FOLIA
TATARITARITATÁ: TODO DIA É DIA DA MULHER - Tudo começou no ano de 2000, quando fechei uma parceria com
o então empresário Marcos Palmeira e o artista plástico Rollandry Silvério para
desenvolvermos o projeto Folia Caeté.
Esse projeto consistia na realização de atividades que envolviam frevos, artes
plásticas, teatro e atividades culturais e folclóricas, culminando com a
criação do bloco Folia Caeté, que desfilou nas cidades alagoanas de São Miguel
dos Campos, Pilar, Boca da Mata, Jequiá da Praia, Coruripe, Campo Alegre,
Teotonio Vilela, Anadia e Barra de São Miguel. Foi pra esse evento que compus
os frevos Folia Caeté, Alvorada, Amor Imortal e Manguaba,
bem como acrescentei o frevo que fiz em parceria com Cikó Macedo, o Santa
Folia. Esse evento teve duração entre os anos de 2000 e 2006, realizado
durante o período pré-carnavalesco. Foi exatamente no ano de 2006, numa outra
parceria firmada com a saudosa Derinha Rocha (AL), a poeta e atriz Mirita Nandi
(RJ) e a psicóloga Ana Bia Luz (SP), que criamos a Folia Tataritaritatá com o lema Todo dia é dia da mulher.
Consistia na realização de um carnaval virtual desenvolvido nas redes sociais
de então, dispondo de videoclipes, baners, painéis e posters dos meus frevos
realizados pela Derinha, ficando a cargo da Mirita e da Ana Bia a confecção,
impressão e distribuição do Zine
Tataritaritatá, que circulou até 2010. A partir de então, outras parcerias
foram captadas e tornaram possível até hoje a realização dessa iniciativa que
virou campanha em homenagem às mulheres, pelo reconhecimento de papel que
representam e que não merecem apenas as homenagens dedicadas por simples dois
dias do calendário: o 8 de março – Dia Internacional da Mulher -, e o 30 de
abril – Dia Nacional da Mulher. Reconhecemos exatamente pelo inventário milenar
histórico que a mulher merece muito mais que simples homenagens. Daqui a minha
solidariedade! E vamos aprumar a conversa na Folia Tataritaritatá! (Luiz
Alberto Machado). Veja mais aqui.
PICADINHO
Curtindo os cds da
coleção Violinsonaten - Violin Sonatas 1 a 7 (1997), do maestro
e compositor brasileiro Mozart Camargo
Guarnieri (1907-1993), com Alexander Müllenbach & Lavard Skou-Larsen. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – DOIS DEDOS: AOS MENORES QUE O PRÓPRIO
TAMANHO – O poeta Gregório de Matos Guerra do poeta brasileiro Gregório de Matos
Guerra (1633-1696) assevera
em versos que: Tendes dois dedos de testa
/ porque da frente à fachada / quis Deus e a vossa miséria / que não chegue à
polegada. Referindo-se àqueles que são medidos pelos dois dedos de latim,
ou pitada de alguma coisa. Veja mais aqui e aqui.
A VIOLÊNCIA – No livro Violência
doméstica: análise da lei Maria da Penha (Jus Podivm, 2010), de Stela Valéria de Farias Cavalcanti,
encontro que: No inicio do século XXI, em que se tinha a expectativa de que a
sociedade estaria tão evoluída a ponto de conviver em harmonia e paz, a mídia
continua a denunciar o aumento sem precedentes de várias formas de violência,
seja pela pratica de crimes, como assassinatos, sequestros, roubos, estupros,
ocorridos nos mais variados rincões brasileiros. [...] a face menos visível continua escondida e pouco reconhecida. São dados
sobre o aumento do desemprego, da prostituição infantil, da diferença salarial
entre homens e mulheres, entre pessoas brancas e negras, da pratica da
violência domestica, etc. Esconde-se naquilo que se chama senso comum.
