
Os
marmanjos não dispensavam os mínimos detalhes de sua gesticulação, flagrando
sua esfuziante investigação alimentar. Era um bom dia sonoro e musical ao
passar pela tolda de Nanoca, aquela das aves e ovos, na compra de um galeto
robusto e fresco, examinando atentamente a sua total nudez quando depenada. Uma
voz maviosa cantarolando uma música transcendental, a música de um anjo. O seio
se delineando no discreto decote, ao se curvar para contar bananas, na frente
de Totonho fruteiro, um deus nos acuda! O peitinho duro, moranguinhos sedutores,
bons de chupar. Um sacolejo na cintura fazendo arregalar os olhos do calunga
Nhonhô, numa dança vertiginosamente sensual. Umas coxas recheadas de prazer
alimentando a punheta de Tijela, ao vê-la arregaçar a saia de cócoras para
conferir a laranja comum e depositá-la na sacola. Tijela se oferecia, na sua
doideira, como carregador das compras, gratuitamente, empurrado bruscamente
para longe pela fúria do famigerado pai, eternamente vigilante e contrariado
com tudo. Comentavam de como poderia vir ao mundo figura tão cândida como
Sulamita, filha de um monstrengo daqueles. Deve de ter puxado à mãe, visto
ninguém conhecer a sua genitora, enclausurada em casa. Sabia-se apenas do nome,
Dona Tércia, mais nada. Deve de ser também uma megera por se casar com tão
trombudo homem. Um flagrante exclusivo em dirigir seu olhar à cata de algo e
com todos os olhos na direção dela, atrapalhando trocos, pesos, contas;
desarrumando toldas, barracas, panelas de barro e exposição de camelôs e
feirantes; proporcionando a maior confusão em tudo por sua mágica feitura,
causando até brigas entre mariolas hipnotizados que se chocavam uns aos outros,
causando bulha só por causa do balanço gracioso dela.
Guiomar
verdureira não se continha com a besteirada dos velhacos, reclamando ser essa
mulher a razão do pecado, um fruto do cão. Era inveja nas mulheres e cobiça nos
homens. E quando chegava na outra esquina da saída da Ceasa, deixava um perfume
no ar alimentando inúmeros amores platônicos nos macorongos sentimentais dali.
Naquele
dia estava sozinha, contudo, sempre aparecia ao lado dela, sempre sisudo,
atarracado e aborrecido, o velho Tertuliano, seu pai, um arengueiro e rude
agricultor da cana-de-açúcar que, ao longo da vida, conseguira viver de forma
modesta, porém autossuficiente. Sulamita era a menina dos seus olhos,
desbancando com sua ignorância peculiar toda a nobreza de quem se aproximasse
daquele primor de mulher.
Tertuliano
transferira a família para a cidade, oriundo do engenho na zona rural,
recentemente. Ninguém ainda havia se acostumado sem furor com a presença
daquela casta senhorita. E a mudança do campo para a vida urbana trouxera uma
placidez com gosto de felicidade naquela mulher, sua mãe, Dona Tércia e dez
irmãos, nove deles do sexo feminino. Essa nova moradia dera-lhe mais
vitalidade, comprovada pelo brilho imenso dos seus olhos, a boca entreaberta
mostrando os dentes branquinhos, o jeito saltitante de enamorada com a vida. A vinda
para a cidade significava que o negócio estava prosperando, a cana em alta, a
abastança dos fazendeiros animavam as plantações, mais próximo dos bancos, do
comércio e do escritório das usinas. Isso ajudava o pai a alimentar o sonho de
se tornar um dos agricultores bem sucedidos da região, a exemplo de seu Maçu
Librosa; criando gado do bom feito seu Nandinho Norinhos, seu Rômulo Outeiros;
com cavalos mangalarga marchador, quarto de milha, éguas a peso de ouro,
garanhões premiados feito Violineiro da Santa Musiquinha, com fazenda e tudo,
num plantel de dar inveja. Apesar de rude, ele sabia que um dia chegaria a
trocar uns dedos de prosa com os Leruel da Grota, da Usina Serramby; os
Danceiros, de Inhambu; os Laureão, de Brumeliana; arrotando riqueza, sentando
potentado e fazendo deles seus amigos mais íntimos para influir na política e
nos destinos das cidades circunvizinhas. Sua principal vingança era arquitetada
contra os funcionários do Banco do Brasil, quando um dia ficasse rico de cagar
dinheiro pela culatra, entraria numa agência bancária daquelas e desbancaria o
rei que aqueles taizinhos, no dito dele, criavam na barriga. Humilharia aqueles
contraproducentes, no adjetivo dele, com seu saldo modesto de vários milhões,
ameaçando tirá-los da conta sob a cara que achasse chata nos guichês; rebaixar
aqueles gerentezinhos que, segundo seu próprio juízo, gente imprestável e falsa
que se ocupam dos cargos das instituições financeiras, ditando sempre como eles
deveriam proceder, de que jeito, forma ou prazo, porra nenhuma! O dinheiro é
meu, tome no cu e se fôda de uma ladeira abaixo com a boceta da sua mãe junto!
