quinta-feira, agosto 28, 2008

VIRGINIA WOOLF, AGLAJA VETERANYI, CHESTERTON, HOFFMANNSWALDAU, JIŘÍ RŮŽEK, DORO & ARMADILHAS

A arte do fotógrafo tcheco Jiří Růžek. Veja mais abaixo & aqui.

ARMADILHAS – Eu te amei apesar das armadilhas que perseguem todo amor. Eu me dei, fui deriva tão somente, no teu jeito iridescente, me pegou em pleno voo. Eu me joguei, respirei com tua vida de maneira descabida que ninguém jamais ousou. Quando em vez, permaneço em ti oculto, é aí que vem teu vulto no poema que pintou. Hoje sou o delírio e a vertigem das lembranças que me afligem em pleno corredor. Já vingou e fez da dor o vício, me jogou no precipício e me salvou com teu amor. Eu bem sei quem sabe chega o dia, o destino dê valia e me entregue a tua flor. (Letras e música de LAM – Primeira Reunião: Bagaço. 2991) © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSAgora aprendo que um corte pode se tornar meu mestre. Pensamento do poeta alemão da era barroca. Christian Hoffmann von Hoffmannswaldau (1616- 1679).

ALGUÉM FALOU: A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também os nossos inimigos. Talvez porque sejam as mesmas pessoas. Pensamento do escritor, filósofo, dramaturno e jornalista inglês Gilbert Keith Chesterton (1874–1936). Veja mais aqui.

MÚSICOS DE RUA – [...] Artistas de toda espécie tem sido invariavelmente vistos com desfavor, sobretudo pelo público inglês, não apenas por causa das excentricidades do temperamento artístico, mas também porque nos condicionamos a uma tal excelência de civilização que qualquer tipo de expressão tem algo quase indecente - decerto não reticente- a rodeá-lo. Poucos pais, observamos, querem que seus filhos se tornem pintores ou poetas ou músicos, não somente por razões mundanas, mas porque em seu próprio coração eles acham ser indigno de um homem dar expressão aos pensamentos e emoções que a arte revela e que deveria ser obrigação de um bom cidadão reprimir. Desse modo, por certo, a arte não é estimulada; e é provavelmente mais fácil para um artista do que para alguém de qualquer outra profissão cair na sarjeta. [...]. Trechos do ensaio extraído da obra O valor do riso e outros ensaios (Cosac Naify, 2014), da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941). Veja mais aqui e aqui.

DOIS POEMAS - POR QUE EU NÃO SOU ANJO: Um anjo vestiu-se de anjo e permaneceu irreconhecível. / Um outro caiu do céu e despedaçou-se. / Um anjo estrangeiro tornou-se crente e afogou-se na banheira. / No céu, os anjos mortos são empalhados e pendurados na parede. / Eu prefiro permanecer imortal... A VARANDA: A menina envelheceu, cresce-lhe um caixão / no ventre. / Os seios caem sobre a mesa. / Os amantes já estão mortos há tanto tempo, que todos se chamam Robert. / Antes de dormir a menina dirige-se à varanda. / Lá aguarda a sombra. Lá aguarda a lua. / A lua brota. / Brotar é uma canção. / As gotas de pétalas da lua caem sobre os pés da menina. / A lua dança, diz a menina. Ela dança para nós. Poemas da escritora romena Aglaja Veteranyi (1962-2002). Veja mais aqui e aqui.

 A arte do fotógrafo tcheco Jiří Růžek. Veja mais aqui.


ANTES DE MAIS NADA: EU QUERO COMER A DANI CALABRESA!!!



DORO APAIXONADÍSSIMO (DE NOVO?!?!) - O Doro endoidou de vez. Quando ele viu a Dani Calabresa se apresentando na televisão, pirou. O cara ficou fascinado pela atriz e humorista paulista Dani Calabresa a ponto de vasculhar tudo e comprar um caderninho e anotar tudo dela: fotos, dados, cartazes. Por exemplo: ele sabe o nome dela de verdade: Daniella Giusti. Sabe que ela nasceu no dia 12 de novembro de 1981, em São Bernardo do Campo: uma escorpiana corintheana de 27 aninhos, hem, hem. Aí ele fica desorientadíssimo com aquele ar de quem caiu do vagão do trem, batendo uma puta duma punheta macha e escrevendo em cima das fotos e cartazes: - Eu quero comer a Dani Calabresa! Eu quero comer a Dani Calabresa! Ôxe, até eu tô nessa, ora!!!


