FOLIA
TATARITARITATÁ: SANTA FOLIA (Imagem:
Arte-vídeo da saudosa Derinha Rocha)
– Era início dos anos 1990, quando o
parceriamigo Cikó Macedo me entregou
uma melodia para apreciar. Dei uma arrumada e emplacamos a primeira parceria: Sede.
Essa canção foi incluída no álbum Edição
Extraordinária que ele gravou com Zé Linaldo Martins. Tempos depois ele me
entregou um frevo. Tome tempo, um ano, dois. Quase todo dia eu pegava na
melodia e dava uma sapecada na letra. Não gostava, lata do lixo. Queimei as
pestanas para letrar a frevada boa. Enganchei de não gostar de nada que
colocava ali. Deixei de mão. O tempo passava e eu sem acertar a mão na roda. Veio,
então, a Copa do Mundo de 1994 e resolvi assistir Brasil e Holanda – o único
jogo que vi da seleção no certame. Fiquei puto com a escalação, time
retrancado, jogando na defesa. E quando vi o cansado Branco na lateral
esquerda, no lugar de Leonardo que foi expulso contra os Estados Unidos, aí que
perdi todas as esperanças de que chegasse a ser campeão. O jogo estava zero a
zero, logo 1x0 pro Brasil, E mais um, 2x0. Mal comemorava quando vi quando o
locutor da televisão falar 2x2. Oxe? O Brasil fez dois a zero agorinha?! Pois
foi. Comemorava o segundo gol do Brasil, quando a Holanda fez dois somente na
comemoração do segundo. Pode? Pois foi, o time dormiu e eles aproveitaram o
cochilo. Coisas do Brasil, né? Aí que me desinteressei e fiquei tomando umas e
outras, torcendo escondido, roendo as unhas, deu de aparecer uma no campo
adversário. Eu já estava arretado com o cara quando ele pega a bola pra bater.
Pra mim, aí fodeu. Esculhambei o cara e tudo. Na verdade, o cara mancava em
campo. Mas era falta a favor do Brasil. Resolvi relaxar e tomar mais uns goles.
Quando o tal do Branco deu um chute, um teiaço – como a gente dizia nas peladas
do campinho de barro da Cohab I -, Romário e o zagueiro holandês saíram da bola
e ela foi descansar no fundo das redes: Brasil 3x2 na Holanda. Gente, a
inspiração bateu na hora! Escrevi a letra da música do Cikó que ficou Santa
Folia: Quero ver o frevo na praça
/ Pra massa viver feliz / Segura a graça / Na raça / Na taça esse triz / Quero
pular feito louco / Tão broco de endoidecer / Hoje a folia começa / E vai
amanhecer./ E nessa noite vadia / Eu sinto essa fantasia / Esse momento mais
terno / Até o sol raiar / E nessa vida eu queria / Pra reforçar no meu dia / A
vontade mais certa da gente brincar / Que não fique tarde / Pra toda verdade / Poder
ainda vir nos alcançar / A nossa santa folia no ar / E muito mais se quiser / A
noite é festa pra se pular / Nos braços de uma mulher! Esse frevo foi
incluído no álbum De janeiro a janeiro
(1996), do Cikó Macedo. (Veja o clipe aqui). Em 2010, ele me enviou uma leva de
temas para frevo, ao todo nove melodias. Até hoje não consegui dar por fechado.
Se com um eu passei um tempão, imagine nove. Deus dará e ainda fecharei
tudinho. E vamos aprumar a conversa aqui.
Veja mais:
PICADINHO
Imagem: Odalisque relaxing in a chair, do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). Veja mais
aqui.
Curtindo o álbum Salt (Righteous
Babe, 2004), do cantor, guitarrista, compositor e produtor musical
estadunidense Arto Lindsay.
EPÍGRAFE – Struuggle
for life, expressão extraída do livro A
origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação das raças
favorecidas na luta pela vida (Escala, 2009), do naturalista britânico Charles
Robert Darwin (1809 — 1882), referindo-se à condição de que todos os seres
lutam pela vida, sobrevivendo os mais aptos, tornando-se corrente como luta
pela vida. Veja mais aqui, aqui e aqui.
REPRESSÃO SEXUAL – No livro Repressão sexual: essa
nossa (des)conhecida (Brasiliense, 1991), da filósofa
e educadora brasileira Marilena Chauí,
encontro que: A repressão
sexual pode ser considerada como um conjunto de interdições, permissões,
normas, valores, regras estabelecidas histórica e culturalmente para controlar
o exercício da sexualidade, pois, como inúmeras expressões sugerem, o sexo é
encarado por diferentes sociedades (e particularmente a nossa) como uma
torrente impetuosa cheia de perigos [...] As
proibições e permissões são interiorizadas pela consciência individual, graças
a inúmeros procedimentos sociais (como a educação, por exemplo) e também
expulsas para longe da consciência, quando transgredidas porque, neste caso,
trazem sentimentos de dor, sofrimento e culpa que desejamos esquecer ou ocultar.
Veja mais aqui e aqui.