Que Tertuliano fosse o maior de todos, paparicado, bajulado e babado por todos
aqueles frutiqueiros de merda.
Sulamita,
apesar da idade, ainda brincava com as suas bonecas de pano. Uma inocência
angelical, privada das ruas. O velho só permitia que as filhas saíssem para a
escola a fim de educação, mais nada. O resto era em casa, dias e noites. Não se
permitia nem ver televisão para não pegar mau costume, apenas um radinho de
pilha para iluminar seus sonhos de ser, um dia, visitada pelo príncipe
encantado.
Tertuliano,
por sua vez, possuía uma vida muito regrada e cheia de turbulentos transtornos.
Dona Tércia era uma verdadeira dona de casa, escravizada e sempre à sua mercê. As
dez filhas: Sulamita, de 24; Silvia, de 23; Severa, de 22; Sinfrônia, de 21;
Sinara, 19; Sibele, 17; Simone, 16; Sandra, 15; Sabrina, 14; e Soraia, 12;
pareciam mais um rico pastoril e faziam uma escadinha de procriação, sem contar
com Sávio, único filho macho de apenas vinte anos de idade, todos trancafiados
a sete chaves dentro de casa, para que ninguém deitasse vista e desejasse as
suas serviçais, numa verdadeira escravaria. As meninas dormiam amontoadas em
dois quartos, Sávio no sótão. Algumas ajudavam Dona Tércia nos afazeres de
casa. As outras, numa risadagem sem fim, amolegando suas bonecas o dia todo.
Quando o
velho chegava era um silêncio funéreo dentro de casa. Ninguém ousava nem um
cochicho.
No café
da manhã o velho exigia sob rigorosa recomendação e cumprida em cima da risca
tudo que partisse do seu mando, a presença de todas as filhas sentadas à mesa,
com Dona Tércia e Sávio servindo de garçons ao capricho dele. O bruto possuía
um prazer satânico de ver as filhas arengando por causa de comida, uma vez que
ele sozinho se fartava das carnes, deixando para todos apenas arroz, feijão,
farinha, cuscuz, ou outras iguarias. Era um desejo latente de ver aquelas
danadas discutindo, puxando o cabelo uma das outras, seminuas, a se embolar no
chão, intimidades à mostra, o fruto do seu desejo. E quando a luta alcançava um
teor mais áspero, ele se engalfinhava entre elas como numa brincadeira,
apartando-as e apalpando aqui e ali, algumas protuberâncias carnais, não
permitindo que ninguém intercedesse naquilo. Gostava de ver, se deleitava com
isso. No almoço e na janta a coisa se repetia.
De
todas, a Sulamita era a mais reservada, engolindo seco a comida e sem
participar das contendas que as irmãs já se acostumavam em digladiar. Quando
caía a noite, a charque era só dele; aos demais, farinha, arroz, farofa,
feijão, macaxeira e inhame, numa verdadeira austeridade. Quem quisesse provar
da charque tinha de lutar e ser a preferida dele. No meio da arenga, ele
escolhia uma para sentar-se no colo, permitindo que saboreasse das guloseimas.
