INEDITORIAL: DEPOIS
DA TEMPESTADE NEM SEMPRE UMA BONANÇA - Salve,
salve, gentamiga! A vida prossegue depois de todos os momentos que sejam de
sucesso ou de penúria, de surpresa ou de desgraça! Zé Bilola que o diga: hoje
num semáforo, sem saber o que fazer da vida depois de conhecer o céu e o
inferno de um dia pro outro. Maior vexame. Tomara que tenha aprendido. O que
não aconteceu com Zé Peiúdo que meteu o pé na bunda antes da horagá: escapuliu num
pinote sem paradeiros pra se livrar das garras da polícia. Já o Doro, esse não.
Esse está com a campanha de vento em popa, mesmo errando o alvo e o pleito eleitoral,
vai esperar mais uns anos para conseguir registrar sua candidatura a presidente
do não sei o quê. Sei que vai, não se sabe pra onde. Vamos, então, pras
novidades: na edição a ciência pós-moderna de Boaventura de Sousa Santos, os objetos técnicos de Gilbert
Simondon, a totalidade de Leandro Konder, a poética do romance de Autran
Dourado, a dança inovadora de Hisako Horikawa,
a música de Patti Smith, a arte de
Mônica Nador, os grafites de Alex Vallauri, a fotografia de Alfred
Noyer, o teatro de rua dos Pombas Urbanas, a Gaia Ciência de Nietzsche, o
cinema de Julio Bressane, a arte multimídia de Hudinilson, a pintura de Nancy
Bossert & a croniqueta Pra vida
ofereço a outra face. No mais, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!
Veja mais aqui.
Veja mais sobre
Lição pra ser feliz, Fernando Pessoa, Rajneesh, Graciliano
Ramos, Aristófanes. Adriana
Calcanhoto, Buster Keaton, Mikalojus Konstantinas, Victor Gabriel
Gilbert & Literatura Infantil aqui.
E mais:
O sonho de Desidério & Emmy Rossum aqui.
Literatura de Cordel, A mulher escandinava, Ettore Scola,
Francisco Julião, Jarbas Capusso Filho, Sophia Loren, Linguística,
Shaktisangama-Tantra, Fetichismo & Abacaxi aqui.
Albert Camus, Robert Musil, Maceió, Jools Holland, Denys Arcand, Pál
Fried, Sandu Liberman, Eugene Kennedy, Anna Luisa
Traiano, Lady Gaga, Gestão do conhecimento & Capital humano aqui.
Durkheim, Rodolfo Ledel, Claudio Baltar, Micahel Haneke, Samburá,
Juliette Binoche, Ernesto Bertani,
O artista e a fera, Janaína Amado, Intrépida Trupe, Direito & Mauro Cappelletti aqui.
Big Shit Bôbras aqui.
DESTAQUE: CIÊNCIA PÓS-MODERNA
[...] A ciência pós-moderna,
ao sensocomunizar-se, não despreza o conhecimento que produz tecnologia, mas
entende que, tal como o conhecimento se deve traduzir em autoconhecimento, o
desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida. Esta que assinala os marcos da prudência à nossa
aventura científica. A prudência é a insegurança assumida e controlada. [...] Na fase de transição e de
revolução científica, esta insegurança resulta ainda do fato de a nossa reflexão
epistemológica ser muito mais avançada e sofisticada que a nossa prática
científica. Nenhum de nós pode neste
momento visualizar projetos concretos de
investigação que correspondam inteiramente ao paradigma emergente que aqui
delineei. E isso é assim precisamente por
estarmos numa fase de transição. Duvidamos suficientemente do passado para
imaginarmos o futuro, mas vivemos demasiadamente o presente para podermos
realizar nele o futuro. Estamos divididos, fragmentados. Sabemo-nos a caminho mas
não exatamente onde estamos na jornada. A condição epistemológica da ciência repercute-se
na condição existencial dos cientistas. Afinal, se todo o conhecimento é autoconhecimento,
também todo o desconhecimento é autodesconhecimento.
