quarta-feira, novembro 07, 2007

JUNG, ÉRICO VERÍSSIMO, ROSALIA MILSZTAJN, CICERO, MIGUEL RIO BRANCO, OBRA DE ARTE, FECAMEPA: OS CAETÉS, SARDINHA & A CANA

 A arte do pintor, fotógrafo e diretor de fotografia Miguel Rio Branco.

FECAMEPA - OS CAETÉS, SARDINHA, A CANA & AFULEIRAMENTOS GERAIS - Gente, a remoeta é grande, maior meleca mesmo! O negócio é tão estrondoso que só o festival de cagadas melando o país – FECAMEPA é capaz de juntar tudo numa seboseira bostal só. É tramóia que num acaba mais e bote fuleragem na arupema. Foi mal e a esta altura do campeonato, com o quiprocó comendo arroiado, é possível redimensionar de que forma se chegou ao fato de que os índios caetés paparam o bispo Sardinha. Bote mutreta pra pacutia. Vamos aos detalhes, acompanhe meu raciocíonio. Os índios caetés eram tidos por notáveis, segundo os fartos registros históricos recolhidos de estudiosos da área, principalmente pela engenhosidade com que construíam suas canoas formadas duma espécie de pele comprida e forte entrançada com a madeira. Além disso, é encontrado também na literatura, o registro de que eles eram os mais brutais desapiedados e antropófagos, que não aliviavam um só milímetro nas ruindades com os seus algozes portugueses. No entanto, registra-se bom relacionamento deles com franceses, holandeses e com demais visitantes, chegando-se a conclusão que a biziga era mesmo com os portugueses, mamelucos e aliados deles por causa da monocultura da cana-de-açúcar. Mas não só esses e outros índios eram inimigos de Portugal, também todos os corsários das mais variadas nacionalidades engrossavam o caldo da antipatia e queriam tirar uma lasquinha da soberba deles. Daí, por causa exatamente da cana se davam as brigas entre os da capitania de Pernambuco e os caetés que iam para cada arranca-rabo sanguinolento. Nesse ínterim, Duarte Coelho já andava macambúzio e desgostoso com o desprestígio e o desdém da coroa com sua prosperidade, a ponto de viajar para cobrar atenção de Portugal, deixando a sua esposa Brites e seu cunhado Jerônimo de Albuquerque que não aliviaram na refrega e se danaram a ceifar os caetés. Finda Duarte morrendo por lá e o negócio aqui ia cada vez mais medonho a ponto de, conforme registro de Nelson Barbalho, na época o papa Paulo III, tendo em vista inúmeras barbaridades cometidas e, sobretudo, a enorme crueldade praticada pelos brancos em relação aos indígenas donos naturais e habitantes do chamado Novo Mundo, assinar em 9 de junho de 1536, a bula Universis Christi Fidelibus, através da qual reconhecia os ameríndios como seres racionais, do mesmo tipo e natureza que quaisquer outros homens, capacitados para o recebimento dos sagrados sacramentos ministrados pela igreja católica e, por conseguinte, tidos como pessoas livres por natureza e senhores de suas próprias ações. Danou-se tudo! Houve uma revolta nos colonos daqui daquelas bem arrepiadas. Por isso mesmo, mais injuriados ainda, simplesmente massacravam os gentios caetés. Tlin, tlin! No outro fiapo da história, estava Tomé de Souza também decepcionado com a coroa que o nomeara governador-geral da Colônia em 1548, mas que o fazia ser deus para o que não rendia nada e não podia usufruir nem mandar no progresso de Pernambuco e São Vicente. Entristecido com isso e pronto para ser substituído, recepciona D. Pero Fernandes Sardinha, o bispo do Brasil, que em má hora vinha agora despachado para a Bahia, designado pelo Papa Julio III. Chegara a 22 de junho de 1552 com fama de muito severo e que ia botar tudo nos eixos na colônia. Ao contrário, como é? Já chegou logo escandalizando os próprios jesuítas por fazer vistas grossas aos emancebamentos dos colonizados, quando todos os religiosos castigos graves para emendar os males que faziam um inferno abaixo do Equador. Esse ouvido de mercador maculou a santidade do ministro recém-chegado. Mas vamos lá. Com a substituição de Tomé de Souza por D. Duarte da Costa, em 1553, a coisa começou a mudar de rumo. O governador-geral recém-chegado botou logo quente pra cima de tudo e de todos, proibindo aos indígenas aliados de comerem carne humana e fazerem guerra salvo por motivo que ele e o seu conselho previamente aprovassem; reunindo-os em aldeias, onde haviam de edificar igrejas para os já convertidos, e casas para os seus mestres jesuítas. E patati, patatá. O negócio ia se ajeitando meio que nos ferros sem lubrificação. Contra estas medidas grandes clamores ergueram, não os naturais, mas os próprios colonos, que não podiam ver os selvagens considerados como entes racionais e humanos. Teve até um bicudo dum cacique que se opôs ao decreto, foi Cururupebe, o Sapo Inchado. Este, mais desabusado que nunca declarou ousadamente que em despeito dos portugueses havia de comer os seus inimigos e até os comeria a eles também, se tentassem impedi-lo. O negócio foi empenando e Sardinha, por outro lado, foi descobrindo as presepadas de todo tipo do filho de Duarte da Costa, o Alvaro da Costa que, além de ser um dos garanhões desbragados - tão mencionados por Gilberto Freyre -, pintava e bordava chegando a ter uns estranhamentos quase às vias de fato com o bispo. O busuntão ia cada vez mais esquentando entre o governador-geral, o filho e o religioso, findando por este último sair injuriado da Bahia, carregado até o tampo de provas das mais práticas mais escusas e descabidas prontas para desmascarar tudo e entregando todo libelo ao Rei e ao Vaticano dos procedimentos de D. Duarte e seu filho. Tei bei!!!! Aí nascem os ardis, né? Cês acham que isso aí sair assim tão na conta do deixa pra lá, é? Ocorre, então, um naufrágio. Finda a história sendo vendida como que os índios caetés paparam Sardinha e todos os ocupantes, homens, mulheres e crianças, que perfaziam o total de 100 pessoas brancas com seus escravos. Consta do registro recolhido por Robert Southey, que apenas foram poupados dois índios e um português que lhes entendia a língua e que escaparam para trazer a nova. Bem, curioso, hem? Porque de todos os brancos, os índios se davam bem justo com os religiosos. E ainda, por cima, de 100, comerem somente 97. Hum.... cai nessa? Eu hem? Mas vamos lá: que Duarte da Costa e seu filho Álvaro não iam deixar impune a delação do bispo, não iam mesmo. E para não queimarem seus filmes, o negócio findou na boataria com a armação de naufrágio com banquete dos índios. Foi aí que o pencó empenou feio de se envergar troncho pras bandas dos nativos que já andavam com o sal mais que se pisando, virando logo bronca de breu. O povo caeté inteiro com toda sua descendência foi condenado à escravidão, chegando a ser quase totalmente exterminada. Inclusive, inda hoje, não só os caetés como as suas ramificações ainda são esconjuradas por conta dessa pinóia toda nos territórios de Pernambuco e Alagoas. Que coisa, hem? Tá mais do que na hora da gente aprumar a conversa, num ta? Cenas do próximo capítulo: os holandeses - a cagada do séc. XVII & tataritaritatá!!! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais FECAMEPA



