
A VIOLÊNCIA DO MUNDO – é um livro que reúne as idéias de Jean Baudrillard e Edgar Morin, numa tradução de Leneide Duarte-Plon. Inicialmente o livro traz uma entrevista concedida por Edgar Morin para a tradutora. Em seguida, Maati Kabbal comenta acerca da violência do mundo. Logo após vem o texto de Jean Baudrillard: A violência mundial, onde ele assinala que “A hipótese terrorista é que o sistema se suicide como resposta ao desafio da morte e do suicídio (...) o que é insuportável é muito menos a infelicidade, o sofrimento ou a miséria do que a potencia e sua arrogância. O que é insuportável e inaceitável é a emergência dessa recente potência mundial”. E de Edgar Morin os textos: Introdução à conferência, No cerne da crise planetária e Debate, onde ele assinala que “Pela primeira vez na história do homem, graças à ciência e à técnica, pode-se aniquilar irremediavelmente toda a humanidade. A biosfera também está ameaçada de degradação: os perigos são os frutos do nosso progresso”. Segundo Maati Kabbal, o livro coloca em discussão o momento da violência depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York. A reflexão deles, segundo o jornalista e escritor, sobre a hecatombe ocorrida contrasta fortemente com aquela que foi sumariamente formatada de forma redutora por pseudo-especialistas ou pensadores autoproclamados do Islã, do islamismo e do terrorismo.
FONTE:
BAUDRILLARD, Jean; MORIN, Edgar. A violencia do mundo. Rio de Janeiro: Anima, 2004.
A TEORIA DA PERSONALIDADE DE GORDON ALLPORTE - Gordon Allport (1897-1967)
nasceu em Montezuma, Indiana, caçula de quatro filhos. Seu pai que estudava
Medicina, estava numa situação difícil contrabandeando drogas do Canadá para
Baltimore, tendo de fugir da polícia e retornar para sua cidade para abrir uma
clinica particular. A mãe era uma devotada religiosa que dominava a família,
severa, com forte senso do que é certo ou errado, rigorosa em seus ideais
morais. Ainda criança, Allport se isolou de outras crianças fora da família,
inventando o seu próprio circulo de atividades, pois que não se dava bem com
seus irmãos que não gostavam dele, esforçando-se para ser o centro das atenções
com seus poucos amigos. Foi daí que ele propôs a sua teoria da personalidade
baseada no fato de que os ecologicamente saudáveis não são afetados por eventos
da infância. A partir das suas condições de isolamento e rejeição na infância,
ele desenvolveu sentimentos de inferioridade compensando com luta para se
sobressair, buscando a identidade resultante desse sentimento. Na idade adulta,
ele continuou a se sentir inferior em relação ao seu irmão mais velho, com
cujas realizações tentava rivalizar, vez que ele obteve Ph.D em Psicologia e
tornou-se um famoso profissional, tornando-o a sombra de seu irmão. Para
afirmar sua individualidade, ele afirmava seus interesses eram independentes
dos sentimento na infância, formalizando a ideia com o conceito de autonomia
funcional. Formou-se e se encontrou com Freud num momento constrangedor de
silencio e sob a nomeação de que ele possuía uma personalidade compulsiva. Abalado
com esse fato, o encontro foi traumático, passando a dar mais atenção ao
consciente ou às motivações visíveis. A PERSONALIDADE – Para Allport, a
personalidade é uma organização dinâmica, dentro do individuo, dos sistemas
psicofísicos que determinam comportamento e pensamentos característicos. Essa
organização dinâmica sinaliza que a personalidade estando sempre mudando e
crescendo, esse crescimento é organizado e não aleatorio. Na questão
psicofísica, a personalidade é composta de mente e corpo atuando juntos como
uma unidade. Todas as facetas da personalidade ativam ou orientam
comportamentos e ideais específicas, significando que tudo o que se pensa e faz
é característico ou típico da pessoa e que cada pessoa é diferente. HEREDITARIEDADE
E AMBIENTE – Enfatizando a singularidade da personalidade, ele afirma que a
hereditariedade fornece a matéria prima da personalidade, como o físico, a
inteligência e o temperamento, podendo ser moldada, ampliada ou limitada pelas
condições do ambiente, demonstrando a importância da genética e aprendizagem. E
que essa dotação genética é responsável pela maior parte da singularidade e
interage com o ambiente social. Com isso ele considerava que a personalidade
