LITERÓTICA:
ABDUÇÃO – Eu te procuro sonâmbulo
quanto vulnerável e vou arrastado por teus encantos no meio da hora da captura
que vai tecendo a minha vida para a explosão da euforia na entrega total das
nossas ânsias. Eu te procuro hedonista na emoção da loucura de ser abduzido
pela sedução do maná intergaláctico do teu fascínio e dos teus lábios cor de
vinho com sabor de primavera. Eu te procuro lua nua na noite densa da
insondável moldura de uma alfa qualquer, no cinturão dos asteroides, nas
vísceras do universo que demarcam a lonjura da tua ausência. Eu te procuro
incansavelmente a levitar nos desvãos dos dias e das noites ancorado à tua
imagem no repasto dos nossos mais exaltados encontros. E quando te encontrar
vidente à flor d’água clandestina dos nossos desejos, sem escolta na fuga de
tuas pernas que mal chegam e já vêm com jeito ablativo de viagem, mais
recolherei tua fruta na posse da mão com juras pornográficas, fome desenfreada
e vertendo a miragem real da excursão dos nossos gozos na maldição do amor. E
quando te encontrar farei meu batismo nas tuas águas íntimas e mais vou crescer
maduro na fonte das carícias que nos inflamam a pele, nos transformam fogueira
inextinguível desvelando a felicidade eterna. Então chega, vem e quero que
venhas linda e nua como sempre com o fogo da tua alma reluzente, com as
labaredas dos teus afagos, com as lapadas de tua língua a me lanhar a carne e a
me fazer caber inteiro entre as estrelas no céu da tua boca.Chega, vem, vem que
quero curtir a brasa de tua nudez mais escancarada a me tomar pelo pulso
revelando a minha identidade e eternizando em ti meus desejos porque tu és o
meu poema corporificado. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Os
resultados do amanhã serão visíveis nas causas que fazemos hoje. Vamos semear
as sementes uma a uma, e vencer no presente pelo bem do futuro. Pensamento
do poeta, filósofo, fotógrafo e líder budista japonês Daisaku Ikeda.
Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: O
mundo tornou-se tão complexo que a ideia de um poder em que tudo se une e pode
ser controlado de forma centralizada Agora é errônea... Estamos vivendo em um
mundo que está além da controlabilidade... Pensamento do sociólogo alemão Ulrich
Beck (1944-2015).
A HISTÓRIA DA INFÂNCIA - [...]
Até hoje, meu assento em uma sela ou no dorso de um
cavalo é tão seguro e incansável quanto em uma cadeira de balanço, e muito mais
prazeroso. Às vezes, anos mais tarde, quando de repente me
encontrava montado em um cavalo estranho na sela de um soldado, voando pela
vida ou pela liberdade na frente da perseguição, abençoei as lições infantis
dos galopes selvagens entre os belos potros. [...]. Trecho extraído da obra The Story of My Childhood (Arno Press, 1980), da enfermeira, professor
e filantropa estadunidense Clara Barton
(Clarissa Harlowe - 1821-1912).
AS TRÊS FÊMEAS - [...]
Não há dias verdadeiramente felizes, exceto aqueles em
que a imprevidência é total. O próprio prazer não é tão doce prever que seja ainda
mais doce não prever nada. [...] Cogitans
dubito: Pensar é duvidar. Considere que desde o nosso nascimento estamos no mundo
ao mesmo tempo espetáculo e espectadores, julgados e juízes, misturando
constantemente a ideia do que nos convém que nossos semelhantes sejam e façam,
com a do que 'convém a eles que nós ser e fazer; de modo que é criada em
nós uma consciência da qual nos é impossível reconhecer os elementos. [...] Ninguém está fazendo tudo o que deveria. [...] Tantos homens são enviados para a guerra, apenas para matar e serem
mortos, sem que isso seja repreendido por príncipes, generais, recrutadores:
não seria estranho se tivéssemos direitos sobre todas as vidas fora da dele?[…]. Trechos extraídos da obra Les
trois femmes (L'Age D'homme, 1996), da escitora neerlandesa Isabelle
de Charrière (1740-1805).