Era um plano diabólico para levantar a ciumeira das outras que agora brigavam
para ser a escolhida no dia seguinte. Mordiam-se umas às outras, apostando, de
quando em vez, qual seria a escolhida para a fartura na ceia seguinte.
Noutro
dia, terminada a ceia, se apossou da escolhida e levou-a para o quarto,
ordenando a mulher que fosse ter com as outras, a prosear, visto que ele queria
descansar em paz, sem barulho, nem tormentos, trovejando, sobremaneira, que
ninguém deveria incomodá-lo na digestão sob hipótese alguma. Dito isto, se
trancara nos aposentos, escondendo a chave. Do lado de fora, ninguém ouvia
nada. Todos curiosos pela escolha do velho naquele dia. Foi a Sinara.
No dia
seguinte, ceia exposta, consumida, escolheu Sinfrônia. E assim por diante, todo
dia uma escolhida. Ele ofertava comida e depois se trancava no quarto com uma
das filhas. Dona Tércia até fora proibida de entrar no quarto. Na primeira
reclamação da mãe ele vitimou-a de um sacolejo grande que ficou adoentada por
três dias, acamada. Sávio sentiu-se ferido e foi em defesa da genitora, levou
uma espoletada enfezada de ficar zonzo por uns oito dias, sem saber nem quem
era. O que se passava dentro do quarto deixava a filha escolhida com um olhar
lacrimoso. Algumas esperneavam, ouvindo-se apenas os seus gritos.
Dona
Tércia ousou nova reclamação dos maus procedimentos dele, desconfiando de
alguma coisa, já que ele agora dormira com uma de suas próprias filhas. Ele
deu-lhe uma tremenda surra para não se meter mais nos assuntos que só a ele
diziam respeito.
Uma
tarde, porém, ela constatara a veracidade de sua desconfiança, chorou agarrada
às suas filhas, um choro longo, solidário. O que se poderia fazer contra um
monstro daquele? Não tinha iniciativa, viviam sob as leis dele, não tinham
opinião, não sabiam de si, muito menos; sabiam apenas cumprir os seus mandos, a
sua vontade, o seu desvario. O poder dele anulava a personalidade de todos, uns
resignados sem força para lutar, restando-lhes, apenas, as lágrimas, mais nada.
Não demorou muito Tertuliano expulsar a figura materna de casa por causa das
intervenções intrometedoras que ela fazia, surpreendendo-o no ato sexual com
uma de suas filhas. Dera-lhe ele um pontapé na bunda, largada na rua embaixo
dos mais cabeludos palavrões, sentenciada a não mais retornar àquele sagrado
lar dele. Ninguém mais soubera notícias dela. Com sua saída, impusera ele um
juramento às filhas de obediência e fidelidade absoluta às suas ordens.
Sulamita,
em sua graciosidade, agora, reinava ali por ser a mais velha. E a insatisfação
morava no coração daquelas jovens e Silvana foi logo a primeira a arribar de
casa com um namorado arrumado às pressas, numa terça-feira, ao inventar a
compra de um medicamento na farmácia. A fuga encolerizara o pai que saiu numa
bruta busca na tentativa de resgatá-la. Mais aborrecido com o insucesso da empreitada,
desferiu umas lapadas violentas no Sávio, sob a alegação de que ele se tratava
de um irresponsável incapaz de vigiar suas irmãs. O menino ficou molezinho,
pagando o pato ali mesmo, na frente de todas. Após a reprimenda, Sávio
trancou-se por vários dias no sótão. A atitude grosseira se estendera a todas
as filhas que dormiram com o bumbum ardendo, excetuando-se Sulamita, a mais
obediente e protegida pelo pai. Não se livrando ela de um safanão nas fuças na
hora de esquentar os pés do velho, por ter permitido a fuga da irmã.
Três
dias depois veio a fuga de Suzana sob a proposta de comprar pão na padaria.
