PADRE
BIDIÃO & DORO DISCUTINDO O REINO DO FECAMEPA!!!! - Doro acordou-se fulo da vida com o
noticiário que dava conta dos golpes e injustiças da vida. Saiu de casa com a
braguilha pra trás e quanto mais ouvia seus pariceiros sobre os últimos
acontecimentos, mais botava pilha no seu descontentamento, a ponto de xingar a
mãe do guarda, dos políticos e até a mãe dele mesmo por ter colocado no mundo
um sujeito tão chué e incapaz de nem mesmo resolver os nós górdios que a sua
vida e todo mundo lhe puseram nas suas costas. Mais que injuriado com tudo, foi
procurar o padre Bidião que meditava arrodeado de suas inúmeras sacerdotisas
maravilhosas. Tomou um chá de cadeira medonho, não obstante conteve-se à espera
das sábias palavras daquele santo homem. Já passando do meio dia, eis que o pároco
aparece na frente dele: - Diga, meu filho! -, disse-lhe com a voz amável que
sempre o caracterizava. – Padre, tô ingicado cuns úrtimos acuntecimento! Calma,
meu filho. Num posso tê calma cum tantus golpes e injustiça! Tá tudo errado,
bandido é quem manda, artista num inxeste mais, o mundo tá de cabeça pra baixo!
Num pode continuá assim, o povo tá inganado, miolo mole, cabeça fraca, desmemoriado,
a coisa acunteci aqui e, nem uma sumana depois, tudo isquicido, pareci qui num acunticeu
nadica de nada. Só uma bomba fuderosa pra ajeitá o mundo. É ou num é? Issu aqui
é o Fecamepa! Calma, meu filho. A vida não será nunca um mar de rosas
idealizado! E nem todo mundo sabe ou tem a capacidade de entender o que está
acontecendo nesse exato momento. Como você pode defender a felicidade da
humanidade se não está feliz consigo mesmo? Cuma? Você está apoquentado e dizendo
que está tudo errado. Já lhe passou à cabeça que você é que pode estar errado?
Ou será que o mundo todo está errado e só você está certo? Peraí, padre, o sinhô
qué cunfundi meu juízo é? Não. O sinhô qué qui eu indoidi e ache que isso tudo
qui tá acuntecendo é certo? Não estou dizendo isso, estou me referindo ao fato
de que você está infeliz consigo próprio e que, por isso, jamais poderá promover
felicidade para quem quer que seja. Já pensou nisso? Você está feliz com sua
vida, com seu trabalho, sua família, sua cidade, seu país? Craro que não, nem
puderia, cum uma cidadi feito Alagoinhanduba ni qui tudo acuntece só pra butar
a genti pra trás, num pudia sê filiz nem cum a Cega-Dedé virando Jesuis e
fazeno milagri por aí. Então, por que você, meu filho, não começa por organizar
sua vida, dando um balanço nela e analisando o que fez até agora pra ser feliz e,
com isso, poder dar felicidade aos outros? Ou você pensa que a felicidade é uma
coisa que só você tem direito? Peraí, padre, o qui o sinhô tá querendo dizê cum
essa cunvesa mole toda, hem? Estou querendo dizer que primeiro você tem que
demonstrar e ter ciência que a sua vida vale a pena, ou seja, procurar fazer o
que gosta, sentir-se feliz por isso e, por consequência, promover a felicidade
para todos. Mas, padre, com a robaeira dessa, um disgoverno desse qui só tem
ladrão mandando e desmandando, cumo posso sê filiz? Meu filho, primeiro
reorganize sua vida, se instrua, tome ciência dos seus direitos, aprenda a
votar, procure errar menos – embora os erros sejam indispensáveis pro verdadeiro
aprendizado, afinal, o que é certo ou errado nesse mundo de meu Deus? Aprenda a
ver a vida como de fato ela se apresenta, faça suas escolhas acertadas, dê o
melhor de si naquilo que se destine realizar, viva o presente, trabalhe no que
gosta, saia da rotina, se desestresse, se sinta bem e pratique a gentileza. A partir
disso, você começa a mudar a si próprio e adquire a capacidade de mudar o seu
mundo e o dos outros pra felicidade. Não adianta ficar resmungando, dizendo que
tudo está errado, que o mundo todo está insolúvel ou insolvente e que não tem
mais saída pra nada. Se quer mudar o mundo, comece por você mesmo: mude a si
mesmo. E só assim você poderá transformar o mundo. Está disposto a isso? Ô,
padre, o sinhô tá me deixano mai cunfundido na cachola qui as mancheti dus jorná.
Cuma posso sê filiz si nada apareci pra filicidade de ninguém, só pros ladrões da
pulítica que mandam em todo canto! Acho quêssi pade tava era cherando capeta
granulado ou fumando maconha da braba, só sendo! Eu, hem!?! Meu filho, primeiro
encontre a sua felicidade e, só a partir daí, você poderá transformar sua vida,
sua casa, seu bairro, sua cidade e seu país. Do contrário, você será sempre
como todo mundo que se acha cheio de razões e complicando ainda mais o nosso tão
conturbado, ultrajado e devastado planeta. Não é com fúria, nem violência, açodamento
e, muito menos, com cabeça quente que a gente poderá fazer mudanças verdadeiras
aqui ou onde quer que seja. Só existirá felicidade quando cada um por si próprio
descobrir ou encontrar a sua própria felicidade. Só assim poderemos transformar
o mundo que vivemos. Então, faça a sua parte e construa um mundo melhor pra você
e paratodos. Vixi! E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem:
a
arte do pintor e fotógrafo alemão Sigmar
Polke (1941-2010).
Curtindo
o álbum Cria –
Nova música brasileira para piano vol. 1, da pianista Karin Fernandes, resultado de uma série de concertos
realizados, com músicas de Sergio Kafejian, Felipe Lara, Tatiana Catanzaro, Arrigo
Barnabé e Leonardo Martinelli.
LEITURA
Lendo
o romance Medo de espelhos (Record,
2000), do escritor, roteirista e cineasta paquistanês Tariq Ali.
PENSAMENTO DO DIA
POLÍTICA: UM PRATO CHEIO DE MERDA! - Como todo bom Fabo que se preze deixa sempre um rastro catingoso por aí, assim
também é com a política que ele promove, defende e pratica na vida e no pleito
eleitoral. Resultado: fazem do que é de direito e de todos, dois pratos muito
do fedorento, com a eleição de outros tantos candidatos que são piormente mais Fabos que todos. E o pior: fazem com
que o negócio fique ou continue mais feio e arriando a lenha na insensatez, na
incoerência e no vitupério. Ora, simancol e discernimento são indispensáveis na
hora do pega pra capar. Do contrário, salve-nos quem puder.
Veja mais Alvoradinha,
o curumim caeté, o projeto
de extensão Infância, Imagem e
Literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré – AL,
Manuel Bandeira, Qorpo Santo, Lygia
Fagundes Telles, Fernando Botero, Roberto Carlos, Ashley Judd & Jayne
Mansfield aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Arte do artista
plástico israelense Orly Cogan.