quinta-feira, março 07, 2013

RUBÉN DARÍO, NAOMI WOLF, FELIPE QUISPE, EDWIDGE DANTICAT & PAULA DEEN


DAS QUEDAS, PERDAS & DANOS - Ao longo das nossas vidas nos deparamos com quedas, perdas e danos. Todas surgem do inopinado e sem razões aparentes, mas que fazem parte de todo ser que vive. Tenho comigo que o poeta já sabia disso com sua antevisão transcendente, registrando como um sensível sismógrafo, nossos males e conquistas. Por isso, na nossa caminhada pela terra sempre nos deparamos com festas ou lágrimas, os dois lados da moeda da vida. E a poesia sempre a registrar nossos avanços e retornos, quedas e conquistas, partidas e vindas. Por isso digo: só a poesia tornará a vida suportável. As quedas surgem inesperadamente. Surgem do nada para o acidental. Estendidos pela surpresa, sempre encontramos dificuldade para nos levantar. Os arranhões e avarias físicas e anímicas, invariavelmente levam-nos para a tristeza, para decepção, para a depressão. E definimos como para lá de difícil a recuperação. Aliás, toda recuperação realmente é dolorosa. A perda causa danos imensuráveis e, conseqüentemente, levam-nos às quedas mais avassaladoras. Perder, usualmente, não faz parte do nosso vocabulário, principalmente no país do levar vantagem em tudo. No entanto, parece até inevitável para a condição humana que sejamos intermitentemente arrasados pelas quedas e perdas. Ou como dizem: faz parte. Os danos causados pelas quedas e perdas causam-nos contrariedades e dores diversas. O constrangimento serve para a expressão da nossa fúria diante de um momento que julgamos de injustiça. Por isso, maldizemos a vida e, muitas vezes, perdemos a esperança, deixando nosso coração endurecido para tudo e todos. Esse o primeiro malefício, afora outros envenenamentos orgânicos que produzimos com nossa profunda consternação. À primeira vista, temos sempre a impressão de que a tragédia só vitima os outros, nunca os nossos, nem a nós mesmos. Ledo engano. A vida nos reserva momentos de extrema alegria que distinguimos como felicidade. Por outro lado, também estamos sujeitos aos ocasionais eventos que assinalamos como desagradáveis e que repudiamos inocentemente com toda força da nossa indignação. É nesse momento que precisamos ter uma maior reflexão. Em vista disso, é preciso ter uma ótica diferente quanto às quedas, às perdas e aos danos por elas causados. Ouvimos desde criança que nascemos para viver. Será? Ou, por menos poético que pareça, não nascemos mesmo para morrer? Será a nossa vida um aprendizado ou meramente uma contagem regressiva? Acredito que não, mas devemos reconhecer que o nascimento remete à vida; e esta, à morte. Uma é conseqüência da outra. Uma dentro da outra e vice e versa. Ou seja, a outra face da vida. A morte, creio, não seria jamais o fim, senão outro estágio por que passamos com todo aprendizado da vida. Poderia, então, dizer que a vida é mesmo o aprendizado e, talvez, a morte senão a prova final, a condecoração, a conclusão. As quedas e perdas, com isso, são ensinamentos que aprendemos na vida. E essas lições são efetivadas pelos danos que nos são causados. É preciso aprender mesmo com a vida, com as topadas, as lágrimas, os estertores. Entretanto, se todas as nossas experiências vividas ao longo da nossa existência são lições, então, precisamos aprender a resiliência. Sim, resiliência. Primeiro, com a ciência de que recomeçar nunca é tarde demais. Ao contrário, recomeçar é a ignição que precisamos sempre ter ao alcance. Para tanto, é preciso regar a esperança em todo momento. E essa esperança alimentará nossa motivação contra o desalento, o desespero ou a depressão. Afinal, prosseguir é a nossa missão. E a superação é o valor ideal de alcance para que entendamos que a vida prossegue. Com isso, temos que seguir nosso caminho com o que aprendemos das quedas e derrotas, nos alimentando sempre com a força das nossas conquistas. Tenho comigo uma lição aprendida: Nosso destino são as nossas escolhas, o que optamos por fazer no triz do erro ou do acerto. Porque quando acertamos, nossas conquistas viram festas. Quando erramos, a lição da queda é o sinal de que devemos recomeçar tudo de novo e sempre que for necessário. Sigamos vivos e em frente nossos futuros dias porque a vida não pára. Confira mais aqui, aqui e aqui

 


DITOS & DESDITOS - Voe como o irmão condor, você voltará e seremos milhões porque como índios eles nos dominaram e como índios vamos nos libertar. Teríamos que voltar mais atrás, quando Tupaj Katari se levantar, quando os índios cercarem La Paz e matarem os espanhóis. Ele é o único homem que fez tremer a coroa espanhola naquela época. E ele morreu desmembrado por quatro cavalos. Mas ele deixou um legado, um legado imortal. Consideramo-nos seguidores e continuadores de Tupaj Katari, por isso levantamos sua bandeira, assim como seu pensamento central, o indianismo, que nossos anciãos, nossos avós, também nos transmitiram... Podem privatizar as montanhas, mas nós condores seguiremos voando... Pensamento do ativista indígena boliviano Felipe Quispe Huanca (1942-2021), chamado el Mallku, que em aimará significa o condor ou autoridade originária, chefe de tribos. Ele foi líder do Movimento Indígena Pachakuti (MIP) e líder sindical, secretário geral da Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia (CSUTCB).

