PINDORAMA: REGISTROS
PRÉ-HISTÓRICOS - Estudar
a pré-história de uma sociedade é, segundo Fernandes (1960), Barbalho (1983) e
Proust (2006), mergulhar nas suas origens numa viagem nela contida e viva. Com
base nisso, entende-se que essa pré-história brasileira, notadamente a
nordestina e, evidentemente, pernambucana, ainda está por ser considerada,
revista e aprofundada. Convencionou-se, cômoda e oficialmente, que o Brasil
começa com o descobrimento efetuado pelos portugueses em 1500 e que a certidão
de nascimento do país é a carta de Pero Vaz de Caminha. Isso para satisfação do
poder, da dominação, da acumulação, dos interesses escusos, da corrupção e da
ganância, tudo em detrimento da vida humana e da raiz genuína de brasilidade. É
verdade que eles, os lusos, chegaram com sua arrogância de dominadores,
abençoados pela doação papal de que estas terras lhes pertenciam. Em prejuízo
da verdade, isso é ensinado até hoje nas salas de aula de nossas escolas. Os
lusitanos vieram em nome do Deus católico tomar conta do que estava garantido
em suas posses por uma doação eclesiástica que assumia teor de ação divina. E
vieram acompanhados pelos representantes cristãos que santificaram sua
empreitada. Aqui chegaram e sob seu mando dominaram e catequizaram os gentios
pagãos num processo escravista que começava pela fé e se desenrolava humana,
social e economicamente.
As escolas ensinam que tudo isso
favoreceu o processo civilizatório brasileiro, de forma harmônica e pacata, e
sob os vínculos da amizade irmanada. Positivamente favoreceu o dito processo
civilizatório, contudo, nem mesmo os projetos de escravização entre os lusitanos
e religiosos se deram equilibradamente. Muitos conflitos ocorreram nessa
relação sagrada. E o primeiro conflito se deu porque os religiosos teimavam na
dominação e escravização pela fé, enquanto que os descobridores queriam logo,
na marra, dominar pela força social e econômica.
As tribos primitivas que foram amistosas
ao recebê-los, ajudando, inclusive, no reconhecimento da localidade,
colaborando inadvertidamente com tudo que se propusessem a fazer e querer por
aqui, quando se viram despojadas de sua vida e de seus domínios, tiveram ou que
se submeter ao jugo dos invasores ou guerrear contra eles. E ao longo dos
séculos, toda uma trajetória de supremacia branca é comemorada nos livros
escolares e nos eventos do calendário oficial até o presente momento. Porém, ao
contrário do que se ensina oficialmente e é lecionada nas aulas aos nossos
estudantes, uma verdade inglória e injusta subjaz a todos os júbilos
comemorativos da nação brasileira. Isso porque antes de tudo, o antes. Além do
mais, precisamos remontar nosso passado, recolhendo as suas lições para
semeá-las no presente com o objetivo de construir um futuro possível.
Então, no princípio tudo era Pindorama,
que significa “Terra das Palmeiras”
em tupi – nome dado ao Brasil pelos nativos do período pré-cabralino -, onde
viviam várias sociedades indígenas que, segundo estudos realizados por Proust
(2006, p. 7-8), “[...] as sociedades
indígenas estavam implantadas no Brasil há mais de 12.000 anos e tiveram muito
tempo para se transformar”. Baseia-se o autor nas fontes arqueológicas
encontradas em diversos estudos realizados nas fontes compostas de vestígios
materiais deixados pelos homens e parcialmente preservados dos processos
naturais de degradação.
Durante os mais diversos estudos
antropológicos e geológicos, foram identificados sítios onde os grafismos
definem uma tradição nordestina desenvolvida entre 12 e 6 mil anos atrás,
explicitando Proust (2006, p. 13) que: “Ao
longo dos rios semipermanentes de Pernambuco, da Paraíba e na beirada dos
afluentes do Araguaia, em Goiás, matacões e lajedos cobertos por gravuras são
tradicionalmente chamados Itacoatiara. No Nordeste dominam conjuntos de
pequenas depressões que podem ser interpretadas como constelações ou como gotas
de água”. Tais afirmações, inclusive, coincidem com os registros
arqueológicos encontrados em diversos municípios do estado pernambucano e, hoje
alagoano, comprovando a existência do homem pré-histórico no território.
