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quarta-feira, dezembro 09, 2020

CLARICE LISPECTOR, FRANCISCO NIEVA, PETRA COLLINS & LÍVIA FALCÃO


  

TRÍPTICO DQC: JANELINVENÇÃO, O SEGREDO DOS SONHOS - Ao som de Un dia de noviembre, de Leo Brouwer. – Vitalina trouxe da infância todos os medos: de papafigo a bicho-papão, da perna-cabeluda aos monstros embaixo da cama, sacis, gnomos e duendes. Isso afora a mãe: Não faça isso que o bicho vai lhe pegar! O pai: a La Ursa vai lhe levar, maluvida! Avós, parentes e aderentes: Deus vai lhe castigar sua traquina! Daí cresceu com medo de tudo: de altura, de ficar sozinha, de escuridão, de espelhos, de fechar o olho ao tomar banho, de trovões e relâmpagos, de neblinas ou sombras e réstias; de fantasmas e de carecas; de baratas e outros tantos insetos e besouros; de ventríloquos e manequins, de bonecos feios, de palhaços, de atravessar pontes, de pensar e ficar doida, de pecar e ficar mal falada, de ter sonhos ruins, de mergulhar em rio ou mar e ser devorada por um tubarão ou jacaré; de quem já morreu, das estrelas caírem do céu, da Terra despencar no abismo, de todo tipo de doença, de ser enterrada viva, de perder a virgindade e uma mania de perseguição de que seria estuprada pela ruindade de um velho estranho ou um maconheiro safado e desalmado, enfim, tinha pânico de qualquer coisa que não estivesse na sua zona de conforto. Para se precaver, tinha remédio para tudo: comprimido pra isso, cachete praquilo, drágeas praquiloutro, batesse a ansiedade ou depressão, qualquer mal-estar e já se automedicava, batendo o punho fechado três vezes na madeira e se benzendo mais de dez vezes com rezas de Pai-nosso, Creio-em-Deus-Pai e Ave-Maria. Era peculiar uma tremedeira de gasguita, mas a qualquer alerta de cuidado, ela: Ué, sou prevenida e saudável, oxente! E a parentalha, pelas costas, só nos cochichos: Coitado do Tomé! Nada, é outro esquisitão, Deus fez, o diabo ajuntou. Quem a visse dava logo por uma desequilibrada. Há quem dissesse que era uma quejuda porque a castidade encruou no quengo e deixou-la uma mal-amada sujeita a paroxismos inusitados. Dizem: Inda bem que casou, imagino e desmantelo de um casal tão temperante, avalie. Com o converseiro, dei as costas e voltei para a janela. Lá estava Clarice Lispector em riste: O que uma pessoa diz a outra? Fora 'como vai?' Se desse a loucura da franqueza, que diriam as pessoas às outras? A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente. Não tenha medo de meu silêncio... Sou uma louca mas guiada dentro de mim por uma espécie de grande sábio. Quero que tudo seja intenso, exagerado e louco. Porque só assim fico satisfeita! Dar a cara à tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Ah, Clarice, sempre duvidei da minha sanidade mental, principalmente agora, diante dos seus olhos.

 


