Imagem: Folia Caeté, do artista plástico
Rollandry Silvério.
A TROÇA DO FABO
Luiz Alberto Machado
Olhaí,
gente, já que o Brasil parou mesmo desde dezembro, agora é segurar as topadas
para quando tudo começar a funcionar depois do carnaval. Vamos que vamos sacolejar
o espinhaço, soltar as camuflagens e botar pra frevar. Como
é fevereiro, a pândega vai comer no centro do carnaval. E vamos que vamos, na
santa frevada estimbungue solto na hora dos blocos, grêmios, escolas de samba,
grupos de caboclinhos, guerreiros, troças, fuleragem a fole das trupes,
viadagem e arteirice na bagaça, tudo lavando a engrenagem da caveira com a
maior das carraspanas, para se desligar das aperturas numa esvoaçante aventura
pelos dias da maior festa do mundo. Eu
mesmo, gente, tô nessa e não abro nem prum trem! Estimbungue! Quero,
então, chamar a atenção para um desfile que ocorrerá! Será quando uma troça
invadir todas as avenidas do país. Num vai dar para ficar de fora dessa. Trata-se
da Troça do Fabo. Essa
merece atenção redobrada porque arrebatará todos os prêmios nacionais,
internacionais e, quiçá, universais também. Vai
ser o maior impado de ufanidade! Isso quando a gente provar que não só é
pentacampeão do mundo no futebol ou campeoníssimo de outras baboseiras mais,
como na espórtula, por exemplo. Essa
vai botar pra rachar mesmo! Antes
de me encherem o saco perguntando o que droga é Fabo, eu digo: é o mesmo que
Fabricante de Bosta, ou seja, o que todo brasileiro em sua esmagadora maioria
é. Por
isso essa troça vai juntar tanto ocrídio de um olho só que se tornará a maior
agremiação carnavalesca de todos os tempos, digna de menção no Guiness Book.
Quem viver, verá. Ou já está vivendo no olho do furacão dela. Bem,
afinal o que é um Fabricante de Bosta mesmo, hem? Simples,
contraditória, paradoxal e complexamente é: aquele que leva vantagem em tudo,
não bate prego sem estopa, entende de qualquer assunto, é amigo-da-onça,
sectário inarredável, moralista de pau-oco, religioso de meia-tijela, enrica na
Sudepone, não está nem aí para quem pintou a zebra, além de ser um verdadeiro
baba-ovo. Quer
mais? Tem:
ele é só do contra, é um chato-de-galocha, só dá nó-cego e adora quanto mais
purpurina melhor. Entre
as suas características ainda convém ressaltar a sua situação de ambivalente e
de digitígrado, pois quando não é Pelé vira gandula que faz gol; quando não
enche o saco, manda vírus pelo computador; quando não tem o que fazer, de nada
arruma uma briga; quando quer fazer alguma coisa, pega carona na ideia dos
outros; quando endoida come merda dele mesmo e torra dinheiro alheio; vira
cover de tudo e se aproveita da leseira dos bestas; é fã de big-brother, ouve a trilha do que chama de música às alturas dos estrondos, vende
lixo por ouro e gato por lebre. Tem
mais: sabido que só, ele é perito no 5 deitado, 1 em pé e 4 rodando, manjou? E
isso embaixo dos cobertores, ninguém viu, ninguém sacou. Só na moita. Ainda
mais: é o maior fura-filas porque se acha mais privilegiado que os outros e
avança sinal vermelho porque é o fodão abençoado por Deus porque que se ele
estiver na preferencial, não tem pra ninguém. Se houver óbice, usa do expediente
do molha-mão pra azeitar qualquer burocracia emperrada, aproveitando para deixá-la
na maior disfunção pros outros. Se tiver de cima, qualquer outro que se foda! Se
estiver na baixa, oxente, lambecu da para toda serventia. Se precisar dele,
viajou; se ele der por falta, presença confirmada com o maior paparicado. Se estiver
certo, dá grito no maior cacarejado; se estiver errado, arrota homência, fala
grosso e culpa os outros. Não perde uma, usa de todas as trapaças. E todo dia
diz: se todo mundo fosse igual a mim, o Brasil seria outro! Avalie. Ah,
se for dele, maior austeridade; se for dos outros, depena! Pula o muro para não
gastar o ferrolho – se for dele; do contrário, adora afolosar o que é alheio; se
empanzina com mortadela, arrotando lagosta; e só quer aparecer bem na fita
porque está sempre nas Câmaras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas e no
Congresso Nacional. Também
está aboletado jupiterianamente em todas as instituições das 3 esferas do Poder
Executivo e em todas as comarcas e instâncias do Poder Judiciário. É mole? Um
detalhezinho importante é a de que entre os cento e tantos milhões de
brasileiros desse meu brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada,
quem não se enquadrou nessa descrição, das duas, uma: ou tá doido para se
enturmar ou tá morrendo de inveja, se roendo todo. Como
é uma troça de notáveis, por questão de segurança (e de frescura mesmo), ela
sairá em dia não determinado durante o carnaval. Pode até já ter saído e
desfilado, ninguém se dá conta. É porque já se amostram às escondidas e sob
todos os holofotes midiáticos anos inteiros, isso desde que me entendo por
gente de janeiro a dezembro, mas que só agora estão sendo descobertos sob esta
nomenclatura. Quer
dizer então que podem surgir na semana pré, ou de preferência enquanto todo
mundo tiver sacudindo a loucura e eles aprontarem aumentando os salários dos
colegas deputados, senadores, vereadores e do resto da cambada toda. Pode
ser que apareçam na terça-feira gorda para desviar a atenção de alguma pinoia
braba. Ou
mesmo só entrarem na quarta-feira de cinzas, escondidos atrás do Bacalhau do
Batata, só para não dizer que não participaram às claras. Afinal,
eles existem, todo mundo vê, todo mundo sabe, mas eles pensam que são
invisíveis. E incólumes. Aos
interessados em se aglomerar nessa jactante e abjeta trupe, a assessoria de
imprensa afirma que não haverá número limitado de participantes, podendo, pois,
todo mundo se achegar bastando apenas se enquadrar entre os famigerados
fascínoras enrustidos, onanistas camuflados e surrupiadores afins, mangando de
si e dos cento e tantos milhões e lá vai tampão de abestalhados. Ressaltam
que o desfile não procederá com alas nem nada que discrimine vez que se eles
não se reconhecem, com certeza não terão nenhuma hierarquia: tudo num bolo só.
