segunda-feira, novembro 11, 2024

LAUREN ELKIN, AKSINIA MIHAYLOVA, VANESSA NAKATE & BRENDA BAZANTE

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Fruto (2004), Candeias (2009), Faces (2016) e Inzu (2019), da pianista, compositora e pesquisadora Heloísa Fernandes.

 

O que dizer nada a mais... - Uma palavra dentro da outra a tecerem ventos peito aberto às verdades que nunca disse: o que restou da pedra o pó à face lívida dos olhos dilatados. Onde estou perdi a hora e uma só palavra salvou o poema da alma no porão pelas ruas ermas de invisíveis refúgios tortos e tortuosos. O que havia depois de feito combatia a secura com esperança de chuva, o que admito talvez: a minha vida é o escombro da casa destruída. Ainda bem que não há pústulas na janela perdida nem a alma remendada no telhado que desabou. Restam passos pelas esquinas crepusculares com suas vidraças espelhadas: haverá tempo para indecisões e enfrentamentos, ao que parece, a máquina do mundo emperrou enferrujada, parece mesmo, quebrou-se cediça no lixo rente às paredes revogadas. E haverá tempo adivinhando caminhos na penumbra entre o legado e o estorvo, pesares de suspensos rumos vazios, só porque mãos trêmulas titubeiam afeto à espera do milagre duma chuva draconídea trazendo ouro e kyawthuite. E as sereias cantam luzes e ofertas, são muitas e me afogam, porque pertence a mim o dia e nada se anuncia no terreno baldio do ridículo. Pertence a mim esta tarde e o que é demais no regresso inquieto de quantas maçanetas se perderam da memória. Pertence a mim esta noite de quantos remorsos insepultos pelos sortilégios lunares, amontoando entulhos e retalhos por aí afora. Tempos loucos. Epistemicídios e quantas práticas desumanizadoras de violentar destinos dissipados, com todos delitos cínicos de postiças virtudes, o sorriso vacilante de reputações enlameadas, pusilanimidades, tudo porque o escravo serviu a rainha e ela o desdenhou. Nem havia por aí quem escutasse com atenção o lampejo de um drama no sangue das palavras, somente a órbita de espedaçado vórtice. Nunca tive medo e isso pouco importa. Graças à vida encontrei pessoas dois espíritos pelo trajeto perdido, a me falar de Indeus e que me dizem respeito poéticos mistérios, para quem perdida mestiçagem a bendizer das quedas, com louvores aos martírios da morosa morte. Não acredito na vingança de Gaia, mas no revide de nossa própria estupidez. O que passou está presente há muito tempo para todos amanhãs, porque o que foi é e continuará sendo infinitamente. Até mais ver.

 

James Baldwin: Há tantas maneiras de ser desprezível que dá até dor de cabeça. Mas a maneira de ser realmente desprezível é desprezar a dor dos outros... Veja mais aqui.

Liane Moriarty: Aqueles que amamos não vão embora, eles sentam-se ao nosso lado todos os dias... Veja mais aqui.

Carol Ann Duffy: A poesia, acima de tudo, é uma série de momentos intensos – o seu poder não está na narrativa. Não estou lidando com fatos, estou lidando com emoções... Veja mais aqui.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

1 - Nós extraímos as paisagens mais profundas e escondidas \ de nós mesmos, empilhá-los sobre a mesa\ como duas pessoas se encontrando pela primeira vez\ e da última vez—libertado do futuro.\ Nós fumamos meio maço,\ procure na pilha,\ conte os ossos\ criando raízes em nossas almas,\ e ainda não consigo encontrar\ a palavra que faz isso.\ Talvez seja culpa\ das diferentes profundidades dos nossos abismos,\ como eles ressoam com uma linguagem \ ininteligível para a pele.

2 - Então compramos toranja, \ passeie pelo bairro judeu\ becos estreitos, e ele me leva\ pela mão, ele me esquece\ nas livrarias, ele diz olha,\ há tanto céu nas janelas esta noite,\ me apertando contra seu peito\ então não consigo ler em seus olhos:\ a palavra,\ a palavra que faz isso\ As toranjas rolam pela calçada.\ Suas mãos tão febris—\ como se tivesse medo de me perder,\ como se tivesse medo de que eu pudesse ficar.

Poemas da escritora, educadora e tradutora húngara Aksinia Mihaylova, autora dos livros Ciel à Perdre (Gallimard, 2014) e Le Baiser du Temps (Prix Max-Jacob, 2020), e é a fundadora do jornal literário Ah, Maria.