PENSAMENTO DO DIANossa mente possui, por natureza, o insaciável desejo de saber a verdade. Pensamento do filósofo, orador, escritor, advogado e político romano Marco Túlio Cícero, (106 – 43aC). Veja mais aqui.

LIÇÃO DE HUMILDADE – [...] Quando as pessoas dizem que sou inteligente, ou um sábio, não posso admiti-lo. Um homem certa vez tirou de uma fonte uma porção de água. Que importância teve isto? Eu não sou a fonte. Estou na fonte, mas nada faço. Outras pessoas encontram-se na mesma fonte, porém, a maioria delas julha que deve fazer algo por ela. Eu nada faço. Jamais penso ser eu quem deva cuidar de que as cerejas nasçam em ramos. Deixo-me, simplesmente, a contemplar o que pode a natureza fazer. [...] o antigo e interessante caso de um discípulo que se dirigiu ao rabi e disse: - Nos tempos antigos havia homens que viam a face de Deus. Por que não existem mais? – Porque hoje em dia ninguém pode inclinar-se tanto – replicou o rabi. Pois é preciso abaixar-se um pouco a fim de se apanhar a água da fonte. [...]. Trechos extraídos da obra Memória, sonhos, reflexões (Nova Fronteira, 1986), do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Veja mais aqui.

OBRA DE ARTE - [...] Porque o dialogo com a obra de arte é um dialogo amoroso, demorado, paciente, exige doação e entrega. Nem sempre o significado de uma obra de arte se dá no momento mesmo da contemplação, mas muito tempo depois, em outro lugar ou momento, em meioa uma tarefa banal, num momento de ócio ou mesmo de raiva ou cansaço. Muitas vezes, precisamos trazer a obra conosco, deixá-lo adormecer em nos à espera do insight [...]. Trecho extraído de Chorei em Bugres: crônica de amor à arte (Avenir, 1983), do critico de arte Frederico Morais.

O SENHOR EMBAIXADOR – [...] Estou farto de tolerar a empáfia de alguns desses oficiais que pensam que farda é adjetivo qualificativo e não substantivo comum. [...] Afastou-se dos assessores que o acompanhavam e precipitou-se para o Pátio Tropical, onde duas araras de cores tão rútilas que pareciam recender ainda a tinta – escarlate, verde, azul, amarelo – gingavam e gritavam, assanhadas, nos seus poleiros. Gabriel Heliodoro aproximou-se de uma delas, tentou pegar-lhe o bico, o que excitou ainda mais a colorida criatura, e ficou depois a dizer-lhes coisas numa língua que Titito Villalba jamais ouvira em sua vida. Em vão o secretário tentava mostrar a seu chefe as outras curiosodiades do pátio. Sem dar-lhe atenção, o Embaixador aproximou-se da outra arara e repetiu a brincadeira [...]. Extraído da obra O senhor embaixador (Globo, 1967), do escritor Érico Veríssimo (1905-1975). Veja mais aqui e aqui.

RECEITA DE POEMA - As palavras estão todas escritas / basta dar-lhes passagem / pelo sangue ossos feridas / e um computador / para a hemodiálise. Poema da poeta, médica e psicanalista Rosalia Milsztajn.


A arte do pintor, fotógrafo e diretor de fotografia Miguel Rio Branco.



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