terça-feira, janeiro 28, 2014

PATTI SMITH, OUIDA, DAMÁSIO, EDGEWORTH, SOMERVILLE & ESCREVER

 


RAZÃO PARA ESCREVER – Escrevo para traduzir a mim mesmo e a minha vida: o que fui, fiz, a trajetória que percorri. Escrevo para me entender e a razão pela qual estou aqui, de onde procedo e para onde sigo. Escrevo para ir além de mim mesmo, perceber o outro no que sou e tudo posso ser. Escrevo para decifrar e comungar com a Natureza, o que está por trás dela e o que sou diante da sua imensidão. Escrevo para transcender minha própria pequenez diante da infinitude e identificá-la entre a porção do que sou mergulhado na grandeza do universo. Escrevo para aprender a vida e todas as coisas ao meu redor, e ir além e entender ou desvelar os mistérios por trás de cada expressão. Escrevo porque quero mergulhar o mais fundo possível na essência da vida e por todas as coisas, com fito de saber onde estou e qual o meu papel no mundo e na existência. Escrevo para descobrir o que há de verdadeiro dentro de mim, o que de mais original possua e possa ter acesso a minha real essencia, distinguindo o que é de verdadeiramente meu, do que é produto da cultura que recolhi e me molda e me fez ser o que sou aos olhos dos outros. Escrevo na busca de ser eu mesmo, essensialmente a minha parcela real da criação como participante dessa passagem. Escrevo porque preciso me construir, me desfazer, e me refazer, ao mesmo tempo para que me sinta inteiro e não pedaços dos fragmentos muitos que sou. E assim me traduzir por completo e me inteirar o mais que puder, mesmo conscio de minha incompletude, mas que este seja pleno no volume que sou, no tamanho e forma, não apenas restos que se agregaram e se desagregaram continuamente. Escrevo para superar minha própria fraqueza e todos os fracassos, para revolver minhas entranhas e virar pelo avesso, para, assim, entender a mim mesmo e meus próprios paradoxos; para refletir do que gosto e não, para ouvir o dentro e discernir o de fora, para iluminar meu próprio caminho, ascender e ser melhor que sou. Escrevo para descobrir o que é inquestionavelmente melhor em mim e descobrir-me em quantos sou, quais são e o que fazer deles depois da descoberta do um e o que tenho a fazer e aprender no que me resta de vida. Escrevo porque ainda me resta algo que não fiz e precisa ser feito. Escrevo para registarar o que de fato é o meu tempo e o meu espaço, o que fiz e o que tenho a fazer; o que errei e devo corrigir, o que usufrui e devo retribuir, o que olvidei e devo dar maior atenção, o que trilhei e o que me resta para trilhar, o que passou e devo retornar, o que mais persistir e como devo seguir adiante. Escrevo, por fim, porque não sei fazer outra coisa. E admitir que é a minha forma solitária de me comunicar e ter contato com o universo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Se cuidarmos dos momentos, os anos cuidarão de si mesmos. Certamente é muito mais generoso perdoar e lembrar do que perdoar e esquecer. Foi dito, com que verdade não sabemos, que todos os estudiosos de Cambridge chamam a cifra de algo, e todos os estudiosos de Oxford a chamam de nada. Pensamento da escritora anglo-irlandesa Maria Edgeworth (1768-1849). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Nenhuma circunstância no mundo natural é mais inexplicável do que a diversidade de forma e cor na raça humana. A disposição moral da idade aparece no refinamento da conversa. Nem sempre é possível chegar a um acordo antes de dormir, mas é possível dormir de maneira amorosa e pacífica, sabendo que o problema pode ser resolvido no amor mais tarde. Pensamento da cientista e escritora escocesa Mary Somerville (1780-1872).

