domingo, abril 05, 2015

MARÍA NEGRONI, CHARLAINE HARRIS, PROPERZIA DE' ROSSI, HESSE & STANISLAVSKI

 


A SOLIDÃO DE PROPERZIA - Aquela bela mulher era o milagre da natureza. Era a filha do notário que esculpia rostos com habilidade e imagens em caroços de pêssego, albiboca e cerejas. Cresceu e trabalhou em Bolonha para inveja de muitos que desencorajavam suas potencialidades. Mesmo assim tocava e cantava bem, a música era sua expressão: mais um dos seus pendores artísticos. Ligou-se à arte da ouriversaria, entalhando as virtudes femininas, o trabalho nas pedras das cantarias de Carrara, as esculturas em superfícies infinitesimais. Era a delicadeza feminina, a sua humildade ímpar, a sua modéstia indizível, a sua bondade inimitável, o seu intenso esforço, o seu perspicaz engenho. Tratada a preço vil, as suas lágrimas tiranizadas pela ardente paixão desventurada de suas tristes experiências amorosas, a impudica Putifar, a rainha de Sabá, o desditoso sexo, um espetáculo para repreensão pública. Ali nascera e ganhara fama numa vida tumultuada. Teve de defender-se da acusação de ter invadido e danificado a horta de um vizinho. Foi acusada de ter agredido um pintor. As hostilidades todas para desacreditá-la: foi dada por incapaz de controlar seus desejos e de gerenciar sua própria carreira. E ela, uma Ariadne abandonada na ilha de Naxos, o seu amor não correspondido nos seios intumescidos com a veste grudada no corpo, a volúpia e o desespero na mão que aperta a própria carne voluptuosa. Sua vida envolveu-se em sombras, era impossível arrancar do coração a paixão amorosa, por isso retirou-se e, na sua solidão, envenenando-se pela infelicidade de um funesto amor, na sua resignada melancolia. Aquela jovem com seu belo corpo agonizou com uma história infeliz e seus desafortunados amores nos mármores da sua glória eterna na exclusão do cânone da história. Em sua lápide: Se Properzia devesse à natureza e à arte tanto quanto deve à fortuna e aos presentes dos homens, ela, que agora está inglória imersa nas trevas, poderia igualar-se aos célebres artistas do mármore. Além disso, o que pode fazer com seu engenho vívido e sua arte é mostrado não mármores esculpidos por sua mão de mulher. Viva Properzia de' Rossi (1490-1530). Veja mais aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A vida é uma jornada rumo ao nada e escrever é um atalho... Pensamento da escritora argentina María Negroni, autora do poema Botânica da Morte: Alguns dizem que, na Porta de Cem Arrependimentos, as coisas se encontram. O deserto, o Inferno, o oásis e os livros mais decrépitos e perplexos. Mas isso é notícia exagerada. A que objeto celestial ou terrestre isso poderia se aplicar? A que malevolências ternas? A que garotinha cavaleira briguenta com seu animal fabuloso? Olhe para dentro, dizem os guias: essa é a única dor que conta. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: A ficção só torna tudo mais interessante. A verdade é tão chata... Pensamento da escritora estadunidense Charlaine Harris, autora do livro Dead To The World: A True Blood Novel (Gollancz, 2010), no qual expressa que: […] Provavelmente é um mau indicador do seu estilo de vida quando você sente falta do seu ex-namorado, porque ele é absolutamente letal. [...]. No seu livro Club Dead (Ace, 2010), ela menciona: […] A parte mais doce de ser um casal é compartilhar sua vida com outra pessoa. Mas minha vida, evidentemente, não tinha sido boa o suficiente para compartilhar [...]. Na obra Dead as a Doornail (Ace, 2010), ela traz: […] Fizemos sexo?" ele perguntou diretamente. Por cerca de dois minutos, isso pode ser realmente divertido. "Eric", eu disse, "fizemos sexo em todas as posições que eu poderia imaginar, e algumas que eu não poderia. Fizemos sexo em todos os cômodos da minha casa, e fizemos sexo ao ar livre. Você me disse que foi o melhor que você já fez." (Na época, ele não conseguia se lembrar de todo o sexo que já fez. Mas ele me fez um elogio.) "Pena que você não consegue se lembrar", concluí com um sorriso modesto. Eric parecia que eu tinha batido na testa dele com um martelo. Por trinta segundos, sua reação foi completamente gratificante. [...]. Já no seu livro Living Dead in Dallas (Ace, 2002), ela narra: […] A propósito, ainda não ouvi um "sinto muito" seu." Meu senso de queixa havia sobrepujado meu senso de autopreservação. Sinto muito que a bacante tenha escolhido você." Olhei para ele. "Não o suficiente", eu disse. Eu estava tentando muito manter essa conversa. Angelical Sookie, visão de amor e beleza, estou prostrada que a bacante perversa e maligna tenha violado seu corpo suave e voluptuoso, em uma tentativa de me entregar uma mensagem." É mais ou menos assim [...]. Por fim, na sua obra All Together Dead (Ace, 2007), ela conduz: […] Alguns podem pensar que você é suicida. Bem, 'alguns' podem enfiar isso no cu. [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

