sexta-feira, novembro 21, 2008

HERTA MÜLLER, BRADBURY, ROUSSEAU, STEINLEN, MANZINI-COVRE, LITERÓTICA & POEMIUDERÓTICOS, VAN LUCHIARI, COOPERATIVISMO & REFORMA AGRÁRIA

 
A arte do pintor e impressor francês Theóphile Alexandre Steinlen (1859-1923).

LITERÓTICA: POEMIUDERÓTICOS - RENDEIRA – Seu corpo em meu verso; sua carne, uma renda. Seu desejo a oferenda no reino dos amplexos. Ela tece o prazer, um filé, rendedê, sua língua no meu sexo. CULTO – A doçura dos seus lábios alcança minha alma e me contempla com o mais extraordinário dos espetáculos: o espargir de todas as constelações siderais, premiando o meu desejo. É quando o mel de sua língua deliciosa e atrevida diviniza a minha vida e o seu beijo faz de mim o mais amado entre os mortais. ELA – Sol da manhã é o riso dela. E nela os tons da graça linda. E ainda, a vida passa e a vida é ela. REMELEXO – O seu dorso impávido dsesliza agudo peças insones águas do meu desejo arrebatado. - Na sua boca, o que me dera, me dará. Vem dela na minha vela o embalo, larali, laralá. Meu falo espera tudo nela, revela a vida, saravá. Atravesso à vera, mendigo dela, meu beijo verá. OS DEIOS DELAProvo o mel do seu seio. A lamber o anel do seu meneio e a vida gira em carrossel. GINOFAGIA – Água na boca, falo molhado. Ficou louca? Ah, coito arretado! PÁLIN – Mais uma vez ela ferve. E de vez bem me serve com agonia e gula. Cangula, o rubor da sua língua arreia a mingua do meu falo galante. E vem ofegante com seus doces lábios. E com fúria tão hábil ela dá na roxura com toda quentura dos seus seios de serva. E cai sem reserva nem mede desvario, deságua o rio do seu sexo lascivo. E me faz cativo do seu regaço quando então arregaço na sua vinha. É quando se aninha com suas pernas ágeis mais irresponsáveis que me desacata. E me desataca, puxa e se espreme e me empurra que urra e geme bastante possessa como uma ré confessa pra lá de vadia. Mais me contagia, nunca vi coisa dessa, meu falo é a peça inquebrantável. Ah, malvada amável que mais me apetece porque com ela acontece de me fazer o seu dono, a me dar por abono tudo que me apraz. E cada vez mais sua carnadura animal é-me dado em ternura que me faz imortal. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS - Nos lugares em que me encontro, não posso ser de todo estranha. Também não estranha em todas as coisas ao mesmo tempo. Sou estranha, como outros também, em certas coisas. Não se pode pertencer a lugares. Não se pode estar ‘em casa’ na pedra, na madeira, no que quer que seja – pois não somos feitos de pedra ou demadeira. Se isso é uma desgraça, então ser estranha é uma desgraça. Senão não. Pensamento da escritora e ensaísta alemã Herta Müller. Veja mais aqui e aqui.

BRASILZILZILZIL – [...] o Brasil [...] não apresenta quadro de seguridade social, persiste mais a ‘inseguridade’social, a violência, a exclusão social, a miséria, o extermínio de crianças. [...] O Brasil conhece o Estado do Mal-Estar [...]. Trecho extraído de Fragmentos de uma cidadania; um estudo na Itália para pensar o Brasil (Tese livre-docência, USP-1994), da professora e pesquisadora da USP, Maria de Lourdes Manzini-Covre. Veja mais aqui.

DA RENÚNCIA À LIBERDADE E AOS DIREITOS - [...] Renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Não há recompensa possível para quem tudo renuncia. Tal renúncia não se compadece com a natureza do homem, e destituir-se voluntariamente de toda e qualquer liberdade equivale a excluir a moralidade de suas ações [...] quanto à igualdade, não se deve entender por essa palavra que sejam absolutamente os mesmos graus do poder e de riqueza, mas, quanto ao poder, que seja distanciado de qualquer violência e nunca exerça senão em virtude do posto e das leis e, quanto à riqueza, que nenhum cidadão seja suficientemente opulento para poder comprar o outro e não haja nenhum tão pobre que, se veja constrangido a vender-se [...]. Trechos extraídos da obra Contrato social (Cultrix, 1967), do escritor, teórico político, um dos principais filósofos do Iluminismo e precursor do Romantismo francês, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

FARENHEIT 451 - [...] Montag ficou olhando a estranha residência, agora mais insólita pelo avançado da hora, pelos murmúrios dos viz\inhos, pelos restos de vidro esparramados e, ali no assoalho, as capas rasgadas e espalhadas como penas de cisne, os incríveis livros que pareciam tão estúpidos e indignos de tanta preocupação, pois não passaveam de letras negras, papel amarelado e costuras desfiadas. [...]. Trecho extraído da obra Farenheit 451 (Globo, 2003), do escritor estadunidense Ray Bradbury (1920-2012). Veja mais aqui.