 

A CONDESSA - [...] Pessoas intensamente egoístas são sempre muito decididas quanto ao que desejam. Eles não desperdiçam suas energias considerando o bem dos outros. [...] Não desejo ser um covarde como o pai da humanidade e jogar a culpa sobre uma mulher. [...] A fraqueza fatal da mulher é desejar simpatia e compreensão [...] É preciso orar primeiro, mas depois é preciso ajudar-se. Deus não se importa com covardes [...] O que amamos uma vez, amamos para sempre. Haverá alegria no céu por aqueles que se arrependem, mas não haverá perdão para eles na terra? [...] Ele se enganou, como os homens mais inteligentes costumam cometer, ao subestimar a crueldade das mulheres. [...] Ela era como uma rainha que vê o solo virgem do seu reino invadido e devastado por um traidor. Qualquer outra coisa ela teria perdoado: infidelidade, indiferença, crueldade, quaisquer pecados de capricho ou paixão da masculinidade, mas quem deveria perdoar isso? O pecado não estava sozinho contra ela; era contra todas as leis de decência e verdade que ela havia sido ensinada a considerar sagradas; foi contra todos aqueles grandes mortos, que jaziam com a cruz no peito e as espadas ao lado, de quem ela recebeu e valorizou as tradições de honra e pureza de raça. Foram aqueles cavaleiros mortos que ele bateu na boca e zombou, gritando para eles: 'Vejam! seu lugar é meu; meus filhos reinarão em seu lugar. Eu manchei sua raça para sempre; pois todo o meu sangue flui com o seu!' A grandeza de uma raça é algo muito superior ao mero orgulho. Seus instintos são nobres e supremos. As suas obrigações não são inferiores aos seus privilégios; é uma grande luz que flui para trás através das trevas dos tempos, e se por essa luz você não guiar seus passos, então você será três vezes amaldiçoado, segurando aquela lâmpada de honra em suas mãos. Assim ela sempre pensou, e agora ele havia quebrado a lâmpada na poeira [...] O mundo nunca deixa ninguém na ignorância ou em paz. [...]. Trechos extraídos da obra Wanda, Countess von Szalras (B. Tauchnitz, 1883), da escritora e ativista anglo-italiana Ouida (Maria Louise Ramé, - 1839-1908). Veja mais aqui e aqui.

 

