A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.
SEGUNDO
POEMA DE AMOR – Imagem: do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes. - O segundo poema vem como emblema do amor por
ela que trago na lapela e no meu coração. É como a canção que canto pra ela
todos os dias e em todo momento. É o segundo beijo renovando o desejo. O
segundo sobejo de nossas carnes amadas e curtidas. Um segundo afeto de valor
descoberto. É a segunda premência de nossas querências. O segundo poema de amor
por ela é uma parcela fragmentada de toda expressão da pessoa amada porque eu
não sei quando a noite vem, porque seus olhos eternizam o riso do sol em mim. É
nela que eu vivo mesmo quando ela faz da gente um dramalhão de tv. Ou quando
arenga engrossando o pirão e azedando o pavê. Ou quando embola o meio de campo
empancando com tudo pra virar o meu mundo só no empate. Aí ela frisa o capricho
revirando a lata do lixo a forçar disparate. Até que ela me tira do lance
querendo que eu dance. Catimba na graça fazendo trapaça. E passa recibo
mandando rebote. E me faz de inimigo, me dá baixa no estoque. Enfim, não me dá
chance, tudo fora do alcance. E me passa calote fazendo pirraça: - Dessa não
passa! E arma a desgraça e logo se intriga, piora a cantiga só de reprimenda. E
não se emenda, não tem oferenda e revolve o passado, remove montanhas, me larga
de lado sem lençol, nem fronha. E eu fico jogado, morto de vergonha. Aí ela me
dá a vida dela e exige que eu dê jeito. E me joga despeito na lata sua rispidez
insensata. O balde ela chuta: - que filho da puta! E se desengraça quando tudo
extravasa na beira do fim. Acabou-se o quindim, acabou-se a doçura. Vira uma
pedra ruim na minha ternura. Então já despejado, vou abatumado, coração
consternado pra longe dali. Quando menos espero, ela vem me resgata daquela
cena trágica. E meu ser arrebata em suas mãos mágicas. E me aquece com seu
calor me fazendo a vassoura pro seu vôo. E me aperta tão bem a me fazer de
refém de sua bruxaria. Maior ventania. E me abraça com o paraíso na boca quando
eu percebo que de amor ela está louca. E eu só sei que a vida passa quando ela
cheia de graça vem se despedir eterna nos meus pensamentos como se daquele
momento amanhã eu morresse. E dali procedesse nessa urgência no vôo pelo amor
que celebra toda ventura da vida, pelo amor que me traz a razão de viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.
DITOS & DESDITOS - Só há
caminhos contínuos para nos transportar do local ao global, do circunstancial
ao universal, do contingente ao necessário se pagarmos o preço das baldeações. Pensamento
do filósofo, antropólogo e sociólogo francês Bruno Latour.
ELOGIO DA PROFANAÇÃO – [...]
Sagradas ou
religiosas eram as coisas que de algum modo pertenciam aos deuses. Como tais,
elas eram subtraídas ao livre uso e ao comércio dos homens, não podiam ser
vendidas nem dadas como fiança, nem cedidas em usufruto ou gravadas de servidão. [...] Sacrílego
era todo ato que violasse ou transgredisse essa sua especial indisponibilidade,
que as reservava exclusivamente aos deuses celestes (nesse caso eram
denominadas propriamente “sagradas”) ou infernais (nesse caso eram simplesmente
chamadas “religiosas”). [...]. Trechos extraídos da obra Profanações (Boitempo, 2007), do filósofo italiano Giorgio
Agamben. Veja mais aqui.
OS HUMANOS & O GATO – [...] Quanto
mais observo os humanos com os quais convivo sob o mesmo teto, tanto mais me vejo obrigado a
concluir que se tratam de seres
egoístas. As crianças com as quais às vezes compartilho a mesma cama são particularmente abomináveis. Quando
lhes dá na telha, me viram de
ponta-cabeça, cobrem minha cabeça com um saco, me atiram para todos os lados, me enfiam dentro do
forno. Como se isso não fosse suficiente,
basta eu revidar, mesmo de forma leve, e toda a família corre atrás de mim para me molestar. Recentemente,
quando eu afiava com delicadeza
as garras no tatame, a mulher de meu amo se enfureceu de forma assustadora. A partir desse dia, ela
quase nunca permite meu acesso
à sala de estar. Pouco se importam se morro de frio entre as tábuas da cozinha.