 

ALGUÉM FALOU: Eu não me importo com o que os críticos e detratores dizem. Se fizerem piadas sobre mim, vou rir porque provavelmente vão ser engraçadas. A mudança não acontece da noite para o dia. Começa com o desejo, depois um pequeno passo na direção certa. Manterei a paz a todo custo, mesmo que morra sufocado com a língua. Pensamento da escritora estadunidense e apresentadora de programa televisivo de culinária, Paula Deen.

 

MITO DA BELEZA – [...] Mulheres que se amam são ameaçadoras; mas homens que amam mulheres de verdade, ainda mais. [...] O que as meninas aprendem não é o desejo pelo outro, mas o desejo de ser desejada. [...] Uma cultura fixada na magreza feminina não é uma obsessão pela beleza feminina, mas uma obsessão pela obediência feminina. A dieta das mulheres tornou-se o que a psicóloga Judith Rodin, de Yale, chama de "obsessão normativa", um jogo de paixão sem fim, com cobertura internacional desproporcional aos riscos à saúde associados à obesidade e usando uma linguagem emotiva que não aparece nem nas discussões sobre o álcool ou abuso de tabaco. […] A dieta é o sedativo político mais potente na história das mulheres; uma população silenciosamente louca é tratável. [...] Beleza provoca assédio, diz a lei, mas olha pelos olhos dos homens ao decidir o que o provoca. [...] O mito da beleza está sempre prescrevendo comportamento e não aparência. [...] Hoje uma mulher deve ignorar seu reflexo nos olhos de seu amante, já que ele pode admirá-la, e buscá-la no olhar do Deus da Beleza, em cuja percepção ela nunca está completa. [...]. Trechos extraídos da obra The Beauty Myth: How Images of Beauty Are Used Against Women (Harper Perennial, 2002), da jornalista e escritora estadunidense Naomi Wolf.

 

RESPIRAÇÃO, OLHOS, MEMÓRIA - [...] O amor é como a chuva. Ele vem em uma garoa às vezes. Então começa a chover e se você não tomar cuidado, vai te afogar. [...] Se uma mulher merece ser lembrada, disse minha avó, não há necessidade de ter seu nome gravado em letras. [...] mulheres, corajosas como as estrelas ao amanhecer [...] Trechos extraídos da obra Breath, Eyes, Memory (Vintage, 1998), da escritora haitiana Edwidge Danticat. Veja mais aqui.

 

TRES POEMAS – I - O poeta colocou em seus versos \ todas as pérolas do mar, \ todo o ouro das minas, \ todo o marfim oriental; \ os diamantes da Golconda, \ os tesouros de Bagdá, \ as joias e medalhas \ dos baús de um Nabad. \ Mas como não tinha \ versos para escrever nem um pedaço de pão, \ quando acabou de escrevê-los \ morreu de necessidade. QUE O AMOR NÃO ADMITE REFLEXÕES DE CORDAS - Senhora, o amor é violento, \ e quando nos transfiguramos , a loucura \ incendeia nossos pensamentos. \ Não peça paz aos meus braços  \ que os seus têm prisioneiros: \ meus abraços são de guerra \ e meus beijos são de fogo; \ e seria inútil tentar \ escurecer minha mente \se o pensamento inflamar a \ loucura. \ Limpa está minha mente \ das chamas do amor, senhora, \ como a provisão do dia \ou o palácio da aurora. \ E o perfume de sua pomada \ persegue minha felicidade, \ e o pensamento \ da loucura me inflama.\ Minha alegria seu \ rico paladar conceitua favo de mel, \ como no cântico sagrado: \ Mel et lac sub lingua tua. \ O deleite da sua respiração \ em um vidro tão fino se apressa, \ e o pensamento \ da loucura me inflama. ALMA MINHA - Alma minha, perdura em tua ideia divina;\ tudo está sob o signo de um destino supremo;\ segue em teu rumo, segue até o ocaso extremo\ pelo caminho que até à Esfinge te encaminha.\ Corta a flor ao passo, deixa o duro espinho;\ no rio de ouro leva o compasso o remo;\ sapuda o rude arado do rude Triptolemo,\ e segue como um deus que seus sonhos destina…\ E segue como um deus que a sorte estimula,\ e enquanto a retórica do pássaro te adula\ e os astros do céu te acompanham, e os \ ramos da Esperança surgem primaveris,\ atravessa impretérita pelo bosque de males\ sem temer as serpentes, e segue, como um deus… Poemas do poeta e jornalista nicaraguense Rubén Darío (1867-1916). Veja mais aqui e aqui.

 


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