HORÁRIO ELEITORAL PUTO DA VIDA & OUTRAS PRESEPADAS TATARITARITATÁ!!!

PENSAMENTO DO DIAQuando de forma dolosa ou mesmo inadvertida, culposa ou inconscientemente agimos, ao infringir a lei natural, será cobrada a lei cármica e, consequentemente, o castigo que disso advirá. Em vista disso, toda vez que passar ou estiver passando por revezes ou infortúnios, reflita sobre isso: a culpa de tudo é sua. Esteja certo disso: você é o único culpado. Saiba sempre: você será amanhã pelo que faz, pensa e semeia hoje. Assinado, Doro. 
   


AGORA, A MERDA DO HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO: A HORA E VEZ DO CIUÇO DA PORRA!!! - É evidente que um sujeitinho desse só pode ser ficção. Mas não, qualquer semelhança com algum prefeito é mera coincidência. Tanto é que o Ciuço é desses que sonha e sonha, peida e caga, imita Bushit (aquele que não ganhou, mas levou) e tenta seguir os passos e o caminho das pedras de outro pariceiro seu: o Ciuço Almeida, de Maceió (com uma diferença: não terá um João Lyra por paitrocínio, né?). Tanto é que ele sonha ter o maior poder do mundo para dar aquela cagada global e botar o nome dele em tudo quanto é prédio. Procede, imitação barata: o Bushit deu e dá cagada no mundo inteiro como a porra, não será novidade. E o Ciuço Almeida também fez seus tolotes ineivados em Maceió: entre muitos e outros deixou no penico, na privada e na vida do maceioense o fato de colocar até o seu próprio nome no prédio da Procuradoria Geral Município. Pode? Ah, se 1 Ciuço pode, 2 Ciuços phodem muito mais, ora! Aí vem o coro com aquela musiquinha sacana de campanha: 1 Ciuço só chateia muita gente, 2 Ciuços chateiam, chateiam, chateiam! Quando 2 Ciuços chateiam muita gente, 3 Ciuços chateiam muito mais!!!

EITA, PARÓDIA DA CAMPANHA DO CIUÇO! - A mundiça do escárnio não perdoa e anda parodiando a música de campanha do prefeito Ciuço Almeida de Maceió: Maceió pra puta que pariu, tem o pior prefeito do Brasil.

OUTRA DAS OUTRAS, EITA PAU!!! - Depois dos gabirus, taturanas e outras pestilências incruadas com seus bilhões de golpes nos poderes alagoanos, um dia lá não sei quando  a Receita Federal descobriu outra fraude (mais uma!?!) não menos escandalosa. É o seguinte: deu na imprensa local que simplesmente 917 empresas alagoanas estavam aplicando um golpe de R$ 653 milhões no erário público, cobrando como créditos do Governo Federal quando na verdade fraudaram as contribuições de PIS/PASEP e Cofins. Dessas 917 empresas, apenas 26 – as graúdas, com certeza - ficariam com cerca de R$ 615 milhões + perdão do Produban, dividas roladas pra nunca mais, isenções ajeitadas, vista grossa nas sonegações & etc etc etc. Ô farra boa, hem? O restante eram sobras das migalhas para as outras 891 reais e fantasminhas MEs, MPEs, PMEs e etc & tal que engalobam com sonegação e jogatinas a vida dos alagoanos. Mais uma, ponto pros OSA - Ogros Sacanas de Alagoas! Placar, uma lavagem de chocolate azedo: OSA 356 x -0 povo alagoano. Isso é Brasilsilsilsilsilsilsilsil!!!!!!

VEJA MAIS:

Veja mais sobre Revolução copernicana ao contrário, Luis Cernuda, Herberto Sales, Radamés Gnatalli, Norma Benguell, Roberto Szidon, Stella Miranda, Wilman Emir Causa Acero, Appolonia Saintclair, Literatura Infantil & A democracia na América Latina aqui.