Esgueirou-se mundo afora. Mais oito dias, outra. E assim por diante, restando
apenas ao domínio dele a Sulamita e o Sávio, mais medrosos que obedientes. O
asqueroso pai aborrecido com a inoperância do filho em coibir a debandada das
irmãs, resolveu dar-lhes um castigo, castigo diferente, cheio de carinhos, de
alisados, e de aguardente. O rapaz todo desconfiado com as gentilezas do
brutamonte, foi se deixando embriagar até que num puxão violento, foi
nocauteado e, de uma só investida, foi seviciado pelo ignorante. Sulamita
presenciara tudo. Amargurou-se mais, crescia algo dentro dela que não sabia
expressar. Era uma coisa ruim. Pensou em se apossar de uma faca e matar o pai
enquanto ele enrabava o irmão aos gritos. Vacilou, temia que o pai se virasse
dali contra ela. E depois de se vingar do Sávio, puxou-a pelos cabelos e,
arrastando-a corredor adentro, trancou-se com ela no banheiro. O deplorável
estava, naquela noite, insaciável.
No dia
seguinte a manhã chegara com a notícia do desaparecimento do filho. A coisa foi
piorando, o homem só saía agora de casa depois que amarrasse a única que
restava, a correntes e cadeados, proibida de botar o focinho na janela e
amordaçada para não gritar por ajuda quando ele não estivesse por ali. Inerte,
ela chorava o dia inteiro, não havia como fugir.
A noite
se instalara e com ela a chegada de Tertuliano fedendo a álcool, ela esfomeada,
desde cedo da manhã, na mesma posição, toda dormente e já arrastada para a
sedução ali mesmo. Depois desamarrava tudo com palavras e atitudes de carinhos,
se saciando novamente com selvageria. Agora era uma violência brutal devido
desconfiança que ela tencionasse também arribar.
Os anos
se passando e Sulamita se recolhendo em horrores, buscando uma maneira de lhe
diminuir os dissabores, embora todas as tentativas infrutíferas, em vão. Todo
dia ele mais ampliava a sua câmara de horrores, seduzindo-a com ameaças, esfregões,
de arma esfregada no nariz, cusparada no rosto e brutalidade infinita. Toda
manhã ela chorava com a lembrança de cada cena, um sacrifício que jamais teria
fim.
Certa
feita, de súbito ele entrara pela sala adentro, esbaforido, amargurado com o
engenho, a cana com baixo teor de sacarose, o saldo comprometido no banco, o
gado doente, o alazão que morrera, reclamando de tudo, não conseguira
financiamento no banco e, decepcionado, resolvera se banhar. Pela primeira vez
ele não desamarrara Sulamita nem lhe atentara com sua sede sexual. Revoltado
porque a usina pagara mais barato pela tonelada de sua cana, reclamou a noite
inteira. Os vizinhos abelhudos já enchiam o saco dele com perguntas
bisbilhoteiras a respeito dos familiares. Abofelava os ossos cada vez que uma
fofoqueira dos estranhos indagando sua vida e a dos seus, produzindo com isso
um recolhimento compulsório e mais cedo. Não interessava a ninguém a vida
particular dele que se fodessem com suas perguntas insolentes. Resmungava, e
muito! Sem falar mais nada, saiu do banho e desamarrou-a, depois, serviu-se
dela. Satisfeito, sentou-se à mesa para jantar enquanto alisava as pernas e os
seios da filha. Durante a ingerência da comida notou que estava ainda queimando
de desejo e nem descansou direito, agarrou-se a ela, sussurrando safadezas,
cochichando carícias, beijando-lhe o corpo todo e se armando para o ato sexual.
Investiu sobre as carnes preferidas e gozou uma, duas três, quatro vezes,
incansavelmente. Admirado de si próprio, o pênis virado com a porra, nada de
ficar mole, duro, teso, renovou as investidas, expelia sangue e nada do cacete
baixar. Começou a dizer besteira, falar maravilhas daquele corpo, desejos,
delírios, miragens, investindo novamente, sentiu dores, afastou-se da fêmea,
arrastou-se no chão, caralho roxo, inchado, doendo, se contorcendo, gritos no
ar, embolando, exasperando, estrebuchando, aos gritos, palavrões, olhos
revirando, o suor lavando o corpo até não poder mais resistir. Sulamita, ajeitando
as vestes, fitava a tudo sem dizer uma palavra, olhos esbugalhados, assustada
com a dor dele, sem ter o que fazer, viu-lhe o último suspiro. Com a zoada os
vizinhos acorreram presenciando a mudez de Sulamita, desgrenhada no canto da
sala, segurando o vestido entre as mãos envolvendo as pernas, enquanto o pai,
bocarra aberta, mãos no pênis, se arrastando aos gritos roucos pelo chão.
