quinta-feira, março 07, 2013

HALINA POŚWIATOWSKA, GAO XINGJIAN, GOODWIN, DEREK PARFIT, GALDIS & SOLIDARIEDADE




SOLIDARIEDADE - Tendo por base a revisão da literatura a partir de Durkheim (1978), Vila Nova (1998) e Galliano (1981), entende-se por solidariedade como os laços que unem cada elemento ao grupo. O princípio da solidariedade destaca uma realidade social que se refere à interdependência de todos os homens, de forma que cada um é sempre devedor do outro em cada uma das suas realizações. Dessa forma, a solidariedade exige a partilha. A justiça social, portanto, destaca-se o da "eqüidade" e o da "solidariedade" que, no seu conjunto, constituem os verdadeiros garantidores da justiça social e da sua efetivação. A principal característica da solidariedade humana está baseada na coragem de encarar a interdependência dos homens e aceitar fazer parte deste enredo. Para indicar que tipo de solidariedade existe em uma sociedade, Durkheim (1978), usa de normas do Direito. Para ele, o Direito serve para regular as funções do corpo social. As normas impostas pelo Direito são de dois tipos: as repressivas, que aplicam ao culpado uma dor, uma privação; e as restitutórias, que fazem com que as coisas prejudicadas voltem a seu estado interior, levando o culpado a reparar seu erro. A solidariedade social, para Durkheim (1978), é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, uns aos outros formando a coesão social. Há dois tipos diferentes de solidariedade social. Esses tipos têm relação com o espaço ocupado na mentalidade dos membros da sociedade pela consciência coletiva e pela consciência individual. Para ele a consciência coletiva é representada pelo "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria". São as crenças, os costumes, as idéias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros. A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais. Quanto menor for o espaço ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total das pessoas em uma sociedade, ou quanto maior for a área ocupada pela consciência individual, mais a coesão se fundamenta nas diferenças existentes entre os indivíduos. Entre os tipos de solidariedade se apresentam a orgânica e a mecânica. A solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas onde pela divisão do trabalho social os indivíduos se tornam independentes e que garante a união social em lugar dos costumes tradições ou das relações sociais estreitas. Se a consciência individual é maior numa sociedade, os indivíduos são diferentes uns dos outros e a solidariedade só pode surgir da percepção geral de que cada um, com suas especialidades, contribui de uma maneira diferente, e importante, para a sobrevivência do todo, ao mesmo tempo que depende dos demais membros, especialistas em outras funções. É essa rede de funções interdependentes que promove a solidariedade orgânica. A solidariedade mecânica se dá quando o indivíduo se liga diretamente à sociedade, sem intermediário, que se chama também tipo coletivo, pois é um grupo organizado de crenças e sentimentos comuns. A importância da solidariedade mecânica depende da integração social. Quando a sociedade começa a se dividir, a vida social se generaliza. A junção dessa sociedade leva á maior divisão do trabalho; assim, a solidariedade mecânica se reduz e forma-se a solidariedade orgânica. Forma-se um processo de individualização. A função dessa divisão do trabalho é a de integrar o corpo social, com cada pessoa com uma função. À medida que se acentua a divisão do trabalho social, a solidariedade mecânica se reduz e forma-se uma nova: a solidariedade orgânica ou derivada da divisão de trabalho. Durkheim (1978) não podia visualizar a olho nu qual tipo de solidariedade seria predominante em uma sociedade dada. A solidariedade, como um fenômeno moral, só seria identificada a partir de algum indicador que a fizesse visível. Os tipos de normas do direito indicam, para Durkheim (1978), o tipo de solidariedade que predomina em uma sociedade. Diante do exposto, a solidariedade é fundamental no respeito à dignidade humana e no exercício da cidadania. Veja mais aquiaqui e aqui.

FONTE BIBLIOGRAFICA:
DURKHEIM, Émile. Objetividade e identidade na análise da vida social.Rio de Janeiro: LTC,1978.
GALLIANO,A Grilherme. A Sociologia como ciência: a construção do objeto. São Paulo. Harpes e Rew do Brasil, 1981.
VILA NOVA,Sebastião. Introdução à Sociologia. São Paulo: Cortez, 1998

 

DITOS & DESDITOS - Com o início da vida, vem a sede da verdade, enquanto a capacidade de mentir é gradualmente adquirida no processo de tentar permanecer vivo. A vida é provavelmente um emaranhado de amor e ódio permanentemente atado. Sou um artista, moro entre as minhas pinturas. Escrever é um luxo para mim. Pensamento do escritor, pintor e dramaturgo chinês Gao Xingjian. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Uma boa liderança exige que você se cerque de pessoas de diversas perspectivas que podem discordar de você sem medo de retaliação... Pensamento da historiadora, biógrafa e jornalista estadunidense Doris Kearns Goodwin.