 

MULHERES CAMINHAM... [...] Eu caminho porque isso confere - ou restaura - um sentimento de lugar... Eu caminho porque, de alguma forma, é como ler. Você tem acesso a essas vidas e conversas que não têm nada a ver com as suas, mas você pode ouvi-las. Às vezes está superlotado; às vezes as vozes são muito altas. Mas sempre há companheirismo. Você não está sozinho. Você anda na cidade lado a lado com os vivos e os mortos. [...] Todos nós temos nossos próprios sinais que estamos atentos ou tentando não ouvir. [...] Caminhar é mapear com os pés. Ajuda a juntar as peças de uma cidade, conectando bairros que, de outra forma, poderiam ter permanecido entidades discretas, planetas diferentes ligados uns aos outros, sustentados, mas remotos. Gosto de ver como, de fato, eles se misturam, gosto de notar os limites entre eles. Caminhar me ajuda a me sentir em casa. [...] Queremos fazer escolhas, e ter alguma agência para nos perdermos, e sermos encontrados. Queremos desafiar a cidade, e decifrá-la, e florescer dentro de seus parâmetros. [...]. Trechos extraídos da obra Flâneuse: Women Walk the City in Paris, New York, Tokyo, Venice and London (Farrar, Straus and Giroux, 2017), da escritora, ensaísta e tradutora francesa Lauren Elkin, que no seu livro No. 91/92: A Diary of a Year on the Bus (Semiotext(e)/Les Fugitives, 2021), ela expressou que: […] Com o tempo, o Evento se entrelaça ao cotidiano. Pessoas que vemos no ônibus podem ter estado no Bataclan ou conhecer alguém que esteve; a mulher no canto pode ter sofrido um aborto espontâneo no mês passado. Outras pessoas são um imenso mistério. Não podemos clicar com o botão direito nelas e baixar seu histórico. Não sabemos onde elas estiveram ou para onde estão indo. Mas que elas estejam indo juntas, enquanto se ignoram amigavelmente, parece de suma importância. Acredito que isso se chama comunidade. […]. No seu livro Art Monsters: Unruly Bodies in Feminist Art (Chatto & Windus/FSG, 2023), ela menciona que: […] Ser gênero feminino é ser pego entre a beleza e o excesso: obrigado a escolher. Ser um monstro é insistir em ambos [...]. E no seu livro Scaffolding (Chatto & Windus/FSG, 2024), ela expressa que: […] é menos sobre você criar uma narrativa que explique e cure seus sintomas e mais sobre o que pode ser sugerido durante o processo terapêutico, como a maneira como falamos sobre nossas vidas codifica a maneira como pensamos sobre elas, as coisas que queremos, nossos desejos, como podemos aprender a viver com eles em vez de sermos guiados por eles. Você nunca será curado, por assim dizer. Não há cura para ser humano. [...].

 

É HORA AGORA... - Chega de promessas vazias, chega de cúpulas vazias, chega de conferências vazias. É hora de nos mostrar o dinheiro. É hora, é hora, é hora. E não se esqueçam de ouvir as pessoas e os lugares mais afetados... Sempre acreditei no poder de uma ação, de uma voz e de uma história para mudar o mundo, mas aprendi que a verdadeira transformação é uma responsabilidade coletiva; estamos trabalhando juntos para tornar este mundo um lugar melhor... Pensamento da ativista ambiental ugandesa Vanessa Nakate, que ainda se expressa: Você não pode se adaptar à extinção. Por quanto tempo vamos vê-los morrer de sede nas secas?

 

A ARTE DE BRENDA BAZANTE

Quando fui aprovada eu vibrei e me emocionei, pois percebi a importância de minha presença numa pós-graduação no campo das artes. Momento no qual poderei cooperar com a erradicação dessa ausência de visualidades que representem os corpos trans e consequentemente causar impressões inclusivas em outras visitantes trans. Pessoas que, ao adentrarem museus ou outros espaços destinados às artes visuais, poderão encontrar corpos como os seus retratados entre as peças expostas. Mas além destes lugares pretendo adentrar locais como ONGS, expandindo o alcance do conhecimento que produzi para além dos espaços institucionais. Desta forma, chegando mais perto do público que pretendo atingir, as pessoas pertencentes à comunidade LGBTIAP+.

Palavras extraídas da entrevista concedida à jornalista Andrea Sobreira de Oliveira (UFPE), no periódico Cartema - Revista do Programa de pós-graduaçăo em Artes Visuais UFPE/UFPB (2021), pela artista visual e professora de Arte, Brenda Bazante, em referência à sua dissertação de mestrado sobre a temática Trava Transcorpocinética: narrativas (auto)biográficas e práticas artísticas de/sobre travestis, transexuais e dissidentes sexuais e de gênero (UFPE, 2022), pela qual obteve o título de mestre em Artes Visuais pelo PPGAV (UFPE/UFPB). Ela também é especialista em Metodologia do Ensino de Arte pela Faculdade Educação de São Luís e Licenciada em Artes Visuais pela UNOPAR, trabalhando na produção de múltiplas linguagens nas quais destacam-se as técnicas do bordado, papietagem, escultura, pintura e desenho. Veja mais aqui.

