MEU ENSINO, DE JACQUES LACAN - [...] o trabalho dos filósofos nos deixara supor
que o pensamento é um ato transparente a si mesmo, que um pensamento que sabe
pensar-se é o critério derradeiro, a essência de todo pensamento. Tudo que
julgamos dever nos purificar, nos depurar, para isolar o processo do
pensamento, isto é, nossas paixões, nossos desejos, nossas angústias, até mesmo
nossas cólicas, nossos medos, nossas loucuras, tudo isso parecia ser testemunha
exclusiva em nós da intrusão do que Descartes chama de corpo, pois, na ponta
dessa depuração do pensamento, há o seguinte, nunca podemos perceber por
nenhuma ponta que o pensamento seja divisível. Tudo viria do distúrbio
introduzido por paixões no funcionamento dos órgãos. Este é o ponto aonde
chegamos ao termo de uma tradição filosófica. Muito ao contrário, Freud, ao nos
fazer retroceder, nos diz que é no nível de nossas relações com o pensamento
que convém buscar o móbil de toda uma parte, singularmente expandida, parece,
em nosso contexto de civilização, de governar pela prevalência, pela expansão
do pensamento de certa forma encarnada nos braintrusts, como se diz. O pensamento é desde sempre encarnado,
e isso também é perceptível para nós, no que nos parece o mais caduco, o mais
dejeto, o mais inassimilável, no nível de certas falhas, que, aparentemente,
parecem dever à função do déficit. Em outros termos, isso pensa em um nível em
que isso não se entende absolutamente como pensamento. [...] Qualquer um que se dê ao trabalho de tentar
chegar ao nível que essa mensagem alcança certamente despertará o interesse - a
prova está dada, nem que seja pela coletânea de escórias que são meus próprios Escritos -, despertará singularmente
o interesse das pessoas mais diversas, mais dispersas, mais estranhamente
situadas, e, para resumir, de qualquer um. [...] O esforço do meu ensino até aqui não consiste em valorizar Freud no
nível da grande imprensa. Não haveria motivo para isso, e na verdade não vejo
por que eu próprio me teria imposto essa preocupação e esse esforço caso ele
não se dirigisse aos psicanalistas. O que lhes forneço é isto, em sua
formulação mais vasta. Preciso efetivamente considerar que o pensamento existe
no nível mais radical e já condiciona pelo menos uma parte imensa do que
conhecemos como animal humano. O que é o pensamento? A resposta não jaz no
nível em que se considera que sua essência é ser transparente a si mesmo e se
saber pensado. Está no nível do fato de que todo ser humano ao nascer banha-se
em alguma coisa que chamamos de pensamento' mas da qual um exame mais profundo
demonstra com evidência, e isto desde os primeiros trabalhos de Freud, que é
completamente impossível apreender aquilo de que se trata a não ser se apoiando
sobre seu material, constituído pela linguagem em todo seu mistério. [...] O psicanalista deve ser capaz, no nível de
sua prática, de se presentificar a todo instante como aquele que sabe qual é
sua dependência própria de um certo número de coisas que, a princípio, ele deve
observar claramente em sua experiência inaugural, por exemplo sua dependência
em relação a determinada fantasia. Isto, a princípio, está perfeitamente ao seu
alcance. Ele não deve considerar que sabe, sob o pretexto de que é a título do
que chamei de sujeito suposto saber que se vai descobri-lo. Ele não é
consultado sobre o que está à margem de
um saber qualquer, seja aquele do sujeito ou o saber comum [...] Por que ele não quer saber - a não ser porque isto é alguma coisa que o
põe em questão como sujeito do saber? Isso vale no nível da criatura mais simples,
e, digamos, menos informada. Que o psicanalista não julgue poder introduzir-se
em uma questão dessas ao simplesmente aceitar o que lhe foi deferido como papel
na forma do sujeito suposto saber. Ele sabe muito bem que não sabe, e que tudo
que poderá forjar como saber próprio arrisca-se a se constituir como se ele
fizesse uma defesa contra sua própria verdade. Tudo o que ele construirá como
psicologia do obsessivo, tudo o que ele encarnará em tal tendência dita
primitiva, não impedirá que, à medida
que a relação chamada transferência for levada mais longe, ele seja questionado
sobre o modo fundamental que é o da neurose, enquanto este comporta o jogo
escorregadio da demanda e do desejo. [...] Como
é ridícula a voracidade com que alguns que escutam o que ensino há tantos anos
já se precipitam sobre minhas formulações para delas fazer artiguetes, ninguém
pensa em outra coisa a não ser nisso, em se enfeitar com minhas plumas, e tudo
isso para se atribuir o mérito de ter feito um artigo que se sustenta de pé. Nada
é mais contrário ao que se trataria de obter deles, ou seja, que conquistassem
a justa situação de desejosa de "desmuniciamento" eu diria, que é a
do analista enquanto um homem entre outros, que deve saber 1ue não é nem saber
nem consciência, mas dependente tanto do desejo do Outro quanto de sua fala.