TARTARUGAS, CREPÚSCULO E CORTINA – Ao som de Cantora de Yala, do álbum Junjo (2006), da contrabaixista e cantora estadunidense Esperanza Spalding. - Ela me levou para um teatro imenso. Era a minha primeira vez naquele local e muitas pessoas iam e viam, me cumprimentavam e eu a espera dela que me deixou ali de mão abanando. Virei a atenção para o ensaio de Tórtolas, crepúsculo y ... telón (Escelicer, 1972) porque o autor, o premiado dramaturgo espanhol, Francisco Nieva (1924-2016), apareceu explicando aos atores e atrizes no palco e na plateia: Sob o pretexto de manter uma quarentena, forçado pela propagação de um desconhecido vírus, uma companhia de teatro é sequestrada no próprio coliseu, onde tem que agir, sujeitá-lo - como ratos de laboratório - para experimentos cruéis, cujo objetivo é revolucionar e renovar o mundo da cena, até mesmo agindo e comportamento do público. Os incidentes que marcam esta situação são numerosas e adquirem diferentes ou seja, até terminar em uma espécie de festa, Dionisíaco e caótico, celebrando a próprio existência do teatro. Depois ele desceu do palco, cumprimentou alguns sentados na plateia e, em seguida, veio ao meu encontro e me falou: O teatro é uma vida alucinante e intensa. Não é o mundo, nem manifestação à luz do sol, nem comunicação a vozes da realidade prática. É uma cerimônia ilegal um crime voluntário e impune. É alteração e disfarce: Atores e público usam máscaras, maquiagens, eles usam fantasias diferentes... ou eles vão nus. Ninguém se conhece, todos são diferentes, todos são "os outros", todos são intérpretes do coven. O teatro é uma tentação sempre renovada, canto, choro, arrependimento, complacência e martírio. É a grande cerca orgiástica sem evasão; É o outro mundo, a outra vida o além de nossa consciência. É remédio secreto feitiçaria, alquimia do espirito, fúria jubilosa sem trégua. Fiquei admirado por ter tido contato com o seu teatro, aquela que já foi denominado tanto de furioso, como de farsa e calamidade, ou de crônica e selo. Ele me sorriu e saiu.

 


TRÊS PARA AS SEIS - Imagem: A arte da fotógrafa, modelo e artista canadense Petra Collins, ao som de Lacrimae, do compositor e alaudista britânico John Dowland (1563-1626), na interpretação do premiado musicólogo, professor, luthier e performer Christopher Morrongiello. - Ela retornou e era Nelly Sachs: Uma porta é uma faca: ela divide o mundo em duas partes. E me puxou apressada para saída do teatro, descendo a escadaria e seguindo pela descida da margem de um rio. Não é para irmos para lá? Não. E mais se aproximada das águas no íngreme declive até à beira. Que rio é este? O seu. O Una? Sim. Nunca o vi assim. E virou-se encarando-me e citando Jorge Semprún: Senti com a força do meu sangue que circulava rapidamente que minha morte não roubaria esta árvore de sua beleza irradiante, apenas roubaria o mundo de meu olhar. Olhei atrás de mim e havia sim uma árvore jamais vista. Venha, quero amar você e ser batizada neste rio secular! Seguiu saltitante por entre as pedras, e se despiu para mergulhar nas águas rasas. Vem! Ao sentir meu corpo no seu, disse-me Pierre Louÿs: Ninguém ainda afirmou que possuir o que desejamos é felicidade, ou prazer, ou bem-estar ou apenas equilíbrio. E beijou-me intensamente e me recitou Emily Dickinson: Tudo o que sabemos do amor, é que o amor é tudo que existe. E esqueci as dores do mundo. Ainda disse-me: O que você quer e o que você precisa: poesia no seu dia-a-dia. E amamos à noite alagados de prazer. Até mais ver.

 

A ARTE DE LÍVIA FALCÃO

A arte da atriz Lívia Falcão, que iniciou sua carreira no teatro e foi premiada como atriz revelação por sua atuação na peça A cantora careca, ainda adolescente, aos 17 anos de idade. Depois atuou em peças teatrais como Caetana, Mamãe Não Pode Saber, Lisbela e o Prisioneiro, e A Máquina, entre outros espetáculos. Em 1986 foi premiada com o monólogo Criadas da Glória, de João Falcão, no I Festival Nacional de Humor. Enveredou posteriormente pelo cinema atuando em vários longas-metragens e, também, pela televisão, atuando em novelas. Veja mais aqui e aqui.

