DITOS &
DESDITOS
Quando olho para
baixo, sinto falta de todas as coisas boas. E quando olho para cima,
simplesmente tropeço nas coisas... Não gosto que minha linguagem seja diluída,
não gosto que minhas arestas sejam arredondadas... Eu não criei este jogo; não
dei nome às apostas. Acontece que eu gosto de maçãs; e não tenho medo de
cobras... A arte é a razão pela qual acordo de manhã, mas a definição termina
aí. Não me parece justo viver por algo que nem consigo definir.
Pensamento da cantora
& compositora estadunidense Ani
DiFranco, um ícone dos
direitos das mulheres e do feminismo.
VALSINHA
Um dia ele
chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar \ Olhou-a dum jeito muito
mais quente do que sempre costumava olhar \ E não maldisse a vida tanto quanto
era seu jeito de sempre falar \ E nem deixou-a só num canto, pra seu grande
espanto convidou-a pra rodar \ Então ela se fez bonita como há muito tempo não
queria ousar \ Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar \
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar \ E
cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar \ E ali
dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou \ E foi tanta felicidade
que toda a cidade se iluminou \ E foram tantos beijos loucos \ Tantos gritos
roucos como não se ouvia mais \ Que o mundo compreendeu \ E o dia amanheceu \ Em
paz.
Música da
parceria de Vinicius de Moares & Chico Buarque. Veja mais da
dupla aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
FEITIÇOS DE ENCANTAMENTO – [...] Era uma vez uma grande rainha que, tendo dado à luz duas
filhas gêmeas, convidou doze fadas que moravam perto para virem e
presenteá-las, como era o costume naquela época. De fato, era um costume muito
útil, pois o poder das fadas geralmente compensava as deficiências da natureza.
Às vezes, porém, elas também estragavam o que a natureza havia feito de tudo
para aperfeiçoar, como veremos em breve. [...] Embora as fadas fossem bastante ricas, sempre gostaram que as
pessoas lhes dessem algo. Em todo o mundo, esse costume foi transmitido desde
aquela época até os nossos dias, e o tempo não o alterou em nada [...]. Trechos
extraídos da obra Spells Of Enchantment - Wondrous Fairy Tales Of Western
Culture (Viking Adult, 1991), da escritora farncesa Madame Aulnoi (Marie-Catherine Le Jumel de Barneville,
Baronesa d'Aulnoy – 1652-1705), que ficou famosa por seus contos de fadas e por
uma conspiração acompanhada por sua mãe e cúmplices, que proporcionou a acusação
de crime de lesa-majestade do barão d’Aulnoy, passível de pena de morte. Preso,
o marido barão foi solto e os amigos dela foram condenados à decapitação por
calúnia. Com o malogro da conspiração, a baronesa perpetrou uma fuga em circunstâncias
rocambolescas, por uma escada secreta e refugiando-se sob o cadafalso de uma
igreja. Constrangida pelo exílio, ela viajou pela Europa para escapar da condenação.
Já
no seu livro Fiabe d'Amore (Giunti, 2013), ela expressou que: [...] Seus olhos roubavam corações, e sua doçura os mantinha
presos. [...].