terça-feira, janeiro 28, 2014

O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA DE ANTONIO DAMÁSIO & NÓ NA GARGANTA


O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA: SOB A LUZ - Iniciei este livro citando o nascimento e o momento de sair à luz como metáforas sugestivas para a consciência. Quando o self surge na mente pela primeira vez, e para sempre desse momento em diante, dois terços de cada dia vivido, sem nenhuma pausa, saímos à luz da mente e nos tornamos conhecidos por nós mesmos. E agora que a memória de tantas dessas ocasiões criou as pessoas que somos, podemos até mesmo nos imaginar atravessando o palco sob a luz. Tudo começa modestamente, nosso ser vivo em seu sentido mais simples relacionando-se com algo simples dentro ou fora dos limites do corpo. E então a luz se intensifica e, à medida que seu brilho aumenta, mais o universo se ilumina. Mais do que nunca, objetos de nosso passado podem ser vistos com clareza, primeiro separadamente, depois ao mesmo tempo; mais objetos de nosso futuro e ao nosso redor são intensamente iluminados. Sob a luz crescente da consciência, a cada dia mais coisas vêm a ser conhecidas, com mais detalhes e ao mesmo tempo. De seus princípios humildes a seu estado presente, a consciência é uma revelação da existência — uma revelação parcial, devo acrescentar. Em algum ponto de seu desenvolvimento, com a ajuda da memória, do raciocínio e, mais tarde, da linguagem, a consciência também se torna um meio de modificar a existência. Toda criação humana remonta àquele momento de transição em que começamos a manipular a existência guiados pela revelação parcial dessa própria existência. Só criamos um sentido do bem e do mal, assim como normas de comportamento consciencioso, a partir do momento em que tomamos conhecimento de nossa própria natureza e de outros como nós. A própria criatividade — a habilidade para gerar novas ideias e artefatos — requer mais do que a consciência pode fornecer. A criatividade requer uma memória fecunda para fatos e habilidades, uma sofisticada memória operacional, excelente capacidade de raciocínio, linguagem. Mas a consciência está sempre presente no processo da criatividade, não só porque sua luz é indispensável, mas porque a natureza de suas revelações guia o processo da criação, de um modo ou de outro, com maior ou menor intensidade. Curiosamente, tudo o que inventamos, seja o que for, de normas éticas e jurídicas a música e literatura, ciência e tecnologia, é diretamente determinado ou inspirado pelas revelações da existência que a consciência nos proporciona. Ademais, de um modo ou de outro, em um grau maior ou menor, as invenções exercem um efeito sobre a existência assim revelada; alteram-na, para melhor ou para pior. Existe um círculo de influências — existência, consciência, criatividade —, e o círculo se fecha. O drama da condição humana advém unicamente da consciência. Obviamente, a consciência e suas revelações permitem que criemos uma vida melhor para nós mesmos e para outros, mas o preço que pagamos por essa vida melhor é alto. Não é só o preço do risco, do perigo e da dor. É o preço de conhecer o risco, o perigo e a dor. Pior ainda: é o preço de conhecer o que é o prazer e de conhecer quando ele está ausente ou é inacessível. Assim, o drama da condição humana advém da consciência porque diz respeito ao conhecimento obtido em uma troca que nenhum de nós fez: o custo de uma existência melhor é a perda da inocência sobre essa mesma existência. O sentimento do que acontece é a resposta a uma pergunta que nunca fizemos, e é também a moeda de uma troca faustiana que nunca poderíamos ter negociado. A natureza fez isso por nós. Mas drama não é necessariamente tragédia. Em certa medida, de várias maneiras imperfeitas, individual e coletivamente, temos meios para guiar a criatividade e, com isso, melhorar a existência humana em vez de piorá-la. Isso não é fácil de realizar; não há diretrizes a seguir, os êxitos podem ser pequenos, o malogro é provável. Entretanto, se a criatividade for dirigida com sucesso, mesmo modestamente, permitiremos à consciência, mais uma vez, cumprir seu papel de regulador homeostático da existência. Conhecer contribuirá para ser. Tenho até alguma esperança de que compreender a biologia da natureza humana contribuirá com seu quinhão nas escolhas a serem feitas. Seja como for, melhorar as condições da existência é precisamente a finalidade da civilização, a principal consequência da consciência; e, por no mínimo 3 mil anos, com recompensas maiores ou menores, melhorar é o que a civilização vem buscando. A boa notícia, portanto, é que já começamos. O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA – O livro O mistério da consciência, do médico neurologista e neurocientista português, António Rosa Damásio, trata da busca pela compreensão uma das áreas mais nebulosas do conhecimento, abordando acerca da consciência humana. A partir do seu livro O Erro de Descartes, o autor apresenta a sua revolucionária teoria do enigma da consciência, como sendo o maior desafio da filosofia e das ciências da vida, descrevendo como a consciência abriu caminho para o surgimento de realizações humanas como a arte, a ciência, a tecnologia, a religião, a organização social, por meio de uma pesquisa sobre o cérebro e da complexidade de todo ser humano, sua adaptação ao ambiente, sua sobrevivência e os conflitos consigo mesmo que se realiza com um sistema complexo que articula imaginação, criatividade e planejamento que fazem surgir a consciência. O livro aborda questões como a transição da inocência, a consciência moral, as qualidades sensoriais simples, o comportamento frente à mente e o cérebro, a neurobiologia molecular, reflexões sobre dados neurobiológicos e neuropsicológicos, o self e o proto-self, sentir e conhecer, a emoção e o sentimento, homeostasia, a função biológica das emoções, atenção e comportamento intencional, memória, a biologia do conhecimento, o mapeamento dos sinais do corpo, o sistema somático-sensitivo, o sistema nervoso central, o espaço operacional, a neurologia da consciência, anatomia e neuroanatomia, imagens, padrão neural, representações, sistemas subjacentes a mente, entre outros importantes assuntos. Veja mais aqui.