 



domingo, novembro 12, 2017

PIERRE LOUŸS, ESDRAS NASCIMENTO, OTFRIED HÖFFE, SIOBHAN VIVIAN, MUSA ÇELIK, RAYMOND CHANDLER, FUTUYMA, LITERÓTICA, CINEMA, LIBERDADE & CANTARAU TATARITARITATÁ!

A arte do artista turco Musa Çelik.

LITERÓTICA: O SABOR DA PRINCESA QUE SE FAZ SERVA NA MANHÃ – A manhã esquentou no dia do aniversário dela. Vejo, logo, cobiço. Lá fora o sol estonteante incendeia o mundo enquanto ela imune e esguia me provocava relâmpagos de temporal. Era. Ela faceira e linda ocupada na pia manipulando a comida. No corredor da cozinha, eu, de esguelha, segurava o copo de cerveja com mirabolantes fantasias no quengo lambendo os beiços para devorá-la naquela sedução. Fiquei inquieto, dali pra sala e voltando a fitá-la sedutora em seus trajes sumários. Foi quando ela diligentemente focada no preparo em temperar legumes, verduras e carnes, roubei-lhe a vida tascando um beijo sedento na nuca dela arrepiar-se toda. Ao meu contato ela arqueou e se debruçou sobre a bandeja de pratos, insinuando a bundinha, ajeitando as coxas com um Cupido entre as pernas, uma rendição atraente porque o corpo estava mais palpitoso, os seios insinuantes, o jeito provocante e a vida não era mais a mesma naquela hora. Estava ela cônscia que era a minha caça. E eu faminto levantando a sua saia que, obedientemente santa, quer ser rasgada. E ela fêmea selvagem quer que a loucura salte fora, mande ver. É por isso que remexe para cima, para baixo, de lado, trota, u-lalá! Espreguiça, estremece, o corpo vibra rosnando à porta da cozinha, os cabelos desalinhados com seu contorcionismo e eu fazendo uma devassa no meio dos seus suspiros exclamativos na promessa do gozo interminável. Ela mais rendida se faz mais solícita e estendida de bruços sobre a pia, se esfregando manhosa, dengo à flor da pele para que eu alise sua cintura, garanhando seu sexo com meus dedos firmes e ela manhando mais, sussurrando baixinho, gemendo de acordar o mundo. Era a comida e a fome. A captura. E ela indomável fazendo uma boquinha ofegante, dificultando um pouco enquanto eu achava a melhor maneira de abatê-la. E mantinha os olhos fechados, xameguenta, enquanto eu vasculhava seus sótãos e porões, seguindo a pista com meu faro obsceno, farejando suas reentrâncias. Deixa? Deixa, vai. Caçada desconcertante, ela em apuros, destronada de seu reino, eu implacável: o jogo que os dois podem jogar, o xeque-mate aprazível. Mas ela blefa, faz que não quer, enquanto se esparrama no tabuleiro do meu desejo reduzida a nada com seus segredos suicidas. Via-me obrigado a cercá-la, domá-la, arremessando meu beijo sobre seus olhos, voz, gesto e corpo. Ela mais depravada pra minha montada numa tigresa que eu não queria apear nem tão cedo porque estava suspensa no meu sexo e mais se ajeitava procurando melhor penetração e virando meu tapete mágico, meu trenó. E adorava o estupro porque eu enterrava minha clava com bola e tudo pro gol que ela deslizava acolhedora, perversa, condenada e pronta pro meu fuzilamento, com o sexo em brasa, o coração agitado, a boca entreaberta, um sorriso de sol. Uma princesa que virou serva e saiu do faz-de-conta e arreou nua no meu sexo enquanto eu o mocinho, à força, gemendo poemas na sua carne, esfregando minha loucura na sua queixa que mais quer e querendo mais se gaba, tira e bota para que eu recolha sua oferenda divina, a sua oferta dadivosa, batendo o punho malvado, esmurrando a parede, sonsa e aboletada sobre a pia enquanto eu vou retalhando sua carne em postas, a comida fatiada no meu paladar e sem escapar da minha captura que ela mais puxa e preme, e sacoleja numa dança em câmara lenta, o lombo, saliências, o dia de seus anos... meus dedos e ela lambendo, chupando, Cupido entre as penas e os seus seios na minha mão e ela descalça arregalando os olhos como quem quer mais com seus pés suspensos para ser melhor penetrada, devorando o tempo na loucura efêmera e gritando: Sou sua. Sou sua! Sou suaaaa! Ah, princesa serva. Era aniversário dela. E eu com um buquê de flores nos beijos, com todo carinho do universo nos braços, toda uma guerra de gozos para explodir sua alma. Foi quando ela deitou os olhos sobre o meu braço, deliciada e desfalecida de amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSLivro bom não é sabonete no mercado. É obra de arte. Pensamento do escritor Esdras Nascimento (1934-2015).