Trechos extraídos
de Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna, do jurista e
professor Boaventura de Sousa Santos, autor da obra Introdução a uma Ciência
Pós-Moderna (Graal, 2000), na
qual ele faz uma crítica e reflexões com propostas que visam compreender a
prática científica para além da consciência ingênua, ou oficial, dos cientistas
e das instituições da ciência, e aprofunda o diálogo dessa prática com as
demais práticas de conhecimento de que se tecem a sociedade e o mundo, submetendo
as correntes dominantes da reflexão epistemológica sobre a ciência moderna a
uma crítica sistemática, recorrendo à dupla abordagem - suspeição e
recuperação. Veja mais aqui e aqui.
UMA MÚSICA:
Curtindo o álbum Baga (Columbia, 2012), da
cantora, compositora, poeta e artista visual estadunidense Patti Smith.
Imagem1: a arte da pintora, desenhista e
gravadora Mônica Nador.
O MODO DE
EXISTÊNCIA DOS OBJETOS TÉCNICOS - Este estudo é animado pela intenção de
suscitar uma tomada de consciência do sentido dos objetos técnicos. A cultura
se constitui em sistema de defesa contra as técnicas [...] A agressividade orientada contra as máquinas não é tanto a
raiva do novo quanto a recusa da realidade estrangeira [...] a mais forte
causa de alienação no mundo contemporâneo reside nesse desconhecimento da
máquina, que não é uma alienação causada pela máquina, mais pelo não
conhecimento de sua natureza e de sua essência, pela sua essência do mundo das
significações, e pela sua omissão na tabela de valores e dos conceitos que
fazem parte da cultura. [...]. Trecho extraído da obra EI modo de existencia
de los objetos técnicos (Prometeo, 2007),
do filosofo e tecnologo francês Gilbert Simondon (1924-1989), tratando
sobre a gênese e evolução dos objetos técnicos, as condições da evolução técnica,
o ritmo progressivo técnico, o aperfeiçoamento contínuo e descontínuo, as
origens absolutas de uma linguagem técnica, a hipertelia e autocondicionamento,
a individuação técnica, encadeamentos evolutivos e conservação da tecnicidade,
a lei do relaxamento, o homem e o objeto técnico, os modos fundamentais da relação
do homem com o dado técnico, maioridade e minoridade social das técnicas,
significação do enciclopedismo, função reguladora na cultura na relação entre o
homem e o mundo dos objetos técnicos, a essência da tecnicidade, o pensamento
técnico e o pensamento filosófico, entre outros assuntos. Veja mais aqui.
Imagem: os grafites do artista italiano
radicado no Brasil Alex Vallauri (1949-1987).
PERNSAMENTO DO
DIA: A TOTALIDADE - [...] A síntese da visão de conjunto que permite
ao homem descobrir a estrutura significativa da realidade com que se defronta
em uma situação dada. E é a estrutura significativa – que a visão de conjunto
proporciona – que é chamada de totalidade. Trecho extraído da obra O que é
dialética (Brasiliense, 1983), do filósofo Leandro
Konder (1936-2014).
Imagem: Sleeping
woman on a divan (1910), do fotógrafo Alfred
Noyer.
UMA POÉTICA DO
ROMANCE - [...] Tudo
isso tem a sua razão de ser, chego mesmo a reconhecer que venha a ter
importância para a sociologia – certas horas também duvido – e mesmo o
socialismo (mesmo para a revolução proletária), para a psicologia e psicanálise
(mesmo para a cura dos doentes... É altamente nobre, meritório e, como
antigamente se dizia, cristão, mas pouca coisa tem a ver com o romance, com a
narrativa e as suas estruturas, com o personagem e a vida do romance [...] Às vezes o leitor, quando o sinal é bastante
caracteristico e forte, é capaz de “ver” perfeitamente o personagem, saber até
como é o seu rosto, coisa que não acontece com o romancista, que quase sempre
não sabe como é a cara da sua criatura. Repito: não se deve confundir essa
“inocência” e pessoalidade com inconsciência, confusão, descontrole do
material, despreparo artesanal, artesanato por natureza lúcido. Já casos em que
não é nem um sinal físico do personagem, mas um jogo verbal do escritor [...].