pode ser distinta ou descontinua. E que existem duas personalidades: uma para a
infância e outra para a idade adulta. A personalidade adulta não é limitada
pelas experiências da infância. Ao enfatizar o consciente e não o inconsciente,
o presente e o futuro, e não o passado, reconheceu a singularidade da personalidade
optando por estudar a personalidade normal. TRAÇO DE PERSONALIDADE – São reais
e existem em cada ser humano, não são constructos teóricos criados para
explicar comportamentos. Os traçados determinam ou causam o comportamento. Os
traços podem ser demonstrados empiricamente. São inter-relacionados e variam de
acordo com a situação. Enfim, traços são características diferenciadas que
regem o comportamento e são medidos num continuum, estando sujeitos a
influencias sociais, ambientais e culturais. Esses traços podem ser
individuais, que são peculiares da pessoa e definem o seu caráter; e os comuns,
que são compartilhados por uma serie de indivíduos, como os membros de uma
cultura. DISPOSIÇÕES PESSOAIS – São traços peculiares à pessoa, o contrário dos
traços compartilhados por uma série de pessoas. Um traço cardinal é tão
penetrante e influente que afeta que todos os aspectos da vida, mais difundidos
e poderosos. Os traços centrais são aqueles temas que melhor descrevem o
comportamento humano, como agressividade, autopiedade e cinismo. Esses traços
são uma serie de traços especiais que descreve o comportamento de uma pessoa. Os
traços secundários são menos importantes que uma pessoa pode apresentar tênue
ou inconscientemente. O comportamento expressivo é um comportamento espontâneo
e aparentemente sem proposito, geralmente exibido sem se estar ciente disso. O
comportamento instrumental é aquele conscientemente planejado pelas
necessidades de uma dada situação e elaborado para uma certa finalidade,
geralmente para provocar mudanças no ambiente. HÁBITOS E ATITUDES – Os hábitos
são respostas especificas e inflexíveis a determinados estímulos. Vários
hábitos podem se combinar para formar um traço. As atitudes são semelhantes aos
traços, mas elas tem objetos de referencia especificos e envolvem avaliações
positivas ou negativas, levando as pessoas a gostar ou odiar, aceitar ou
rejeitar, ser a favor ou contra, entre outras. MOTIVAÇÃO – Considerou Allport
que é o estado atual da pessoa que é importante, uma vez que planos e
interações conscientes que são processos cognitivos são um aspecto vital para a
personalidade. As intenções deliberadas são uma parte essencial da
personalidade: o que se quer e aqui que se luta são chaves para entender-se o
comportamento. A autonomia funcional dos motivos: os motivos dos adultos
maduros e emocionalmente saudáveis traz a ideia de que os motivos no adulto
normal e maduro são independentes das experiências da infância nas quais eles
originalmente surgiram. A autonomia funcional perservativa: é o nível mais
elementar, está voltada para comportamentos como vícios e ações físicas
repetitivas como formas costumeiras de executar tarefas diárias. Assim,
trata-se do grau de autonomia funcional relacionada a comportamentos de nível
inferior ou rotineiros. A autonomia funcional do proprium: é fundamental para a
compreensão da motivação adulta, uma vez é derivada do proprium que é o ego ou
o self, sendo, portanto, o grau de autonomia funcional associado aos valores, o
que se gosta de fazer e o que se faz bem. O proprium inclui os aspectos da
personalidade que são distintos e próprios da vida emocional. Esses aspectos
são peculiares a cada um e unem as atitudes, percepções e intenções. O
funcionamento autônomo é um processo de organização que mantem o senso de self
e determina a forma como se percebe o mundo, o que se lembra das experiências e
a direção que se toma na vida. Esses processos perceptivos e cognitivos são
seletivos, selecionam apenas os motivais que são relevantes aos interesses e
valores da massa de estímulos existente no ambiente. Esse processo de
organização é regido por três princípios: organização do nível de energia,
domínio e competência, e padronização autônoma. A organização do nível de
energia explica a aquisição dos novos motivos que surgem de uma necessidade
para ajudar a consumir o excesso de energia que poderia ser expressa de formas
destrutivas ou prejudiciais.