ULISSES – No livro Ulisses (Civilização Brasileira, 1966), escritor irlandês James Joyce (1882-1941) – presente que ganhei
do poeta Afonso Paulo Lins -, destaco o trecho que: [...] A verdade, cospe-a fora. Eu o quereria. Eu tentaria. Não sou um bom
nadador. Agua fria fofa. Quando eu metia a cara nela na bacia de Clongowes.
Posso ver não! Quem está atrás de mim? Fora, rápido, rápido. Vês a maré
enchendo de todos os lados rápido, laminando rápido os bancos de areia
castanha-decaucoloridas? Se eu tivesse terra debaixo de meus pés. Quero que
seja sua vida ainda sua, a minha seha minha. Um homem afogado. Seus olhos
humanos berram para mim no horror de sua morte. Eu... Com ele juntos no
fundo... Eu não podia salvá-la. Águas: morte amarga: perdida. Uma mulher e um
homem. Vejo a saiota dela. Arregaçada, aposto. O cão deles equipava por um
minguante banco de areia, trotando, fungando por todos os lados. Procurando
algo perdido em vida passada. [...]. Veja mais aqui e aqui.
DA
HUMANIDADE LEVADA PELAS ÁGUAS
– Entre as poesias da escritora Graça Graúna, destaco o poema Da humanidade levada pelas águas (Em memória de
Aylan Kurdi): Viver é perigoso, / o poeta
dizia. / Assim mesmo insistimos / em fazer a travessia. / Viver é perigoso, /
mas seguimos / vestidos de coragem / na ânsia de encontrar / o olhar generoso /
o abraço apertado / a mão amiga / que acolham os nossos sonhos... / Em meio à
travessia / a humanidade / é levada pelas águas / e tudo que me fica / é uma
tênue esperança / que se alastra pelo mundo / nos sonhos do pequeno anjo / de
asas partidas. / Apesar das muralhas / e dos arames farpados, / o direito à Paz
nos aproxima. / Viver é perigoso, / mas insistimos... Veja mais aqui e
aqui.
MADEMOSIELLE
GEORGE - A atriz
francesa Marguerite-Joséphine Weymer, mais conhecida como Mademoiselle George (1787-1867), tornou-se a mais
brilhante da cena francesa, começando na Comédie Fraçaise, na qual seu tio era
secretário e seu pai era o diretor, atuando a partir dos cinco anos no drama e
na ópera cômica. Na adolescência já era dotada de sensibilidade apurada, de uma
maravilhosa e sonora voz, alcance e som, flexível e poderosa, estreando
profissional em 1802, com Clitemnestra. Deu-se inicio ao triunfo geral torcendo que aliada à sua beleza como a sua
voz, com dicção apurada e elegante, chegando ao auge com sua atuação Amenaide.
Finalmente ela conseguiu o papel de Idame, o
Órfão da China. Foi nessa época que ela se
tornou a amante do Primeiro Cônsul Napoleão Bonaparte que lhe deu o
apelido de Georgina, e tornou-se amiga de Alexandre Dumas e Victor Hugo. Ao ser
abandonada pelo amante, seguiu para Rússia, onde sua vida entrou numa nova fase
de honras, glória e riqueza. Seguiram-se inúmeros sucessos e ao retornar
à França foi coroada de êxito. Veja mais aqui.
IT’S
A WONDERFUL LIFE – O
filme It's a Wonderful life (A
felicidade não se compra, 1946), dirigido por Frank Capra, conta a
história de um espírito desencarnado, candidato a anjo que, para ganhar suas
asas, recebeu a missão de ajudar um valoroso empresário que se encontrava com grave
problema financeiro, provocado por desonesto banqueiro e tinha a intenção de se
suicidar. O aspirante a anjo foi encontrá-lo na véspera do Natal, à noite,
prestes a saltar de uma ponte nas águas geladas que corriam embaixo. Fazendo-se
visível e identificando-se, falou de sua missão e, sem nenhuma pretensão de
demovê-lo da ideia, comentou que seria um desperdício, porque ele vinha sendo
importante para muita gente. Ante o ceticismo de seu protegido, que se sentia
um fracassado, o amigo espiritual mostrou-lhe várias situações que teriam
acontecido se não fosse sua interferência. A morte do irmão, a tristeza da
esposa, a situação lastimável de sua cidade entre outras. O destaque do filme
fica por conta da atuação da atriz estadunidense Donna Reed (1921-1986).
Veja mais aqui.
REVISTA
ACERVUM - Está no ar a
atualização da Revista Acervum – Suplemento Nacional de Literatura & Artes, editada pelo jornalista
Mhario Lincoln. Esta edição é especial Luis Augusto Cassas, encartando a
Revista Poética Brasileira com destaques para Jamerson Belfort, Osmarosman
Aedo, Mariana Felix, Izau Neto, Luciah Lopez, entre outros. Traz ainda a
entrevista com o poeta Eloy Melônio. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do escultor e pintor francês Auguste
Rodin (1840-1917). Veja mais aqui.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantora
portuguesa nascida em Angola e radicada no Brasil, Irina Costa. Veja aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
E
veja mais Ayn Rand, Elisa Lucinda, Lenine, Alina Zenon, Enrique Simonet, Paula Burlamaqui
& muito mais
aqui.