REFERÊNCIA
DAMÁSIO, Antonio. O mistério da consciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


PREÂMBULO – Primeiro eu conheci o poeta Eduardo Proffa por intermédio do poetamigo e artista visual Tchello D´Barros. Tal fato se deu por ocasião da minha participação no programa Alagoas Frente e Verso, capitaneado pelo amigo jornalista João Marcos Carvalho, na Rádio Difusora de Alagoas. Conversamos, trocamos ideia e de lá fomos para um bar na Ponta Verde e a conversa rolou solta com muita birita e poesia.



JAN CLÁUDIO – O cantor e compositor Jan Claudio eu conheci quando participamos da criação da Cooperativa da Música de Alagoas (Comusa). Mas foi num show que ele fez no Palco Aberto que conheci de fato a arte desse talentosíssimo artista. 


ENTRE AMIGOS - Um dia vi um trabalho da dupla Jan Claudio & Eduardo Proffa. Mandaram ver, sucesso que aplaudi de pé. Esse trabalho resultou no elogiadíssimo show, cd e dvd Entre amigos. 


NÓ NA GARGANTA – Agora a dupla está mandando ver no projeto Nó na Garganta com leituras e releituras de músicas e poesias de artistas alagoanos. Trata-se do show Alagoando, uma proposta poético-musical de resgate de pérolas da cultura caeté. No repertório músicas de Carlos Moura, Claudio Pinto, Djavan, Herman Torres, Jacinto Silva, Junior Almeida, Mácleim, Marcos Vagareza, Osman, Renata Peixoto, Ricardo Guima, Roberto Barbosa, Rômulo Melo, Toinho Antunes, Toni Augusto e Wilson Miranda. Na parte poética estarão obras de Ari Lins Pedrosa, Arriete Vilela, Diógenes Tenório, Jayme de Altavilla, Jorge Cooper, Lêdo Ivo, Marlon Silva, Noaldo Dantas e Vera Romariz. Também, não sei por que cargas d´águas acharam esses artistas de me incluírem entre os grandes da poesia alagoana. Acredito que seja porque fiz uns versos duma acontecência que se deu envolvendo a música Internet Coco do espetacular Mácleim. Da minha parte, sinto-me honrado além da conta por isso, manifestando aqui a minha gratidão. Mas não é por isso que estou falando da dupla: os caras são bons mesmos. 


ALAGOANDO – Segundo os autores Jan & Proffa: “[...] Por ser um espetáculo musical impregnado de literatura, apresenta-se como desafio maior proporcionar a sintonia entre a palavra cantada - a música, e a declamação dos textos – a poesia”. Por isso avisam que o show se realizará mensalmente pelos restaurantes e bares maceioenses, culminando com o fechamento da temporada em um grande espetáculo no teatro. De antemão eu digo: imperdível. Parabéns, Jan Claudio & Eduardo Proffa.

