A arte do do fotógrafo australiano Max Dupain (1911-1992).
LITERÓTICA: A
VARANDA – A lua reinava com a chegada da noite naquelas
paragens. Era cheia na penumbra e transversal dos beijos estalados com sabor de
cerveja e mar. No escurinho, frente a frente, mergulhamos no confronto dos
corpos e ela beijoqueira começou a uivar com seus olhos de faroleiro errante. Primeiro
naufraguei no seu decote e embarquei lépido rumo à plataforma do amor e nele
fiz morada para sempre sem abrir mão de cavoucar todos os acidentes geográficos
de sua assimetria provocadora. E fui, com uma mão entre a pele da cintura e o
elástico do biquíni rompendo os vales do ventre umedecido. A outra alisando
impune o dorso da coxa divisando a mina púbica de todos os desejos florescidos.
Essa a nossa balada, o momento perfeito. Foi quando ela transida pela loucura
da sedução infringiu todos os limites. Investigou, virando a cabeça,
inspecionando lado a lado, conferindo os mínimos detalhes do ambiente para ver
a existência de alguma presença afora a nossa, algum testemunho ou atrapalho
flagrante. Enquanto fazia sua minuciosa conferência por toda dimensão territorial,
eu me rendia ao toque de suas mãos inquietas e usurpadoras. Era porque enquanto
ela inspecionava tudo, as suas mãos percorriam minha carne agitando minhas
veias., vasculhando meu ventre e, depois da conferência geral, foi se ajeitando
comodamente até que ajoelhou-se no piso forrado da paixão como uma Juliete
Binoche arrepiada com a intimidade desnuda embaixo da saia levantada que dava
comodamente com a vagina nua assentada e esfregada no meu pé como se fosse a
sela do corcel onde ela rebolava e se arrastava à medida que se preparava para
uma prece em frente da minha vela viva e empunhada pelo seu bulício. Parecia
que estava insatisfeita de tudo e como quem quer mais do que possui, aos
murmúrios lancinantes do cio, ela arremessou a vida no alvo do meu sexo
premiado e dele fez o pavio de sua busca para alimentar o hábito de querer no
hálito de sua alma requerente com o trabalho de quem faz por amor na labuta dos
amantes, fazendo-o da pira iluminada com a sua língua acendedora de lampião no
breu. Acolhedora atirou-se incansável e frenética e foi recolhendo todo meu
edifício vistoso, andar por andar, lentamente, centímetro por milímetro,
delicada e vorazmente implorando por misericórdia porque queria mais e muito
mais do que havia até então se apropriado. Ela rangia os dentes, boca cheia
dágua da baba escorrer pelo canto. E mais agitada ia acomodando o meu rijo
tridente pelos vãos dos seus lábios que apontam os jardins do Éden. E ruminava
contornando toda cúpula, torre e superfície acesa descortinando a lâmina afiada
da minha espada porque sua boca movediça tratava de dar cabo de toda dimensão
da minha estatura agora untada por sua saliva e batom vermelho que é a rosa em
flor de lótus com mil pétalas estelares para toda a cobiça e se apossava com
todo gosto e me destrinchava reavendo o que perdi na existência e não me
restava mais nada do que aquilo tudo da dádiva dela. Foi aí que seguiu
desmedida e sussurrava amolegando o meu guidon energizado, completamente
abocanhado por sua faminta determinação. E gemia com a lareira do seu ventre
grudado na minha pele. E prostrada sobre o meu ventre ela encarava a minha
serpente de gumes afiados e que descobre todos os seus mistérios e que a faz
mais que o esplendor do veludo sobre o meu mel. E lambia os lábios abastados
como quem se prepara para o banquete de gratidão, como quem se arma para o bote
benfazejo ao paladar e se arregalava quando suas mãos arregaçavam com mil
beijos de sua gula profana que invadia e lambuzava, segurava e sobejava o meu
sobejo e vicejava afogada na mira, retendo para si entre os dedos esgoelada e
