quinta-feira, março 07, 2013

ROBERT DUNCAN, BENEDICTSSON, BATAILLE, OCTAVIA BUTLER, TEASDALE, DURRELL, HENRIOT & PORT

 

ESSAS MLHERES EXCEPCIONAIS – UMA: LIÇÃO DE VIDA – A escritora afro-estadunidense Octavia Butler (1947-2006) que também atuou como educadora no combate ao preconceito e racismo, transmitiu por meio de sua obra o que havia de exemplar na sua própria condução: Para se erguer das suas próprias cinzas, uma Fénix primeiro tem de arder... Somos todos capazes de subir muito mais do que normalmente nos permitem supor... Consideremos que nascemos não com propósito, mas com potencial... (Veja mais dela aqui). DOIS: POESIA NA GUERRA – A poeta estadunidense Sara Teasdale (1884–1933) deixou sua marca num belo poema intitulado Tempos de Guerra: Chuvas suaves chegarão e o cheiro de chão, \ E andorinhas revoando, seus rútilos sons;\ E sapos nos brejos cantarolando na noite,\ E ameixeiras silvestres em seu branco oscilante,\ Tordos trajarão incandescentes ornamentos\ Trinando seus caprichos em baixos tapamentos;\ E ninguém então saberá da guerra, ninguém\ Se importará quando ela terminar enfim.\ Ninguém se importaria, nem árvore nem ave,\ Se os homens morressem em sua totalidade; \ E a própria primavera, ao acordar na aurora,\ Sequer perceberia se fôssemos embora. (Veja mais dela aqui). TRÊS: ENCONTRE O QUE PROCURA – Já a estilista e designer de moda estadunidense Whitney Port dá seu depoimento como quem acerta o alvo: Encontre o que você ama e encontre uma maneira de fazer disso parte do seu dia a dia. Você precisa encontrar confiança para assumir certos riscos. Você vai ouvir muitos nãos antes de chegar ao sim. É importante ter essa confiança para superar isso e saber que faz parte de tentar crescer algo grande... Taí, falou bonito. E vamos aprumar a conversa! Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Uma cidade é um mundo se amarmos um dos seus habitantes... Procuramos preencher o vazio da nossa individualidade e por um breve momento desfrutamos da ilusão de estar completos. Mas é só uma ilusão. O amor une e depois divide... É necessária muita energia e muita neurose para escrever um romance. Se fôssemos realmente sensatos, faríamos outra coisa... Um poema é o que acontece quando uma ansiedade encontra uma técnica... Pensamento do escritor indiano Lawrence Durrell (1912-1990).

 

ALGUEM FALOU - A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu tudo o resto... Pensamento do escritor francês Émile Henriot (1889-1961).

 

DINHEIRO - [...] – Por que é que a lei é tão injusta que um homem não 8 tem permissão para se casar até ter vinte e um anos, enquanto uma mulher pode fazê-lo já aos dezesseis anos? – disse de repente. – A lei quer ser mais cortesa com as damas. – Ah, não! – ela exclamou impacientemente e bateu lentamente o leque sobre o joelho. – Não é o que quero dizer! O que quero dizer é que nós também não deveríamos ter permissão para nos casar antes de atingir 9 a maioridade. – A mulher se torna adulta antes do homem. – Ah, sim. Ela é adulta antes para ter seu próprio futuro nas suas mãos? Não sabia. – E há muitas que querem se casar antes de completar os vinte e um anos. Tu mesma, por exemplo – ele disse, fazendo um gesto bem-intencionado com a cabeça e levantando a caneca de cerveja. – Por isso a lei precisa mudar. – Concedeu-se essa proteção à mulher menor de idade, que depende do consentimento de seu guardião [...] Era irracional o que ela viera dizendo novamente, mas lhe pareceu um pouco difícil dizer isso naquele momento. Com as mulheres, nunca se chega a lugar algum; elas sempre teriam a última palavra. Também sabia havia algum tempo que, quando ela se apossava de algo, não soltava mais. O raciocínio lhe deu um sentimento de mal-estar. O que mais havia querido fazer era evitá-lo. – Quando te casaste comigo, eu era menor de idade – a tensão de sua alma fez seu batimento cardíaco voar, mas as palavras eram inanimadas como um parágrafo de lei e assim davam voltas na sua cabeça. – Uma nota promissória minha não seria válida e nenhuma outra pessoa teria o direito de passar uma, nem de um öre13 sequer, em meu nome ou de conceder algo que no futuro viria a ser meu. Minha pessoa é mais que meu dinheiro. Se eu não era madura o suficiente para administrá-lo, muito menos o era quando se tratava de cuidar de mim mesma. Um menor tampouco deveria deixar seu futuro penhorado como propriedade sua. Essa lógica é simples. [...] E ela mesma – ela não tinha exatamente aquilo pelo que os outros lutam por meio do trabalho? Dinheiro... Dinheiro? Que palavra pobre! Dinheiro, mas nada pelo que lutar. Não, combater com a vida, lutar por seu pão, isso é viver. Ela passou a mão devagar pela testa. Vegetar e morrer, isso era um dever, claro – para ela [...]. Trechos extraídos da obra Pengar, Ur Från Skåne (Albert Bonniers Förlag, 1969), da escritora sueca Victoria Benedictsson (1850-1888).

