A arte da atriz estadunidense Muriel
Ostriche (1896–1989), que atuou na era do cinema mudo e estrelou
134 filmes em toda sua carreira.

DITOS & DESDITOS - A palavra intelectual
não me define porque escrevo instintivamente para aprofundar meus sentimentos;
mas não gosto de falar sobre o que escrevo, não gosto de
entrevistas. Me deixa nervoso que eles me levem muito a
sério. Pensamento do escritor irlandês William
Trevor Cox (1928-2016).
ALGUÉM FALOU: Quem ama profundamente
nunca envelhece; eles podem morrer de velhice, mas morrem jovens. No fundo, dos quarenta aos cinquenta anos, o
homem ou é um estoico, ou é um sátiro. Enquanto houver chá, há
esperança. Pensamento do dramaturgo britânico Arthur
Wing Pinero (1855-1934).
REQUIEM
- [...] Pois é, confirmou ele, comigo é
sempre assim, mas olhe, não acha que é isso mesmo que a literatura deve fazer,
desassossegar?, eu cá por mim não tenho confiança na literatura que tranquilia
as consciências. Eu também não, aprovei, mas está a ver, eu já de mim sou muito
desassossegado, o seu desassossego junta-se ao meu e produz angústia. [...].
Trecho extraído de Requiem: uma alucinação (Quetzal, 1991), do
escritor e professor italiano Antonio Tabuchi (1943-2012), obra que é uma
declaração de amor a Lisboa, cidade que adotou para viver e onde morreu; e
sobretudo ao português, idioma no qual escreve este romance, com uma narrativa
que escorre num estado entre a realidade e o sonho, seu protagonista deambula
pelas ruas da capital portuguesa num tórrido domingo de julho. Veja mais aqui.
DOIS POEMAS - À TARDE - olhar com o olhar espantado
/ o voo do primeiro pássaro noturno / e saber que em breve / haverá algum tipo
de confronto / de alucinação coletiva, uivo geral / saber / que por trás do
olho / guardamos uma planície de risadas / dobrada em algum desvão da alma / –
a sensação lisérgica de estar aí / e perceber / a fumaça dos últimos
acampamentos / a casa na encosta do morro / o albatroz que arrepia sua
trajetória / os mosquitos que zumbem e que zumbem e que zumbem / nesta tarde / em
que três petroleiros se encaram / e trocam sinais ao largo / e uma memória nos
persegue / de rios, cataratas e pororocas / nesta praia / que é fim e começo / de
qualquer coisa já sabida e possuída / e oculta / no oco da última fibra nervosa.
CHEGO MAIS PERTO - atravesso um filtro de maresias / recolho das ondas a
simetria deste poema / nuvens dilaceram-se em um derradeiro combate de cores / enquanto
o mar / (um rio mais indomável) / respira pesadamente / passando à minha frente
/ com a lentidão solene das procissões de barqueiros religiosos / estendendo
seu cobertor de noites / abafando as fogueiras do fundo / acesas nas clareiras
onde afogados tentam aquecer as mãos / a presença humana é murmúrio e solidão /
restam apenas estes dois navios cargueiros / sombras recortadas contra o longe
/ dois barcos / – dois pontos / vozes solitárias insignificantes e nulas / mergulhando
no vazio cinzento / e este veleiro / mancha agitada sobre um mapa de negações /
deslizando rápido para dentro da sua hora noturna / o humano recua de vez / agora
tudo é distância e vazio / dissolvem-se as palavras e a paisagem / resta apenas
o outro / tudo o que não somos / tudo o que nos é estranho / como um texto / oco
da memória viva / malha obscura de encontros amorosos / o negativo deste nosso
mundo de coordenadas terrestres / com seu surdo murmúrio de infinitas fontes.
Poemas do poeta, tradutor e ensaísta Claudio
Willer. Veja mais aqui & aqui.