Último suspiro. Calada estava, calada ficou. Após o sepultamento do pai,
Sulamita fora encaminhada pela bondade alheia a um sanatório do Recife. © Luiz
Alberto Machado. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS - E
quem somos? Indivíduos de muitas caras. Virtuosos e pecadores, oscilando entre
a transigência e a transgressão. Em público, civilizados. No privado, sacanas.
Na rua, liberados; em casa, machistas. Ora permissivos, ora autoritários.
Severos com os transgressores que não conhecemos, porém indulgentes com os
nossos, os da família. Ferozes com os erros dos outros, condescendentes com os
próprios. Em grupo, politicamente corretos, porém racistas em segredo. Fora,
entusiastas dos direitos humanos, mas cá dentro, a favor da pena de morte.
Amigos de gays, mas homofóbicos. Finos para ‘uso externo’ e grossos para o
interno. Exigentes na cobrança de direitos, mas relapsos nos cumprimentos de
deveres. Somos velhos e moços, nacionalistas e internacionalistas, cosmopolitas
e provincianos, divididos entre a integração e a preservação de nossas
múltiplas identidades. Na intimidade, miramos nossas contradições. Resta saber
se gostamos do que vemos. Pensamento da historiadora Mary
Del Priore. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU - A
opressão sempre esteve em nosso mundo. E quanto mais conhecermos as mulheres do
passado - chegando até os nossos tempos - mais teremos conhecimento. Todos se transformam, dependendo da
tecnologia, da educação, do nível de democracia, da situação política. Temos
que ser pessoas melhores - primeiro, temos que estar vivas. Temos que nos
manter vivas. Não temos nem sequer o direito de estarmos vivas.
Pensamento da socióloga, escritora e professora mexicana Martha Robles. Veja
mais aqui.
DOS DIZERES DE SWEDENBORG - O amor consiste em
desejar dar o que é nosso a outro e sentir o deleite dele como o nosso. Uma pessoa que sabe tudo
o que é bom e tudo o que é verdade - tanto quanto se sabe - mas não resiste aos males, nada sabe. O homem sabe que o amor
é, mas não o que é. A verdadeira caridade é o desejo de ser útil
aos outros, sem pensar em recompensa. A vontade humana tem a liberdade de
efetuar a justiça civil e escolher as coisas submetidas à razão. O céu é um homem enorme. Em todas as coisas do mundo, tanto em geral
como em particular, há graus de produção e de composição, isto é: de uma coisa
procede outra e desta uma terceira, e assim por diante. Em cada coisa criada sobre a Terra há um lado interior e um lado
exterior. Nenhum deles pode existir sem o outro, da mesma maneira que não há
efeito sem causa. O exterior pode ser visto a partir do interior, e não o
contrário. Já disse
e repito: o pecado não existe. O que existe é ignorância. Vi, ouvi, senti, e não estou intimidado.
Por isto, só a compreensão poderá libertar. O
amor consiste em dar para o outro o que é nosso, e sentir o seu prazer como
sendo nosso. Pensamentos
recolhidos do cientista, inventor e filósofo sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772). Veja mais aqui.
DA LITERATURA DE GORKI - Quando o
trabalho é um prazer, a vida é bela! Mas quando nos é imposto, a vida é uma
escravatura. O talento desenvolve-se no amor que pomos no que fazemos. Talvez
até a essência da arte seja o amor pelo que se faz, o amor pelo próprio
trabalho. A nova cultura começa quando o trabalhador e o trabalho são tratados
com respeito. A única coisa que transcende a existência do ser humano é a sua
obra. Do amor para com a mulher, nasceu tudo o que há de mais belo no mundo.
