A SOLIDÃO DE
BENJAMIN – A berlinense manhã invernosa da
infância e a maçã dos oito anos: a amaldiçoada adâmica. De seus pais, Pauline e
Emil, o judaísmo e os negócios prósperos: os pobres não vivem além do fim do
mundo. O que seria da vida se não visse em todas as direções. O menino no
fausto aprendia a ficar só. Quando Aroob, o codinome e os desencontros com
estudantes livres: não poderia concordar com a guerra. O aconchego de Dora e o
casamento para Berna, Stephan e a deserção. Ali já o enigmático e
contraditório, o melancólico homem da arte, o outsider
intelectual que sabia de Goethe, Baudelarie,
Brecht, Proust, Gorki, Poe, Kipling, Valéry, Kafka. As dificuldades financeiras,
a recusa por emprego e a rejeição da tese de livre docência. Nenhuma mão na bancarrota
dos pais, o sustento por Dora e o exílio em Paris: o Surrealismo já previa os
horrores do holocausto. As passagens, coisas e pessoas, a atriz Zacis, o
pessimismo e a desconfiança com o que viria depois. A vida espectral e os
infortúnios: seus pais faleceram sem menos esperar, o divórcio e a ascensão do
nazismo ameaçador, o desencanto: Weimar, o stalinismo, a guerra fria, tudo
quase tão triste e real ao redor. O refúgio em Nápoles pros braços da bela letã
Asja Lacis, o teatro infantil na rua de mão única: o corpo aberto em Riga, as
imagens do pensamento e as recíprocas atrações e conflitos. Dali pra Moscou, o
escritor dos diários na depressão e o haxixe, experiências e cartas com um novo
nome, Detlef Holz:
a solidão é um vórtex puxando o mundo com a força de um turbilhão. Completamente
rejeitado e só: o fracasso da naturalização francesa, não há mais cidadania alemã.
A arte de narrar caminhava para o fim, não mais a troca de experiência, o
estatuto dos artesãos: “O tédio é o
pássaro onírico que choca o ovo da experiência”. As ruinas do passado
assombravam o presente e o esquecimento dos vencedores: a memória, a lembrança,
a esperança, Scherazade e os solitários desenrolavam as teias e os ornamentos
do esquecimento, o tempo perdido, palimpsestos, o trabalho de Penélope e a
irrecuperabilidade do que foi para mitigar e inocular o sofrimento, a perda. O socorro
da lembrança sacudia a letargia com o sonho coletivo diante do que caiu ou foi
desprezado: a memória é teatro e era preciso escavar e reescavar: espraiar e
revirar, atualizando do presente. Mil vezes pediu para dormir até se fartar: a morte
é a sanção do relato. Não há para onde ir: a fuga dos refugiados, Port Bou, Lisa
e os USA, a ameaça na fronteira franco-espanhola, o desespero, a dose letal de
morfina. Os demais seguiram para Portugal, restaram escritos perdidos e a
solidão de morrer sepultado com a sua agonia. © Luiz Alberto Machado.
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DITOS & DESDITOS
[...] Para começar, gosto das
mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom
senso que os homens. Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que
é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no gênero masculino. Todos
os poderes políticos, econômicos, militares, são assunto de homens. Durante séculos,
a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai para fazer fosse
o que fosse. Como é que podemos viver assim tanto tempo, condenando metade da
humanidade à subordinação e à humilhação? [...].
Trecho de As mulheres são mais
fortes (L’orient le jour, 2007), do escritor, teatrólogo, jornalista e dramaturgo
português José Saramago (1922-2010).
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A ARTE ARTE DE ALICE VINAGRE
A arte
da premiada artista Alice Vinagre
que desenvolve atividades artístico-culturais como pintora e desenhista, com as
séries No coração de todas as coisas (1988), Amarelo (1993), Bonecas (1994),
Coração (1999) e Azul (1998), Anotações (sobre o céu), Anotações sobre pintura
e a individual Com olhos de náufrago ou
onde fica o próximo porto (2018) - esta última em exposição até 24 de
fevereiro, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – Recife – PE, tendo
realizado exposições na Alemanha, Equador, França e Japão. Veja mais aqui e
aqui.
A MÚSICA DE ANDRÉ MEHMARI
Hoje na
Rádio Tataritaritatá especial com o pianista, compositor e arranjador André Mehmari. Para conferir ligue o
som e veja mais aqui e aqui.
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Palestra
Neuroeducação aqui
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mais na Agenda aqui.