A SOLIDÃO DE PROPERZIA - Aquela bela mulher
era o milagre da natureza. Era a filha do notário que esculpia rostos com habilidade
e imagens em caroços de pêssego, albiboca e cerejas. Cresceu e trabalhou em
Bolonha para inveja de muitos que desencorajavam suas potencialidades. Mesmo assim
tocava e cantava bem, a música era sua expressão: mais um dos seus pendores artísticos.
Ligou-se à arte da ouriversaria, entalhando as virtudes femininas, o trabalho
nas pedras das cantarias de Carrara, as esculturas em superfícies
infinitesimais. Era a delicadeza feminina, a sua humildade ímpar, a sua modéstia
indizível, a sua bondade inimitável, o seu intenso esforço, o seu perspicaz engenho.
Tratada a preço vil, as suas lágrimas tiranizadas pela ardente paixão
desventurada de suas tristes experiências amorosas, a impudica Putifar, a
rainha de Sabá, o desditoso sexo, um espetáculo para repreensão pública. Ali nascera
e ganhara fama numa vida tumultuada. Teve de defender-se da acusação de ter
invadido e danificado a horta de um vizinho. Foi acusada de ter agredido um pintor.
As hostilidades todas para desacreditá-la: foi dada por incapaz de controlar
seus desejos e de gerenciar sua própria carreira. E ela, uma Ariadne abandonada
na ilha de Naxos, o seu amor não correspondido nos seios intumescidos com a
veste grudada no corpo, a volúpia e o desespero na mão que aperta a própria
carne voluptuosa. Sua vida envolveu-se em sombras, era impossível arrancar do
coração a paixão amorosa, por isso retirou-se e, na sua solidão, envenenando-se
pela infelicidade de um funesto amor, na sua resignada melancolia. Aquela jovem
com seu belo corpo agonizou com uma história infeliz e seus desafortunados
amores nos mármores da sua glória eterna na exclusão do cânone da história. Em sua
lápide: Se Properzia devesse à natureza e à arte tanto quanto deve à fortuna
e aos presentes dos homens, ela, que agora está inglória imersa nas trevas,
poderia igualar-se aos célebres artistas do mármore. Além disso, o que pode
fazer com seu engenho vívido e sua arte é mostrado não mármores esculpidos por
sua mão de mulher. Viva Properzia de' Rossi (1490-1530). Veja mais aqui,
aqui & aqui.
DITOS & DESDITOS - A vida é uma
jornada rumo ao nada e escrever é um atalho... Pensamento da escritora
argentina María Negroni, autora do poema Botânica da Morte: Alguns
dizem que, na Porta de Cem Arrependimentos, as coisas se encontram. O deserto,
o Inferno, o oásis e os livros mais decrépitos e perplexos. Mas isso é notícia
exagerada. A que objeto celestial ou terrestre isso poderia se aplicar? A que
malevolências ternas? A que garotinha cavaleira briguenta com seu animal
fabuloso? Olhe para dentro, dizem os guias: essa é a única dor que conta.
Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: A ficção só torna tudo mais
interessante. A verdade é tão chata... Pensamento da escritora
estadunidense Charlaine Harris, autora do livro Dead To The World: A True Blood Novel (Gollancz, 2010), no qual expressa que: […]
Provavelmente é um mau indicador do seu estilo de vida quando você sente
falta do seu ex-namorado, porque ele é absolutamente letal. [...]. No seu livro Club Dead (Ace, 2010),
ela menciona: […] A parte mais doce de ser um casal é compartilhar sua vida
com outra pessoa. Mas minha vida, evidentemente, não tinha sido boa o
suficiente para compartilhar [...].
Na obra Dead as a Doornail (Ace, 2010), ela traz: […] Fizemos
sexo?" ele perguntou diretamente. Por cerca de dois minutos, isso pode ser
realmente divertido. "Eric", eu disse, "fizemos sexo em todas as
posições que eu poderia imaginar, e algumas que eu não poderia. Fizemos sexo em
todos os cômodos da minha casa, e fizemos sexo ao ar livre. Você me disse que
foi o melhor que você já fez." (Na época, ele não conseguia se lembrar de
todo o sexo que já fez. Mas ele me fez um elogio.) "Pena que você não
consegue se lembrar", concluí com um sorriso modesto. Eric parecia que eu
tinha batido na testa dele com um martelo. Por trinta segundos, sua reação foi
completamente gratificante. [...].
Já no seu livro Living Dead in Dallas (Ace, 2002), ela narra: […] A propósito,
ainda não ouvi um "sinto muito" seu." Meu senso de queixa havia
sobrepujado meu senso de autopreservação. Sinto muito que a bacante tenha
escolhido você." Olhei para ele. "Não o suficiente", eu disse. Eu
estava tentando muito manter essa conversa. Angelical Sookie, visão de amor e
beleza, estou prostrada que a bacante perversa e maligna tenha violado seu
corpo suave e voluptuoso, em uma tentativa de me entregar uma mensagem." É
mais ou menos assim [...]. Por fim, na sua obra All Together Dead (Ace, 2007), ela conduz: […] Alguns podem
pensar que você é suicida. Bem, 'alguns' podem enfiar isso no cu. [...]. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

