terça-feira, outubro 11, 2016

MAIAKOVSKI, BLAKE, DANTE, NIETZSCHE, MERELLO, ZAKHAROVA, SILVIANE BELLATO, NADIA FIGUEIREDO, CAMILA SOATO, TEATRO ANÔNIMO, BILLION DOLLAR CROP & EDUCAÇÃO


INEDITORIAL: O EQUILÍBRIO MORTEVIDA DO MALABARISTA! (Imagem: Pequeno equilibrista, do pintor espanhol José Manuel Merello). – Salve, salve, gentamiga do meu Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada! Vou escapando desde sempre das cotidianas situações aversivas e cantarolando Gonzaguinha: “Equilibrando a vida e a morte, eu sou malabarista”! Pra quem foi pivete gorducho – aliás, à época, este era o sinal de saúde! -, era a maior mangação e mimo. Na escola primária eu sempre fui o desajeitado mais avexado, derrubava tudo que tivesse pela frente, freio só nas paredes! Quando passei no exame de admissão pro ginasial, eu deixei de seu anãozinho roliço pra ser um varapau magricela, montado num bigodinho ralo e todo metido a homem feito! Não fui poupado das mangações nem das limadas sacaneadoras que me jogavam pra escanteio em tudo: não queria papo com os pixotes, era excluído pelos da minha idade e me envolvia sempre com os mais velhos que pintavam e bordavam comigo, abusando da minha ingenuidade de cachorro novo no meio mato. Bicho metido, era. Só não era bloco do eu sozinho por causa da marmanjada que me incluía na roda pra lsó levar desacerto. Por isso, só sobrava na curva da vida, pronto pra me lascar abismo abaixo, sempre! Não dava uma dentro e só me via sem chão pra pisar – coisa de quem aprende sem se ensinar. Não tirava o olhos das meninas, elas que olhavam pras estrelas; uma ou outra que cruzava o meu caminho, não perdia tempo e lavava a égua. Hoje acumulo experiências, vejo sempre adiante, nem olho mais pra trás: lições bem aprendidas. Vez ou outra escorrego, nada demais reaprender. E vejo tudo como lição do maior valor. Sigo em frente. Se me abestalhasse em remoer passado, ou mesmo viver da glória do que já fui, estaria perdido. Todo dia recomeço da estaca zero! É árduo, mas nunca é tarde pra recomeçar. Assim, como hoje é o Dia Internacional da Menina, vamos pras novidades do dia: a edição de hoje destaca a arte da pintora Camila Soato, a educação para a autonomia, a Divina Comédia de Dante, a autobiografia de Vladimir Maiakovski, a Gaia Ciência de Nietzsche, a música de Nádia Figueiredo & Silviane Bellato, a bailarina Svetlana Zakharova, a pintura de Victoria Soyanova, William Blake & José Manuel Merello, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O Teatro de Anônimo, Billion Dollar Crop & a croniqueta Nega Besta. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui .

Veja mais sobre:
Domingo de criança etc & tal, Clarice Lispector, Mozart, Olavo Bilac, Anna Obiols, Jomar Magalhães, Claude Miller, Jean-Antoine Watteau, Audrey Tautou & Joe Simon aqui.

E mais:
Tanatologia aqui.
Democracia aqui.
A cidade de Deus de Agostinho & Psicologia aplicada ao Turismo e Hotelaria aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando Boca-de-frô engrossou o caldo para formar a tríade amalucada aqui.
As trelas do Doro: vai tomar no quiba, porra! Aqui.

DESTAQUE: CAMILA SOATO
A arte da premiada artista plástica Camila Soato.