ALGUÉM FALOUO álcool é como o amor: o primeiro beijop é mágico, o segundo é íntimo, o terceiro é rotina. A partir daí, você apenas tira a roupa da garota. Pensamento do escritor estadunidense Raymond Chandler (1888-1959).

DEMOCRACIA NO MUNDO DE HOJE – [...] A ordem de mercado faz frente a três outras distorções: monopólios e oligopólios, cartéis e concorrência desleal. Somente quando se logra impedir essas distorções, surge aquele livre mercado, que não é livre em sentido empírico, mas sim normativo, e cuja concorrência se coloca a serviço do bem-estar coletivo. [...]. Trecho extraído da obra A democracia no mundo de hoje (Martins Fontes, 2005), do filósofo alemão Otfried Höffe.

BIOLOGIA EVOLUTIVA – [...] Os princípios fundamentais da síntese evolutiva eram que as populações contêm variação genética que surge através de mutação ao acaso (isto é, não dirigida adaptativamente) e recombinação; que as populações evoluem por mudanças nas freqüências gênicas trazidas pela deriva genética aleatória, fluxo gênico e, especialmente, pela seleção natural; que a maior parte das variantes genéticas adaptativas apresentam pequenos efeitos fenotípicos individuais, de tal modo que as mudanças fenotípicas são graduais [...]; que a diversificação vem através da especiação, a qual ordinariamente acarreta a evolução gradual do isolamento reprodutivo entre populações; que esses processos, se continuados por tempo suficientemente longo, dão origem a mudanças de tal magnitude que facultam a designação de níveis taxonômicos superiores (gêneros, famílias, e assim por diante). [...]. Trechos extraídos da obra Biologia evolutiva (FUNPEC, 2003), do biólogo estadunidense Douglas Futuyma. Veja mais aqui.


GAROTOS & GAROTAS - [...] — Você não faria isso — disse, vindo em minha direção.Gargalhei. Ele esperava que eu desmaiasse ou algo parecido? Dei um passo na direção dele também, cruzei os braços e cheguei ainda mais perto. — É mesmo? Então pague para ver.Por alguns segundos nos entreolhamos, e uma sensação estranha tomou conta de mim, começou nas pontas dos pés e depois espalhou-se por todo meu corpo. [...] Este era seu último ano de colégio. Entrar na universidade, ser presidente do conselho estudantil e passar todos os dias com sua melhor amiga era tudo o que Natalie havia planejado. Ela sempre foi estudiosa, a melhor da classe. Não era o tipo de garota comum na Academia Ross, pois se preocupava muito com sua reputação, talvez até demais. Então, para sua surpresa, no início das aulas uma caloura a reconhece por tê-la tido como babá anos atrás. Desse reencontro surgirão muitos acontecimentos em que Natalie será obrigada a fazer difíceis escolhas para os dilemas de sua vida no ensino médio, assim como qualquer adolescente. [...]. Trechos da obra Não sou este tipo de garota: a linha entre o certo e o errado foi distorcida (Novo Conceito, 2012), da romancista, editora e roteirista estadunidense Siobhan Vivian.