Sobre tais informações, fica evidente que
as tribos primitivas que povoavam a região eram nômades e, segundo Fernandes
(1960, p. 113), “[...] sua mobilidade no
espaço era relativamente grande”, uma vez que se deslocavam periodicamente
dentro de uma determinada região, depois abandonando para buscar outra
localidade mais fértil e mais rica de recursos naturais. Da mesma forma,
encontramos as descrições históricas elaboradas por Bueno (2003, p. 15),
traçando o perfil dessa sociedade primitiva do território de Pindorama,
assinalando que: “[...] Povos nômades
vindos da Ásia, através do Estreito de Bering, teriam sido os primeiros a
colonizar o vasto território, em data ainda desconhecida, talvez por volta de
40 mil anos atrás. Um desses povos deu origem aos tupis-guaranis, uma das sete
grandes famílias que constituíam o grupo lingüístico Macro-Tupi. No inicio da
Era Cristã, os tupis-guaranis começaram a migrar através dos vales de alguns
afluentes do Rio Amazonas. Embora de fundo religioso, a migração deu-se por
causa de crescimento demográfico e da desertificação territorial tribal. Os
tupis chegaram ao litoral do Brasil e dali expulsaram os tapuias (“os outros”,
em tupi). Os tupis cultivavam mandioca e milho - símbolos da civilização – e,
por isso, eram mais evoluídos que os tapuias, coletores e caçadores que eles
consideravam bárbaros. Os tapuias (que eram do grupo lingüístico Jê) já haviam
expulsado da praia seus habitantes originais, os chamados homens dos sambaquis”.
Tal condução leva a patentear que as tribos primitivas que povoavam Pindorama
estavam enraizadas em todo território há milênios. E tal menção assume
importância pelo fato da história oficial brasileira admitir apenas a
existência do nosso território a partir do “descobrimento” do Brasil, quando,
na verdade, muitos outros povos aqui estiveram muito antes, determinando,
apenas, que os portugueses verdadeiramente acharam e invadiram o Brasil. Além
disso, posicionam-se diversos historiadores e estudiosos que muito antes dos
portugueses acharem e invadirem as terras brasileiras, outros povos por aqui
circularam entre os aborígines, encontrando-se informações de que há milênios,
por exemplo, os fenícios estiveram na costa brasileira por volta 1100 a.C.,
penetrando pelo interior à cata de minas de ouro, conforme informa Barbalho
(1983, p. 27), baseado no austríaco Ludwig Schwenhagen: [...] Já se conhecem, aproximadamente, dois mil
letreiros e inscrições espalhados sobre todo território brasileiro e gravados
nas pedras com instrumentos de ferro ou bronze, ou com tintas indeléveis,
quimicamente preparadas, caracteres petroglíficos evidentemente feitos por
homens que sabiam escrever e usavam alfabetos de povos civilizados do Mar
Mediterrâneo. Provado também está que existiu transatlântica navegação entre
esses povos e o continente brasileiro, durante muitos séculos antes de Cristo.
[...] existem também indícios da antiga
escrita babilônica a que se dava o nome de sumérica. Ainda mais, há letreiros
escritos com hieróglifos egípcios e, em outras pedras, diferenciam-se variantes
de letras encontradas em inscrição da ilha de Creta, da Caria, da Etrúria e
Ibéria, bem como letras gregas e mesmo latinas. É nesta condução que se
encontram as narrativas do historiador grego Diodoro do séc. I a.C., e, também,
dos estudos feitos pelo arqueólogo brasileiro Silva Ramos. A respeito disso, Barbalho
(1983, p. 30) faz referências ao relato do historiador grego Diodoro Sículo, de
Agrigento, cidade grega da Sicília, contemporâneo de Cícero e Julio Cezar,
mencionando que: “As correntes oceânicas
saídas de Guiné, rumo ao Brasil, foram conhecidas dos navegadores da
antiguidade como dos da Idade Média. [...] Os navegadores fenícios encontraram as mesmas correntes oceânicas de que
se aproveitaria Cabral para alcançar o continente brasileiro, e chegaram, com
viagem de muitos dias às costas do Nordeste do Brasil, efetivando proeza
pioneira e tornando-se descobridores do Novo Mundo já em 1100 a.C. Diodoro
narra a viagem dos fenícios, praticamente com as mesmas palavras usadas, muito
tempo depois, nos compêndios escolares brasileiros acerca da viagem de Cabral”.