 

DOIS POEMAS - RITO DE PASSAGEM - Algo está acontecendo. \ Chifres projetavam-se para cima da testa. \ Cascos batem impacientes onde antes havia pés. \ Meu filho, a juventude cresce alarmante em seu rosto. \ Seu olhar inocente é cruelmente encantador para mim agora. \ Você se arrepia onde minha mão afetuosa se mexeria \ para acariciar sua bochecha. Eu não me atrevo. \ Medidores irregulares batem entre o seu coração e o meu. \ Farejando o ar, você pega o calor e examina \ as linhas que você pega indo como se eu estivesse ou não lá \ e me ultrapassasse. \ E onde parece que ontem derramei o vinho, \ você também se torna bestial para se tornar um homem. \ Paz, paz. Eu já tive o suficiente. O que posso dizer \ quando a música é exigida? — Já cansei de cantar?\ Minha vontade de cantar cresce. O tempo me esvaziou. \ E onde estava minha juventude, agora o Sol em você fica quente, seu dia \ jovem, meu lugar você assume triunfantemente. O tempo todo \ tem sido para você, para este abaixamento de seus chifres em desafio. Ela \ teve sua vontade de mim e não vai \ deixar meu espírito lutador em si ser livre. PASSAGEM SOBRE A ÁGUA - Saímos em barcos no mar à noite, \ perdidos, e as vastas águas fecharam armadilhas de medo sobre nós. \ Os barcos se separam e finalmente estamos sozinhos \ sob o céu incalculável, apáticos, doentes de estrelas. \ Deixe os remos parados, meu amor, e esqueça neste momento \ nosso amor como uma faca entre nós \ definindo os limites que nunca podemos cruzar \ nem destruir enquanto flutuamos no coração do nosso sonho, \ cortando o silêncio, astutamente, a chuva amarga em nossas bocas \ e a ferida escura se fechou atrás de nós. \ Esqueça as bombas de profundidade, a morte e as promessas que fizemos, \ os jardins devastados e, sobre os terrenos baldios a oeste, \ os quartos onde nos reunimos bombardeados.\ Mas mesmo quando partimos, seu amor volta. Sinto \ a tua ausência como o toque de sinos silenciados. E sal \ sobre seus olhos e as escamas de sal entre nós. Agora, \ você passa com facilidade para o mundo destrutivo. \ Há um ruído seco de cimento. A luz falha, \ cai nas ruínas das cidades na costa distante \ e na noite indestrutível estou sozinho. Poemas do escritor estadunidense Robert Duncan (1919-1988).

 