BILITIS - Uma mulher veste-se de lã branca. Outra / veste-se de seda e ouro. Uma outra cobre-se / de flores, de folhas verdes e de cachos d’uva. / Eu só sei viver nua. Meu amante, toma-me como sou: / sem roupas, jóias ou sandálias. Eis a tua Bilitis toda, / desmunida e só. / Meus cabelos são negros de seu negro, e meus lábios / carmins de seu carmim. Meus caracóis flutuam / à volta de mim, livres e redondos como penas. / Toma-me tal como minha mãe me fez, numa noite / de amor longínqua. E se te agradar como sou, / não te esqueças de mo dizer. Poema extraído da obra As canções de Bilitis (José Olimpio, 1943), do escritor belga Pierre Louÿs (1870-1925).

RIO 40 GRAUS – O filme Rio 40 graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos, narra as aventuras e desventuras de cinco crianças do morro que vendem amendoim em vários pontos da cidade e em cada lugar acontecem histórias diferentes, colocando em evidencia a vida da classe média e seus preconceitos em relação aos pequenos vendedores ambulantes, afrodescendentes, o universo político da época, o comportamento dos turistas, da polícias e os estratagemas para pedir esmolar e os trampos. Veja mais aqui.


A arte do artista turco Musa Çelik.

TODO DIA É DIA DA MULHER
Leitora Tataritaritatá!


TODO DIA É DIA DA LIBERDADE
&
CANTARAU TATARITARITATÁ
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quarta-feira, agosto 27, 2008

