu já tive o suficiente.
O que posso dizer \ quando a música é exigida? — Já cansei de cantar?\ Minha
vontade de cantar cresce. O tempo me esvaziou. \ E onde estava minha juventude,
agora o Sol em você fica quente, seu dia \ jovem, meu lugar você assume
triunfantemente. O tempo todo \ tem sido para você, para este abaixamento de
seus chifres em desafio. Ela \ teve sua vontade de mim e não vai \ deixar meu
espírito lutador em si ser livre. PASSAGEM SOBRE A ÁGUA - Saímos em barcos no mar à noite, \ perdidos,
e as vastas águas fecharam armadilhas de medo sobre nós. \ Os barcos se separam
e finalmente estamos sozinhos \ sob o céu incalculável, apáticos, doentes de
estrelas. \ Deixe os remos parados, meu amor, e esqueça neste momento \ nosso
amor como uma faca entre nós \ definindo os limites que nunca podemos cruzar \ nem
destruir enquanto flutuamos no coração do nosso sonho, \ cortando o silêncio,
astutamente, a chuva amarga em nossas bocas \ e a ferida escura se fechou atrás
de nós. \ Esqueça as bombas de profundidade, a morte e as promessas que
fizemos, \ os jardins devastados e, sobre os terrenos baldios a oeste, \ os
quartos onde nos reunimos bombardeados.\ Mas mesmo quando partimos, seu amor
volta. Sinto \ a tua ausência como o toque de sinos silenciados. E sal \ sobre
seus olhos e as escamas de sal entre nós. Agora, \ você passa com facilidade
para o mundo destrutivo. \ Há um ruído seco de cimento. A luz falha, \ cai nas
ruínas das cidades na costa distante \ e na noite indestrutível estou sozinho. Poemas do escritor estadunidense Robert Duncan (1919-1988).