Ou como se diz no popular: tudo farinha do mesmo saco. O
enredo será “De como uma terrinha
tupiniquim dita paraíso tropical vira uma esculhambação sideral”, animada
ao som da legendária marchinha do trio Ivan, Homero & Glauco Ferreira: “Ei,
você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí”. As
fantasias vão desde cuecas endolaradas, pidões descarados, fofoqueiros da
terrinha, alcaguetes da nação, servis caboetas, sorumbáticos das cagadas,
misantropos dos desgovernos, tapias eurístomos, gandaieiros tardíloquos,
pelegos da zona, traficantes do fisco, xumbetas bilionários, servidores da
espórtula, pedófilos evangelizados, vampiros da saúde, lapiaus de merenda,
sindicalistas da zona, sifrões gigantescos, propinodutos invisíveis, coroinha
da bixiga-lixa e até o escambau! Tudo
remontando as asneiras de quinhentos e tantos anos de vícios, safadezas e
maruagens de colônia, pseudo-império, republiqueta velha e nova tocada no “Yes, nós temos bananas!”. Com
certeza essa troça será manchete em todos os jornais, tvs, rádios e sites do
universo. Vão
dar pano pras mangas pros outros países aprenderem a como fazer de uma tragédia
a mais hilariante piada universal. Afinal,
tudo é carnaval! E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!! Veja
mais aqui.
DITOS & DESDITOS - Não devemos ter medo dos confrontos Até os planetas se chocam e do caos
nascem as estrelas. Pensamento do ator e cineasta inglês Charlie
Chaplin (1889-1977). Veja mais aqui.
A ÁRVORE DO CONHECIMENTO – A obra A árvore
conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana, de Humberto R.
Maturana e Francisco J. Varela, trata de assuntos como conhecer o conhecer, a
organização do vivo, história, reprodução, hereditariedade, a vida dos
metacelulares, a deriva natural dos seres vivos, domínios comportamentais,
sistema nervoso e conhecimento, os fenômenos sociais, domínios linguísticos e
consciência humana, a árvore do conhecimento, entre outros assuntos acerca da
teoria do conhecimento. REFERÊNCIA: MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A
árvore conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo:
Palas Athena, 2001. Veja mais aqui.
O AMOR - [...] o amor não é o
contrário do egoísmo; é seu efeito, sua foz – como um rio se lança no mar -,
enfim seu remédio ou, como diria Espinosa, sua salvação. [...] Nunca se ama demais. Ama-se mal e
mesquinhamente. [...]. Trechos extraído da obra O amor é falta ou plenitude (Zahar, 1999), do filósofo francês André Comte-Sponville.
TRÊS POEMAS -SONHO
– A suíte era de motel / o amante muito oportuno / o prazer era de verdade / e
a impressão do céu. PRESSA – Para que esperar / que aconteça? / quero estar /
com você / acariciar, amar / quero que me beije / como antes, todinha / sinto
uma falta / danada de vestir / em você uma camisinha. TEMPO II – Outro banho
agora / iria tirar o peso ; das tuas pernas / o calor dos teus braços / em
minhas costas / teu cheiro em meus cabelos. / Quero guardar pelo menos / por
vinte e quatro horas / a prova de que fui amada. / Por que me molhar com água /
quando estou molhada de amor? / Por que lavar teus beijos? / Por que deixar
escorregar / pelo ralo do banheiro / as palavras ditas ou ouvidas? / Por que afogar
a satisfação / da minha pele relaxada / de prazer? Por que deverei / apagar de
mim você. Poemas extraídos do livro É
tempo de poesia, é tempo de erotismo (Trem das Letras, 1998), da poeta Selma Ratis. Veja mais aqui.
TODO DIA É DIA DA MULHER
Leitora
Tataritaritatá!!!