sábado, julho 05, 2008

ADÉLIA PRADO, RILKE, GUSDORF, SÉRAPHINE LOUIS, VERA FOLLAIN, FECAMEPA & LITERÓTICA

 
A arte da pintora francesa e Séraphine Louis (1864-1942). Veja mais aqui.

UMA CANÇÃO PRO MEU AMOR - É quando a tarde é mansa que o meu desejo acende com a gula de querer além da conta toda a sua inexprimível sedução. É quando vou esfaimado mergulhar no seu riso de sol vasto porque nasci destinado a amá-la completa e indecentemente. É aí que me atiro mergulhando nos seus olhos de mar que me dão seu sexo fulgurante e desesperado que emerge do seu jeito nu e completamente minha clamando com o remexido de sua dança sensual onde sou suicida de suas montanhas mais que ambicionadas. É quando me jogo e subo por suas pernas onde semeio minhas lambidas que rebenta na minha obscenidade inescrupulosa de retê-la toda para mim até repousar no seu ventre fuviando ao alcance da minha assanhada posse demoradeira sem regresso. É quando me extasio na sua reluzente boca que me engole varada de astúcias e bebe do meu sobejo e brinda festiva até ficar lavada por meu sêmen para sufocá-la com a minha euforia. É quando você se faz meu abrigo porque descobri sua concha que levo comigo e me faz esfaimado hóspede que deprava seus desejos ignorando o futuro, penetrando a sua solidão e mantendo o seu trote delicioso e interminável. E se me fosse dado o poder de refazer tudo que já fiz, eu queria nunca ter que ir embora. Mesmo que fosse tarde, mesmo que fosse nunca, ou jamais. E se me fosse dado o poder de sonhar de novo tudo o que sonhei, jamais queria acordar, mesmo que a vida me dissesse para não valer. E se eu tivesse que vencer um dia o invencível, só queria vencer toda sua querência quando me dá o que é para mim de nunca acabar Porque eu tenho a sua flor e não quero que ela seja cinza na minha mão. Porque eu tenho o seu beijo tatuado na minha alma e não quero jamais que a solidão me ensine que tudo um dia basta. Porque eu tenho a sua dor e sorri para que nascesse o sol sempre na nossa entrega. Eu recolhi a sua lágrima e a gente rio caudaloso que se esvaia em desejos e desencontros. Eu vivi o seu sonho e fui com seu desespero onde tudo é o que não tem pra onde ir e ficamos juntos porque eu sempre tive a sua pele na minha alma como se nunca fosse possível arrancá-la, levando a vida que pude ter para viver. Porque na gente a dor não vai durar pra sempre pelo que foi ou jamais será só porque ontem soubemos nos alimentar do irrefreável prazer. Porque o azul nos salva dos abismos. E eu enlouqueci me refugiando no seu mangue irremediavelmente delirante a me fazer percorrer por seu sangue os sonhos de cão sem dono que tenho tudo na sua triunfante teia de amor impossível. Em nós nunca caberá o aceno do adeus porque estou perdido das lembranças a me enfincar incendiado no fogo eterno de seu ser que é meu e é todo de maravilhas. Aos saltos meu coração implode tudo e rebenta nos seus seios para que eu seja as labaredas acesas ressaltando seus dotes para sempre a me dar todos os versos e a me entregar todos os poemas. E me faz seu amo a recolher toda minha poesia saindo de sua carne e eu como bicho morto de sede e de fome miseravelmente apaixonado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSA perenidade dos mitos não é devida ao prestigio da fabulação, à magia da literatura. É que ela atesta a perenidade mesma da realidade humana. Pensamento extraído da obra Ciência e poder (Convívio, 1983), do filósofo francês Georges Gusdorf (1912-2000). Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: Nada impede de achar tudo inesgotável, sem desgaste: de onde a arte deveria partir senão dessa alegria e tensão do eterno recomeço? Pensamento do escritor alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926). Veja mais aqui.

ENCENAÇÃO DA REALIDADE - [...] abre-se, entre nós, cada vez mais espaço para uma narrativa curta, que se caracteriza pela condensação do tempo, pelo corte seco e abrupto das cenas, [...] sintoma da desconfiança nos fios condutores que imprimem um sentido aos fatos, na temporalidade que os encadeia pelo princípio de causalidade, nos discursos interpretativos que os ordenam teleologicamente [...]. Trechos extraídos de Dez anos desinventando a nação: capitais voláteis e narrativas sem lastro - Literatura/Política/Cultura: 1994-2004 (EdUFMG, 2005), da professora e pesquisadora Vera Follain, que em outro texto seu, Encenação da realidade: fim ou apogeu da ficção? (Revista Matrizes, 2009), expressa que: [...] À fragmentação que preside as páginas dos jornais, com suas histórias contíguas que só têm em comum a simultaneidade no tempo, se seguiram, na esfera da cultura midiática, muitas outras formas de justaposição de imagens e textos, com as quais se passou a conviver diariamente [...].

PARA CANTAR COM O SALTÉRIO - Te espero desde o acre-mel de maribombos da minha juventude. / Desde quando falei, vou ser cruzado, acompanhar bandeiras, / ser Maria Bonita no bando de Lampião, Anita ou Joana, / desde as brutalidades da minha fé sem dúvidas. / Te espero e não me canso, desde, até agora e para sempre, / amado que virá para pôr sua mão na minha testa / e inventar com sua boca de verdade / o meu nome para mim. Poema extraído da obra Bagagem (Cotovia, 2002), da escritora, professora e filósofa Adélia Prado. Veja mais aqui.


































Veja mais sobre:
Guiando pelos catombos, Elias Canetti, Adélia Prado, Pablo Picasso, Georges Bizet, Maria João Ganga, Lygia Clark, O princípio da Totalidade, Téspis & o nascimento do Teatro aqui.

E mais:
A poesia de Greta Benitez aqui.
Fecamepa & a corrupção ineivada aqui.
A administração & as organizações aqui.
Ascenso Ferreira: Oropa, França e Bahia & outros poemas aqui.
A poesia de Mariza Lourenço aqui.
As trelas do Doro: testamento de bocó aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando o cara num rega direito, o amanhã parece mais o aperto do dia de ontem aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora comemorando a festa do Tataritaritatá!
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
 Paz na Terra:
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.




MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...