Procura amar enquanto viveres; o mundo ainda não encontrou nada melhor. A ciência
é a inteligência do mundo; a arte, o seu coração. Não é com sangue que se há de
sufocar a razão. A tarefa da literatura é ajudar o homem a compreender-se a ele
mesmo. Pensamentos extraídos das obras do escritor e
dramaturgo russo Máximo Gorki (1868-1936). Veja mais aqui.
MULHER ELEITORA: MIETTA SANTIAGO - Mietta Santiago / loura poeta bacharel / Conquista, por sentença de
Juiz, / direito de votar e ser votada / para vereador, deputado, senador, / e
até Presidente da República, / Mulher votando? / Mulher, quem sabe, Chefe da
Nação? / O escândalo abafa a Mantiqueira, / faz tremerem os trilhos da Central
/ e acende no Bairro dos Funcionários, / melhor: na cidade inteira funcionária,
/ a suspeita de que Minas endoidece, / já endoideceu: o mundo acaba. Poema
do poeta, contista e cronista Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987), dedicado à poeta, advogada criminalista e sufragista
Miêtta Santiago (Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira – 1903-1995),
que foi uma das primeiras mulheres no Brasil a exercer plenamente seus direitos
políticos, tornando-se pioneira pela luta sufragista no país, ao questionar a
constitucionalidade da proibição do voto feminino, que violava o art. 70, da
Constituição de 1891. Veja mais aqui e aqui.
VEJA
MAIS:
Ciranda,
História Pernambucana, Carlos
Fuentes, Daniel Defoe, Martin
Luther King, Análise Literária, Margaret Edson,
Érica García, Walasse Ting, Zine Tataritaritatá & Robin Wright aqui.
André Gide, Margaret Atwood, Tom Jobim & Vinicius de Morais, Joaquín Rodrigo, Pedro
Demo, Márlio Silveira Silva, Sara Marianovich, Leon
Hirszman, Miguel Covarrubias, Christian Rohlfs, Garota
de Ipanema & Helô Pinheiro, Natanael Lima & Domingo com Poesia
aqui.
AS PREVISÕES DO DORO:

AMOR: Como você é a Panthera leo, a felina luminosa big five elegante, daquele magnetismo especial de deusa bonita e charmosa, do sorriso ensolarado que contagia tudo e todos, cheia de si e dos seus dotes físicos, neste ano tudo será por e pelo amor. A sua natureza fogosa contagiará o parceiro e não se esqueça de colocar a sua caça no pedestal. Use sempre aromas e essências de heliotrópio, hortelã, alfazema, almíscar, sândalo, ópio ou patchuli. Mas controle sua língua nas relações sociais e abuse dela nas sexuais, viu? Para satisfazer a si e ao parceiro, todo domingo ao se acordar pegue 1 panela, coloque 3 girassóis, 3 pétalas de violeta, 3 flores do campo, 1 banana seca, 3 folhas de laranjeiras, 5 pedras de carvão, 1 cristal, 1 imagem de São Jerônimo e 3 pingos do seu mijo, coloque numa vasilha e ponha para ferver. Quando estiver no ponto, coloque numa garrafa e tome o chá 3 vezes ao dia e isso deixará você num mundo de cheio de extrema alegria na selva do prazer e nas savanas do amor. Um aviso: sabe aquele felino lindo da reserva de Timbavati que você sonha porque enfeitiça seu coraçao? Pode tirar o cavalinho da chuva, nega, aquele não dá para você. Aquele Panthera leo azandica, também. O Leão-do-catanga, dispense. O congolês, descarte. O sul-africano, dê baixa. O do Atlas, dá um caldo, nada duradouro. O massai, hum.... dá pro gasto, mas você pode arrumar coisa melhor. O do cabo, uau! Esse você tem que segurar bem no cabo, filhota, senão ele arruma outra na hora! O núbio, hum... pra uma rapidinha é excelente! O asiático é frio pra porra! O europeu é arrogante, só serve para usar e jogar fora. O etíope, sei não, hem? O senegalês é pinga-fogo! O somaliano, nem se fala! O do sudoeste-da-África, o Kalahari, nossa! É outro que dá um remelexo de você perder até a identidade. O americano faz de você gato e sapato, quer? O das cavernas é bem caseiro e toca fogo no mundo, viu? A escolha é sua: segure na juba do seu amor demarcando bem o território dele, se não, se não. A gente sabe que quando você ama é fiel e devotada. Mas, se um tigre aparecer no seu pasto, minha filha! Não vá perder a chance, viu? Use sua tática de emboscada para capturar sua presa e seja lá o que deus quiser!