SERVIÇO: SHOW ALAGOANDO
Quando: 1º de fevereiro, às 20hs
Onde: Baioke Petiscaria Baiana
Informações: 8114.2217 / 9675.9123


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quarta-feira, janeiro 22, 2014

TROÇO BULINDO NAS CATRACAS DO QUENGO!!!



PENSAMENTO DO DIA – Quando não se pensa direito, a cara sofre a maior vergonha. Tenho dito. Veja mais aqui.


UMA DO POETA ABEL FRAGA Uma meritória de entrar nas Crônicas Palmarenses é, sem sombra de dúvida, a tirada do poeta Abel Fraga, aquele quando via todas as frochosas moças, moçoilas e senhoras rebolando impunemente nas calçadas: - Ih, tanta mulher dando sopa e eu sem colher pra tomar. Veja mais Crônicas Palmarenses.


PORQUE CANTAR JÁ NÃO MUDA EM MANHÃ, DE FERNANDO FÁBIO FIORESE FURTADO – Conheci o trabalho poético do escritor e professor universitário mineiro Fernando Fábio Fiorese Furtado com o seu livro Corpo Portátil (2002). Nessa época fiz destacá-lo no meu Guia de Poesia. Depois reuni alguns de seus poemas desse livro no meu blog Varejo Sortido.

Agora resolvi musicar o seu poema:
PORQUE CANTAR JÁ NÃO MUDA EM MANHÃ
Música de Luiz Alberto Machado sobre poema de Fernando Fiorese

Porque cantar já não muda em manhã
A paisagem, nem mesmo abrevia a cena
Onde me falta, ali onde o amor acena
- decerto uma rubrica temporã,

o gesto equívoco de quem espera
aquele que na palavra demora
e, sabendo não haver olhos nem hora,
descreve a elipse que não quisera.

Porque cantar já não apura senão
O palrar do corpo, a palavra pouca
E demasiada – o nada, o nunca, o não.

Porque mesmo em festa, cantar ressalta
O que em mim recusa, recua ou apouca
Quando a palavra acusa minha falta.

OBS: veja o clipe dessa música aqui.

E também selecionei alguns poemas seus no Brincarte do Nitolino. E sempre que estou com esse personagem nos palcos pra criançada, sempre recito:

LINHAS RIVAIS

Trem é texto quando encontra desvio

Ou nos surpreende em meio ao pontilhão,

E da origem as pernas se desdão

Para o mundo acomodar neste livro.

Mas texto é menos trem que o enguiço

De saber que no verso desembarca

Apenas a prosa dessas coisas arcas

Com que menino se salva do olvido.



Seja a prosa como dormir num trem

E a poesia quando a aduana sobrem:

Naquela, até o sonho encontra sua reta,

Uma voz de si mesma estrangeira

- e como fosse toda ela suspeita,

A bagagem uma outra mão desfaz

Mão que vacila entre linhas rivais.


OS DESENHOS DE FABIANO PEIXOTO – Conheça os desenhos do jovem Fabiano Peixoto clicando aqui.

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sexta-feira, janeiro 17, 2014