LEVIATÃ – O livro Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil (1651 – Abril, 1979), do filósofo, matemático e teórico político inglês Thomas Hobbes, é composto de quatro partes: do homem, do Estado, do Estado cristão e do reino das trevas, tratando sobre a estrutura da sociedade e do governo legítimo, a partir do pensamento de Plauto de que “O homem é o lobo do homem” e nas suas ideias de guerra de todos contra todos: o estado natural em que vive o homem é o modo de ser que caracteriza-o antes de seu ingresso no estado social, uma vez que nesse estado natural a utilidade é a medida do direito. Para ele, o altruísmo não é natural, uma vez que todos os homens são levados por suas paixões e precisa conquistar o bem, ou seja, as comodidades da vida, aquilo que resulta em prazer. Natural, para Hobbes, é o egoísmo, inclinação geral do gênero humano, constituído por um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte. As suas ideias sobre religião e sua teoria da natureza humana e da organização política, são constituídas, de um lado, de elementos que se vinculam a uma metafisica materialista e à sua teoria nominalista da natureza do conhecimento, compondo um sistema filosófico rígido, e de outro as teorias do homem e do Estado inserem-se dentro de um processo histórico de lutas sociais e econômicas bem definido: os conflitos entre o poder real e o poder do Parlamento, na Inglaterra do séc. XVII. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

Imagem: The Seduction of Venus - The dream of love, do pintor francês Jean-Honoré Fragonard (1732-1806). Veja mais aqui.


Ouvindo A Twist Of Jobim (Polygram/I.E. Music, 1997), do músico e compositor estadunidense Lee Ritenour, com participações de Al Jarreau, Herbie Hancock, Daniel Jobim, Dave Grusin, Paulinho da Costa, Abe Laboriel, Céu, Sergio Mendes, El DeBarge, Oleta Adams, Dave Grusin, Russell Ferrante, Cassio Duarte, entre outros. Veja mais aqui.


LITERATURA INFANTIL – Reunindo desde os meus trabalhos já publicados, o blog Brincarte do Nitolino também reúne a literatura de grandes escritores brasileiros e estrangeiros. RECADINHO: para as crianças de todas as idades, hoje tem programa Brincarte do Nitolino, a partir das 10hs, no Projeto MCLAM, com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

Imagem: Fortuna and a Beggar, do pintor russo Alexey Tarasovich Markov (1802-1878).


TIQUÊ, A DEUSA FORTUNA – A deusa Tiquê dos antigos cultos gregos, era a divindade da fortuna e prosperidade, destino e sorte, filha de Hermes e Afrodite. Era também considerada uma das Oceânides e associada a Nêmesis e Agatodemon. Na arte greco-budista de Gandara, ela era associada à deusa budista Hariti. Em Roma, ela era denominada de Fortuna, homenageada no Festival da Boa Sorte. Veja mais aqui.

PREPARAÇÃO DO ATOR – O livro A preparação do ator (Civilização Brasileira, 1989), do escritor, diretor, pedagogo e ator russo Constantin Stanislavski (1863-1938), traz em seus capítulos abordagens acerca da primeira prova, quando atuar é uma arte, a ação, a imaginação, a concentração da atenção, a descontração dos músculos, unidades e objetivos, fé e sentimento de verdade, a memória das emoções, a comunhão, a adaptação, as forças motivas interiores, a linha contínua, o estado interior da criação, o superobjetivo e o limiar do subconsciente. Livro indispensável para quem quer militar na área teatral. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

SETEMBRO & SORTE – No livro Antologia poética (Nova Fronteira, 1976), do escritor alemão naturalizado suíço e Prêmio Nobel de Literatura de 1946, Hermann Hesse (1877-1962), encontrei dois poemas, o primeiro deles Setembro: Triste é o jardim, / a chova penetra fria nas flores. / O verão espera inconformado / o seu fim. / Uma a uma, folhas amarelas se desprendem / das altas acácias. / O verão, surpreso e cansado, sorri / na exausta beleza do jardim. / Algum tempo permanece ainda nas rosas / à procura de repouso. / E, lentamente, cerra os grandes olhos cansados. O segundo, o poema Sorte: Enquanto vives perseguindo a sorte, / não estás pronto para ser feliz, / ainda que seja teu o que mais queres. / Enquanto te lamentas do perdido, / e tens metas e não te dás descanso, / não podes saber o valor da paz. / Só quando a todo anelo renuncias, / sem objetivos nem desejos mais, / e já não dás à sorte qualquer nome, / já a maré dos eventos não te atinge o coração, e se acalma tua alma. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui.