sugava e eu crescia. E afagava com o rosto, e tomava insaciável o falo como
quem mede o palmo na palma da mão, ah, fodoral. Aí ela fechava o cerco e nada
perco porque o meu cajado luzidio é o pico salivado pela sua sede e fome como
quem escava o poço da garganta quando emerso da sua arma mais estreito
transponho a abertura do seu empenho que se sujeitava a caprichar no vai-e-vem
e a confiscar minha vigília como quem persegue a sua vingança, como quem rompe
o senso de quem quer consolo a qualquer preço, como quem quer colo a qualquer
custo e comendo bolo no maior rolo e eu aceso nos seus beiços que são novelos
que me envolve na alquimia que me faz fruta madura quando a noite não cabe mais
e retomo sem me deter e puxo, repuxo com força e quero atravessar sua laringe
até onde mais der porque as suas margens esborraram com a lambida
caleidoscópica onde toda cornucópia é mais que abundante e faustosa e tudo é
imenso e absorve a minha manivela por inteiro porque ela engole o cabo e eu no
seu reduto de cadela rosnando no osso de carne como quem saboreia um picolé
delicioso e eu no auge vou como quem perde o leme, esquece a rota e ela me leva
ao tálamo da sua presença ampla, vasta e totalmente viva entre as sombras que
tenho porque fecho os olhos e ela sorve meu sêmen completamente embriagada e
deliciando o néctar do meu gozo vivo nas galáxias de sua divina abóbada
palatina que é a taça do desejo de sua mais que viçosa alma de nenhum fastio e
transcendente precipício das chamas no maremoto da saliva que é o véu e que
inventa o abismo delicioso que colhi e decifrei com toda e nenhuma direção e
consinto que se sirva enquanto eu vulnerável vou sucumbindo à paixão do amor
mais que desejado. Estava eu entregue e sob o seu jugo enquanto ela, olhar de
sonsa, jeito de manhosa que não tem nada a ver com isso, risinho safado oculto
no olhar, satisfação de tímida e nua reluzente, danada de gostosura e me
tratando por herói, me fazendo amo e querendo ainda ser estraçalhada pela minha
voraz vontade de esganá-la por inteiro com meus beijos, carícias e esfregões. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS &
DESDITOS - O mais admirável no fantástico é que o fantástico não
existe; tudo é real. Pensamento do
escritor francês André Breton (1886-1966). Veja mais aqui.
A INVENÇÃO DO
NORDESTE – [...] O Nordeste, assim
como o Brasil, não são recortes naturais, políticos ou econômicos apenas, mas,
principalmente, construções imagético-discursivas, constelações de sentido. [...] O
Nordeste, na verdade, está em toda parte desta região, do país, e em lugar
nenhum, porque ele é uma cristalização de estereótipos que são subjetivados
como característicos do ser nordestino e do Nordeste. [...] Trecho extraído
da obra A invenção do Nordeste e outras
artes (Massangana/Cortez, 2009), do historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr.
O ROMANCE DO
NOVECENTO - [...] O
homem já não sabe (ou não sabe ainda, não reaprendeu a entender) quem é. Não
sabe porque a trégua entre ele e a sociedade, entre ele e o mundo, partiu-se.
[...] Além disso, o homem não está mais de acordo com o mundo, entendido como
essência, tanto é verdade que até a física está alterando todas as suas
hipóteses sobre a estrutura da matéria e sobre a evolução dos fenômenos
[...].
Trecho extraído da obra Il romanzo del novecento (Garzanti, 1987), do jornalista e critico literário Giacomo Debenedetti (1901-1967).
UM POEMA - Beatriz tem três anos / No alto da escada / Peço-lhe a
mão. Sim. / Dá-me a mão. / Escondo-a até ao pulso / Com a minha palma, / Um
pequeno volume consolador. / Tomamos todo o tempo / Para descer a íngreme / escada
alcatifada / Desejando eu em silêncio / Que a escada não tenha fim. Poema do poeta e
novelista britânico Adrian Mitchell
(1932-2008).