PIERRE LOUŸS, RAY BRADBURY, MICHELLE PERROT, ANA MIRANDA, VOLTAIRE, MAURREN MAGGI & O LANCE DE DARCY



O LANCE DE DARCY – Darcy era muito desastrada. A gente gostava de estudar: discussões sobre artes, filosofia, ciências. Todos os dias, a gente lá. Nos acostumamos um com o outro. Toda manhã eu ia para a residência dela, muitos livros sobre a mesa, conversa acalorada. Disso e daquilo, eu de frente para ela, olhos fisgados, risadas e axiomas. Um blusinha sem sutiã – seios duros, vivos, pontudos - e, ao que parece, somente o que cobria seu corpo esguio. Dava para vê-los salientes – chega minhas mãos coçavam para acariciá-los, peitinhos lindos -, quando pegava algo esticando os braços, ou levantando-os para alcançar algo: era a certidão de que estava apenas com aquela blusinha sensual, mais nada por baixo. Ao sentar-se, derrubava algo: Apanha aí, por favor. Eu me curvava, embaixo da mesa, ela pernas abertas, sem calcinha. Ao vê-la assim, eu ficava completamente desnorteado, não sabia o que fazer. Desajeitado, entregava-lhe o apanhado, e ela, toda sonsa, mantinha um olhar firme no meu, riso contido. Voltávamos ao assunto, discussão sobre tal ponto de vista, lá de novo, a mão dela esbarrava em algo, lá ia eu novamente ao chão. As pernas dela escancarada, deliciosamente arreganhada, eu me demorava fitando os pelos da sua vagina, ela sabia, dissimulada, provocante, eu excitadíssimo. Ao entregar-lhe o que havia caído, ela me pedia para pegar um livro na estante. Ah, não podia, meu pênis estava atiçado com o lance dela: Vai, menino, pega ali. Totalmente desconcertado lá ia eu, rápido, pegava, voltava e me sentava, e ela: O que é isso no bolso da sua bermuda? Nada. Vai mostra, deixa eu ver. Nada, menina. Vai, mostra! Fica em pé. Eu me levantava e ela: O que é essa saliência? Calado, enrubescido, sentei-me de pronto. Vai, deixa eu ver! Está escondendo o quê? Nada. Vai, mostra. Do canto eu não saía. Ela veio, meteu a mão no meu bolso e tocou meu sexo rijo. O que é isso menino, você está armado aqui em casa? É um revólver? E alisava meu pênis. Eu tremia que só vara verde. Encostou suas narinas às minhas faces, enquanto acariciava meu sexo. Sentia a sua respiração ofegante. Até suas mãos desabotoar minha bermuda, arriar o ziper, remover minha cueca e apalpar meu pau duro babando com os alisados dela. Ela ajoelhou-se e ficou cheirando toda extensão da minha pica, dava bitocas, esfregava os lábios e começou a beijar e cheirar alisando, roçando as faces, lambuzando-se e lambendo e chupando, engolindo, sua língua me causava calafrios de prazer: Vai, me chama de chupona, felatriz, vai! Eu gosto, chama! E quanto mais eu repetia o seu pedido, mais ela chupava com paixão, relando a vagina na minha perna e abocanhando faminta meu caralho, ela minava, eu sentia o seu líquido nas minhas pernas, deitei-me ao chão e tatei seu ventre, sua púbis, ela ronronava chupando meu cacete e aliando meus dedos pelos lábios vaginais, pelo ânus, ela inquieta como se pedindo para eu enfiar os dedos, enfiei o anular de uma mão na vagina e o outro no seu cu, ela enlouquecia num paroxismo a ponto de engolir inteiro minha rola na boca, chupando freneticamente e enquanto eu enfiava o dedo no seu rabo, eu comecei a lamber sua priquita, ela rangia gutural a cada enfiada e lambidas que eu lhe dava, a ponto de estertorar largando meu pau a tremeluzir de gozo estupendo. Ela afastou-se completamente combalida e ficou deitada de bruços no chão por um bom tempo, silenciada. Voltei para a mesa, comecei a folher os livros, quando, enfim, ela se mexeu e veio se arrastando pelo chão, lambeu-me os pés, as pernas, as coxas e alcançou meu sexo revivido e deu de chupar com maestria, delicadamente, profundamente, até eu me exaltar com um gozo inteiro na delícia magnífica de sua boca. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSOs homens estão aí. A história dos homens está aí, onipresente. Ela ocupa todo o espaço e há muito tempo. As mulheres sempre foram concebidas, representadas, como uma parte do todo, como particulares e negadas, na maior parte do tempo. Podemos falar do silêncio da História sobre as mulheres. Não é de espantar, portanto que uma reflexão histórica participe dessa descoberta das mulheres sobre elas próprias e por elas mesmas, aspecto de sua afirmação no espaço público, porque a emancipação das mulheres, que diz respeito às relações entre os sexos, é um dos fatos maiores do século XX. E aqueles que se surpreendem, provavelmente não estão a par do desenvolvimento considerável dessa reflexão no mundo ocidental há um quarto de século. Pensamento da historiadora francesa Michelle Perrot.

ALGUÉM FALOUOs animais têm muitas vantagens sobre os homens: não precisam de teólogos para instruí-los, seus funerais lhes saem de graça e ninguém briga por seus testamentos. Pensamento do escritor, dramaturgo e filósofo iluminista francês Voltaire (François Marie Arouet/1694-1778). Veja mais aqui.

A ALEGRIA DA ESCRITA – [...] Entusiasmo. Prazer. Raramente ouvimos essas palavras! Raramente vemos pessoas vivendo e, no nosso caso, criando com base nelas! Ainda assim, se me perguntarem sobre os itens mais importantes no figurino de um escritor, as coisas que moldam o seu material e o impelem em direção ao caminho que ele deseja percorrer, eu apenas o aconselharia a olhar para o seu entusiasmo, para o seu prazer. [...]. Trecho extraído da obra O Zen e a arte da escrita (Leya, 2011), do escritor estadunidense Ray Bradbury (1920-2012). Veja mais aqui e aqui.