SAÚDE: Você encarna a virtude e a sabedoria, mas não é indestrutível, lembre-se. Como você tem uma energia magna e vitalizante, é expansiva e calorosa, Plutão estará sempre exaltado para sua banda. Mas não vá abusar, por isso, das gorduras. Coma sem remorsos lagostas, frutos do mar, pratos exóticos e luxuosos. Muita verdura, também. Faça muito sexo! Nunca é demais. E espalhe alto-astral! Caminhe bastante e aproveite do sol. Não abuse do sal. Toda sexta-feira pegue 1 pimenta malagueta, mostarda, 1 folha de angélica, 1 trisquinho de ouro, 1 foto de um leão, 1 cabelinho da venta de 1 gato, 1 taquinho de rubi, 1 lasca de loureiro, 1 taco de palmeira, 1 folha de laranjeira e 1 entre-casco de nogueira, 2 pétalas de mal-me-quer e 1 flor de girassol, meta tudo dentro de uma bisaca amarela, sacuda na parede, bata na cama, depois que tiver tudo remexido mije dentro e amasse bem amassado, costure e tranque tudo num lugar que só você saiba e alcance. Quando escolher o local, reze 10 Ave-Marias das Glórias Alcançadas e 10 Pai-Nosso do Salvador do Além. Quando tiver um monte de saquinhos, vá enterrando aos poucos numa encruzilhada onde o sol na alvorada dê no centro. Se você seguir à risca, refletirá sempre o conforto, riqueza, elegância, estilo e beleza que lhe é peculiar, nunca caindo ou se estatelando nas desgraças. Quando estiver se sentindo prestes a ser acometida por alguma doença passageira, conte com Saturno e Urano lhe protegendo. Então, vá ao teatro, ou faça uma viagem pelo Iraque, pela Itália, pelos Alpes, pelo sul da França. Isso mesmo, e se regozije com o seu bem-estar.
VIDA - Este ano você estará na casa 5 que representa a alegria de viver, a vitalidade, a criatividade, a extroversão, o prazer, os passeios, divertimentos e lazer. Como você é otimista, extrovertida, radiante, simbolizando a juventude da vida, tudo é uma festa e merece mesmo ser festejado: até as desgraças, fatalidades, quedas, vitórias, derrotas, tudo! Se não estiver sendo ouvida ou atendida, vá relaxando, ruminando, hibernando. Mas não se isole muito, nem morra de véspera. Como a gente sabe que você é bastante orgulhosa e auto-confiante, não fique ferida se não lhe derem atenção. Também não vá ficar morgada pelos cantos, abatumada, porque está se sentido rejeitada. Nada disso. Assim você vai cair do trono. Bote aquela sua generosidade ingênua e aqueles sentimentos régios e intocáveis na lata. Não se decepcione com as pessoas, na verdade nenhum ser humano merece confiança. Não seja presunçosa, nem arrogante, muito menos egoísta! Abuse das suas cores que são o amarelo e o vermelho. Por isso, nunca dispense nada entre o amarelo-claro e o marrom-escuro. Também sempre tenha ao redor laranja e dourado, nunca esqueça disso. Tenha sempre ao alcance algum diamante, ou cristal, crisólita, cornalina, âmbar, rubi, topázio, citrino ou brilhante. Quando estiver no inferno astral use: 1 cristal em 1 copo com água e sal. Fique em frente ao copo e faça exercícios físicos rezando o salmo das Vitórias-Futuras. Assim feito, só restam 2 coisas: a primeira, fazer aquela simpatia da virada do ano. Inevitável, extremamente recomendável. E, a segunda, votar em mim nas próximas eleições senão eu prego uma peça com um esconjuro pra lá de anatemizado nas suas costelas de nunca mais você encontrar o fio de prumo da vida, viu? Assinado, Doro.
Veja mais previsões acessando:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.