 

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segunda-feira, novembro 04, 2024

NADYA TOLOKONNIKOVA, ANNA KATHARINE GREEN, EMMA GONZALEZ & THALYTA MONTEIRO

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Terra adentro (A Casa Produções, 2011) e Luares (2023), da violonista, compositora, produtora, orquestradora e professora francesa Elodie Bouny, autora de obras como a peça para quarteto de violões Déja Vu (2019), da ópera Homens de papel (2022), da peça para orquestra Eclipse (2022), da peça para clarone solo, Touro (2022), da peça Um abraço pro Waldir (2023) e a peça Resiliência (2023), entre outras.

 

Das feridas, poesia em flor... - Uma e outra vez passou o equinócio da primavera e quase perdia a hora porque colhia flores na Linha do Equador. Nunca é demais qualquer desencontro e lá se foi o que pensava no barulho das águas. Não vacilei porque fui salvo desde o tempo em que ríamos muito. Hoje não mais e, se não tivesse segurado desde anteontem as mãos do futuro, com certeza despencaria diante da incontrolável geração das surpresas. Nem sempre a verdade talvez. Foi preciso mais que um pôr do Sol para que soubesse que não morri na solidão. Foi mais preciso sorrir pras incertas lembranças, amores inconclusos. Só não mais esperarei por boas novas, foi-se o tempo. Deus nunca me deixou mentir: o cristianismo solapou a alma de todos, restaram lutos e festejos hediondos. Vão daí vagotonias. Demoliram os sonhos, mas não faltará tempo para pecar, graças! Para onde vão me levaram pelo avesso e, o melhor, é nem entender. Tampouco viu-se o que aconteceu, ignorou-se pela suposta sanidade. Outros desvaneceram - os frívolos não duram um aceno fugaz. Quando muito sorriem e, às vezes, me deixam em paz para que amanheça ileso: os bruxedos do mundo perderam a graça, tudo se estragou com as coisas engaioladas, promessas, máscaras, exterioridades e o efêmero. A vida não é só desmoronamentos: ainda se vive no escuro o profundo silêncio. Cumpre amar sobretudo por qualquer meio necessário para vencer o mar agitado das ocasiões. Sou agora o que sempre fui e serei: caçador de luas em pleno equilux. Não mais o mesmo e outro, palavrersos entre a imprecisão e a eternidade: das feridas, poesia em flor. Pés descalços, mãos vazias, confesso celebrações: uma palavra a cada emoção, um verso a cada instante. Até mais ver.

 


Marie Curie: A vida não é fácil para nenhum de nós. Mas e daí? Devemos ter perseverança e, acima de tudo, confiança em nós mesmos. Devemos acreditar que somos dotados para algo e que essa coisa deve ser alcançada... Veja mais aqui, aqui e aqui.

Erika Mann: Agora que a liberdade desapareceu em tantos lugares e a paz está ameaçada de tantos lados, as palavras paz e liberdade recuperaram seu brilho. O presente exige de nós um amor magistral pela paz... Veja mais aqui.

Marie Bregendahl: Quanto mais sombrias as perspectivas e mais difícil ter esperança, mais firmemente deve-se agarrar à esperança quando ela insurgir... Veja mais aqui.

 

VIDA

Imagem: Acervo ArtLAM.

Ah, o que é a vida! \ É apenas um toque passageiro no mundo; \ Uma impressão nas praias da terra \ A próxima onda que flui irá lavar; uma marca \ Que algo passou; uma sombra em uma parede, \ Enquanto procura pela substância, a sombra se afasta; \ Uma gota da vasta nuvem espiritual de Deus \ Que circula sobre um tronco, uma pedra, uma folha, \ Um momento, então exala novamente para Deus.

Poema da escritora estadunidense Anna Katharine Green (1846-1935). Veja mais aqui e aqui.

 