TREPANAÇÃO – [...] abri a boca e vi a minha língua e é tão estranho precisar da língua para falar e para sentir o gosto das coisas, e olhei as minhas mãos, abri e fechei as mãos, olhei os meus peitos e ali no meio vi um coraçãozinho vermelho, pulsando, antigamente acreditavam que o coração era o centro do corpo, ali eles achavam que estavam os sentimentos e os pensamentos e tudo partia do coração, além disso não se fazia a menor idéia de que os ratos espalhavam peste pelas aldeias e que as águas podiam levar germes para todo lado, li uma vez num livro de curiosidades que os romanos morriam aos vinte anos e não se sabia por que mas depois descobriram que era porque eles bebiam vinho em copos feitos de mercúrio e mercúrio intoxica, e antigamente, li tantas histórias assim no livro de medicina, se você sentia dor de dente eles arrancavam o seu dente com um boticão, sem anestesia, e se você tinha sono demais rapavam a sua cabeça e batiam nela um ramo de urtiga brava até você acordar e você acordava com a cabeça toda ferida e coçando, e se você tinha uma ferida eles estancavam o sangue com teias de aranha, e se você tinha uma doença nos olhos eles esfregavam o seu globo ocular até sangrar e depois punham uma seiva de legume, para problema de pele eles usavam barro, se você cortava o lábio eles o costuravam com cabelo humano, para picada de abelha usavam cataplasma de ninho de abelha e ferrões, a gengiva com problema era furada com um bico de pica-pau, a tatuagem de índios na América do Norte era remédio contra dor de cabeça e dor de dentes e contra reumatismo, para um doente possuído de um espírito davam mingau e passavam o mingau no seu corpo enquanto ele aspirava uma fumaça de pó queimado e escutava música, para dor de ouvido os incas jogavam no ouvido caldo de rim de lhama, usavam sangue de condor para doenças nervosas, e sangue de vicunha contra a doença das montanhas, xamãs indígenas tocavam tambor e o doente dizia o nome do espírito mau que o tomava e depois ficava curado tomando banho e bebendo e vomitando sangue de cabra, para a impotência sexual os hindus usavam extrato de inseto, e um dia quando um príncipe hindu bebeu tanto que ficou delirando queimaram a cabeça dele em cinco lugares diferentes, no livro eu li que antigamente os médicos egípcios usavam uma "farmácia imunda": carne podre, gordura rançosa, cera de orelha de porco, cocô de asno, de criança, de avestruz, de mosca, e para espantar os demônios malignos faziam inalações fedorentas, os médicos egípcios preparavam os remédios enquanto diziam frases mágicas, já no tempo muito, muito antigo, abriam a cabeça das pessoas, eu li no livro de medicina, era uma cirurgia chamada trepanação, abriam um buraco no crânio para que os maus espíritos saíssem dali, e acham que eles salvavam algumas pessoas assim pois quando um homem levava uma pancada na cabeça, e eles deviam levar todo dia uma pancada na cabeça, o cérebro inchava e ficava feito uma panela de pressão e a trepanação aliviava isso, e aliviava também a dor de cabeça, cada coisa! tudo isso no livro me divertiu na hora, mas de noite me deu ainda mais medo de ir ao ginecologista, a medicina evoluiu muito, muito mesmo, mas não mudou tanto assim, eles ainda cortam, eles serram, eles costuram o nosso corpo, mas vão descobrir muita coisa, no futuro a operação vai ser feita com a força do pensamento, raio laser, só de imaginar o que o ginecologista vai me fazer eu fico arrepiada de medo, já pensei em estudar medicina, o Vi vai fazer medicina, feito o pai dele, o pai dele é neuro, serra a cabeça das pessoas, sabe fazer as coisas mais incríveis, as mais fininhas, para salvar as pessoas, nem dá para acreditar no que ele tem coragem de fazer, às vezes ele olha para mim como se estivesse pensando em serrar a minha cabeça, e fala da medicina com a maior paixão, mas eu não vou fazer medicina de jeito nenhum, muito menos para ficar trepanando a cabeça das pessoas e descobrindo os espíritos que moram lá dentro, porque eu já sei os espíritos que tenho dentro da minha, o espírito do zero na matemática, o espírito do sonho nua na rua, o da raiva de não poder sair de casa nem fazer tatuagem nem piercing, o do amor pelo Vi, as fotos dele, não sei por que rasguei, acho que foi porque ele fica me controlando, pergunta tudo, quer saber tudo, e eu não gosto de contar nada a não ser o que eu quero contar naquela hora, e, mesmo assim, inventando umas histórias, às vezes eu converso com o meu cérebro, digo para ele, Você não está apaixonado pelo Lu, Você quer fazer sim a minha festa de quinze anos, Você está muito preguiçoso, Você não vai me dizer o que é, mesmo, metáfora? Você está escondendo de mim aquela resposta, Você não tem medo do ginecologista, mas eu estou morrendo de medo, preciso fazer uma trepanação na minha cabeça para o espírito do medo do médico ginecologista desaparecer, dormir, sonhar, aranha, extrato de inseto, panela de pressão, sonífero azul... borracha de apagar... boa noite, cérebro. [...] Trecho do conto Trepanação (Vida crônica – Companhia das Letras, 2005), da escritora Ana Miranda. Veja mais aqui.