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Frevo nenhures, ok? ou sabotaralguém, Paul Ricoeur, Georges Bataille, Ferreira Gullar, Cacilda Becker, Joseph L. Mankiewicz, Henry Purcell, Ava Gardner, Allen Jones, Literatura Infantil & Mario Zanini aqui.
Fecamepa: quando o estreitamento do compadrio está acima da lei, aí, meu, as panelinhas mandam ver e só os privilegiados se banqueteiam aqui.
Fecamepa: quando um país vive só de nhenhenhém, não dá outra: o pencó engancha na cornice e nada vai pra frente aqui.
Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Martins Pena, Marianne Rosenberg, Rhonda Byrne, Lucia Santaella, Im Kwon-taek, Domingos Sequeira, Lee Hyo-Jeong & Randy Bordner aqui.
 
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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quarta-feira, agosto 27, 2008

PIERRE LOUŸS, RAY BRADBURY, MICHELLE PERROT, ANA MIRANDA, VOLTAIRE, MAURREN MAGGI & O LANCE DE DARCY



O LANCE DE DARCY – Darcy era muito desastrada. A gente gostava de estudar: discussões sobre artes, filosofia, ciências. Todos os dias, a gente lá. Nos acostumamos um com o outro. Toda manhã eu ia para a residência dela, muitos livros sobre a mesa, conversa acalorada. Disso e daquilo, eu de frente para ela, olhos fisgados, risadas e axiomas. Um blusinha sem sutiã – seios duros, vivos, pontudos - e, ao que parece, somente o que cobria seu corpo esguio. Dava para vê-los salientes – chega minhas mãos coçavam para acariciá-los, peitinhos lindos -, quando pegava algo esticando os braços, ou levantando-os para alcançar algo: era a certidão de que estava apenas com aquela blusinha sensual, mais nada por baixo. Ao sentar-se, derrubava algo: Apanha aí, por favor. Eu me curvava, embaixo da mesa, ela pernas abertas, sem calcinha. Ao vê-la assim, eu ficava completamente desnorteado, não sabia o que fazer. Desajeitado, entregava-lhe o apanhado, e ela, toda sonsa, mantinha um olhar firme no meu, riso contido. Voltávamos ao assunto, discussão sobre tal ponto de vista, lá de novo, a mão dela esbarrava em algo, lá ia eu novamente ao chão. As pernas dela escancarada, deliciosamente arreganhada, eu me demorava fitando os pelos da sua vagina, ela sabia, dissimulada, provocante, eu excitadíssimo. Ao entregar-lhe o que havia caído, ela me pedia para pegar um livro na estante. Ah, não podia, meu pênis estava atiçado com o lance dela: Vai, menino, pega ali. Totalmente desconcertado lá ia eu, rápido, pegava, voltava e me sentava, e ela: O que é isso no bolso da sua bermuda? Nada. Vai mostra, deixa eu ver. Nada, menina. Vai, mostra! Fica em pé. Eu me levantava e ela: O que é essa saliência? Calado, enrubescido, sentei-me de pronto. Vai, deixa eu ver! Está escondendo o quê? Nada. Vai, mostra. Do canto eu não saía. Ela veio, meteu a mão no meu bolso e tocou meu sexo rijo. O que é isso menino, você está armado aqui em casa? É um revólver? E alisava meu pênis. Eu tremia que só vara verde. Encostou suas narinas às minhas faces, enquanto acariciava meu sexo. Sentia a sua respiração ofegante. Até suas mãos desabotoar minha bermuda, arriar o ziper, remover minha cueca e apalpar meu pau duro babando com os alisados dela. Ela ajoelhou-se e ficou cheirando toda extensão da minha pica, dava bitocas, esfregava os lábios e começou a beijar e cheirar alisando, roçando as faces, lambuzando-se e lambendo e chupando, engolindo, sua língua me causava calafrios de prazer: Vai, me chama de chupona, felatriz, vai! Eu gosto, chama! E quanto mais eu repetia o seu pedido, mais ela chupava com paixão, relando a vagina na minha perna e abocanhando faminta meu caralho, ela minava, eu sentia o seu líquido nas minhas pernas, deitei-me ao chão e tatei seu ventre, sua púbis, ela ronronava chupando meu cacete e aliando meus dedos pelos lábios vaginais, pelo ânus, ela inquieta como se pedindo para eu enfiar os dedos, enfiei o anular de uma mão na vagina e o outro no seu cu, ela enlouquecia num paroxismo a ponto de engolir inteiro minha rola na boca, chupando freneticamente e enquanto eu enfiava o dedo no seu rabo, eu comecei a lamber sua priquita, ela rangia gutural a cada enfiada e lambidas que eu lhe dava, a ponto de estertorar largando meu pau a tremeluzir de gozo estupendo. Ela afastou-se completamente combalida e ficou deitada de bruços no chão por um bom tempo, silenciada. Voltei para a mesa, comecei a folher os livros, quando, enfim, ela se mexeu e veio se arrastando pelo chão, lambeu-me os pés, as pernas, as coxas e alcançou meu sexo revivido e deu de chupar com maestria, delicadamente, profundamente, até eu me exaltar com um gozo inteiro na delícia magnífica de sua boca. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSOs homens estão aí. A história dos homens está aí, onipresente. Ela ocupa todo o espaço e há muito tempo. As mulheres sempre foram concebidas, representadas, como uma parte do todo, como particulares e negadas, na maior parte do tempo. Podemos falar do silêncio da História sobre as mulheres. Não é de espantar, portanto que uma reflexão histórica participe dessa descoberta das mulheres sobre elas próprias e por elas mesmas, aspecto de sua afirmação no espaço público, porque a emancipação das mulheres, que diz respeito às relações entre os sexos, é um dos fatos maiores do século XX. E aqueles que se surpreendem, provavelmente não estão a par do desenvolvimento considerável dessa reflexão no mundo ocidental há um quarto de século. Pensamento da historiadora francesa Michelle Perrot.