GUIA DE ATIVISMO – [...] A arte é um reino que nos ajuda a combater forças que tentam mecanizar as pessoas, forças que veem os humanos como coisas que precisam de instruções de uso e devem ser colocadas na prateleira de uma loja de shopping. [...] Precisamos de um milagre para sair daqui. E milagres são reais; eles já aconteceram comigo antes. Amor incondicional, por exemplo, ou solidariedade, ou ação coletiva corajosa. Milagres sempre acontecem no momento certo na vida daqueles com uma fé infantil no triunfo da verdade sobre a falsidade, daqueles que acreditam na ajuda mútua e vivem de acordo com a economia do presente. Você não pode comprar a revolução, você só pode ser a revolução. [...] Quando nos faltam forças para agir, é preciso encontrar palavras que nos inspirem. Por isso, lembre-se de um ponto fundamental: nada de deixar sua confiança arrefecer. O poder está nas suas mãos. Juntos, como comunidade ou como movimento, podemos fazer milagres. E faremos [...] Se você quer mudar algo, precisa saber como as coisas funcionam. Um ativista deve saber disso. Você está aprendendo sobre como as coisas funcionam praticando-as. [...]. Trechos extraídos da obra Read & Riot: A Pussy Riot Guide to Activism (Coronet, 2020), da artista conceitual, musicista, escritora e ativista russa Nadya Tolokonnikova (Nadejda Andreevna Tolokonnikova), que foi membro do grupo anarquista feminista Pussy Riot, que em 2012 foi condenada por vandalismo e ódio religioso, caso que foi considerado por grupos de direitos humanos como julgamento parcial. Na ocasião ela invadiu a Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, para uma performance de protesto contra Putin, sendo, por isso, sentenciada a dois anos de prisão. Em 2013 ela foi solta por cumprimento da Constituição russa e por ser reconhecida como prisioneira política. Em 2016 ela publicou o livro autobiográfico How to Start a Revolution e fez canções, em 2018/19 para a turnê Riot Days. No livro epigrafado ela defende: Seja um pirata! Faça com que o governo se borre de medo! Retome a alegria!, apresentando 10 regras para a revolução, ilustrado com desenhos e centrado na ação direta, que ultrapassa ideias de militância e professando a desobediência civil.

 

RESPONSABILIZAÇÃO POLÍTICA - Estamos absolutamente determinados a garantir que o mundo pare de ver os políticos como seres humanos e comece a vê-los como máquinas que precisam ser responsabilizadas... Nós nos recusamos a ser silenciados pela mídia, pela NRA ou pelos políticos que falharam conosco por muito tempo... Já tivemos o suficiente de promessas vazias e da falta de ação. É hora de uma mudança real. Temos que lembrar que nossa história não é só nossa, é a história de um movimento que mudará o mundo... Pensamento da ativista estadunidense Emma Gonzalez, defensora do controle de armas. Ela surgiu após o trágico tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, Flórida, em 14 de fevereiro de 2018, quando ela e seus colegas de classe foram submetidos a um ato horrível de violência realizado por um atirador solitário, resultando na perda de 17 vidas e deixando inúmeras outras fisicamente e emocionalmente marcadas. Durante um discurso, Emma chamou a atenção de políticos e legisladores por sua inação, transmitindo uma mensagem carregada de emoção que exigia mudanças e prometendo que: Seremos o último tiroteio em massa. Ela e seus colegas cofundaram o grupo de defesa Never Again MSD, para fazer campanha pela reforma do controle de armas, realizando o monumental protesto March for Our Lives, em Washington, DC, que atraiu centenas de milhares de apoiadores de todo o país. Suas palavras ecoam: Acredito que ser destemido é ter uma profunda preocupação com a humanidade e colocar os outros antes de si mesmo... Não basta lamentar as vidas que perdemos, temos que lutar para salvar as vidas que ainda estão aqui... Temos que continuar avançando, não importa o quão difícil seja, porque temos uma responsabilidade com as gerações futuras... Fortaleça sua mente em qualquer lugar e a qualquer hora...

 

A ARTE DE THALYTA MONTEIRO

Caminho por diversas linguagens como pintura, gravura e experimentação em performance.

A arte da artista visual, arte educadora, pesquisadora, oficineira e trabalhadora da cultura Thalyta Monteiro, que realiza extraordinário trabalho de processo manual e ritualístico da pintura e da lenoleogravura, além de fotoperformances. Veja mais aqui.

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SETECENTOS PENSAMENTOS

No próximo dia 6 de novembro, nos horários das 16 e 20h, será lançado no Festival do Livro da Mata Sul, na sede da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, em Palmares, o livro Setecentos pensamentos (CriaArt, 2024), do poeta e professor Admmauro Gommes. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, outubro 28, 2024

CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame, 2007) e Dreams (GSP, 2011), da violonista, compositora, professora e pesquisadora musical Cristina Azuma. Veja mais aqui & aqui.