CÂNTICO PASTORIL - Suba-me aos lábios a canção pastoril desta hora; é preciso chamar / por Pan, o deus do vento estio. Guardo o meu rebanho e Selénia, / o seu, / à sombra redonda de uma oliveira que estremece. / Selénia está deitada entre ervas e flores. Levanta-se e corre, / ou procura cigarras, ou colhe flores com ervas, / ou passa a água fresca do ribeiro / pelo rosto. / Eu arranco lã do dorso alourado dos carneiros / para prover minha roca, e fio. Lentas são as horas. / Uma águia passa pelo céu. / A sombra gira: mudemos de lugar o cesto das flores / e o jarro de leite. Que me suba aos lábios o canto pastoril / deste fim de tarde: ó Pan, deus do vento estio. Poema extraídos da obra As Canções de Bilitis (Max Limonad, 1984), do escritor belga Pierre Louÿs (1870-1925). Veja mais aqui.


MUSA TATARITARITATÁ: MAURREN MAGGI
MAURREN MAGGI – a atleta paulista Maurren Higa Maggi que atua na modalidade salto em distância, 100m com barreira.


Ela tornou-se o maior nome da história do atletismo feminino brasileiro ao ganhar a medalha de ouro na prova de salto em distância dos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, saltando 7,04m.


Na preparação olímpica no início de 2008, Maurren saltou 6,89m no Mundial de Atletismo Indoor, na Espanha, e conquistou a medalha de prata.

No Troféu Brasil de Atletismo, em junho de 2008, Maurren conquistou a medalha de ouro com a marca de 6,99m, o segundo melhor salto do mundo do ano.

Ela é a recordista brasileira e sul-americana do salto em distancia, com uma marca de 7,26m e bicampeã pan-americana em Winnipeg 1999 e Rio 2007 na mesma prova.

Ela já foi bronze no Mundial Indoor, campeã Pan-americana, campeã Mundial Universitária, campeã do Goodwill Games e campeã da Final do Grand Prix da IAAF.

Maurren Maggi é linda e é ouro, Brasil!!!!

VEJA MAIS:
MUSA DA SEMANA



Veja mais sobre:
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Pra saber viver não basta morrer, Leonardo Boff, Luchino Visconti, Emerson & Lake & Palmer, Núbia Marques, Felicitas, Pedro Cabral, Psicodrama & Teatro Espontâneo aqui.
Literatura de Cordel: História da princesa da Pedra Fina, de João Martins de Athayde aqui.
A arte de Jozi Lucka aqui.
Robimagaiver: pipoco da porra aqui.
Dhammapada, Maslow, Educação & Responsabilidade civil da propriedade aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora comemorando no Tataritaritatá!
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
 Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

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