 

RAZÕES & PESSOAS - [...] Minha vida parecia um túnel de vidro, através do qual eu me movia mais rápido a cada ano, e no final do qual havia escuridão. Quando mudei de visão, as paredes do meu túnel de vidro desapareceram. Agora vivo ao ar livre. [...] Somos paternalistas quando fazemos alguém agir em seu próprio interesse. [...] Para ser uma pessoa, um ser deve ser autoconsciente, consciente de sua identidade e de sua existência contínua ao longo do tempo.[...] Certas pílulas para dormir reais causam amnésia retrógrada. Pode ser verdade que, se eu tomar tal pílula, ficarei acordado por uma hora, mas depois de minha noite de sono não terei lembranças da segunda metade dessa hora. De fato, tomei essas pílulas e descobri como são os resultados. Suponha que eu tomei tal pílula há quase uma hora. A pessoa que acordar na minha cama amanhã não estará psicologicamente contínua comigo como eu estava meia hora atrás. Estou agora no ramal psicológico, que terminará logo quando eu cair no sono. Durante esta meia hora, estou psicologicamente contínuo comigo mesmo no passado. Mas agora não sou psicologicamente contínuo comigo mesmo no futuro. Nunca mais me lembrarei do que faço, penso ou sinto durante esta meia hora. Isso significa que, em alguns aspectos, minha relação comigo mesmo amanhã é como uma relação com outra pessoa. Suponha, por exemplo, que eu esteja preocupado com alguma questão prática. Agora vejo a solução. Como está claro o que devo fazer, formo uma intenção firme. No resto da minha vida, bastaria formar essa intenção. Mas, quando não sou esse ramal psicológico, isso não é suficiente. Não me lembrarei mais tarde do que agora decidi e não acordarei com a intenção que agora formei. Devo, portanto, me comunicar comigo mesmo amanhã como se estivesse me comunicando com outra pessoa. Devo escrever uma carta para mim mesmo, descrevendo minha decisão e minha nova intenção. Devo então colocar esta carta onde certamente a notará amanhã. Na verdade, não tenho nenhuma lembrança de tomar tal decisão e escrever tal carta. [...] Trechos extraídos da obra Reasons and Persons (Oxford University Press, 1984), do filósofo britânico Derek Parfit (1942-2017).

 

UMA BRINCADEIRA - [...] Justiça? -- Você obtém justiça no outro mundo. Neste você tem a lei […]. Trecho extraído da obra A Frolic of His Own (Scribner Book, 1995), do escritor estadunidense William Galdis (1922-1998), que na obra The Recognitions (Dalkey Archive Press, 2012), expressa que: [...] O que é um artista senão a escória de sua obra? a confusão humana que o segue. O que resta do homem quando o trabalho é feito, mas uma confusão de desculpas [...] Quão real é qualquer coisa do passado, sendo cada momento reavaliado para tornar o presente possível… [...] É a felicidade da infância que estamos sendo mais distorcidos quando menos sabemos disso [...].

 

DOIS POEMAS - QUERO ESCREVER SOBRE VOCÊ -  Quero escrever sobre você \ Com seu nome para sustentar a cerca torta \ A cerejeira congelada \ Sobre seus lábios \ Formar estrofes curvas \ Sobre seus cílios mentir que são escuros \ Quero \ entrelaçar meus dedos em seus cabelos \ Encontrar um cantinho em sua garganta \ Onde com um sussurro abafado \ O coração desafia os lábios \ Eu quero \ Misturar seu nome com estrelas \ Com sangue \ Estar dentro de você \ Não estar com você \ Para desaparecer \ Como uma gota de chuva embebida na noite EU SOU GENTIL COM VOCÊ - Eu sou gentil com você \ como com as abelhas \ o forte cheiro das flores \ Eu sou gentil com você  \como com as asas cansadas do pássaro \ um galho balançando \ como ouro \ Eu caio em suas pálpebras \ com um sorriso \ Eu afasto pensamentos - vespas \ que esta noite \te deu eu \a noite vasta \ com meus cabelos espalhados em desordem sobre a tela \ você é \ claro como a lua \ você brilha \ em meu céu frio \ Eu rezo para você \ que religião é essa \ onde eles adoram os lábios \ do deus curvo das auroras \ ah religião \ magníficos blasfemadores \ nós somos um para o outro \ um mundo fechado de quatro cantos. Poemas da escritora polonesa Halina Poświatowska (1935-1967).

 


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