ALGUÉM FALOUOs animais têm muitas vantagens sobre os homens: não precisam de teólogos para instruí-los, seus funerais lhes saem de graça e ninguém briga por seus testamentos. Pensamento do escritor, dramaturgo e filósofo iluminista francês Voltaire (François Marie Arouet/1694-1778). Veja mais aqui.

A ALEGRIA DA ESCRITA – [...] Entusiasmo. Prazer. Raramente ouvimos essas palavras! Raramente vemos pessoas vivendo e, no nosso caso, criando com base nelas! Ainda assim, se me perguntarem sobre os itens mais importantes no figurino de um escritor, as coisas que moldam o seu material e o impelem em direção ao caminho que ele deseja percorrer, eu apenas o aconselharia a olhar para o seu entusiasmo, para o seu prazer. [...]. Trecho extraído da obra O Zen e a arte da escrita (Leya, 2011), do escritor estadunidense Ray Bradbury (1920-2012). Veja mais aqui e aqui.

TREPANAÇÃO – [...] abri a boca e vi a minha língua e é tão estranho precisar da língua para falar e para sentir o gosto das coisas, e olhei as minhas mãos, abri e fechei as mãos, olhei os meus peitos e ali no meio vi um coraçãozinho vermelho, pulsando, antigamente acreditavam que o coração era o centro do corpo, ali eles achavam que estavam os sentimentos e os pensamentos e tudo partia do coração, além disso não se fazia a menor idéia de que os ratos espalhavam peste pelas aldeias e que as águas podiam levar germes para todo lado, li uma vez num livro de curiosidades que os romanos morriam aos vinte anos e não se sabia por que mas depois descobriram que era porque eles bebiam vinho em copos feitos de mercúrio e mercúrio intoxica, e antigamente, li tantas histórias assim no livro de medicina, se você sentia dor de dente eles arrancavam o seu dente com um boticão, sem anestesia, e se você tinha sono demais rapavam a sua cabeça e batiam nela um ramo de urtiga brava até você acordar e você acordava com a cabeça toda ferida e coçando, e se você tinha uma ferida eles estancavam o sangue com teias de aranha, e se você tinha uma doença nos olhos eles esfregavam o seu globo ocular até sangrar e depois punham uma seiva de legume, para problema de pele eles usavam barro, se você cortava o lábio eles o costuravam com cabelo humano, para picada de abelha usavam cataplasma de ninho de abelha e ferrões, a gengiva com problema era furada com um bico de pica-pau, a tatuagem de índios na América do Norte era remédio contra dor de cabeça e dor de dentes e contra reumatismo, para um doente possuído de um espírito davam mingau e passavam o mingau no seu corpo enquanto ele aspirava uma fumaça de pó queimado e escutava música, para dor de ouvido os incas jogavam no ouvido caldo de rim de lhama, usavam sangue de condor para doenças nervosas, e sangue de vicunha contra a doença das montanhas, xamãs indígenas tocavam tambor e o doente dizia o nome do espírito mau que o tomava e depois ficava curado tomando banho e bebendo e vomitando sangue de cabra, para a impotência sexual os hindus usavam extrato de inseto, e um dia quando um príncipe hindu bebeu tanto que ficou delirando queimaram a cabeça dele em cinco lugares diferentes, no livro eu li que antigamente os médicos egípcios usavam uma "farmácia imunda": carne podre, gordura rançosa, cera de orelha de porco, cocô de asno, de criança, de avestruz, de mosca, e para espantar os demônios malignos faziam inalações fedorentas, os médicos egípcios