 

A foto do bode pelo voo do que não era Foolyk... - Naquela hora Bodinho passava aos esculachos de bronca! Pela rua apertada arengava com a invisível matrona Branca, chamando na grande os Cabeças de Touro, desafetos que azedavam o seu angu. Quase todo dia ouvia os passos trôpegos dele elucubrando as galhadas carburantes das ideias tresloucadas, as quais viviam imersas com galos cantando no juízo, calombos na testa, pescoço troncho pelo peso da tonta cachola insegurável, um quengo pra lá de injuriado com pilhérias e pulhas na ponta da língua. Era ele, todo santo dia. Sim, é que ele vivia às voltas com a marvada Teibei e, nessa noite, parece, assim soube, ele inventou de misturar com a cachaça Maria Joyce. Aí deu o créu! Testemunhou-se que ele se dizia ali na hora podre de rico, sacando dos bolsos para quem quisesse ver um punhado de pó de kyawthuite. Vôte! Ninguém levou a sério, nunca levava. E não demorou muito e lá se viu ele pelos ares, aos berros segurando no rabo duma nuvem para nunca mais. Foi ser prefeito lá no céu, dizem. A cena levou-me à biblioteca – local em que se juntava todo tipo de personagem saído das páginas dos livros, afora todo tipo de biruta que resolvia dar as caras assim do nada. Sim e foi lá mesmo que pude numa manhã para lá de festiva reviver os Retalhos em Detalhes, do memorável amigo Mendes Givanilton – sujeito da mais profunda estima e doutras tantas dos pileques na mangação pelo malogro do teatro de Fenelon, das tardes domingueiras no Clube dos Ferroviários com a Escolinha do Professor Língua de Trapo, dos tropicões nos anseios inglórios, das viradas de noite por altos papos sem bater pestana nem piscar o olho, das muitas e tantas até o dia depois da maior viagem dum show de Hermeto Pascoal, com a notícia de que ele tinha ido sem um mínimo aceno de adeus. Quarentanos se passaram e tudo isso só pra vê-lo ressurreto no ensolarado meio dia de sábado do Pintando na Praça. Era como se estivesse numa das viagens de Gulliver – muitas hestórias pra contar, mas aqui nunca foi Foolyk do Desfontaines, nem nunca será. Essas coisas mexem com o coração nesses tempos loucos: o que de sonho se fez real, o que de chão no voo da vida. Até mais ver.

 

Sylvia Plath: Comigo, o presente é para sempre, e o para sempre está sempre mudando, fluindo, derretendo. Este segundo é a vida. E quando ele se vai, ele morre. Mas você não pode recomeçar a cada novo segundo. Você tem que julgar pelo que está morto... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Denise Levertov: O que ouvi foi todo o meu ser dizendo e cantando o que sabia: eu posso... Veja mais aqui.

Delmira Agustini: Às vezes eu tremia com o horror do meu abismo... Veja mais aqui & aqui.

 

DESPEDIDA

Imagem: Acervo ArtLAM.

O tempo estava agradável \ O dia estava ensolarado \ As esquadras passavam \ Homens e mulheres com mochilas e \ roupas camufladas \ Primeiro meu marido saiu com um grupo \ Depois deixei a menina com a esquadra seguinte \ Uma jovem virou-se e disse-me para não me preocupar, que eu iria cuidar dela \ Então fui em direção à coluna do meu grupo \ Pensei em como avisar meu marido para não voltar \ Bom já tínhamos todos ido embora \ Alguns amigos ficaram \ Atrás na calçada esperando seus esquadrões \ Era hora de paz \ Não houve guerra \ Os pássaros cantavam nas copas das árvores \ O dia ensolarado.

Poema da poeta, tradutora e cantora de câmara búlgara Christina Vassileva.

 

MINHA JORNADA NOTÁVEL - […] Fiquei perplexo que tantos alunos não gostassem de matemática e tivessem dificuldades com ela. Imaginei que eles tinham um pai que não gostava de matemática e dizia que era difícil ou um professor que não tinha paixão ou paciência para tornar a matemática relevante para suas vidas. Em casa, nunca deixei minhas meninas me dizerem que matemática ou qualquer outra matéria era difícil. Desde que eram bem pequenas, sempre tentei incorporar o aprendizado, fosse matemática, ortografia ou atividades criativas, como costurar e montar quebra-cabeças, em suas vidas. Tentei mostrar a elas como o que estavam aprendendo na escola se conectava às nossas vidas fora da escola. Claro, eu as fazia contar tudo — as estrelas no céu, os degraus do fundo ao topo da mansão Carson ou as pessoas na igreja em qualquer domingo. Em viagens de carro, eu as fazia somar os números nas placas dos carros que passavam na nossa frente. Ou eu as fazia cobrir os olhos e soletrar o estado. Se eles estivessem ajudando na cozinha, eu poderia escrever uma receita, entregá-la a eles e pedir que calculassem quanta quantidade de cada ingrediente precisaríamos se eu quisesse fazer metade daquele lote de biscoitos ou bolachas. [...]. Trechos extraídos da obra My Remarkable Journey: A Memoir (Amistad Press, 2021), da matemática, física e cientista espacial estadunidense Katherine Johnson (Katherine Coleman Goble Johnson 1918-2020), uma das primeiras afro-americanas a trabalhar como cientista na NASA, expressando-se: Eu ficava animada com algo novo, sempre gostei de coisas novas, mas dou crédito a todos que ajudaram. As meninas são capazes de fazer tudo o que os homens são capazes de fazer. Às vezes, elas têm mais imaginação do que os homens. Precisávamos ser assertivas como mulheres naqueles dias – assertivas e agressivas – e o grau em que tínhamos que ser assim dependia de onde você estava. Eu tinha que ser. Você perde a curiosidade quando para de aprender. Goste do que faz e então fará o seu melhor.

