TONI MORRISON – No livro Amada (Companhia
das Letras, 2007), da escritora estadunidense e ganhadora do Prêmio Nobel de
Literatura de 1993, Toni Morrison, conta a história de uma ex-escrava que foge duma fazenda para refugiar-se
numa cidade, na qual ela se vê envolvida com o fantasma de uma filha morta
dezoito anos atrás. Da obra destaco o trecho: [...] Dez minutos para cinco letras. Com mais dez ela podia ter conseguido
“Bem” também? Não tinha pensado em perguntar a ele e ainda a incomodava aquilo
ter sido possível — que em troca de vinte minutos, meia hora digamos, ela podia
ter conseguido a coisa toda, todas as palavras que tinha ouvido o pregador
dizer no enterro (e tudo o que havia para dizer, com certeza) entalhado na
lápide: Bem-Amada. Mas o que ela havia conseguido, que escolhera, era a única
palavra que importava. Ela achou que podia bastar, copular entre as lápides com
o entalhador, o filho dele, menino, olhando, tão velho o ódio em seu rosto; bem
novo o apetite nesse rosto. Aquilo com certeza devia bastar. Bastar para
responder a mais um pregador, a mais um abolicionista e a uma cidade cheia de
aversão. Contando com a quietude de sua própria alma, ela esquecera a outra: a
alma de sua filha bebê. Quem haveria de dizer que um velho bebezinho pudesse
abrigar tanta raiva? Copular entre as lápides sob os olhos do filho do
entalhador não bastou. Não só ela teve de viver seus anos numa casa paralisada
pela fúria do bebê por lhe terem cortado a garganta, como aqueles dez minutos
que passou esmagada contra a pedra cor de amanhecer salpicada de lascas de
estrelas, os joelhos tão abertos como o túmulo, foram os mais longos de sua
vida, mais vivos e mais pulsantes que o sangue do bebê que encharcaram seus
dedos como óleo. [...]. Veja mais aqui.
A FILOSOFIA DE SCHELLING – O volume Obras
escolhidas, do filósofo do Idealismo alemão, Friedrich Wilhelm Joseph von
Schelling (1775-1854), reúne na primeira, as dez cartas filosóficas sobre o
dogmatismo e o criticismo em que se opõe à chamada moral da existência de Deus
e mostrando que para o criticismo que se contrapõe ao dogmatismo a destinação
do homem é o esforço pela autonomia inalterável pela liberdade incondicionada,
o programa sistemático que marca o surgimento do idealismo alemão e do
movimento romântico, a exposição da ideia universal da filosofia em geral e da
filosofia da natureza como parte integrante da primeira, a Divina Comédia e a
Filosofia na qual o autor mostra como a obra de Dante é o modelo exemplar da
poesia moderna, Bruno ou do principio divino e natural das coisas no qual o
autor desenvolve um diálogo que caminha para a discussão das noções de unidade,
absoluto, infinito ideal e real, e, por fim, a História da Filosofia Moderna em
que o autor aborda sobra Hegel interpretando a relação existente entre a lógica
hegeliana e o Absoluto. O filósofo em estudo partiu de sua adesão aos escritos
do sistema fichtiano, libertando-se em seguida do seu mestre por constatar
insuficiente a tese de que a natureza é apenas uma resistência oposta à
atividade infinita do eu e produzida por essa atividade. Schelling passa a
defender a ideia de que a natureza é tão real e tão importante quanto o eu,
afirmando ser tanto a natureza como a objetividade, aquilo que fornece à
consciência material para reproduzir. Para ele, a essência do eu é espírito, a
da natureza é matéria e a da matéria é força. Com isso ele apresenta uma
espécie de naturalismo organicista procurando resolver os problemas colocados
pelas ciências físicas, acreditando que o objetivo fundamental das ciências
fosse a interpretação da natureza como um todo unificado. A partir da valorização
da natureza, ele transita coerentemente através da ideia de desenvolvimento
dialético, chegando a uma concepção mais ampla que denominou de Sistema de
Idealismo Transcendental, expondo o desdobramento da consciência absoluta em
suas relações com a dialética da filosofia da natureza e apresentando as ideias
sobre o desenvolvimento da consciência no curso da história. A estética
elaborada nesse sistema sustenta que, na obr de arte, a inteligência se torna
totalmente autoconsciência, enquanto que na filosofia a inteligência é abstrata
e limitada em suas tentativas de exprimir uma potencialidade infinita. Na obra
de arte a inteligência realiza toda a sua potencialidade, porque está livre da
abstração. Dessa forma, a arte seria o objetivo último para o qual tende toda a
inteligência. A arte seria a verdadeira filosofia, na medida em que, nela se
reconciliam a natureza e a história. Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
SCHELLING, Friedrich; Obras
escolhidas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
Veja mais sobre:
O cis, o efêmero & eu aqui.
E mais:
Cancioneiro da imigração de Anna Maria Kieffer & Ecologia Social de Murray
Bookchin aqui.
A poesia de Sylvia Plath & a
Filosofia da Miséria de Proudhon aqui.
Antonio Gramsci & Blinded Beast de Yasuzo Masumura & Mako Midori aqui.
Mabel Collins & Jiddu Krishnamurti aqui.
Christiane Torloni & a Clínica de
Freud aqui.
Paulo Moura, Pedro Onofre, Gustavo Adolfo
Bécquer, Marcos Rey, Mihaly von Zick, Marta Moyano, Virna Teixeira aqui.
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A obra de Tomás de Aquino &
Comunicação em prosa moderna de Othon M. Garcia aqui.
Essa menina é o amor aqui.
Uma gota de sangue de Demétrio Magnoli
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Ken Wilber & o Natal do Nitolino aqui.
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Desejo de Lacan aqui.
A febre do desejo aqui.
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cara erra a porta de entrada, a saída é que são elas aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA;
Lasciva, poema de Luiz Alberto Machado, arte de Derinha Rocha
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