A LIBERDADE É AZUL – O premiadíssimo drama Trois Couleurs: Bleu (A liberdade é azul, 1993), integrante da Trilogia das Cores do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), conta a história de Julie, esposa de um renomado maestro e compositor francês que morre, juntamente com a sua filha, em um acidente automobilístico. Única sobrevivente do acidente trágico, ela persegue sua vida tentando lidar com as perdas, quando se depara com a encomenda de finalizar uma composição orquestral pela unificação da Europa. Destaque para o sempre excelente trabalho da atriz Juliette Binoche. Veja mais aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

HOMENAGEM DO DIA
BETTE DAVIS
 
Todo dia é dia da atriz estadunidense Bette Davis (1908-1989) Veja mais aqui.


Veja mais sobre:
Parece que foi ontem ser pai no aniversário da filha, a literatura de Erza Pound, Enterrem meu coração na curva de um rio de Dee Brown, a música de Percorso Ensemble & pintura de Fernand Khnof aqui.

E mais:
Infância, Imagem e Literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré – AL, a literatura de Ítalo Calvino, Mademoiselle Fifi de Guy de Maupassant, Mandrágora de Nicolau Maquiavel, Serge Gainsbourg & Jane Birkin, a música de Cole Porter, os Poemas de amor de Ivo Korytowski, a arte de Maria de Medeiros, a pintura de Odilon Redon & a coreografia da Quasar Cia de Dança aqui.
Ginofagia: quatro poemetos em prosa de paixão por ela & a pintura de Victoria Selbach aqui.
A arte musical de Ruthe London & outras dicas tataritaritatá aqui.
A honra dos sertões à morte, a literatura de Euclides da Cunha, O julgamento de Frineia, Amarcord de Federico Fellini, a música de Amedée Ernest Chausson, a pintura de Antonio Parreiras, a poesia de Ana Terra & Programa Tataritaritatá aqui.
A filosofia na alcova de Marquês de Sade, a necessidade neurótica do amor de Karen Horney, O tambor de Günter Grass, a música de Chico Buarque, o teatro de Maria Clara Machado, a pintura de Larry Vincent Garrison, a arte de Angela Winkler, a poesia de Luiz Edmundo Alves & o blog de Monica & Monique Justino aqui.
O caso Dora de Freud & Ida Bauer, Contos do Panchatantra, O amante de Marguerite Duras, o teatro de Molière, a música de Muddy Waters, o cinema de Jean-Jacques Annaud & Jane March, a pintura de Maurice de Vlaminck & a Deusa Cibele aqui.
A menstruação mental do Robimagaiver puto da vida, A realidade e os sonhos de Muriel Spark, O mundo da vida cotidiana de Peter L. Berger & Thomas Luckmann, A sociologia econômica de Mark Granovetter, a música de Han-Na Chang, a arte de Marina Abramović, a fotografia de Greg Gorman & Alfred Cheney aqui.
A correnteza do rio me ensinou a nadar, A flor azul de Penelope Fitzgerald, A juventude e as tecnologias de Beatriz Polivanov e Vinicius Andrade Pereira, Intereções e redes na sociedade de Denise Najmanovich & Elina Dabas, a música de Karlheinz Stockhausen & Suzanne Stephens, a arte de Yayoi Kusama & Robert Rauschenberg, a coreografia de Anita Berber, a arte de Otto Dix & Sue Halstenberg, Palmares & Rio Una aqui.
O amor todo dia e o dia todo, O homem ativo & o intelectual de Antonio Gramsci, a literatura de Samuel Rawet, A dialética do concreto de Karel Kosik, a música de Madeleine Peyroux, a fotografia de Rory Banwell, a arte de Luciah Lopez, a pintura de Serge Marshennikov & Amélia Toledo aqui.
Entre topadas e escorregões, eu insisto, persisto, resisto e até persevero, A poesia brasileira de Antonio Cândido, História de um louco amor de Horacio Quiroga, O espelho da alma de Marilena Chauí, a música de Catherine Ribeiro, a coreografia de Caralotta Ikeda, a pintura de Anders Zorn, a fotografia de Spencer Tunick & Maureen Bisilliat aqui.
Poesia não deu, só noutra, o pensamento de Friedrich Nietzsche, a literatura de Nadine Gordimer, A gaia ciência de José D 'Assunção Barros, a música de Dulce Pontes, a fotografia de Kharlos Cesar, a arte de Giovanna Casotto & Jeju Loveland aqui.
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TERESA CÁRDENAS, LOUISA LAWSON, MARIE CORELLI & ARMANDO LÔBO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Nascentes (Recorded in Berlin, 2020), da flautista, saxofonista, compositora e arranjadora Ma...