DIGNO É O CORDEIRO MORTO POR NÓS - À beira de um pasto numa confusão de pedras, \ obscurecido pela grama alta e pela flora, \ a pegada do horror fendida e desenhada. \ Ela tinha um nome lindo: liberdade. \ Muito pequenininho. Não comercializável, leve o balido da nova vida. \Ele adorava a boca dela, os pezinhos vestidos de pregas. \ Ao ouvi-la chorar, ele a pegou pelo caule da garganta dela \ em seus braços grossos e escorregadios de orvalho. \ E ele, uma alma governada, ombros largos \ com olhos como Blake, lamentou quem te criou, \ cuidou você em hidromel e flores, \ enquanto ele a despedaçava. \ O celeiro estava queimando um inferno indiferente, \ engolindo donzelas em seus casacos encaracolados. \ O campo e a queda ficaram vazios como o coração. \ Ele chamou seu deus ofegante \ abandonamos as fazendas que abatemos, \ cortou o cordão, incinerou nossos pequeninos. \ Fizemos isso por amor, fizemos isso pelo homem, \ o espinheiro e o cuco, as trilhas de Cumbria. \ Fizemos isso por um lindo nome. liberdade, \ baa baa baa, nada que você pudesse identificar. Poema da cantora, compositora, poeta e artista visual estadunidense Patti Smith. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA: SOB A LUZ - Iniciei este livro citando o nascimento e o momento de sair à luz como metáforas sugestivas para a consciência. Quando o self surge na mente pela primeira vez, e para sempre desse momento em diante, dois terços de cada dia vivido, sem nenhuma pausa, saímos à luz da mente e nos tornamos conhecidos por nós mesmos. E agora que a memória de tantas dessas ocasiões criou as pessoas que somos, podemos até mesmo nos imaginar atravessando o palco sob a luz. Tudo começa modestamente, nosso ser vivo em seu sentido mais simples relacionando-se com algo simples dentro ou fora dos limites do corpo. E então a luz se intensifica e, à medida que seu brilho aumenta, mais o universo se ilumina. Mais do que nunca, objetos de nosso passado podem ser vistos com clareza, primeiro separadamente, depois ao mesmo tempo; mais objetos de nosso futuro e ao nosso redor são intensamente iluminados. Sob a luz crescente da consciência, a cada dia mais coisas vêm a ser conhecidas, com mais detalhes e ao mesmo tempo. De seus princípios humildes a seu estado presente, a consciência é uma revelação da existência — uma revelação parcial, devo acrescentar. Em algum ponto de seu desenvolvimento, com a ajuda da memória, do raciocínio e, mais tarde, da linguagem, a consciência também se torna um meio de modificar a existência. Toda criação humana remonta àquele momento de transição em que começamos a manipular a existência guiados pela revelação parcial dessa própria existência. Só criamos um sentido do bem e do mal, assim como normas de comportamento consciencioso, a partir do momento em que tomamos conhecimento de nossa própria natureza e de outros como nós. A própria criatividade — a habilidade para gerar novas ideias e artefatos — requer mais do que a consciência pode fornecer. A criatividade requer uma memória fecunda para fatos e habilidades, uma sofisticada memória operacional, excelente capacidade de raciocínio, linguagem. Mas a consciência está sempre presente no processo da criatividade, não só porque sua luz é indispensável, mas porque a natureza de suas revelações guia o processo da criação, de um modo ou de outro, com maior ou menor intensidade. Curiosamente, tudo o que inventamos, seja o que for, de normas éticas e jurídicas a música e literatura, ciência e tecnologia, é diretamente determinado ou inspirado pelas revelações da existência que a consciência nos proporciona. Ademais, de um modo ou de outro, em um grau maior ou menor, as invenções exercem um efeito sobre a existência assim revelada; alteram-na, para melhor ou para pior. Existe um círculo de influências — existência, consciência, criatividade —, e o círculo se fecha. O drama da condição humana advém unicamente da consciência. Obviamente, a consciência e suas revelações permitem que criemos uma vida melhor para nós mesmos e para outros, mas o preço que pagamos por essa vida melhor é alto. Não é só o preço do risco, do perigo e da dor. É o preço de conhecer o risco, o perigo e a dor. Pior ainda: é o preço de conhecer o que é o prazer e de conhecer quando ele está ausente ou é inacessível. Assim, o drama da condição humana advém da consciência porque diz respeito ao conhecimento obtido em uma troca que nenhum de nós fez: o custo de uma existência melhor é a perda da inocência sobre essa mesma existência. O sentimento do que acontece é a resposta a uma pergunta que nunca fizemos, e é também a moeda de uma troca faustiana que nunca poderíamos ter negociado. A natureza fez isso por nós. Mas drama não é necessariamente tragédia. Em certa medida, de várias maneiras imperfeitas, individual e coletivamente, temos meios para guiar a criatividade e, com isso, melhorar a existência humana em vez de piorá-la. Isso não é fácil de realizar; não há diretrizes a seguir, os êxitos podem ser pequenos, o malogro é provável. Entretanto, se a criatividade for dirigida com sucesso, mesmo modestamente, permitiremos à consciência, mais uma vez, cumprir seu papel de regulador homeostático da existência. Conhecer contribuirá para ser. Tenho até alguma esperança de que compreender a biologia da natureza humana contribuirá com seu quinhão nas escolhas a serem feitas. Seja como for, melhorar as condições da existência é precisamente a finalidade da civilização, a principal consequência da consciência; e, por no mínimo 3 mil anos, com recompensas maiores ou menores, melhorar é o que a civilização vem buscando. A boa notícia, portanto, é que já começamos. O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA – O livro O mistério da consciência, do médico neurologista e neurocientista português, António Rosa Damásio, trata da busca pela compreensão uma das áreas mais nebulosas do conhecimento, abordando acerca da consciência humana. A partir do seu livro O Erro de Descartes, o autor apresenta a sua revolucionária teoria do enigma da consciência, como sendo o maior desafio da filosofia e das ciências da vida, descrevendo como a consciência abriu caminho para o surgimento de realizações humanas como a arte, a ciência, a tecnologia, a religião, a organização social, por meio de uma pesquisa sobre o cérebro e da complexidade de todo ser humano, sua adaptação ao ambiente, sua sobrevivência e os conflitos consigo mesmo que se realiza com um sistema complexo que articula imaginação, criatividade e planejamento que fazem surgir a consciência. O livro aborda questões como a transição da inocência, a consciência moral, as qualidades sensoriais simples, o comportamento frente à mente e o cérebro, a neurobiologia molecular, reflexões sobre dados neurobiológicos e neuropsicológicos, o self e o proto-self, sentir e conhecer, a emoção e o sentimento, homeostasia, a função biológica das emoções, atenção e comportamento intencional, memória, a biologia do conhecimento, o mapeamento dos sinais do corpo, o sistema somático-sensitivo, o sistema nervoso central, o espaço operacional, a neurologia da consciência, anatomia e neuroanatomia, imagens, padrão neural, representações, sistemas subjacentes a mente, entre outros importantes assuntos. Veja mais aqui.