GEORGE BATAILLE: O EROTISMO

O polêmico escritor francês Georges Bataille (1897-1962) transitou por diversas áreas, dentre elas Antropologia, Filosofia, Sociologia e História da Arte.
Dentre suas obras encontramos “O Erotismo”, onde aborda temas como transgressão e o sagrado. O livro é dividido em duas partes, a primeira delas sob o tema A interdição e a transgressão onde ele aborda o erotismo como experiência interior, a interdição ligada à morte e à reprodução, a afinidade da reprodução e a morte, o homicídio, a caça e a guerra, o ato de matar e o sacrifício religioso e o erotismo, a pletora sexual e a morte, a transgressão no casamento e na orgia, o cristianismo, o objeto do desejo e a prostituição, e a beleza. Na segunda parte, sob o tema Diversos estudos sobre o erotismo, ele trata sobre Kinsey, a escória e o trabalho, o homem soberano de Sade, Sade e o homem atual, o enigma do incesto, mística e sensualidade, a santidade, o erotismo e a solidão.
Nesta obra, mantém estudos realizados ao encontrar no erotismo a chave que desvenda os aspectos fundamentais da natureza humana, o ponto limite entre o natural e o social, o humano e o inumano, Bataille o vê como a experiência que permite ir além de si mesmo, superar a descontinuidade que condena o ser humano: "Falarei sucessivamente dessas três formas, a saber: o erotismo dos corpos, o erotismo dos corações e, finalmente, o erotismo sagrado. Falerei dessas três formas a fim de deixar bem claro que nelas o que está sempre em questão é substituir o isolamento do ser, a sua descontinuidade, por um sentimento de continuidade profunda". Conforme visto anteriormente, o obra é dividida em duas partes onde expõe na primeira parte sistematicamente os diferentes aspectos da vida humana sob o ângulo do erotismo e na segunda, estudos independentes que tratam de psicanálise e literatura. Estudioso de religiões orientais, experiências místicas e práticas extáticas e sacrificiais, Bataille nos leva a descobrir que "entre todos os problemas, o erotismo é o mais misterioso, o mais geral, o mais a distância". Mostrando os efeitos de transgredir as interdições impostas milenariamente por estes elementos desordenadores, Bataille dá ao erotismo e a violência uma dimensão religiosa, onde explora os meios para se atingir uma experiência mística "sem Deus": "um homem que ignora o erotismo é tão estranho quanto um homem sem experiência interior". Diz ele que: “(...) Creio que o erotismo tem para os homens um sentido que o esforço cientifico não pode atingir. O erotismo só pode ser considerado se levarmos o homem em consideração (...) o erotismo é a aprovação da vida até na morte”. Sobre o Cristianismo ele diz: “(...) justamente o cristianismo, ao opor-se ao erótico, condenou a maioria das religiões. E, num certo sentido, a religião cristã talvez seja a menos religiosa”. Sobre Sade: “(...) o que ele quis dizer – geralmente causa horror mesmo áqueles que fingem admirá-lo e não reconheceram este fato angustiane: que o movimento de amor, levado ao extremo, é um movimento de morte”. Sobre a interdição ele menciona que: “(...) o homem é um animal que permanece proibido diante da morte e diante da união sexual (...) Os povos sentem a necessidade de esconder os orgãos sexuais de maneiras diferentes; mas, geralmente, eles escondem o orgão masculino em ereção; e, a principio, o homem e a mulher procuram um lugar reservado no momento da união sexual (...) A interdição, que em nós se opõe à liberdade sexual, é geral, unioversal; as interdições particulares são seus aspectos variáveis (...) Nosso erro é o de considerarmos levianamente ensinamentos sagrados que, há milênios, transmitimos às crianças, mas que outrora possuiam uma forma diferente. O campo da repugnância e da náusea e´, em seu conjunto, um efeito desses ensinamentos”. Sobre a sociedade humana: “(...) A sociedade humana não é só o mundo do trabalho. Simultaneamente – ou sucessivamente – o mundo profano e o mundo sagrado a compõem e são suas duas formas complementares. O mundo sagrado se abre às transgressões limitadas. É o mundo da festa, dos soberanos e dos deuses. (...) é sagrado o que é objeto de uma interdição. (...) Os homens estão ao mesmo tempo submetidos a dois movimentos: de terror, que rejeita, e de atração, que comanda o respeito fascinado. A interdição e a transgressão respondem a esses dois movimentos contraditórios: a interdição rejeita, mas a fascinaão introduz a transgressão. (...) em tempo de gesta, o que é habitualmente proibido pode sempre ser permitido, às vezes exigido. (...) a festa consome em sua prodigalidade sem medida os recursos acumulados no tempo de trabalho (...) Através da história, a frequencia dos massacres deixa claro que em todo homem existe um possivel assassino”. Por fim, sobre o erotismo ele arremata que: “O erotismo, em seu conjunto, é infração à regra das interdições: ele é uma atividade humana. Mas, ainda que ele comece onde acaba o animal, a animalidade não deixa de ser seu fundamento (...) a sexualidade é para o erotismo o que o pensamento é para o cérebro: da mesma maneira, a fisiologia permanece sendo o fundamento objetivo do pensamento”.

BATAILLE, Georges. O erotismo. São Paulo: Arx, 2004.  Confira mais desse autor aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.



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