Enquanto não houver analista que me tenha escutado o suficiente para chegar a
esse ponto, tampouco haverá o que isso logo engendraria, a saber, esses passos
essenciais que ainda esperamos na análise, e que, redobrando os passos de
Freud, fariam-na avançar novamente. MEU ENSINO – A obra Meu ensino, de Jacques Lacan, traz na primeira parte Lugar, origem e fim do meu ensino temas
abordados como no meio não é a origem: é meu lugar, psicanálise e sexualidade, automatismo
mental, Heidegger: o homem habita a linguagem, Freud e a psicopatologia da vida
cotidiana, as leis da superestrutura de Saussure, é porque há linguagem que há
verdade, Piaget e Vigotski, a função do sujeito na linguagem, a lógica do
desejo, o neurótico e o religioso, o complexo de castração e a teoria da
psicanálise didática. Na segunda parte, Meu
ensino, sua natureza e seu fim, aborda a respeito dos Escritos, a evacuação
da merda, Aldous Huxley e Adônis e o analfabeto, o sistema de esgoto e a cultura,
o estruturalismo, a experiência psicanalítica, Aristóteles e os sofistas, a
lógica e o sujeito. Na terceira parte, Então,
vocês terão escutado Lacan, trata sobre Descartes, Freud, Psicanálise, o
pensamento e a descoberta do inconsciente. Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
LACAN, Jacques. Meu ensino.
Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
PROGRAMA DISCO FRIENDS
As redes sociais tornaram-se algo de grande
importância na vida das pessoas. Sem sair de casa, pessoas conhecem pessoas,
amigos se reencontram, parentes distantes retomam os laços. Coisa boa esse
avanço tecnológico, é uma pena que tantos fazem uso inadequado dessa importante
ferramenta de informação e comunicação. Na verdade, além dos múltiplos caminhos
que nos abrem as redes, nós a utilizamos para divulgar o nosso trabalho e
outros que são dignos de destaque.
Conhecemos Daniel Santanna e José Ayres, por meio do amigo Ricardo Loureiro, do
fantástico programa Estrada 55, todos integrantes da Webradio Radioatividade
860. Estreitamos a amizade e passamos a curtir as programações da referida
webradio. Um trabalho de todos por lá da gente aplaudir de pé.
Daniel Santanna e José Ayres comandam os programas
Love Memories e Disco Friends. Este último completou dia 7 de março, cinco anos
no ar e a festança anda animada. E para registrar o evento, estará acontecendo
no Casarão Ameno Resedá, no Rio de Janeiro, dia 15 próximo, o
Sorvete Dançante, que é uma festa tradicional da cidade e, desta vez, com as
comemorações dos 5 anos do programa Disco Friends. O programa é considerado o
melhor programa de Disco e Dance Music dos anos 70, 80 e 90 da internet. E quem
nos conta a história do programa, é o próprio José Ayres:
“Pessoal, exatamente há 5 anos atrás, mais precisamente no sábado dia 07
de março de 2009, estava indo ao ar o primeiro Programa Disco Friends pela
web-rádio ARWTV!!! Tudo começou como uma brincadeira de amigos que gostam da
boa música dançante das décadas de 70 e 80, e que se juntaram para prestar uma
homenagem quando do aniversário de 1 ano do programa de rádio Paradiso Disco
Club dos amigos DjAndré Werneck e Marcelo Maia, programa este que não existe
mais. Aliando a possibilidade de colocar um programa no mesmo estilo em uma
rádio web que começava a "engatinhar", que na ocasião era composta
por uma ótima equipe de queridos amigos Mario Azevedo, Daniel Sant Anna, Waldyr
Tavares, Eliomar Aroucha, Vitor Loureiro Durão e Rosângela Imenes, os quais
tive o prazer de me aliar, com o máximo respeito e humildade, tivemos a ideia
de formar o "nosso programa". E assim, mesmo após algumas mudanças na
direção e na estrutura da ARWTV, conseguimos nos manter no ar durante este
tempo e tendo o privilégio de fazer grandes e queridos amigos ao longo do
tempo, expandindo a cada ano as nossas transmissões com parcerias de outras web
rádios, e até mesmo em rádios FM, como é o caso da Rádio Everson Paladini em
95.1 FM de Santa Catarina. A parceria do DJ's Daniel Sant'Anna e José Ayres na
produção, criação, mixagens e apresentação do programa continua da mesma
maneira em que foi idealizada, trazendo um programa diferente, com muita
informação, descontração, alegria, homenagens, bate papo e, claro, muita música
boa. A presença e participação de cada um dos nossos ouvintes, parceiros e
amigos sempre foi e será a principal razão que nos faz dar continuidade ao
programa nos moldes em que ele é hoje. Por isso venho aqui para agradecer a
cada um de vocês, ouvintes, parceiros, parentes, amigos, colegas, e
principalmente a Deus, pela oportunidade de ter passado esses 5 anos fazendo o
que gostamos e acima de tudo ao lado de pessoas especiais como vocês. Obrigado
família Disco Friends!!! PARABÉNS PROGRAMA DISCO FRIENDS!!!”
Aos amigos Djs, os nossos cumprimentos pelo
trabalho e sucesso do programa e vamos juntos sempre. Nosso abraço!

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