Domínio e
competência refere-se ao nível em que se decide satisfazer os motivos. Padronização
autônoma descreve uma luta pela coerência e integração da personalidade. FASES
DE DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE – São identificadas sete fases que
compreendem a infância até a adolescência, denominada de desenvolvimento do
proprium. A fase do eu corporal surge durante os primeiros três anos, quando as
crianças ficam cientes da sua existência e distinguem o seu próprio corpo dos
objetos do ambiente. A fase do Self-Identify ocorre quando as crianças percebem
que sua identidade permanece intacta apesar das várias mudanças que estão
ocorrendo. A fase da autoestima é quando as crianças aprendem a ter orgulho das
suas realizações. A fase de extensão do eu, surge no período entre o quarto e o
sexto ano, quando as crianças passam a reconhecer os objetos e pessoas que
fazem parte do seu mundo. A fase da autoimagem ocorre quando as crianças
elaboram uma imagem real e uma outra idealista de si mesmas e do seu
comportamento e ficam cientes do fato de satisfazerem ou não as expectativas do
pai. A fase do self como uma solução racional é a fase que ocorre durante as
idades de 6 a 12 anos, quando as crianças começam a aplicar a razão e alógica à
solução dos problemas cotidianos. A fase da luta pela autonomia ocorre durante
a adolescência, os jovens começam a traçar metas e planos de longo prazo. Idade
adulta quando os adultos normais e maduros são funcionamento autônomos,
independente dos motivos da infância. Eles funcionam racionalmente no presente
e criam conscientemente os seus próprios estilos de vida. A PERSONALIDADE
ADULTA SAUDÁVEL – O adulto maduro estende o seu senso de self para as pessoas e
as atividades além do self. Relaciona-se carinhosamente com as outras pessoas,
exibindo intimidade, compaixão e tolerância. A autoaceitação do adulto maduro o
ajuda a obter segurança emocional. Tem uma percepção realista da vida,
desenvolve habilidades pessoais e se compromete com algum tipo de trabalho;
conserva um senso de humor e objetivação do self (compreensão ou insight do
próprio self)/ adota uma filosofia de vida unificadora, que é responsável pela
condução da personalidade na direção de metas futuras. CONCLUSÃO – Allport
divergiu da Psicanalise de Freud, não aceitando a teoria de que forças
inconscientes dominavam a personalidade de adultos normais e maduros;
acreditava que pessoas emocionalmente saudáveis agem de forma racional,
consciente, cientes e controlando várias das forças que as motivam. Para ele, o
inconsciente só é importante no comportamento neurótico ou problemático,
alegando que todo ser humano é guiado pelo presente e pela visão do futuro,
ocupado em conduzir sua vida para o futuro. Também se opôs a coletar dados de
pessoas emocionalmente perturbadas, vendo uma clara diferença: a personalidade
anormal age num nível infantil. A única maneira correta de estudar a personalidade
seria coletar dados de adultos emocionalmente saudáveis. Entendia que não há
semelhanças funcionais na personalidade de crianças e adultos, pessoas normais
e anormais ou animais e humanos. Ele dá ênfase na singularidade da
personalidade de acordo com o definido pelos traços de cada pessoa,
particulares e específicos de cada individuo.
REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD,
Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia.
São Paulo: Cengage, 2011.
BOCK, A.M et al.
Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001
DAVIDOFF, Linda. Introdução à
Psicologia. São Paulo: Pearson Makron
Books, 2001.
GAZZANIGA, Michael;
HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
LAPLANCHE; Jonh; PONTALIS, J.
B. Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MEZAN, Renato. Interfaces da
psicanálise. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2002.
MORRIS, Charles; MAISTO,
Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio
de Janeiro: LTC, 2006.
ROUDINESCO, Elisabeth.
Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ,
Sydney. Historia da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
______. Teorias da
personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
ZIMERMAN, David. Vocabulário
contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artemd, 2008.
______. Fundamentos
psicanalíticos: teoria, técnica, clínica – uma abordagem didática. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
______. Manual de técnica
psicanalítica. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Veja
mais sobre:
Cobiça
na Crônica de amor por ela, Buda, Miguel de Cervantes y Saavedra, Montesquieu, Magda Tagliaferro, Ciro
Alegría, Lucrécio, Charles Robert Leslie, Emerico Imre Toth, Millie Perkins & Jussanam Dejah aqui.
E mais:
Edgar Allan Poe, Paul Cézanne, Magda Tagliaferro, Jacques Lacan, Nara
Leão, Janis Joplin & Miguel Paiva aqui.
Émile
Durkheim, Paul Niebanck, Mauro
Cappelletti, Juliette Binoche, Rodolfo Ledel, Samburá, Intrépida Trupe,
Micahel Haneke, Ernesto Bertani, Janaína Amado, O direito como
linguagem e decisão aqui.
Quando
Ciuço Pacaru embarcou no maior revestrés
aqui.
Pra vida
ofereço a outra face aqui.
Canto
paródia de mim aqui.
Candidato
faz tudo cara de pau na maior responsa aqui.
Alagoas e o império colonial português aqui.
A viagem
de Joan Nieuhof & Pernambuco nos séculos XVI e XVII aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.