NEGA BESTA (Imagem: Black woman, da artista plástica búlgara Victoria Soyanova) – Nega Besta sofreu a vida toda que só sovaco de aleijado. Quando nasceu, deu maior vexame: - Essa menina é só o priquitão -, eram os pais, parentes e achegados quando viam-na recém-nascida. Priquituda ficou dos machos só se aproximarem com beijadas e cheiradas coisa dela: findou estuprada pelo tio e padrinho, quando mal completara cinco anos. Providência de mãe, outro apelido: Nega – isso depois dela peiticar com tudo e com todos, virando Nega Besta na adolescência: jeitosa toda, toda torneada, parecia feita por mão de artista! O nome dela? Ninguém sabe, nunca foi batizada em igreja alguma, muito menos parece que nem registro de nascimento a coitada tem. Escola? A vida! Como era bonitona e bem feita que só, empregou-se como doméstica na casa duns ricaços: usada e abusada pelo dono e filhos, tal Moll Flandres: achava que ia casar logo logo com um deles. Nada, a vida apronta. Jogada na rua pela dona da casa, virou a piniqueira de todos, servindo pra safadeza dos endinheirados e amealhando alguns trocados no mealheiro. Rejeitada pelos pais que lhe fecharam as portas, os irmãos deram-lhe as costas, a parentalha toda nem queria ouvir falar seu nome, acusada de ser a desmoralização da família. Quando cansou de ser cuspida, humilhada e fodida, quebrou o porquinho e contou tudo: dava pro gasto. Apesar da alcunha, ela não era nada besta. O que era de chamegada por todos, se aproveitava dos vorazes economizando nos gastos. Juntou grana e inventou de virar gente: cobrava caro pelos prazeres da macharia. Apanhava e se submetia a todo tipo de tortura sexual, desde que pagassem bem. Assim foi, até se arretar, fechar a porta e as pernas: - Não dou mais pra seu ninguém! Levantou a venta, empinou os peitos, encurvou o rabo avolumado e saiu dispensando que não era pro bico de qualquer um. Não haveria príncipe que fosse, ela era dona do seu nariz e fim de papo. Só se envolvia com quem tivesse disposto a botar fortuna na frente pra ela se esbaldar. Não passou apertado, a fila era enorme de simpatizante dos quatro cantos do mundo. Ela se aproveitou muito bem, se safando dumas emboscadas de esposas enciumadas. Sabia que a qualquer momento ia ser abatida pelos ciúmes dos maridos arruinados, ou por cruzeta de alguma abandonada por vingança. Precavia-se e não dava moleza, sempre com um pé na frente e outro atrás. Ajuntou-se com Vera no negócio e prosperou, quase nem saía de casa: ali tinha tudo que necessitasse. Foi quando recebeu o convite pra participar do Big Shit Bôbras, mas essa só conto na outra. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.

UMA MÚSICA: 
Curtindo o talento artístico da cantora lírica Nadia Figueiredo (foto: Gabriel Stefanini), que se dedica ao desenvolvimento do projeto musical Opera Lounge Music, homenageando diversas culturas, países, povos e tradições.

EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA - O vertiginoso desenvolvimento tecnológico alcançado pela humanidade, sobretudo na área da comunicação tem imposto à experiência humana um processo educacional que nãoapenas torna os indivíduos aptos à vivência em sociedade, mas que os ajudam a serem capazes de um exercício crítico diante da vida de tal modo que se tornem simultaneamente protagonistas de suas próprias histórias individuais e da história partilhada com os demais. A educação moderna, na visão de seus críticos, tem levado os indivíduos a uma miopia acerca de si e dos outros, como nos sugere o Ensaio sobre a cegueira de Saramago [...] procurado firmar, através da ideia de contemporaneidade, um interesse de investigação dos processos educativos, sociais, políticos, econômicos e ambientais que expressem a superação dos paradigmas da modernidade, pela construção de novos horizontes marcados pelo compromisso com a vida, com a ética estribada na consciência moral dos indivíduos e com uma vivência harmoniosa entre os diferentes. [...]. Trecho do texto Descortinando horizontes em busca de uma educação para a autonomia na crise dos paradigmas modernos, extraído da obra Educação e contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas (EdUFBA, 2009), organizada por Antonio Dias Nascimento e Tânia Maria Hetkowski.


Imagens: a arte da bailarina ucraniana Svetlana Zakharova. Veja mais aqui.

PERNSAMENTO DO DIA: [...] Nesta vida, não é difícil morrer. É mais difícil viver. [...]. do poeta russo Vladimir Maiakovski (1893-1930), que na sua autobiografia (Presença, 1977) escreveu: [...] Não estou ainda academizado, e não tenho o costume de usar, para comigo, de muitas amabilidades. Aliás, o que faço nunca me interessa se não comportar alegria. A ascensão e queda de numerosas literatura, os simbolistas, os realistas, etc... a nossa luta contra eles, tudo isto que acontecia diante dos meus olhos: eis uma parte da nossa (muito séria) história. Urge que isto seja contado. E é o que farei. Veja mais aqui e aqui.