FOME - Derrama o teu amor na minha língua / profano, devasso, proibido, viscoso. / Minha boca é feita para receber-te / duro, forte, explosivo, guloso. / Derrama-te em mim por inteiro / que todo o resto é nada / e é de ti que eu me alimento. / Eu desejo o teu gosto, / o teu cheiro, teu unguento. / Se escorrer uma só gota / eu recolherei com um beijo. / E se tu quiseres, amor, / podes me lamber que eu deixo. Poema da poeta, cantora e compositora paulista Van Luchiari. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A arte do pintor e impressor francês Theóphile Alexandre Steinlen (1859-1923).



COOPERATIVISMO E REFORMA AGRÁRIA – O cooperativismo objetiva o desenvolvimento do ser humano, das famílias e da comunidade.  A cooperativa busca satisfazer não somente a necessidade de consumo por um bem ou serviço mas também a necessidade social e educativa. É uma sociedade que pode ser criada por um pequeno grupo de pessoas, que formarão, com recursos individuais, um capital coletivo que deve garantir suas atividades. Se diferencia dos demais tipos de sociedades por ser, ao mesmo tempo, uma associação de pessoas e também um negócio. Para conseguir bons resultados deverá equilibrar essa dupla característica - o aspecto social e o econômico -, buscando sempre o aperfeiçoamento de suas atividades e filosofia. O cooperativismo, como teoria e movimento oficialmente reconhecido, teve origem na organização dos trabalhadores na Inglaterra, no período da Revolução Industrial. Segundo os registros históricos, no ano de 1844, diante do desemprego e dos baixos salários, em Rochdale, um bairro da cidade de Manchester, 28 tecelões se reuniram para comprar coletivamente produtos de primeira necessidade, incluindo alimentos. Formaram, então, a “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”, conhecida como primeira cooperativa da história. As cooperativas podem ser organizadas nos mais diferentes setores da economia, no campo e na cidade. Assim, pela diversidade de possibilidades de atuação, as cooperativas se apresentam como alternativa para a resolução de problemas decorrentes do desemprego. Como instrumentos de geração de emprego e renda, as cooperativas podem atuar desde os processos de produção, industrialização, comercialização, crédito e prestação de serviços. Entretanto, a organização cooperativa de pessoas historicamente excluídas do acesso ao conhecimento, carece de um amplo trabalho de formação que inclua sensibilização e motivação, preparação técnica, estudo da história do cooperativismo e seus problemas, etc. A Sociedade Cooperativa é uma entidade jurídica de direito privado e, por ser uma sociedade de pessoas, se diferencia das demais sociedades em alguns tópicos, tais como:  Não está sujeita à legislação falimentar (Decreto lei 7.661/45); O capital é variável à medida em que os sócios ingressam na Sociedade e movimentam sua atividade ou são eliminados da mesma;  É uma Sociedade que não visa lucro e seus resultados ( sobras ) , são retornados ao sócio;  O capital não responde nas decisões. Cada sócio, independentemente de seu capital, decide individualmente; É regida por lei específica, por um Estatuto Social e por uma Assembléia composta por todos os sócios; Como empresa, a Cooperativa opera no mercado de acordo com as características de suas atividades.  É, portanto, um ser jurídico, devidamente constituído e com plenos direitos para exercer o seu objetivo social.
REFORMA AGRÁRIA - Já a reforma agrária é o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e o aumento da produtividade, conforme o Estatuto da Terra, (Lei 4504), Art.1º, §1º. É regulada por um conjunto de medidas estruturais e que começam necessariamente pela democratização da propriedade da terra e dos meios de produção, base para qualquer mudança social efetiva. A questão da Reforma Agrária no Brasil é observada como uma intervenção estatal destinada a diminuir a concentração da propriedade da terra (diminuir os latifúndios improdutivos) com a intenção de oxigenar as relações sociais no campo e abrir caminho para que as relações capitalistas dominassem integralmente o setor. Apesar de ser uma "modernização conservadora", pois não alterou o padrão de vida da população rural nem a distribuição de terra, ela foi suficiente para que a agricultura deixasse de ser considerada um setor atrasado e que freava o desenvolvimento do país. Tendo em vista que atualmente o maior poder no campo está em mãos das agroindústrias que controlam a provisão de insumos e o escoamento da produção, poderia-se questionar a necessidade de uma reforma agrária articulada com o cooperativismo, já que ela consiste essencialmente na distribuição entre a população rural de terras concentradas em mãos de um reduzido número de grandes empresas agrícolas. Isto porque é através da cooperativa que muitos trabalhadores conseguem manter ou ter acesso ao trabalho e renda. Por sua característica autogestionária, a cooperativa propicia um amplo processo de educação dos participantes. O exercício da participação e da convivência constrói novas relações entre as pessoas, o que, também, se reproduz para a sociedade. Assim sendo, unindo os preceitos constituintes do cooperativismo e da reforma agrária poder-se-á trabalhar melhor a gestão duma imensidão de terras a serem aproveitadas no Brasil, fornecendo alimento, possibilitando emprego, democratizando a realidade, produzindo menos diferenças e socialmente bem distribuído, com menos miséria e desigualdade social.

BIBLIOGRAFIA
CASTRO, H. M. M. Ao sul da história: lavradores pobres na crise do trabalho escravo. São Paulo: Brasiliense, 1987.
PALACIOS, G. Campesinato e escravidão: uma proposta de periodização para a história dos cultivadores pobres e livres no nordeste oriental do Brasil. 1700-1875. Dados - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v.30, n.3, p.325-356, 1987. Veja mais aqui e aqui.



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