preparavam os remédios enquanto diziam frases mágicas, já no tempo muito, muito antigo, abriam a cabeça das pessoas, eu li no livro de medicina, era uma cirurgia chamada trepanação, abriam um buraco no crânio para que os maus espíritos saíssem dali, e acham que eles salvavam algumas pessoas assim pois quando um homem levava uma pancada na cabeça, e eles deviam levar todo dia uma pancada na cabeça, o cérebro inchava e ficava feito uma panela de pressão e a trepanação aliviava isso, e aliviava também a dor de cabeça, cada coisa! tudo isso no livro me divertiu na hora, mas de noite me deu ainda mais medo de ir ao ginecologista, a medicina evoluiu muito, muito mesmo, mas não mudou tanto assim, eles ainda cortam, eles serram, eles costuram o nosso corpo, mas vão descobrir muita coisa, no futuro a operação vai ser feita com a força do pensamento, raio laser, só de imaginar o que o ginecologista vai me fazer eu fico arrepiada de medo, já pensei em estudar medicina, o Vi vai fazer medicina, feito o pai dele, o pai dele é neuro, serra a cabeça das pessoas, sabe fazer as coisas mais incríveis, as mais fininhas, para salvar as pessoas, nem dá para acreditar no que ele tem coragem de fazer, às vezes ele olha para mim como se estivesse pensando em serrar a minha cabeça, e fala da medicina com a maior paixão, mas eu não vou fazer medicina de jeito nenhum, muito menos para ficar trepanando a cabeça das pessoas e descobrindo os espíritos que moram lá dentro, porque eu já sei os espíritos que tenho dentro da minha, o espírito do zero na matemática, o espírito do sonho nua na rua, o da raiva de não poder sair de casa nem fazer tatuagem nem piercing, o do amor pelo Vi, as fotos dele, não sei por que rasguei, acho que foi porque ele fica me controlando, pergunta tudo, quer saber tudo, e eu não gosto de contar nada a não ser o que eu quero contar naquela hora, e, mesmo assim, inventando umas histórias, às vezes eu converso com o meu cérebro, digo para ele, Você não está apaixonado pelo Lu, Você quer fazer sim a minha festa de quinze anos, Você está muito preguiçoso, Você não vai me dizer o que é, mesmo, metáfora? Você está escondendo de mim aquela resposta, Você não tem medo do ginecologista, mas eu estou morrendo de medo, preciso fazer uma trepanação na minha cabeça para o espírito do medo do médico ginecologista desaparecer, dormir, sonhar, aranha, extrato de inseto, panela de pressão, sonífero azul... borracha de apagar... boa noite, cérebro. [...] Trecho do conto Trepanação (Vida crônica – Companhia das Letras, 2005), da escritora Ana Miranda. Veja mais aqui.

CÂNTICO PASTORIL - Suba-me aos lábios a canção pastoril desta hora; é preciso chamar / por Pan, o deus do vento estio. Guardo o meu rebanho e Selénia, / o seu, / à sombra redonda de uma oliveira que estremece. / Selénia está deitada entre ervas e flores. Levanta-se e corre, / ou procura cigarras, ou colhe flores com ervas, / ou passa a água fresca do ribeiro / pelo rosto. / Eu arranco lã do dorso alourado dos carneiros / para prover minha roca, e fio. Lentas são as horas. / Uma águia passa pelo céu. / A sombra gira: mudemos de lugar o cesto das flores / e o jarro de leite. Que me suba aos lábios o canto pastoril / deste fim de tarde: ó Pan, deus do vento estio. Poema extraídos da obra As Canções de Bilitis (Max Limonad, 1984), do escritor belga Pierre Louÿs (1870-1925). Veja mais aqui.