Trechos extraídos da obra Uma poética do
romance (Perspectiva, 1973), do escritor, advogado e
jornalista Autran Dourado
(1926-2012). Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: a arte inovadora da coreografa
japonesa Hisako Horikawa, explorando
o potencial da voz e do corpo.
POMBRAS URBANAS - O grupo Pombas Urbanas teve início em 1989, no projeto Semear Asas, concebido pelo
artista, dramaturgo, ator e diretor peruano Lino Rojas (1942-2005), com o objetivo
era de formar jovens de São Miguel Paulista, enquanto atores-orgânicos; aquele
que não dissocia a arte da vida: produz, administra e alimenta sua própria
arte. Com a sua orientação o grupo desenvolveu pesquisa sobre a formação do
ator, linguagem e dramaturgia. E, em 20 anos de grupo, criou e montou um
repertório de 12 espetáculos com diferentes linguagens: teatro de rua, palco
italiano, público infantil, jovem e adulto. Entre os espetáculo que tive
oportunidade de prestigiar, foi o Largo da Matriz (2004), texto e direção de Lino Rojas, que é um cortejo de
Folia do Divino, tendo á frente um índio que carrega a imagem de um preto velho
e um Jesus crucificado, com uma ação que se passa numa cidade imaginaria que
será disputada pelo anjo e pelo diabo. Os integrantes do grupo são Adriano Mauriz, Juliana Flory Motta, Marcelo Palmares, Marcos
Kaju, Natali Santos, Paulo Carvalho & Ricardo Big. Veja mais aqui.
DIAS DE
NIETZSCHE EM TURIM – O drama biográfico Dias de Nietzsche em Turim (2001),
dirigido por Júlio Bressane, é uma recriação do período entre abril de 1888 e
janeiro de 1889, em que o filósofo viveu na cidade italiana, na qual escreveu
alguns de seus textos mais conhecidos Ecce Homo, Crepúsculo dos Ídolos e
Ditirambos de Dionisos, entregando-se totalmente às suas próprias idéias,
envolvendo-se com a arte, ciência e sua própria vida. Destaque
para as Leandra Leal & Mariana Ximenes, como também pro ator Fernando Eiras.
Veja mais aqui.
Imagem: a arte do artista multimídia Hudinilson Urbano Junior (1957-2013).
AGENDA: III
COLOQUIO SOBRE INCLUSÃO – Acontecerá
entre os dias 13 e 14 de outubro, na cidade de Feira de Santa – BA, o III
Colóquio sobre inclusão: desafios para superação de barreira de acessibilidade,
propondo aprofundar discussões sobre inclusão social da pessoa com deficiência,
envolvendo a comunidade da UFRB e a sociedade em geral. A atividade está sendo
desenvolvida por docentes, discentes e técnicos do Centro de Ciência e
Tecnologia em Energia e Sustentabilidade da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia - CETENS/UFRB que compõem o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em
Tecnologia Assistiva e Acessibilidade – NETAA. Para uma inclusão social eficaz,
considera-se crucial que as barreiras de acessibilidade existentes no ambiente
sejam atenuadas ou eliminadas, sejam elas urbanísticas e arquitetônicas, no
transporte, na comunicação e na informação, metodológicas ou programáticas,
tecnológicas ou atitudinais. Assim, o III Colóquio sobre Inclusão está
organizado a partir de mesas dialógicas, agregando-se à programação atividades
culturais e apresentação de trabalhos acadêmicos no formato de pôster,
esperando-se como resultado estimular estudos e práticas assertivas sobre
inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. Veja mais aqui e aqui.
A GAIA CIÊNCIA
E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua
mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e
como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não
haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e
tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te
retornar, e tudo na mesma ordem e sequencia – e do mesmo modo esta aranha e
este lugar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A
eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela,
poeirinha da poeira!” – Não te lçançarias ao chão e rangerias os dentes e
amaldiçoarias o demonio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante
descomunal, em que lhe responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais
divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te
transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada
coisa: “Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?” pesaria como o mais
pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo
mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna
confirmação e chancela?
O mais pesado dos pesos, trecho extraído do
Livro IV, da obra A gaia ciência
(Companhia das Letras, 2012), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Nude, de Nancy Bossert.
CANTARAU: VAMOS
APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.