domingo, janeiro 23, 2022

ELLA WILCOX, NOAM GORDON, KELLY VERDANA, TARIK ALI, MORGAN LLYWELYN, JOUBERT & ÁLVARO LINS

 

 

TRÍPTICO DQP – Só a poesia torna a vida suportável...- Ao som do Klavierkonzert nº 20 in d-moll KV 466 - 1. Allegro 2. Romance 3. Rondo: Allegro assai (1785), de Wolfgang Amadeus Mozart, na interpretação da pianista austríaca Ingrid Haebler, com a Klavier London Symphony Orchestra Dirigent: Alceo Galliera – Tempoutros, naveganamnese... Jovem impúbere e o teatro à flor da pele. Andava às tontas até ser encaminhado por Enock Queiroz, Gildásio Santana e Maurício Melo, afora o amável casal Dudu e Léa – esta atriz de muitos palcos -, pra conversar com seu Odyllo da banca de jornal - que era Costa para todos e Ferreira como ator. Sim, dos palcos de Fenelon Barreto e que protagonizou, entre outras peças, o Náufrago do Mafalda. Dele as instruções para melhor conduzir a Adoração que eu queria montar com o Luizinho Barreto. A paciente e dedicada ilustração dele para mim era de suma importância, ouvia-o atentamente, experiência que contava. Tantas vezes a ele recorri para esclarecer esta ou aquela cena, sempre saindo do encontro mais pujante quanto invencível. Depois do malogro da empresa, todos os dias eu pegava o jornal diário e indagava de dona Maria: Cadê seu Odyllo? E de lá de dentro ele se aproximava com um bom dia e troca de algumas ideias: Este o sobrevivente das tragédias! Ele com um meio sorriso, reiterava: Nas peças de Felelon só quem escapava mesmo era Enock que era o ponto e fugia antes do final, senão nem ele saía vivo! Ressuscitado depois de tantas apresentações, guardava ele as boas lembranças de quantas vezes não enlouqueceu em cena, quantos naufrágios, quanto enlutamento e desespero. E a gente se ria contando do sucesso que explodia quando fechava o pano. Era a glória! Os olhos dele chega marejavam. Pois bem, o tempo passou e, dia deste, do inesperado me aparece a conterrânea Odyla Gorette Fronrath em vídeo e fotos. Sim, com o seu Vida aos 50 – Teste os seus limites, enfrente os seus medos e não deixe que nada impeça você de pelo menos tentar. Conversa vai e vem, seu Odyllo? Sim. Nossa, que maravilha! E conversamos um bocado e com ela outra lembrança, um dia que o pai dela me falou do jornalista, advogado e crítico literário da Academia Brasileira de Letras, Álvaro Lins (1912-1970): Durante algum tempo – e ainda hoje em certos meios – a história nada mais significava do que um peso morto, isto é: luxo de erudição, para uns; amontoado de fatos e datas, para outros. Tudo mais ou menos frio e inerte como se o passado fora um outro mundo, uma região estrangeira. Pois há quem não compreenda a verdadeira significação do tempo; neste caso, o que está para trás sendo uma paisagem distante e indiferente. Sim, foi dele que ouvi pela primeira vez o nome do imortal acadêmico caruaruense. E o que dissera me soava como um alerta para os que têm olhos e não veem, ouvidos e não ouvem, só se arrastam e se debatem espíritos rasos e fúteis do ódio e do egoísmo na tagarelice da insipidez do proselitismo, nas tolices de endeusamentos conservadores das religiões e superstições ou dos preconceitos das convicções e das disparatadas panaceias carregadas de recalques e com todo o tipo de restrição disso ou daquilo. Sim, uma advertência para quem bebeu as águas nos infernos de Lete para olvidar do passado inglório da história, como real pusilanimidade, pois se prestar atenção a um detalhe irrecorrível, saberá que, por maior que seja a indiferença, as ninfas das nove noites amantes de Mnemósine estarão sempre em riste. Por isso só a poesia, viva.

 


Menoscabo aos pávidos... Imagens da artista canadense Claire Wilks (1933-2017). - Lá estava eu no meio do Trilema de Epicuro e exumado pelo bombardeio estúpido daqueles do Efeito Dunning-Kruger. Ninguém merece. É como se eu esquecesse o que repetia o escritor estadunidense Noam Gordon (1926-2021): A vida é gloriosa, mas pode ser considerada cruel. Sim, mais do que nunca é preciso sobreviver às bravatas dos insensatos com seus dislates e platitudes! Ouço bem Tarik Ali: Como vivemos nossas vidas não depende, infelizmente, apenas de nós. Circunstâncias, boas ou ruins, intervêm constantemente. Uma pessoa próxima a nós morre. Uma pessoa não tão próxima de nós continua vivendo. Todas essas coisas afetam a forma como vivemos... Afinal, vivemos em um mundo onde as ilusões são sagradas e a verdade, profana. Ah, não! Se os desmiolados esdrúxulos pintam de azul o horror e querem por que querem impor sua bizarrice sobre os telhados e peitos abertos nas calçadas e ruas para contaminar a miséria tenebrosa como se fossem ofertas faustosas, estou careca de saber daquela do moralista francês Joseph Joubert (1754-1824): O medo depende da imaginação; a covardia, do caráter. E muito mais do que fez a poeta estadunidense Ella Wheeler Wilcox (1850-1919): Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes. Para quem acha que não há quem salve a dor da traição, sigo adiante.

 


Truz era o meu verbo... - Imagem da artista visual alemã Silke Host - Quantas quedas, tombos e topadoutras, não herdei sozinho as múltiplas maldições terceiromundistas. Se este é o meu pecado, mantenho-me desobediente! Ao procurar identificar qual o meu verbo, ouvi algo mais ameno e afetivo da enfermeira e professora Kelly Graziani Giacchero Vedana: Se perdoe. Perdoe pela falta de tempo consigo; pelas vezes que disse sim quando deveria ter dito não; perdoe seu passado, você não sabia das coisas que sabe hoje. Não seja severa assim. Você não merece carregar todo esse peso nas costas. Olhe no espelho e diga: eu te perdoo, tudo vai ficar bem daqui para frente. E lá estava eu na InspirAção para melhor ouvir e entender o que me dizia Morgan Llywelyn: A intuição é a voz do espírito dentro de você. O único poder que um homem tem que não pode ser tirado dele é o poder de não fazer nada. Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos, eu aceito isso. Mas por que, Deus, temos que ficar sozinhos no meio? Os corpos se desgastam para nos lembrar que são temporários e nos forçam a pensar mais em nossos espíritos. Sim e se hoje tudo anda em marcha à ré pelas trevas da ignorância maldita, não se pode ficar com um pé atrás: um passo a mais e outro adiante, não há por que nem como se calar. Até mais ver.

 

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