 

LIBERTAÇÃO PELA PSICOLOGIA – [...] não é uma questão de intencionalidade: colocar uma ciência fundamentada em termos individualistas e viciados a serviço da comunidade, só resultaria na reintrodução ou manutenção das necessidades e vivências do homem "capitalista". A questão é transformar os próprios esquemas de compreensão e de trabalho a partir da perspectiva do povo salvadorenho. Dito de outra maneira, devemos redefinir os próprios fundamentos da ciência psicológica. [...]. Quem deve, então, determinar as necessidades "verdadeiras" e "falsas"? A quem cabe diferenciar o que há de autêntico e o que há de alienante no interior da consciência popular? Por acaso, deverá o psicólogo social se converter em "intérprete" das necessidades populares? Problema que não é de fácil solução, nem mesmo para aqueles que, surgidos do próprio povo, se convertem em sua vanguarda política, mas que, ao chegarem nesse lugar, frequentemente, perdem o contato existencial com suas bases e tendem a assumir como voz do povo o que não é mais do que a sua própria voz. [...]. Trechos do estudo O psicólogo no processo revolucionário (Vozes, 1980), do psicólogo e filósofo Ignacio Martín-Baró (1942-1989). Veja mais aqui.

 

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

O sertanejo fala pouco: as palavras de pedra ulceram a boca e no idioma pedra se fala doloroso; o natural desse idioma fala à força... Escrever é estar no extremo de si mesmo...

A obra do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

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O II Seminário A Presença Indígena na Zona da Mata de Pernambuco ocorrerá na Biblioteca Pública Municipal Felenon Barreto, em Palmares-PE, no dia 09 de novembro. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, outubro 21, 2024

YŌKO TAWADA, NATALIE DIAZ, KAKA WERÁ, PAULO BRUSCKY & INDÍGENAS PELA PAZ

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Choreography (2004), Subject to Change (2001), Storm (1997), The Classical (1996) e The Original Four Seasons and the Devil's Trill Sonata: The Classical (1999), da violinista e esquiadora singapurense Vanessa-Mae (Vanessa-Mae Vanakorn Nicholson). Veja mais aqui.

 

Pantomima dos simulacros... – Ontem morri, hoje sou outro. Uma coisa ficou certa: o passado é uma ilusão, como tudo que deixou de ser verdade, então só lembrança incorrigível. Agora encarei o que possa ser o real e não era nada do que já vi ou senti - só sei porque fechei as pálpebras e reduzi-me à minha própria escuridão. Era quase um sonho de múltiplos espelhos borgeanos e, em cada um deles, uma fisionomia antiga – uma das minhas muitas faces. Parei diante da efígie mais próxima e não era eu sobrevivendo enlutado à voz de uma locutora que reiterava a minha descrição indubitável. E me falava de quantos Golias e o último homem do profético bigodudo que piscava um olho escondido. Havia rumores e era preciso mitigar as expectativas, enquanto sentia-me provocado pela indiferença nas ruas das noites despovoadas, todas elas quase apagadas pela neblina e declives de sombras disfarçando reviravoltas, hedonismos e ressentimentos, heroísmos e paliativos, devoções cegas e facas amoladas. Surpreendi-me com a sua persuasão iminente de que deveria procurar por meu próprio deserto. Aqui não seria jamais o meu lugar, como e onde o mundo da condenação compungido pelo insuperável: a cena milenar se repetia de norte a sul, lestoeste, a cada dia, razão pela qual sugeriu-me não mais fizesse a barba, nem cortasse as unhas ou cabelos. Afinal, o inferno era aqui mesmo e sequer sabia onde ficava - havia quem sugerisse nos matasse a todos para conferir-se bem de perto, oh sabidos. Corri o risco e até o dia de hoje não sei sonhei ou o que sucedera dessa insólita viagem, simplesmente não lembro: a vida é morte e vice-versa, parece – fiquei com essa impressão. Até mais ver.


Elif Shafak: Os livros nos mudam. Os livros nos salvam. Eu sei disso porque aconteceu comigo... Veja mais aqui.

Trudi Canavan: É melhor conhecer a dor rápida da verdade do que a dor contínua de uma falsa esperança arraigada... Sempre há um pouco de verdade em cada boato, o problema é descobrir qual parte... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

Catherine Deneuve: Amor não é sobre posse, mas sobre estimar e permitir que a outra pessoa seja livre. O amor deve ser celebrado todos os dias, não apenas em ocasiões especiais... Veja mais aqui.