A ILUSÃO DA ALMA DE GIANNETTI & A POESIA VEIO DOS DEUSES

A ILUSÃO DA ALMA DE GIANNETTI  - [...] Deitado no escuro, dorso nivelado à cama, resignado a passar a noite em claro se preciso, um cortejo de vislumbres e premonições veio sacudir a minha insônia. É ridículo, pensei. Cá estou no meu quarto, eu, um professor de letras precocemente aposentado, meio surdo e alcoolizado, um solteirão de meia-idade; cá estou eu, um esquisitão sobre quem ninguém nada sabe, o cumulo da insignificância, aterrado por uma insônia banal e, não obstante, esse ser ínfimo e obscuro, deitado no quinto andar de um edifício, dispara a ter ideias como se o mundo girasse em torno dele naquele instante: É possível que não tenhamos alcançado ainda menor compreensão do que nos faz ser quem somos e agir como agimos? É possível que estejamos radicalmente equivocados sobre nós mesmos, perdidos na mais espessa floresta de mitos e enganos, e que nossos descendentes das gerações futuras venham um dia a nos encarar com a mesma mistura de complacência e perplexidade com que encaramos os nossos ancestrais animistas, com seus rituais, sacrifícios e despachos? Sim, é possível. É possível termos acreditado falsamente durante milênios que a vontade consciente rege os nossos músculos quando, na verdade, ela é o subproduto inócuo de uma cadeia de eventos eletroquímicos no cérebro, como a fosforescência no rasto de um fósforo aceso no escuro ou a espuma de uma onda neural? E que, portanto, fazer de um propósito ou de uma intenção consciente a causa de uma ação humana é tão desprovido de fundamento como falar do propósito de um espermatozoide ao fecundar um óvulo ou da cigarra ao entoar sua cantoria ou do Sol irradiar calor? Sim, é possível. É possível que toda a reflexão e pregação da ética estejam colocadas no equivoco de que possuímos liberdade de escolha e de que existem coisas em nossas vidas que poderiam ser diferentes do que são; e que, não existindo vicio ou virtude, não há nada que mereça ser aplaudido ou condenado em sentido moral? É possível que Epiteto, o escravo e filosofo estoico do século I d.C.,  estivesse certo ao concluir, ainda que por caminho diverso, que “quem acusa os outros pelos seus próprios infortúnios revela uma total falta de educação; quem acusa a si mesmo mostra que a sua educação já começou; mas quem não acusa nem a si mesmo nem aos outros revela que a sua educação está completa? Sim, é possível. É possível que toda forma de feroz intransigência e todas as guerras religiosas e ideológicas e todos os conflitos sangrentos por terras, minérios, primazias sejam fruto de um pavoroso mal-entendido da consciência humana sobre si mesma? E que os autoproclamados “ateus militantes”, quando se propõem a tratar “a existência de Deus como uma hipótese cientifica como qualquer outra”, revelam uma falta de tino e uma superficialidade diante das necessidades espirituais do homem que é ainda mais espantosa do que a fé ingênua da maioria dos crentes e devotos aos quais se opõem? Sim, é possível. É possível que toda a história da ciência desde o atomismo grego não seja outra coisa senão a progressiva e implacável destruição de qualquer possibilidade de sentido para a existência, a autodiminuição do homem perante si próprio e sua metamorfose em fortuita, passageira e risível criatura, como um tipo peculiar de pulgão alucinado? E que a missão da ciência – única fonte de saber objetivo ao nosso alcance – seja reduzir todos os mistérios a trivialidades, demonstrando em minúcia a mecânica (ou quântica) absurdidade de todo o devir, até que só reste ao homem o mistério da absurda trivialidade de tudo? Sim, é possível. É possível, enfim, que nossa consciência de nós mesmos não passe de um engodo e de um continuo fantasiar que não somos, como uma farsa em que os personagens se creem autores de papeis que representam? E que aquilo a que me habituei chamar de eu não existe realmente, mas seja apenas sopro do que emerge da combinação de sopas e faíscas de um cérebro em vigília; e que eu e tudo o que me imagino ser seja uma peça de ficção que vive em mim em vez de ser escrita; e que ninguém exista realmente como se finge existir, mas seja o personagem de sua própria farsa, como peça assombradas do xadrez sem enxadrista que se desenrola em cada cérebro particular? Mas se tudo isso é possível e, mais que isso, possivelmente verdadeiro, então eu não posso ficar calado, encolhido como um caramujo, entregue à consciência oca e resignada do meramente existir. Então algo tem de ser feito. Tem de existir um furo, um erro fatal no meu pensamento. Preciso entender o que se passou comigo; preciso pôr em palavras o sinistro absurdo da clausura em que estou metido. Se eu não existo, se não sei quem – ou o que – sou, como se pensam os pensamentos que me atormentam? Não há caminho que me leve adiante? E assim, paciente leitor, no paredão daquela madrugada insone, brotou em mim o germe do livro que repousa em suas mãos. Refute-me se for capaz! A ILUSÃO DA ALMA – O livro A ilusão da alma: biografia de uma ideia fixa, do professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e PhD pela Universidade de Cambridge, Eduardo Giannetti, relata a história de um professor de literatura, especialista em Machado de Assis, e sua perturbadora conversão filosófica, sobre a relação entre o cérebro e a mente. Passando desde o embate entre Sócrates e Demócrito no século V a.C., até o advento contemporâneo da neurociência, a trama descreve a viagem de descoberta do narrador pela história das ideias. Veja mais aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIA
GIANNETTI, Eduardo. A ilusão da alma: biografia de uma ideia fixa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