É com base nisso e noutros estudos realizados por pesquisadores, estudiosos,
antropólogos e historiadores, que antes dos portugueses, além dos fenícios,
rondaram o território brasileiro desde vikings, celtas, iberos, gauleses,
bretões, anglos, saxões, francos, germanos e até neerlandeses. Observa o autor
em seus estudos que isso se comprova mediante a questão da origem do nome
Brasil que já era conhecido antes da era pré-cristã, referenciado como o
Eldorado, o éden terrestre, ou o paraíso. Tal alusão é também observada por Almeida
(2007, 32/37), dando conta de que: “[...] relatos
de viagem do período medieval afirmavam a existência de um paraíso terrestre;
descrições míticas que legitimaram a reconquista ibérica. [...] Por muito tempo, narrativas como as viagens
de São Brandão e de Amaro, entre outros navegantes, foram vistas como motivação
para as conquistas marítimas”. Tal entendimento bate com a expressão Hy Brazil ou Hy-Breazil que, segundo Bueno (2003, p. 124), tem referência com: “[...]
uma das tantas ilhas mitológicas
espalhadas pelo Mar Tenebroso se chamava Hy Brazil. Era um território lendário,
assoado com a trajetória de São Brandão, místico irlandês que, no ano 565 da
era cristã, tinha partido para o oceano em busca de uma terra sem males. Depois
de terrível peregrinação náutica, o religioso enfim chegou a uma ilha movediça,
ressonante de sinos sobre o velho mar. Batizou-a de Hy Brazil, a Terra da
Bem-Aventurança. Brazil provêm da palavra celta “bress”, origem do inglês
“bless” que quer dizer abençoar”. No caso da origem do nome Brasil,
diversas pesquisas realizadas redundam na celeuma e diversidade de
entendimentos entre dicionaristas, enciclopedistas, linguistas e pesquisadores,
encontrando-se o étimo como originário do celta breasail, ou do sânscrito bradshita,
ou do grego brázein, também do baixo
latim brasile, ou do toscano verzino di brasili e do vêneto berzi,
do genovês brazil ou brezill, do germânico bras, do aríaco parasil, da expressão Hy-Brazail
– referência a uma ilha do Atlântico povoada pelos índios vermelhos, segundo
consta de narrativas recolhidas dos antigos irlandeses - e, ainda, do tupi ibira-ciri por causa da Caesalpina echinata, uma madeira
vermelha mais popularmente conhecida como pau-brasil, além do tupi-guarani, paraci. Tais expressões significam,
segundo dicionaristas e enciclopedistas, algo em torno de pau eriçado o que
adviria do pau-brasil. Entretanto, reitere-se que deste as mais remotas eras o
nome Brasil teve significação de paraíso terrestre, éden, eldorado, Canaã,
coisas assemelhadas ao paraíso do Velho Testamento.
É conveniente, portanto, a necessidade de
colocar verdadeiramente que antes dos portugueses já se conhecia a expressão
Brasil, outros povos por aqui passaram e que, acima de tudo, aqui existiam
tribos indígenas, como se sabe oficialmente, e que, pela visita, invasão e
exploração de outros povos que contribuíram direta e indiretamente para a
formação brasileira, reconhecendo, evidentemente, a predominância portuguesa. Veja mais aqui.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Néri. Em busca do paraíso.
Brasil. Especial História: colônia, império, república. Edição 2, p. 32/37,
abril/2007.
BARBALHO, Nelson. Cronologia Pernambucana
- Subsídios para a História do Agreste e do Sertão. Recife: FIAM, 1983.
BUENO, Eduardo. Brasil: terra à vista!
Porto Alegre: LP&M, 2003.
FERNANDES, Florestan. Mudanças sociais no
Brasil. São Paulo: Difusão do Livro, 1960.