 

OS FATOS DA ARTE

Imagem: Acervo ArtLAM.

A estrada do Arizona navegou pelo deserto – \ um navio de guerra cinza desenhando um velório preto, \ parando ao pé da mesa laranja, \ não querer andar por aí. \ Homens e mulheres Hopi – castanho, pequeno e argiloso \ —peered para baixo a partir de suas mesas em tratores amarelos, caminhões de água, \ e homens brancos com bolhas de sol – vermelhos como formigas de fogo – rebocando \ Esperam protetores solares em reboques de Airstream reboques \ em caravanas atrás deles. \ Os anciãos sabiam que essas estradas da bia eram remédios ruins – sabia também \ que os jovens ouvem cada vez menos, e esses jovens Hopi \ necessário trabalho, portanto, reserve suas ferramentas, blocos de raiz de algodão de madeira \ e meio acabado Koshari o palhaço katsinas, então \ assinado com o Departamento de Transportes, \ foram contratados para esfaquear exercícios profundamente na grossa carne vermelha da terra \ em First Mesa, dirija lâminas de faísca gigante nos rostos das mesas, \ executar as brocas tão profundas que fumam, barbundo todos os homens Hopi \ em branco – maus espíritos, disseram os Anciãos – \ As lâminas pegaram fogo, queimadas – Ma’saw está com raiva, disseram os Anciãos. \ Novas lâminas foram levadas de helicóptero. Enquanto os anciãos sonhavam \ seus braços e pernas tinham sido clivados e seus torsos foram arremessados \ ao longo da borda de uma mesa de jantar, os jovens Hopi foram \ de volta ao trabalho cortando a terra em grandes pedaços de ferrugem. \ Ninguém notou no início – não os trabalhadores brancos, \ não os trabalhadores indianos, mas nos montes de mesa desmantelada, \ entre os tortos e pilhas de areia, \ coloque as pequenas tigelas cinzentas de crânios de bebês. \ Não até que eles subiram até o fundo eles viram \ os ossos prateados brilhando da parede de terra e rocha recém-difundada - \ um mosaico de mausoléum, uma tapeçaria doente: os minúsculos restos \ despertado do berço empoeirado da morte, cortado pela metade, rachado, \ envolto em pedaços de cobertores com o tempo. \ Vamos chamá-lo de um dia, disse o capataz branco. \ Naquela noite, todos os trabalhadores indianos ficaram bêbados – ficaram doentes \ — enquanto os anciãos afundaram em suas kivas em oração. Na manhã seguinte, \ enquanto a amanhece no horizonte, os trabalhadores do estado escalavam as mesas, \ bateu às portas de pueblos que os tinha, gritou \ para aqueles que não têm eles, \ exigindo que os homens Hopi voltem ao trabalho – então implorando-lhes – \ em seguida, comprá-los uísque – implorando novamente – finalmente enviando seu branco \ esposas até a trilha perigosa gravada nos lados íngremes \ para comprar cestas de mulheres Hopi e avós \ como sinal de tratado. \ Quando isso não funcionou, os trabalhadores do Estado chamavam os índios de preguiçosos, \ enviou suas esposas que usavam o chapéu de sol para comprar mais cestas \ katsinas também – então chamado de Hopis good-for-nothings, \ Antes de implorar-lhes de volta mais uma vez. \ Vamos tentar novamente de manhã, disse o capataz. \ Mas os trabalhadores indianos nunca mais voltaram – \ As chamadas de bia e dot para o trabalho ficaram sem resposta, \ como a febre Hopis ficou amontoada dentro. \ Os pequenos ossos meio enterrados nas fendas da mesa \ na escuridão uma vez santa da terra silenciosa e sempre-noite – \ Sorrissou ou suspirou sob o luar, enquanto as mulheres brancas \ em Airstream trailers escreveu cartas para casa \ elogiando a paciência de seus maridos, descrevendo os selvagens preguiçosos: \ tal miséria em suas casas de pedra e gesso – cobs de milho empilhado \ chão a teto contra paredes em ruínas - suas cerimônias diabólicas \ e a maneira bárbara enterraram seus bebês, \ Oh, e aqueles lindos e belos cestos.

Poema da premiada poeta, professora & ativista mojave extadunidense Natalie Diaz.