A arte do do fotógrafo australiano Max Dupain (1911-1992).
COISAS DE MACEIÓ – COAGRO
Estava eu doidinho da silva precisando de um produto inseticida para aplacar o pandemônio dumas baratinhas sacais que reinavam nos meus livros.
Um vizinho solidário com minha agonia, indicou-se uma série de empresas que poderiam me atender. Liguei uma a uma, até me indicar a Coagro.
Quando me falou da empresa, empunhamos a lista telefônica e descobrimos o número da loja da Avenida Durval de Gois Monteiro, uns 20 ou 30 quilômetros de onde eu estava. Aí liguei.
- Alô? -, disse eu.
- Dois minutos -, disse o sujeito que atendeu.
Nisso passou uns 5 minutos. Desliguei e tornei a ligar. Atenderam.
- Alô? -, disse eu, de novo.
- Dois minutos -, disse-me de novo quem atendeu.
Aí apelei!
- Porra, cara, tô ligando e vocês não atendem? -, disse isso e fui logo jogando reclamação braba.
Daí uns minutos o cara com voz embrulhada disse que a moça que atendia o telefone não estava e que eu aguardasse mais.
Aí minha paciência foi a zero.
O pior: o colocou o telefone no gancho.
Liguei de novo. Chamou, chamou e nada. Insisti. Quando já desistiu, uma moça atendeu.
- Minha filha, por favor, tem Maxforce IC? -, solicitei meio cordial.
- Tem -, respondeu-me de pronto.
- Quanto é?
- R$ 31,77.
- Vocês entregam em domicilio?
- Não.
- Onde vocês ficam?
- Na Avenida Durval de Gois Monteiro....
- Tá, vou pegar um táxi e chego já aí.
Fui, liguei para empresa de táxi, 15 minutos depois chegou. Me aboletei no banco de trás e mandei o endereço. Fomos. Logo pegamos um engarrafamento da porra na Avenida Fernandes Lima. Coisa duns 40 minutos empancado. Mas 1 hora de depois estava eu entrando na Coagro. Dirijo-me até o balcão e solicito do vendedor.
- Estou precisando de Maxforce IC.
- É pra já -, respondeu-me o vendedor.
Dirigimo-nos até a gôndola quando um certo cidadão instou do vendedor e começaram a conversar. Tive paciência. Mas quando falaram da cachaça de mais tarde, aí cheguei junto e puxei o vendedor que se lembrou que eu existia. Foi, então, que ele começou a passar o dedo sobre os produtos.
- Tem o Maxforce comum.
- Eu quero o IC.
- Esse não tem.
- Como?
- Não tem, ora.
- Mas eu liguei praqui há 1 hora atrás, falei com uma moça e ela me disse que tinha e que custava R$ 31,77.
O vendedor então olhou direitinho e encontrou a tabuleta dizendo: Maxiforce IC, R$ 31,77. Aí ele olhou para mim com uma cara zombeteira e disse:
- Tá aqui na plaqueta: Maxforce IC, R$ 31,77, mas não tem o produto, tá em falta.
- Mas rapaz, eu liguei, perguntei se tinha, me disseram que tinha e quanto custava, ainda me disseram que tinham para pronta entrega, peguei um táxi, vou gastar R$ 40 nessa travessia toda que vim da Mangabeiras e você me diz com a cara mais cínica que não tem?
- Não tem, ora. Quer que eu fabrique? -, disse-me desafiador.
Aí, perdi a esportiva e ?!¨$#$&*&*%&$?!!!!!$%#@!@*%$##@!@!#$#@!!##@@!%&*+%$#!@!, tudo isso comigo mesmo enquanto encarava a lata do sujeitinho sarcástico.
Aí contei até 10 e considerei: em Maceió onde a qualidade? Respondem: O que é isso? Ah, lembrei, ainda nem chegou. Pra gente já foi pro beleléu.
“Ó, Maceió, é três mulé prum homi só....” larilarilará.
Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!
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