MUSA TATARITARITATÁ: MAURREN MAGGI
MAURREN MAGGI – a atleta paulista Maurren Higa Maggi que atua na modalidade salto em distância, 100m com barreira.


Ela tornou-se o maior nome da história do atletismo feminino brasileiro ao ganhar a medalha de ouro na prova de salto em distância dos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, saltando 7,04m.


Na preparação olímpica no início de 2008, Maurren saltou 6,89m no Mundial de Atletismo Indoor, na Espanha, e conquistou a medalha de prata.

No Troféu Brasil de Atletismo, em junho de 2008, Maurren conquistou a medalha de ouro com a marca de 6,99m, o segundo melhor salto do mundo do ano.

Ela é a recordista brasileira e sul-americana do salto em distancia, com uma marca de 7,26m e bicampeã pan-americana em Winnipeg 1999 e Rio 2007 na mesma prova.

Ela já foi bronze no Mundial Indoor, campeã Pan-americana, campeã Mundial Universitária, campeã do Goodwill Games e campeã da Final do Grand Prix da IAAF.

Maurren Maggi é linda e é ouro, Brasil!!!!

VEJA MAIS:
MUSA DA SEMANA



Veja mais sobre:
Dignidade humana aqui, aqui e aqui.
Educação aqui, aqui e aqui.
Meio Ambiente aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

E mais:
Pra saber viver não basta morrer, Leonardo Boff, Luchino Visconti, Emerson & Lake & Palmer, Núbia Marques, Felicitas, Pedro Cabral, Psicodrama & Teatro Espontâneo aqui.
Literatura de Cordel: História da princesa da Pedra Fina, de João Martins de Athayde aqui.
A arte de Jozi Lucka aqui.
Robimagaiver: pipoco da porra aqui.
Dhammapada, Maslow, Educação & Responsabilidade civil da propriedade aqui.
O romance e o Romantismo aqui.
A arte de Syla Syeg aqui.
Literatura de Cordel: Brasi caboco, de Zé da Luz aqui.

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terça-feira, agosto 26, 2008