Imagem: A divina comédia, do poeta, tipógrafo e pintor inglês William Blake (1757-1827). Veja mais aqui.

A DIVINA COMÉDIA - [...] no meio do caminho da nossa vida encontrei-me dentro de uma floresta escura onde a trilha se perdia. Ah, como é difícil falar dessa floresta, selvagem e áspera e densa, que só de pensar o meu medo se renova! Tão amarga é, que dificilmente a morte pode ser mais [...]. Trecho extraído da obra Divina Comédia (1321- Ateneu, 2011), é a obra prima do poeta e político italiano Dante Alighieri (1265-1321). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


TEATRO DE ANÔNIMO (Foto Celso Pereira) O Teatro de Anônimo desenvolve atividades teatrais desde 1986, com uma estrutura voltara para a montagem e apresentação de espetáculos, da qualificação profissional de outros atores sociais, além do aperfeiçoamento de técnicas e modelos autênticos de gestão e administração coletiva, baseada na solidariedade, criatividade e cooperação. A companhia tem realizado uma parceria cidadã com a sociedade civil, extrapolando a ideia de comunidade delimitada por um espaço físico, para alcançar o conceito de comunidade que se liga por um sentimento de pertencimento, necessidade de identidade, de troca no campo do trabalho, do lazer, das afetividades, criando assim, territórios flutuantes que se movimentam de acordo com a necessidade de se manterem vivos e produzindo singularidades e bens materiais. Entre as peças do seu repertório estão Roda Saia Gira Vida (1994), In Conserto (1998), Tomara que Não Chova (2001), Guardados (2002), Homem Bomba (2005), Lar Doce Lar (2006), Noites de Parangolé (2008), Melhor dos Mundos (2010) e Inaptos?...a que se destinam...(2011,), entre outras atividades resultantes de pesquisa. Veja mais aqui.


BILLION DOLLAR CROP – O documentário independente Billion Dollar Crop (Demonização da cannabis, 1994), traz matérias sobre a política planetária contra o uso e comercialização da maconha, mostrando o outro lado da história da sua proibição. Foi produzido na Austrária retratando de forma atual todas as contradições ditadas pela guerra contra as drogas. No material expresso, destaca a publicação High Time, que traz matérias sobre o assunto, com colunas de cultura, notícias, medicina, vídeos, galerias, entre outras seções. Veja mais aqui e aqui.


AGENDA: MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA - Entre os dias 20 de outubro e 2 de novembro, acontecerá a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, trazendo 322 títulos de cerca de 50 países e com sessões itinerantes em diversas cidades do interior paulista. A mostra exibirá filmes que fizeram sucesso em seus 40 anos, cujas projeções marcaram edições anteriores. Veja mais aqui e aqui.


ENTREVISTA: SILVIANE BELLATO – A cantora lírica soprano Silviane Bellato concedeu alguns anos atrás uma entrevista exclusiva pra gente, falando sobre sua trajetória, a música erudita e a recepção do público ao seu trabalho operístico. Confira a entrevista aqui.

A GAIA CIÊNCIA
[...] Nós, os novos, os sem-nome, os difíceis de entender, nós, os nascido cedo de um futuro ainda indemonstrado – nós precisamos, para um novo fim, também de um novo meio, ou seja, de uma nova saúde, de uma saúde mais forte, mais engenhosa, mais tenaz, mais temerária, mais alegre, do que todas as saúdes que houve até agora. Aquela cuja alma tem sede de vivo o âmbito inteiro dos valores e anseios que prevaleceram até agora e de cincunavegar todas as coisas desse “mar mediterrâneo” ideal, aquele que quer saber, pelas aventuras de sua experiência mais própria, o que se passa na alma de um conquistador e explorador do ideal, assim como de um artista, de um santo, de um legislador, de um sábio, de um erudito, de um devoto, de um adivinho, de um apóstata no velho estilo [...].
Trecho extraído do Livro V – A grande saúde - , da obra A gaia ciência (Companhia das Letras, 2012), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Dona nua, do pintor espanhol José Manuel Merello.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.


MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...