CONCLUSÃO
- Observou-se com a realização do presente trabalho que a atuação dos pais, do
professor e do educador na fase infantil possui uma responsabilidade enorme sob
a ótica psicanalítica. A obra estudada que traz uma conexão entre a educação e
a psicanálise, esclarecem de forma objetiva as contribuições do pensamento
psicanalítico, recorrendo às reflexões freudianas e dos condutores dessas
ideias, evidenciando uma educação profilática com base na orientação
psicanalítica. Teve-se, portanto, a constatação de que civilização se
fundamenta nos valores morais e culturais de renuncia pulsional, caracterizando
a responsabilidade de avaliação dos efeitos destrutivos dessa renuncia, cabendo
à educação preparar o ser humano para sua utilidade social e aptidão cultural,
sem que sacrifícios incorram repressivamente. Os apontamentos encontrados na
obra dão conta de que a coerção e repressão promovida pela cultura e pelos
valores morais da civilização incidem diretamente na educação, tornando-a
incapaz de abrandar a infelicidade e insatisfação concernentes a sexualidade
humana. As perspectivas apresentadas pela obra dão conta de outros argumentos
em torno da interdição e da insatisfação sexual, castrando o individuo para a
culpa e o arrependimento num cenário de ilusões que são forjadas para poupar os
sentimentos de desprazer. Diante disso, a educação, sob o ponto de
psicanalítico, possui um papel fundamental na condução das energias perversas
socialmente úteis, identificando-se o problema de transferência e de ideal de
ego, favorecendo a sujeição de todos os alunos ao professor na expressão do desejo
narcisista de que todos correspondam às suas expectativas. Esse processo de
subjugação imposto pela relação com autoridade converte-se com a prática do
professor num interdito do pensar, refletidas desde as ocultações e segredos
promovidos pelos pais para encobrir a questão sexual e assim reprimi-las e
coibi-las, resultado da consciência maléfica de todos, seja pais, família ou
sociedade. Essas ocultações e segredos passam então a intimidar e ofender as
investigações pulsionais da criança que, por consequência, passam a desconfiar
do mundo adulto. Nesse processo as religiões assumem representação significação
na elaboração de infantilismo e dependência, observando-se o conflito entre as
teorias sexuais infantis e os propósitos religiosos. Da mesma forma, os
discursos políticos voltados para a revolução comunista atuam da mesma forma
que os propósitos religiosos, ao mesmo tempo em que negam as dificuldades
culturais, atuando também coercitiva e repressivamente sobre o desenvolvimento
da criança. Essas repressões e coerções levam ao interdito do pensar. Sob a
ótica psicanalítica a educação precisa equilibrar a permissão e a privação,
tendo-se previamente a atenção na advertência que a psicanálise não defende a
profilaxia das neuroses pelo processo da educação, recorrendo-se ao corpo
teórico da análise para corrigir a tarefa educacional. As contribuições da
psicanálise para o cumprimento da função educacional estão na demonstração da
especificidade da realidade infantil, requerendo aprofundada pesquisa para
desenvolvimento de suas atribuições. É nesse período que a criança está sujeita
à submissão dos valores da cultura e da moralidade que contribuem para causa de
neuroses ou doenças nervosas, tendo em vista o comportamento conservador
repressivo e coercitivo exercido tanto pelos pais como pelos profissionais da
educação. Para que a educação possa contribuir para o desenvolvimento saudável
e qualidade de vida criança, faz-se necessário aos profissionais dessa área a
responsabilidade de atuar com a compreensão de que a cultura e os valores
morais da sociedade podem coibir o adequado desenvolvimento da criança,
exigindo-se uma capacidade que envolva a intervenção pedagógica pautada no
apoio aos anseios e desejos para a formação das crianças. Essa intervenção traz
a implicação de um processo de formação teórico articulado com a experiência
individual no sentido de articular os conteúdos e saberes em conformidade com
as situações de aprendizagem que respeitem as dimensões socioafetiva, cognitiva
e física dos alunos em fase de desenvolvimento. É preciso que os profissionais
da educação respeitem as fases de desenvolvimento da criança e, tendo
conhecimento psicanalítico, possa assim desenvolver uma atividade eficiente e
eficaz que contribua para formação individual. Por conclusão, é indubitável a
contribuição do presente estudo tendo em vista o caráter inovador da obra
freudiana no desenvolvimento da psicanálise e do entendimento fora do campo da
moral da sexualidade. Trata-se de um marco teórico que necessita de leituras,
releituras e aprofundamentos para melhor entendimento da perspectiva
psicanalítica, por possibilita a abertura de novas perspectivas para
compreensão do ser humano. O entendimento psicanalítico de que a civilização
está expressada na cultura e nos valores morais conservadores, dando lugar ao
interdito, a repressão e a coerção à sexualidade, torna-se indispensável melhor
apreciar a obra freudiana acerca da pulsão sexual para que haja uma melhor
compreensão acerca da natureza humana e de seus complexos. Observou-se que a
psicanálise pode contribuir para a formação de uma educação emancipatória e
progressista no sentido de melhor entender a natureza humana a partir de uma
melhor compreensão da sua sexualidade. Esse foi o propósito freudiano ao longo
de sua obra sem, no entanto, se deter especificação numa educação psicanalítica
que seria professada por seus seguidores, embora não havendo consenso entre
eles, mas como resultado geral identificando contribuições específicas para
tal. A exclusão da sexualidade no campo educacional é, sem sombra de dúvida, um
dos problemas que levam a uma série de outros problemas como o interdito do
saber, o interdito do prazer e a insatisfação da pulsão sexual, responsáveis
esses pela criação de neuroses e doenças nervosas. Outros aspectos ligados à
educação chamaram atenção dos autores da obra estudada, como o papel
desempenhado pelos professores na reprodução da moralidade e da cultura
civilizada baseada no conservadorismo e na exclusão da sexualidade humana
procurando segredar ou ocultar tão evidência para o melhor convívio social. Na
verdade não se pode ter um bom convívio social ou qualidade de vida com a
ocultação ou exclusão da sexualidade na relação humana, tendo em vista esta
estar presente no desenvolvimento do ser humano desde a infância e por todas as
fases da vida humana. É dessa forma que o pensamento freudiano destaca o papel
da educação, notadamente quando o processo educativo está permeado de repressão
coibindo a pulsão sexual, tornando-se uma prática inválida capaz de acarretar
danos à saúde mental do individuo. Esse modelo de educação freia o
desenvolvimento de crianças, inibe o pensamento, reprime a mulher, causa danos
ao adulto e traz por consequência problemas que podem levar a neuroses e
doenças nervosas. Tem-se, por fim, que a leitura da obra em questão é sumamente
relevante para um maior conhecimento acerca da psicanálise e do seu papel
inestimável para a educação.Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA
CIFALI, Mireille e
IMBERT, Francis. Freud e a Pedagogia.São Paulo: Loyola, 1999. Veja
mais aqui e aqui.

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