[...] A sociedade brasileira é
marcadamente excludente: [...] Ela
impede, sistematicamente, que uma grande parcela de seus cidadãos tenha acesso
aos bens essenciais a sua nutrição, preservação da saúde, defesa da vida, entre
outros. [...] Por isso é que os
excluídos são ao mesmo tempo vitimas e autores dessa violência. [...] o crescimento da violência criminal
encontra-se associado à própria desorganização das instituições responsáveis
pela manutenção da ordem publica, bem como à violência praticada pelas
instituições, como nos casos de violência policial. [...] diversas formas de violência, como a
violência urbana, a violência praticada pela discriminação contra as minorias
(negros, índios, mulheres, crianças e idosos), a violência social em virtude
dos altos índices de desigualdade social e pobreza, a violência doméstica,
entre outras. O crescimento da violência no Brasil não é composto de uma única
explicação. Certamente se encontra associado à lógica da pobreza e da
desigualdade socioeconômica. [...] não
há como negar a relevância da desigualdade socioeconômica na explicação do
crescimento da violência. [...] exige
análise dos vários aspectos da denominada exclusão social. Veja mais aqui.
ARTE DE SER
FELIZ – No
livro Seleta em prova e verso (José
Olympio, 1973), reunindo os trabalhos literários da escritora, pintora, professora
e jornalista Cecília Meireles (1901-1964), encontro a crônica Arte de
ser feliz: Houve um tempo em
que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande
ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias
límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia
pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me
completamente feliz. Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal.
No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas
flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam,
na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir
de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava
completamente feliz. Houve um tempo em que a minha janela se abria para um
terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da
árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de
crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo
que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil.
Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as
mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório
imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz. Houve
um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de
giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de
estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs
vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas
gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão
ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o
homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração
ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em
flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a
escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos,
sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no
espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope da Vega. Às
vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades
certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não
existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e
outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. Veja mais aqui e aqui.
EPITÁFIO – entre os poemas do poeta
tricordiano Argemiro Corrêa, destaco
a sua poesia Epitáfio: Rosas airosas dos jardins ridentes, / Rosas singelas que
enfeitais altares, / Sois o segredo das canções dolentes, / Sois o motivo
destes meus cismares! / Sois fantasia dos meus sonhos lindos, / Que inspiram
versos que aí vão ficando / Pelos caminhos que romeiros, vindos, / Ainda
ouvirão a minha voz cantando. / Dias benditos que me dais ventura, / Nas horas
doces de serena calma;/ Eu canto as rosas na canção mais pura, / A todas dando
o meu surpiro d'alma... / Depois de morto, ó minha doce amiga, / Lembrai das
horas de prazer, saudosas, / Se um dia lerdes, numa cruz antiga: / AQUI JAZ O
FELIZ CANTOR DAS ROSAS. Veja mais aqui e aqui.
A MAIS FAMOSA TRÁGICA – A atriz britânica Sarah
Siddons (1755-1831), foi considera pela crítica da época como a maior
trágica do teatro inglês da época e Byron elogiou sua perfeita recitação clássica,
por seu desempenho na peça teatral Lady Macbeth. Ela estreou no palco ainda com pouca idade, onde
desenvolveu um talento cênico extraordinário e ainda adolescente conheceu o
ator William Siddons, por quem se apaixonou em pouco tempo, e contrariando o desejo
dos pais, se casou com ele. Em 1773, depois de trabalhar como empregada
doméstica por algum tempo, começou oficialmente a trabalhar como atriz e, no
ano seguinte, ela interpretou Belvidera
in Venice Preserv'd, de Thomas Otway e, depois de uma encenação desastrosa
de O Mercador de Veneza, de William
Shakespeare, em 1782 a atriz se depara com um enorme sucesso com sua atuação
como Isabella no espetáculo The Fatal
Marriage, de Thomas Southerne. Em 1812, Siddons abandonou a carreira,
depois de ter presenteado o público com uma esplêndida interpretação como Lady
Macbeth, de Shakespeare. Veja mais aqui.
NINA – O filme Nina (2004), dirigido por Heitor Shalia, conta uma
história ambientada na
capital paulista, narrando a vida de jovem pobre que procura atabalhoadamente
um meio de sobrevivência na sociedade desumana, mas só esbarra em adversidades.
Mora num quarto alugado com uma velha decrépita que lembra a personagem
usurária morta por da obra de Dostoiévsky. O filme critica o símbolo do poder
de compra e do direito ao consumo e à humilhação do semelhante. O destaque do
filme é para a atriz e escritora Guta Stresser. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Sem
que eu compreendesse
(1985), de Graciela Rodriguez.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantora Priscila Almeida.
TODO
DIA É DIA DA MULHER
Veja as homenageadas aqui.
E veja mais Denise Levertov, Johan Huizinga, Umbigocentrismo,
Philippe Ariés, Lauri Blank, Kim Thomson & muito mais aqui.