THOMAS MANN, TRILUSSA, BABEUF, KOHLBERG &VOTO MORAL


VOTO MORAL

Luiz Alberto Machado

A consolidação indubitável da democracia é confirmada, dentre outras ações, pelo exercício pleno do voto. Por resultado de tal participação, a escolha individual se reflete no anseio da coletividade, formando, assim, livremente, os desígnios da população.
Afinal, com o embate eleitoral nasce o nosso discernimento para optar por aquele que represente bem os nossos objetivos, muito embora a gente nunca tenha acertado. Pelo menos tentamos e precisamos tentar sempre.
Infelizmente, com a pugna dos candidatos nasce o caos e, com ele, uma grita de discordâncias que vai se insinuando até se acentuar claramente sobre a nossa preferência.
Na verdade, é um zoadeiro dos diabos que não leva a lugar nenhum. Isso porque se é para o bem da democracia, temos de fazer cumprir o nosso papel.
Por causa disso somos molestados por despropósitos imensuráveis e imblóglios que mais confundem as já tacanhas frivolidades de metas nas arguições fúteis dos postulantes. É cada patranha chega dar nos nervos.
Virulentamente invadem com propostas perniciosas e inócuas a nossa santa paciência, carregados de imposturas e engodos, como o de salvar a humanidade de mais de milhares de anos de vícios em apenas um mandato.
Os detentores dos despautérios se comprometem a melhorar nossa condição de vida, quando tal propositura foge das esferas de tal pleito.
Para se ter uma idéia do desplante, os intrépidos sequer encaram de frente as contradições sociais já imanentes nas questões por eles advogadas, desconhecendo totalmente a tragédia que há por trás da nossa sobrevivência. Inclusive, muitos dos que estão agora pleiteando cargos eletivos já tiveram oportunidade de representar nossa gente. E, apesar disso, nada fizeram ou se tem feito para amenizar as rachaduras de tais contradições. Pelo contrário, avalizaram o tempo todo tais controvérsias.
No entanto, esses incólumes pretendentes prometem deus e o mundo, azucrinando não só com os seus portentosos carros-de-som nossos ouvidos, com as mais fervorosas aparições, com discursos de meia tigela, encardidos pela força do tempo, com a imunidade dos santos e a impunidade dos desmiolados.
Mesmo assim, desprestigiados sob a pecha da ineficiência, fazem tudo para chamar atenção, não conseguindo esconder no bojo de suas candidaturas que por trás das decisões políticas, há todo um processo de acordo, conchavos e pizzas. E que no final das contas, sobra pra gente mesmo. E só.
Perdulários, insistem em não admitir que o legislativo seja um antro de aves de rapinas, sedentas de poder; que o executivo seja o ninho das raposas obesas, sentadas sobre o baú dos interesses gerais; e que o judiciário seja a preguiça absorta, contando cifrões e sentenças prescritas.
Falastrões, apenas, com discursos distantes da ação inventam de tudo antes da eleição. Depois, quem vê o cara de novo morre, só 4 anos depois mesmo quando eles precisam abrir os dentes, os braços e o bolso de novo. Sem contar a nossa triste recaída de reeleger as trepeças mais reincidentes da história. Eu mesmo só vejo todo mundo dizer que fulano dos grudes não podia ser sequer eleito, quando, na verdade, o sujeitinho já tem 5 ou 6 mandatos encarreados, reeleito ninguém sabe como. Coisas do Brasil mesmo.
Contudo, devemos exercer o voto seguindo o critério moral, seja na majoritária, quanto nas proporcionais.
Vigilantes. O voto deve ter o sentido do dever cumprido para produzir efeitos benéficos e cobrar dos nossos eleitos que alijem todos os trapaceadores que sequer ruborizam diante do flagrante dos seus próprios pecados.
O sufrágio universal é a nossa subscrição voluntária na participação de nossa posição antagônica mediante tantos descalabros.
Precisamos exercer a cidadania e, com ela, pleitear condições mais favoráveis de vida. E isso votando consciente para que o Brasil possa contar, de verdade, com o brasileiro.
VEJA MAIS:
A PRAGA DO VOTO VENDIDO
FECAMEPA


DITOS & DESDITOSTodos os homens têm igual direito à satisfação das suas necessidades e ao usufruto de todos os bens da natureza, e a sociedade deve consolidar esta igualdade. Pensamento do jornalista francês François Noël Babeuf (1760-1797), que participou da Revolução Francesa e foi executado por seu papel na Conspiração dos Iguais.

COMUNIDADE JUSTA - [...] A pressuposição de que o estudo do desenvolvimento moral deve ser guiado pela filosofia moral era central para minha intuição de como focalizar esse desenvolvimento. Para que algo fosse considerado moral ou avanço evolutivo seria necessário partir de algumas definições filosóficas, pressuposições e argumentos. Essas pressuposições estariam abertas a questionamento, à luz de achados empíricos, mas não se podia pensar que fossem isentas de valores. Trechos de Minha busca pessoal pela moralidade universal (Harper & Row, 1981), do psicólogo estadunidense Lawrence Kohlberg (1927-1987), propondo a “comunidade justa”, acreditando que seria local onde os alunos exercitariam as virtudes necessárias para a vida em sociedade, desenvolvendo o hábito do diálogo, da assunção de papéis, de habilidades racionais e de julgamento moral, o que conseqüentemente remeteria a autonomia moral tão proclamada por Piaget.