PROUST, André. O Brasil antes dos
brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
PENSAMENTO DO DIA – A gente deve simplificar as coias, buscar os
sons como quem quer compreendê-los e, depois, passá-los adante da forma mais
simples possível. Pensamento do poeta, dramaturgo, jornalista, compositor e
diplomata brasileiro Vinicius de Moraes (1913-1980). Veja mais aqui,
aqui & aqui.
A ERVA DO DIABO - [...]
Qualquer caminho é apenas um caminho e
não contitui insulto algum – para si mesmo ou para os outros – abandoná-lo
quando assim ordena seu coração. [...] Olhe
cada caminho com cuidado e atenção.tente-o tantas vezes quantas julgar
necessárias... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui
esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o camnho é bom. Caso contrário,
esse caminho não possui importância alguma. [...]. Trecho extraído da obra A erva do diabo: as experiências indigenas
com plantas alucinógenas reveladas por Dom Juan (Record, 1968), do escritor
e antropólogo peruano Carlos Castañeda (1925-1998).
Veja mais aqui.
MITO DE SÍSIFO – [...]
A partir do momento em que ela é
reconhecida, a absurdidade é uma paixão, a mais dilacerante de todas. [...]
O absurdo nasce da confrontação entre os
anseios humanos e o silêncio iníquo do mundo. É isso que não se pode esquecer. É
disso que é necessário enganchar-se porque toda a conseqüência de uma vida pode
brotar disso. A irracionalidade, a nostalgia humana e o absurdo que surge de
seu confronto são portanto as três personagens do drama que deve
necessariamente acabar com toda a lógica de onde uma existência é possível.
[...] sua grandeza é sua inconseqüência. A
prova de sua existência é sua inumanidade. [...]. Viver é fazer viver o absurdo. Fazer viver é antes de tudo olhá-lo. Ao contrário
de Eurídice, o absurdo não morre quando a gente olha para trás. Trechos
extraídos da obra O mito de Sísifo (Livros
do Brasil, 2002), do escritor, dramaturgo e filósofo francês Albert Camus
(1913-1960). Veja mais aqui.
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Pois bem, você sabe qual o esporte mais praticado no Brasil?????
Assinale a alternativa correta:
1. Futebol - nesse a gente está careca de saber que somos pentacampeão do mundo, quase hexa num fosse a moleza, salto alto e desentrosamento dos jogadores e a bosteira do Parreira!
2. Voleibol - esse está trazendo muitas medalhas tanto no masculino como no feminino!
3. Basquetebol - que a gente ainda fica babando com a lembrança da dupla Hortência/Paula!!!
4. Futsal - que ganha de goleadas e manda ver!
5. Futebol de praia - ah, memoráveis tempos do Zico, Júnior e dos de hoje!
6. Jogo de cartas - esse eu tenho certeza que tá todo mundo ainda sapecando frouxo!
7. Porrinha (aquela dos palitinhos adivinhando tudo na mão dos outros, sabe?)
8. Xadrez - eita, nem sei se vai longe, ainda me lembro do Mequinho, lembram?
9. Sinuca - ah, num fosse o Rui Chapéu a gente nem sabia que havia campeonato!
10. Pedras - ah, aquela de jogar pedras na vidraça dos outros!
11. Pulhas - ah, todo mundo joga das suas todos os dias, todo dia o dia todo, né? Tem até os enfurecidos que jogam a mãe dos outros!
12. Cuspe - esse eu acho uma descortesia da peste! Melhor cuspir pra cima, se não sair de baixo ele cai na cara mesmo.
13. Espórtula - essa prática que é mais conhecida como: molha-mão, propina, gordura-no-pé-do-cipa, gorjeta, vaselina-pra-funcionário-público, azeite-no-governo, esculhambação de tudo, jeitinho brasileiro, ajeita-aí, facilita-vai!, derrocada-do-PT, alegria-de-autoridade, dízimo, comissão, vantagens, e-na-moringa-não-vai-água?, protocolo, abre-cu da burocracia, moleza, amansa-corno, salivada e por ai vai!!!
Deixe sua manifestação e acompanhe as estatísticas!!!
Participe desse momento histórico da vida brasileira!!!
Vamos nessa? Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!
Beijabrações
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Imagem: Carol Nude, de Tom Wesselmann.