 

MEMÓRIAS DE UM URSO POLAR – [...] Eu sempre me sinto sendo empurrado de volta para a solidão quando alguém me diz que está frio em um dia quente. Não é bom falar tanto sobre o clima — o clima é um assunto altamente pessoal, e a comunicação sobre o assunto inevitavelmente falha. [...] Começou a crescer mofo nos meus ouvidos porque ninguém nunca falava comigo [...] Eu abomino a estupidez e a vaidade humanas que se orgulham de forçar tigres, leões e leopardos a se sentarem confortavelmente lado a lado. Isso me lembra da coreografia do governo que exibe minorias vestidas com cores vivas em um desfile, minorias às quais foi concedida uma migalha de autonomia política em troca de fornecer uma simulação óptica da diversidade cultural em seu país de residência. Mas os animais selvagens (ao contrário dos humanos) formam grupos de acordo com as espécies para desfrutar de benefícios específicos [...]. Trechos extraídos da obra Memoirs of a Polar Bear (New Directions, 2016), da escritora japonesa Yōko Tawada, que na sua obra akzentfrei - Literarische Essays (Konkursbuch Verlag, 2016), expressa que: [...] O muro que tenho na memória ainda consiste em homens armados que estavam prontos para atirar nas pessoas após serem instruídos a fazê-lo. Novos muros estão constantemente sendo construídos em nosso planeta aquoso e azul. Onde há um muro, a vida está ameaçada de ambos os lados. [...]. Já no seu livro The Emissary (New Directions, 2018), ela expressa que: [...] Ser capaz de ver o fim de qualquer coisa lhe dava uma tremenda sensação de alívio. Quando criança, ele presumia que o objetivo da medicina era manter os corpos vivos para sempre; ele nunca havia considerado a dor de não poder morrer. [...]. Por fim, no seu livro Scattered All Over the Earth (New Directions, 2018), ela expressa que: […] As pessoas estão sempre dizendo que as humanidades estão mortas, então é estranho quantas conferências existem. [...] para qualquer funcionário, o trabalho é, até certo ponto, um lugar onde estranhos puxam você da direita, da esquerda, de cima e de baixo, beliscando, esfregando e geralmente bagunçando você de manhã à noite. [...].

 

DIVERSIDADE - Sem diversidade não há vida... Pensamento do escritor, educador e ambientalista tapuia Kaka Werá Jecupé, que no seu livro O Trovão e o Vento: um caminho de evolução pelo xamanismo Tupi-Guarani. (Polar\Instituto Arapoty, 2016), expressa que: [...] o risco de perdermos nossa identidade é bem grande. Realmente: integrar o antigo ao novo e o novo ao antigo é um paradoxo. Como a harmonia do mundo vem do jogo dos contrários, ela requer uma integração desses opostos [...]. [...] a matriz tupi está na base de dialetos que [...] se desdobram [...] marcando as etnias com matizes próprios [...] A tradição revela que a natureza repete até hoje a dança da criação macrocósmica para que possamos guiar-nos de acordo com seu ritmo e sua harmonia. [...]. O seu pensamento está embasado nas expressões de que: Muito massacre, dor, sofrimento: é isso o que marca a história. É o nascimento do Brasil, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Salvador. Cada cidade grande deste país tem em seu bojo, no seu centro, uma memória escondida de muito sangue derramado... Muitos aqui sabem que nós lutamos pela demarcação de nossos territórios, mas é importante saberem que os territórios mais degradados não foram os materiais, mas sim os territórios das culturas e das almas. No meu entendimento, essa geração precisa, cada vez mais, saber da importância que é o respeito e a manutenção de uma cultura, de uma alma, da diversidade, de todos aqueles diferentes de si... Veja mais aqui.

 

A ARTE DE PAULO BRUSCKY

Tão antiga quanto a história da humanidade, é na carnavalizAÇÃO que a performance assume, de uma forma prática/contínua… Num palco chamado Pernambuco, cada folião é um performático, inventando gestos, quebrando conceitos, criando estéticas, mesclando linguagens, assumindo/teatralizando o seu personagem... Na troca de informações entre artista e cientista, um aprende com o outro. Considero essa troca de informações essencial. Cada um em sua área, sem ser absorvido. É mais fácil subverter o cientista do que o contrário. Somos cientistas também... A subversão só faz sentido se a obra não é entendida como uma ordem autoritária, se ela permite a recreação/recriação...

Pensamento do poeta e artista multimídia Paulo Bruscky. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

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11.645 INDÍGENAS E DIVERSIDADE PARA A PAZ

O Movimento de Retomada Mata Sul Indígena & ONG Thydêwá lançaram o livro 11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz, com objetivo de revitalizar a língua materna, salvaguardar saberes/práticas ancestrais e lutar pelo direito à terra/território, pela soberania alimentar e recuperação da vegetação nativa (Mata Atlântica), compartilhando suas cosmovisões para a Educação Escolar. A obra está disponível em português para download gratuito. Para baixar clique aqui.


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Crônica de amor por ela aqui.

 


LAUREN ELKIN, AKSINIA MIHAYLOVA, VANESSA NAKATE & BRENDA BAZANTE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Fruto (2004), Candeias (2009), Faces (2016) e Inzu (2019), da pianista, compositora e pe...