PATRICK LOUTH: A POESIA VEIO DOS DEUSES – Eis um relato recolhido sobre a origem da poesia:  O nórdico antigo gosta de falar pelo prazer de bem falar, de forma difícil e erudita. Assim, como o aedo grego, o vates latino, o bardo celta, o escaldo também está ligado aos deuses. Aliás, a poesia veio dos deuses: é o que ensina Snorri logo nos primeiros trechos do Skaldskaparmal, no qual mostra Aegir, deus do Oceano, vindo saudar os Ases, no seu palácio de Asgard. Sentado ao lado de Bragi, deus da poesia, Aegir o interroga sobre a sua origem:
- No principio -, responde Bragi -, aconteceu que os Ases eram inimigos do povo que é chamado de Vanes, e eles se encontram para debater sobre a paz; os dois lados pediram garantias, de maneira que as duas facções foram até uma tina e escarraram dentro. Porem, quando se separaram, os deuses não quiseram que este penhor de paz se perdesse; tomaram-no e dele fizeram um homem. Ele se chama Kvasir e é tão sábio que não existe pergunta à qual não saiba responder. Saiu caminhando por todo o mundo, para ensinar aos homens a sabedoria. Mas quando chegou na propriedade de dois anões, que se chamam Fjatar e Galar, eles o aprisionaram, mataram-no e fizeram seu sangue escorrer dentro de duas tias e de um cântaro: este cântaro chama-se Oderir e as tinas, Son e Bodn. Misturaram o sangue com mel e disso resultou um hidromel tão especial, que quem o beber torna-se escaldo ou ságio. Por isso chamamos a poesia de fluxo de Kvasir. E o hidromel torna-se propriedade do gigante Suttung.

- Mas como os Ases se apossaram do hidromel? -, torna a perguntar Aegir.

- A propósito disso - responde Bragi -, existe uma história que diz que Odin saiu de casa e chegou num lugar onde nove escravos ceifavam feno. Perguntou-lhes se queriam que ele afiasse suas foices. Aceitaram. Então, Odin tirou de seu cinto uma pedra de amolar e as afiou. Achando eles que as foices, assim, cortavam muito melhor, quiseram comprar a pedra de amolar. Mas Odin decidiu que só compraria a pedra quem oferecesse, por ela, um preço justo; todos aceitaram, cada um desejando ser o comprador. Então, ele jogou a pedra para o alto; quando todos quiseram pegá-la, se precipitaram de tal forma que se decapitaram mutuamente com as foices. Depois disso, Odin foi procurar abrigo, para passar a noite, na casa de um gigante que se chamava Baugi, irmão de Suttung. Este lhe disse que estava numa situação difícil: seus nove escravos haviam-se matado uns aos outros e ele não tinha esperança de encontrar trabalhadores. Odin, então, disse chamar-se Bölverk, o artesão da infelicidade, e ofereceu-se para executar o trabalho de nove homens para Baugi, tendo, porém, como salário, um copázio de hidromel de Suttung.

A astucia do deus obteve êxito, depois de muitas peripécias:

- No primeiro trago, esvaziou todo o Odrerir, que abala a inspiração, no segundo o Bodn, no terceiro o Son. Ele havia, portanto, bebeido todo o hidromel. A seguir, transformou-se em águia e fugiu, voando tão depressa quanto pôde, mas Suttung, percebendo a águia em fuga, também se tranformou em águia e voou em sua perseguição. Quando os Ases viram Odin, que chegava voando, empurraram as tinas para o recinto. Então, ele chegou em Asgard e tornou a escarrar o hidromel dentro das tinas; porém, Suttung já estava tão próximo para o agarrar que Odin deixou escapar uma parte do hidromel, do qual, hoje, ninguém faz questão. Quem quiser, pode tomá-lo e nós o chamaremos o quinhão dos poetas de pacotilha. Porém o hidromel de Suttung, Odin o deu aos Ases e aos homens que sabem compor. Eis porque se chama a poesia de butin de Odin, e seu achado, sua bebida, dom dos Ases e bebida dos Ases.

FONTE:
LOUTH, Patrick. A civilização dos germanos e dos vikings. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1979.


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