COISAS SÓ PRA DIZER
NADA – De agora é que desde não sei quando
as aspirações comandam sobre as coisas, enquanto o aroma da incompletude perpassa
por tudo e todo momento e vem não se sabe de onde. Prevalece a retomada
persistente ao alvo, mira em dia, o coração no bolso, a alma nas vitrines, a incessante
urgência do trânsito insólito e turvado dos interesses e quereres insones e a qualquer
custo. Que seja já, logo, ou senão perde a graça e fica tarde demais. Pouco importa
a consequência, vale acertar na veia, a medida exata da sorte, possivelmente nenhuma
dessintonia com os rumores das águas, a aragem das tardes, as pedras revolvidas,
o parque de diversões, o teto da noite, as paredes nuas, o quadrado da
hipotenusa, a cereja do bolo, o golpe de mestre, a hélice da turbina, o dente
do garfo, a mordida do tubarão, a tabela periódica, o vagão do trem, o xeque
mate, a grampola da tatarineta, a muxiba no moquém, nada. À hora feita, ou tudo
ou nada. Em cada um, dentro de si, caixas privadas e lacradas, empedrecidas e a
vida e o mundo e tudo ao redor do umbigo e seja sempre. Não há por que me
queixar das incompreensões, que se danem. A compreensão tem que ser minha, não
de ninguém. Ninguém tem que entender nada do que se passa comigo nem do que sou,
eu que tenho que entender que podem não entender aquilo que quero dizer ou
fazer, ora bolas! Não é preciso saber do Verbo da Torá, desde muito antes de
quarks, léptons ou bádrons, nem que um outro vocabulário seja possível vigorar,
outra matriz, só porque tudo muda, a ação não estaciona e se desloca por percursos
de outras direções, senão todas, dentro ou fora de nenhuma fronteira fixa. O que
vejo pode não ser visto, o meu olhar apenas; o que sei pode não ser sabido, aprendi
demais do inútil ou relevante; o que calo pode não ser falado, e se digo,
profano ou se desvanesce; o que ouço pode não ser ouvido, o privilégio do
silêncio. Se acho que o tempo é nunca, pode ser ouro pros que só sabem escavar
a terra e revirá-la a seu bel prazer. Se sei que cada coisa tem seu momento,
pode ser a vontade que dita a razão pra quem só sabe a necessidade. Se tomo o
talho na minha pele, as rachaduras e as nódoas diáfanas por lições
experienciadas, pode ser pra muitos golpes do destino ou punição pelo que fiz
ou deixei de fazer. A escolha entre seguir ou ficar sentado à espera é minha ou
sua, se quiser. Só sei que se eu for, terei de ir por caminhos possivelmente
inimagináveis, sujeito às descobertas e intempéries; se a escolha é pela
espera, o mundo gira e tudo passa. Prefiro ir e voo, sigo alguém me aceita e
venha quem quiser seguir juntos. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS
[...] A compreensão do
mundo que nos rodeia e suas características, a procura de uma resposta às
perguntas que a época atual nos apresenta, leva-nos sempre ao passado, à origem
do processo que estamos procurando e vivendo [...] Desta forma, se a escola assume a missão de procurar situar as crianças
na realidade com um senso crítico, sentido-se parte comprometida na mesma, a
escola tem necessariamente que apelar para a dimensão passado para dar
elementos necessários para a compreensão do presente. Por isso, conhecer e
compreender como vivem os homens de nossa época, em nosso meio ou em outros
lugares, implica também no conhecimento da vida dos homens em outros tempos.
[...] Uma vez reconhecido o papel
formativo do conhecimento do passado no ser que cresce e descobre o mundo,
deve-se refletir sobre a História como ciência e em suas possibilidades e
objetivos na escola. [...].
Trechos extraídos da obra A
escola e a compreensão da realidade (Brasiliense, 1982), da educadora
argentina Maria Teresa Nidelcoff.
Veja mais aqui.
O TEATRO DE STANISLAVSKI
No livro A
criação de um papel (Civilização Brasileira, 1984), encontra-se: [...] Não pode haver arte verdadeira sem vida. Ela
começa onde o sentimento assume os seus direitos. A atuação mecânica começa
onde a arte criadora acaba. Na atuação mecânica não há lugar para um processo
vivo e quando este ocorre é só por acaso. [...] Para reproduzir os sentimentos há que saber reconhecê-los pela
experiência própria [...]. Já no livro A preparação do ator
(Civilização Brasileira, 1989), está registrado que: [...] exprimir uma vida delicadíssima e em grande parte subconsciente, é
preciso ter controle sobre uma aparelhagem física e vocal extraordinariamente
sensível, otimamente preparada [...]. As obras em apreço é do escritor, diretor,
pedagogo e ator russo Constantin Stanislavski (1863-1938). Veja mais
aqui, aqui, aqui e aqui.
A FOTOGRAFIA DE FERNANDA
PRETO
Imagens do DVD Ensaio
sensual de mulheres comuns, com a arte da fotógrafa Fernanda Preto. Veja mais aqui.
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