O PALHAÇO – [...] temos que viver e se acaso não podemos ser homens de ação, se acaso temos que palmilhar uma vida passiva, assaltam-nos as forças interiores que nos destroem o caráter, transformando-nos em loucos ou heróis. Preparei um caderno para contar “a minha história”. Por quê? Talvez para fazer alguma coisa. Talvez por amor à psicologia. Talvez para justificar tudo quanto me sucedeu. A necessidade conforta. Talvez para adquirir domínio sobre mim mesmo, o poder olhar para tudo o que se passou, com um sentimento algo assim como a indiferença. Estou realmente convencido que a indiferença é uma espécie de felicidade [...] Eu, por minha parte, aprontava meu trabalho mecânica e rapidamente, para ter oportunidade de contemplar o rio, sentado na taverna, ou de parar para ver passar um trem de carga, enquanto sonhava, certamente, com algum espetáculo teatral, um concerto, ou um livro que acabara de ler. Lia muito, tudo o que podia cair-me nas mãos, e tinha uma grande capacidade de assimilação. Vivia todas as personagens literárias, e parecia reconhecer-me em cada uma delas. [...] Termino de escrever, e atiro fora a pena, cheio de nojo. Cheio de nojo! E o final... [...] Trechos do conto do escritor alemão e Prêmio Nobel de Literatura de 1929, Thomas Mann (1875-1955). Veja mais aqui e aqui.

TRES POEMAS - A FOCINHEIRA - Sabe que sou fiel e afeiçoado, / dizia o Cão ao Homem, e disposto a tudo, / mesmo a ser sacrificado cumprindo as suas ordens. / Isto posto, quero falar, agora, com franqueza: / a focinheira põe-me deprimido; / por que não dá-la ao Gato, que é fingido, / apático e traidor por natureza? / O Homem responde: - Mas a focinheira / lembra sempre a existência de um patrão / que te protege e, de qualquer maneira, / é quem te ampara e te garante o pão./ - Já que assim é, o dito pelo não dito! / Corrige o Cão, desculpe-me a besteira. / E, deste aí, com ar convicto, / passou a falar bem da focinheira... A JUSTIÇA AJUSTADA - Júpiter disse à Ovelha: - São injustos / e odiosos, além disso, contra a lei, / os sucessivos sustos / com que os lobos te afligem, eu bem sei!... / É melhor, entretanto, que suportes / com paciência os agravos: a questão é que os lobos / são fortes demais, para não ter razão... NÚMEROS - Eu valho muito pouco, sou sincero, / dizia o Um ao Zero, / no entanto, quanto vales tu? / Na prática és tão vazio e inconcludente / quanto na matemática. / Ao passo que eu, se me coloco à frente / de cinco zeros bem iguais a ti, / sabes acaso quanto fico? / Cem mil, meu caro, nem um tico a menos / nem um tico a mais. Questão de números./ Aliás, é aquilo que sucede / com todo ditador que cresce em importância / e em valor quanto mais são os zeros a segui-lo. Poemas do poeta satírico italiano Trilussa (Carlo Alberto Salustri – 1871-1950).


 

Veja mais sobre Nascente, John Rogers Searle, Ludovico Ariosto, Antonín Dvořák, Michael Frayn, Kimberly Peirce, Yayoi Kusama, Literatura Infantil, Matthew William Peters, Mara Altman, Chloë Sevigny & Hilary Swank aqui.


E mais:
Exórdio, João Guimarães Rosa, Sofia Gubaidulina, Quintiliano, Carlo Goldoni, Tsai Ming-liang, Howard Rogers, Revolução de 1817, Alberta Watson, Zinaida Serebriakova & Sandra Magalhães Salgado aqui.
Guilherme Vaz, José de Alencar, Mariza Lacerda, Stela Freitas, Sergio Bernardes, Moira Kelly & Simone Moura e Mendes aqui.
Hermeto Pascoal, Jorge de Lima, Djavan, Arriete Vilela, Pedro Cabral & Íbys Maceioh aqui.
Nênia de Abril, Hanif Kureishi, Paul Valéry, Jacob Levy Moreno, John Coltrane, Augusto de Campos, Joana Fomm, Tamara Karsavina, Projeto Escola de Arte Cidadã, Carl-Henning Pedersen, Literatura Infantil & Neurociência e educação aqui.
Sulamita, minha filha & as previsões do Doro aqui.
Goethe, Mestre Eckhart, Lúcio Cardoso, Nelson Rodrigues, Myriam Taubkin, Leonardo Mota, Chen Kaige, Gong Li, Spencer John Derry & Quem tem cu tem medo aqui.
Fecamepa à República aqui.
Elvira, a debutante do coronel, Agostino Carracci, Ísis Nefelibata & as previsões do Doro aqui.
O amor mais que de repente, Cristina Kolikoviski, Agostino Carracci, Sasha Alexander & as previsões de Doro aqui.  



CRÔNICA DE AMOR POR ELA

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