Shiro, a gata branca que mora na casa do outro lado da rua e por quem sinto profundo respeito,
comenta sempre que não há neste
mundo criatura mais impiedosa do que o ser humano. Pouco tempo atrás, Shiro deu à luz quatro gatinhos,
verdadeiros pompons. Porém, mal se
passaram três dias, o estudante da casa afogou os filhotes no lago atrás da propriedade. Shiro me contou o fato
entre lágrimas, afirmando que,
para os de nossa espécie poderem expressar seu amor filial e mante rem
uma vida familiar decente, urge lutar contra os humanos até levá-los à completa extinção. Julgo ser uma
argumentação válida. Mike, da
casa vizinha, diz, imbuído de enorme indignação, que os humanos não entendem o significado de direito de
propriedade. Em nossa espé-cie,
aquele que encontra primeiro uma cabeça de sardinha ou tripas de sargo tem o direito de comê-las. É permitido
o uso de força bruta contra os
que infringem essa lei. Contudo, aparentemente inexiste entre os humanos essa
noção, e as iguarias que encontramos acabam todas por eles confiscadas. Eles usam sua força para
usurpar de nós o que teríamos o
direito de comer. Shiro vive na casa de um militar, e o amo de Mike é advogado. Eu simplesmente vivo na residência
de um professor, e com relação
a isso posso me considerar mais felizardo que meus amigos. Minha vida cotidiana é de total tranqUilidade.
Os humanos, por mais humanos que sejam, não prosperarão para sempre. Esperemos
pois pacientemente o advento da era dos felinos.
Esse pensamento egoísta me lembra um fracasso devido à presunção de meu amo, que gostaria de compartilhar com
os leitores. [...]. Trecho extraído da obra Eu sou um gato (Estação Liberdade, 2008), do
escritor e filósofo japonês Natsume Soseki (1867-1916).
FORROBOXOTE – Sorver
um trago de Poesia, sabor Quintana e esbarrar no infinito da chama dos amores
eternos que alegram a alma de Vinícius. É o suficiente para, num passo
seguinte, reencontrar as rãs com que sonhava Manoel de Barros. As canções de um
certo Buarque, que se guarda como Chico, se insinuam nessa atmosfera de Poesia,
entre um canto e outro do passarinho Bandeira, misturando o encanto de suas
palavras com as dos distantes Neruda e Dante ou as dos tão próximos Louros,
Pintos, Aderaldos e Patativas de nossos sertões. Presentes, todas as manhãs
tecidas por João Cabral, os Fernandos e tantas outras Pessoas que sabem o que é
o amor e os pinta com os azuis que Carlos Pena Filho coloria seus sonhos e
sapatos. E aí não dá para ficar indiferente ao encontro iminente da lua
apressada com um sol meio preguiçoso, deixando a todos nós, sob o clarão das
estrelas, balançando no improviso de uma cantiga, cochilando na rima de um
verso, dormindo nas estrofes de um poema para, feliz, acordarmos de repente num
soneto de amor. Esse disco fala disso tudo. De Gullar e de Cecília, também de Cora
e Clarice. E dos Poetas da música, como Belchior e Gonzaguinha. E,
principalmente, de Dominguinhos, Poeta da Sanfona e Dom Helder Câmara, que
nunca precisou escrever um Poema para ser o enorme Poeta que é. Aos dois,
Domingos e Helder, dedico este disco. A poesia do poeta Xico Bizerra no Chama
infinita – Forroboxote 12 (2017), autor dos livros Bicho, chuva e flor
(Bagaço, infantis), Breviário lírico de um amor maior que imenso (Bagaço, crônicas),
Pequininas histórias para gente pequenina (CEPE). A sua poesia é interpretada
por personalidades musicais, tais como Marinês, Dominguinhos, Amelinha, Elba
Ramalho, Xangai, Trio Nordestino, Maria Dapaz, Quinteto Violado, Silvério
Pessoa, Cida Moreira, Geraldo Maia, Alaíde Costa, Frank Aguiar, Nena Queiroga,
Maciel Melo, Flávio José, Santanna, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Nádia Maia,
Sevy Nascimento, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Adelmário Coelho, Arlindo
dos 8 Baixos, Chiquinha Gonzaga, André Rio e Dalva Torres, dentre muitos
outros. Veja mais aqui.
A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.