REFERÊNCIA
DAMÁSIO, Antonio. O mistério da consciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


PREÂMBULO – Primeiro eu conheci o poeta Eduardo Proffa por intermédio do poetamigo e artista visual Tchello D´Barros. Tal fato se deu por ocasião da minha participação no programa Alagoas Frente e Verso, capitaneado pelo amigo jornalista João Marcos Carvalho, na Rádio Difusora de Alagoas. Conversamos, trocamos ideia e de lá fomos para um bar na Ponta Verde e a conversa rolou solta com muita birita e poesia.



JAN CLÁUDIO – O cantor e compositor Jan Claudio eu conheci quando participamos da criação da Cooperativa da Música de Alagoas (Comusa). Mas foi num show que ele fez no Palco Aberto que conheci de fato a arte desse talentosíssimo artista. 


ENTRE AMIGOS - Um dia vi um trabalho da dupla Jan Claudio & Eduardo Proffa. Mandaram ver, sucesso que aplaudi de pé. Esse trabalho resultou no elogiadíssimo show, cd e dvd Entre amigos. 


NÓ NA GARGANTA – Agora a dupla está mandando ver no projeto Nó na Garganta com leituras e releituras de músicas e poesias de artistas alagoanos. Trata-se do show Alagoando, uma proposta poético-musical de resgate de pérolas da cultura caeté. No repertório músicas de Carlos Moura, Claudio Pinto, Djavan, Herman Torres, Jacinto Silva, Junior Almeida, Mácleim, Marcos Vagareza, Osman, Renata Peixoto, Ricardo Guima, Roberto Barbosa, Rômulo Melo, Toinho Antunes, Toni Augusto e Wilson Miranda. Na parte poética estarão obras de Ari Lins Pedrosa, Arriete Vilela, Diógenes Tenório, Jayme de Altavilla, Jorge Cooper, Lêdo Ivo, Marlon Silva, Noaldo Dantas e Vera Romariz. Também, não sei por que cargas d´águas acharam esses artistas de me incluírem entre os grandes da poesia alagoana. Acredito que seja porque fiz uns versos duma acontecência que se deu envolvendo a música Internet Coco do espetacular Mácleim. Da minha parte, sinto-me honrado além da conta por isso, manifestando aqui a minha gratidão. Mas não é por isso que estou falando da dupla: os caras são bons mesmos. 


ALAGOANDO – Segundo os autores Jan & Proffa: “[...] Por ser um espetáculo musical impregnado de literatura, apresenta-se como desafio maior proporcionar a sintonia entre a palavra cantada - a música, e a declamação dos textos – a poesia”. Por isso avisam que o show se realizará mensalmente pelos restaurantes e bares maceioenses, culminando com o fechamento da temporada em um grande espetáculo no teatro. De antemão eu digo: imperdível. Parabéns, Jan Claudio & Eduardo Proffa.

SERVIÇO: SHOW ALAGOANDO
Quando: 1º de fevereiro, às 20hs
Onde: Baioke Petiscaria Baiana
Informações: 8114.2217 / 9675.9123


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