TRÊS POEMAS - A SÓS
COM ESTES CORPOS - Governos utopias\ Cresce a grama\ Entre os trilhos \ As
palavras apodrecem\ No papel \ Os olhos das mulheres\ Ficam frios \ Adeus
amanhã \ Status quo. A FELICIDADE DO MEDO
A TEORIA DA PERSONALIDADE DE ERICH FROMM – O filósofo, sociólogo e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980),
produziu uma extensa obra na qual aborda temas como linguagem simbólica,
inconsciente social, sonhos, a tecnologia, a religião, humanismo normativo e a
moldagem do individuo pela sociedade, a destrutividade, as falhas
predeterminadas pela cultura, as influencias intrafamiliares, a situação
humana, as necessidades básicas da alma humana, a experimentação da identidade
por individualidade ou conformidade, ligação através do amor ou narcisismo,
transcendência por criatividade ou por destruição, raízes por irmandade ou
incesto, entre outras, criticando o processo de desumanização provocada pela
sociedade capitalista, tornando-se um renovador da psicanalise com a promoção
de inclusão das relações sociais e da cultura na compreensão dos fenômenos
psíquicos. A TEORIA DA PERSONALIDADE – A teoria da personalidade de Fromm está
embasada na orientação de caráter, identificada como sendo as formas que os
indivíduos se relacionam com o mundo e constituem de forma geral o caráter de
dias formas: pela assimilação e peça socialização. Ambas as formas quatro tipos
de caráter identificados como negativos. São eles: o receptivo, o explorador, o
acumulador e o mercantil. Um quinto tipo identificado como sendo positivo é
denominado de caráter produtivo. No caráter receptivo se caracteriza pela noção
de que o que se precisa está fora de si e que os fatores externos são os únicos
modos de receber o que se quer, tornando-se dependente e submisso, precisando
do outro para cuidar e que para identificar-se com aquele que cuida fará tudo
para se assemelhar e não decepcionar. O caráter explorador é aquele agressivo
que procurar retirar e explorar os outros, tomar dos outros pela esperteza como
pela força, utilizando-se do poder para obter o que se deseja. O caráter
acumulativo é aquele que identifica o mundo como um lugar ameaçador,
desconfiando e tornando-se rígido em possuir e poupar, tornar-se frugal,
avarenta ou econômica. O caráter mercantil está relacionado com o capitalismo,
pelo qual ocorre o desempenho de papeis aprovados socialmente, foco na tarefa
de se vender. Esses tipos de caráter se mesclam num individuo concerto e será
um produto social o tipo de caráter predominante. Na sociedade moderna é
predominante a orientação mercantil, gerando a opção pelo ter ao invés do ser. Estas
orientações de caráter podem se mesclar num indivíduo concreto e o tipo de
caráter predominante nos indivíduos é um produto social. A pessoa saudável não
precisa de nenhuma dessas características, voltando-se para o caráter produtivo
na busca pela realização do pleno potencial sem necessitar, depender ou
explorar os outros. O amor produtivo não é possessivo e nem se reduz ao amor
sexual. O amor produtivo tem sua base na produtividade e é o amor autêntico,
que tem como exemplo máximo o amor materno e é marcado pelo desvelo,
responsabilidade, respeito e conhecimento, razão pela qual este tipo de amor é
desintegrado na sociedade capitalista contemporânea. O pensamento produtivo
tanto respeita como reage e possui interesse no seu objeto, na busca pela
compreensão e visão total dele. O caráter social pode ser dividido entre os que
se orientam produtivamente ou improdutivamente. Os improdutivos são
caracterizados como receptivos, exploradores, acumuladores e mercantis. Os produtivos
são aqueles que manifestam a essência humana e realiza a produtividade. Para Fromm a base fundamental do caráter se encontra nos diversos tipos
de organização da libido, admitindo que o caráter social se encontra na relação
da pessoa com o mundo, com o outro e consigo mesmo, na função de moldar os
indivíduos a agir na direção de exigência da sociedade. Esse caráter social
produz o desejo de agir em conformidade com a exigência da sociedade que produz
no individio a satisfação de agir conforme a cultura e realizar a mediação
entre as ideias dominantes e o modo de produção. HUMANISMO – Para Fromm o homem
é potencialmente bom e só se torna mau em condições adversas quando desenvolve
uma potencialidade secundária. Ao distinguir a consciência humanista da
consciência autoritária, Fromm observa que a consciência humanista está voltada
para a integridade e interesse próprio, enquanto que a consciência autoritária
está voltada para obediência, dever e abnegação do homem e seu ajustamento
social. A meta da consciência humanista é a produtividade e a felicidade. Estas
são as bases da ética humanista e da psicanálise do autor. A psicanálise
humanista de Fromm envolve tanto a tipologia do caráter e suas influências na
sociedade e no processo histórico, como também o questionamento acerca das
bases da sociedade moderna, anti-humanista e mercantil, discutindo a questão do
caráter social e os processos sociais gerados pelo capitalismo na influencia
sobre o ser humano na quantificação/abstratificação, na alienação, na
burocratização e na mercantilização. SAÚDE MENTAL – Ao abordar as relações
sociais, Fromm passa a tratar sobre a saúde mental e com questionamento sobre a
ideia de normalidade e a qualificação de anormalidade, entendendo que
normalidade se dá na dependência e na adaptação do individuo em determinadas
relações sociais, discutindo se essas relações são realmente saudáveis ou se o
individuo comunga com a maioria da mesma doença psíquica para ser considerado
normal. O SOCIALISMO HUMANISTA – A ideia do socialismo humanista surge da
critica da sociedade contemporâneo e do socialismo real – o capitalismo de
Estado –, propondo o socialismo comunitário humanista com foco nas relações
sociais. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.FONTE:
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.