VAMOS SALVAR O CHALÉ DO ALTO
DO INGLÊS - O centenário Chalé ou Casarão do Alto do
Inglês foi construído nos anos da década de 1870, em Palmares-PE, por conta
da criação da Great Western of Brazil
Railway Company Limited, em 1872, responsável pelo transporte ferroviário
no Nordeste, notadamente em Pernambuco. Muito embora, por força do Decreto
Imperial 1030, de 07 de agosto de 1852, 20 anos antes, já estivesse determinada
a concessão aos engenheiros ingleses Edward e Alfred de Mornay, o direito à
abertura de um caminho de ferro entre Recife e Água Preta e sua exploração por
90 anos, o que deu origem à Recife and
São Francisco Railway Co. Ltda. Tanto é que já em 1862, fora inaugurada a
estação de Una (hoje Palmares), compreendendo o trecho da ferrovia da qual os
ingleses detinham a concessão, até o encontro dos rios Una e Pirangi. Por
consequência, a construção desse empreendimento passou a ser residência dos
engenheiros ingleses que se encontravam trabalhando desde 1859, em Palmares,
sendo, posteriormente, a residência do fidalgo inglês Edmund Cox, que era
engenheiro da Great Western Railway,
inclusive membro honorário do Clube Literário de Palmares. Nos anos de 1980,
por conta da política rodoviária dos governos ditatoriais do período 1964-1985,
a casa já amargava o descaso que se arrastava por décadas, encontrando-se abandonada
e em estado de deterioração. Por conta disso, na gestão municipal do prefeito
Luís Portela de Carvalho, o chalé foi incluído juntamente com o Teatro Cinema
Apolo, como patrimônio da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, por
ocasião de sua constituição estatutária, devidamente registrada em cartório
competente. A partir de então, o projeto era a restauração do patrimônio. Décadas
se passaram e do casarão restaram apenas ruínas, fato que, por meio do ofício
165/2011, de 07/12/2011, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de
Pernambuco (Fundarpe), realizou e encaminhou parecer técnico, confirmando a
denúncia de demolição do imóvel do Alto do Inglês, invocando a Lei Municipal
1556/2002, referente ao tombamento do patrimônio histórico, e a Lei 1757/2007
que criou o Conselho Municipal de Cultura. A Fundarpe também encaminhou cópia
do parecer técnico para a Associação Municipal de Entidades (AME-Palmares) e
para o Ministério Público, solicitando providências para o caso. O prefeito dos
Palmares foi notificado por meio do Oficio 166/2011, destacando tratar-se de
imóvel de interesse cultural e histórico do Estado de Pernambuco, devendo ser
dada a devida atenção para concessão e manutenção do mesmo, inclusive pedindo
urgência para ações que demandavam à sua preservação. Até o presente momento nenhuma
providência foi tomada, no sentido de restaurar esse patrimônio pernambucano que
se encontra abandonado e desmoronando.
REUNIÃO PÚBLICA - 27/02/2019 - As entidades promotoras da campanha Associação Ação Solidária dos Palmares, Associação dos Artesãos Palmarenses, Escola de Filosofia, Ciência e Política dos Palmares e Instituto Arqueológico, Histórico, Geográfico e Cultural dos Palmares, realizaram reunião na Associação Comercial dos Pakmares (ACP), dias 27 de fevereiro, contando com a presença do arquiteto Juan de Paul, do poeta, professor e acadêmico João de Castro, do presidente da Fundação, Edson Silva, dos escritores da APLE, Socorro Durán & Juarez Carlos, representante do Grucalp, professores e sociedade em geral, ocasião em que foi debatida a questão do estado em que se encontra a edificação, levantando-se o problema, inicialmente os entraves de dívidas tributárias da Fundação de Hermilo que é a proprietária do imóvel, o processo de tombamento estadual, as sugestões de participação da UFPE, IPHAN, Fundarpe e CREA-PE no caso, entre outros debates e discussões. As instituições promotoras do evento ficaram de marcar uma nova data para andamento das atividades. Interessados nas melhorias e restauração necessárias do patrimônio, contatar (81) 9-9795-8721 – Carlos Calheiros (81) 9-9711-9676 - Cícera Silvestre. Veja mais aqui, aqui & aqui.
REUNIÃO PÚBLICA - 27/02/2019 - As entidades promotoras da campanha Associação Ação Solidária dos Palmares, Associação dos Artesãos Palmarenses, Escola de Filosofia, Ciência e Política dos Palmares e Instituto Arqueológico, Histórico, Geográfico e Cultural dos Palmares, realizaram reunião na Associação Comercial dos Pakmares (ACP), dias 27 de fevereiro, contando com a presença do arquiteto Juan de Paul, do poeta, professor e acadêmico João de Castro, do presidente da Fundação, Edson Silva, dos escritores da APLE, Socorro Durán & Juarez Carlos, representante do Grucalp, professores e sociedade em geral, ocasião em que foi debatida a questão do estado em que se encontra a edificação, levantando-se o problema, inicialmente os entraves de dívidas tributárias da Fundação de Hermilo que é a proprietária do imóvel, o processo de tombamento estadual, as sugestões de participação da UFPE, IPHAN, Fundarpe e CREA-PE no caso, entre outros debates e discussões. As instituições promotoras do evento ficaram de marcar uma nova data para andamento das atividades. Interessados nas melhorias e restauração necessárias do patrimônio, contatar (81) 9-9795-8721 – Carlos Calheiros (81) 9-9711-9676 - Cícera Silvestre. Veja mais aqui, aqui & aqui.
Arte da poeta & artista visual Luciah Lopez
(Curitiba-PR).