sexta-feira, novembro 02, 2007

MURILO MENDES, LOBATO, TOLSTOI, PISTRAK, CELSO LUFT, PAIXÃO, MISCIGENAÇÃO & PREVISÕES DO ANO



PAIXÃO (Imagem: Love, by Leonid Afremov)– Falar em química da paixão e do amor em nossos dias, confronta a dicotomia da racionalidade com a emotividade. Principalmente pela atitude experimentalista e pelo sucesso tecnológico que propiciaram um desigual conforto humano. Contudo, enquanto o conforto passa a ser a razão da saga humana hoje, engendrou-se o desconforto para o conhecimento, que impôs a si mesmo limites metodológicos e restrições de incidência, que o paralisaram em campos onde o experimento não pode operar. Nesses campos do amor e da paixão, a ciência cotidiana não entra e os considera o limbo da metafísica, o exagero da imaginação artística e a perfumaria opressora dos mitos superados. Dessa forma, falar de amor e de paixão em tempos de banalização e vulgarização das relações afetivas e sexuais, requer um exercício ético sem preconceitos. Se no interior da própria ciência, a razão se autotematiza, no cotidiano, a opacidade continua. Há um mundo operatório que dá conta dos interesses e racionaliza as correlações de força vigentes, mantendo e justificando as disparidades, aquietando as consciências, criando virtualidades consoladoras e simulacros generosos, galvanizando as atenções e os esforços. Para um mundo limpo, tão limpo como as máquinas, cuja sujeira é permitida por não ter o odor e a organicidade dos seres vivos, uma razão limpa, sem as instabilidades do afeto e os riscos da paixão. Enquanto isso, uma corrente inglória e contumaz, insiste na afetividade em detrimento do mecanicismo desumano. Para que essa razão analítico-instrumental sobreviva, será sempre preciso separá-la do afeto. A inteligência mais alta é aquela que tem a eqüidistância dos eunucos e a limpidez da água destilada. Isto significa uma muralha construída entre a razão e a paixão, entre a cognição e a afetividade, a se tomar a terminologia piagetiana. O mundo do dado, como se insurgindo, não cansou, na história, de mostrar que onde a razão brilha, há uma coexistência com a paixão, onde ela desvela, ali está morando o afeto. Isso pode ser observado, tanto individual, quanto coletivamente. A paixão, em Nietzsche, martela e fragmenta, atingindo a transmutação de todos os valores. Em Marx, subverte, denunciando a injustiça das estruturas econômicas e sociais. Em Freud, revela o inconsciente; e, no feminismo, desprivatiza o privado para denunciar a desigualdade entre os sexos. E isso quer dizer que não há Einstein sem a paixão pelo Universo, nem Mozart, sem a paixão pela Música, nem Marx, sem a paixão pelos desvalidos, nem Picasso, sem a paixão pela forma, cor e textura, nem movimentos sociais, sem a paixão pela transformação. Daí, conforme Gutiérrez (1998:80), "(...) paixão é criatividade: sem paixão não há poema, quadro, catedral, transformação social ou literatura. E é da paixão amorosa que trata a literatura, especialmente a romântica". Em Goethe, com Werther, é a mais alta representação do amor impossível, do amor infinito e da morte. Onde a paixão é excesso, transgressão. E que as transgressoras, adúlteras, ou não, como as heroínas na história da ópera, sofrem sempre algum tipo de punição. A paixão sem qual o mundo é insípido, a paixão que alimenta e fecunda e sem a qual se perde a própria flor da vida, tendo as características do que, para Kant, é o sublime, pois em termos kantianos o sublime é noturno, tempestuoso, misterioso. Mas afastar a razão da paixão é útil para efetivar uma dominação sutil: a dominação que estimula a produção com a diminuição de angústias e tensões, a dominação dos controles mais fáceis, dada a previsibilidade dos seres com sentimentos pequenos e pouco intensos, a dominação da criação de necessidades para amortecer dúvidas e tecer existências lineares, que procuram se apropriar de mercadorias, em si, desnecessárias. Além disso, nessa teia de poderes estabeleceu-se uma outra dualidade: a do amor, de um lado, e o da paixão, de outro. Para o amor foram carreadas todas as qualidades superiores: o amor é construtivo, o amor é solidário, o amor é doação, o amor é o sentimento da união serena e estável. À paixão foram reservados os estigmas do descontrole, da traição, da agressividade, da infelicidade, da imprevisão e da destruição. Assim, a paixão se tornou fonte de atos perigosos, como, no âmbito penal, o homicídio passional. O amor-paixão que move o ser humano para pontos cruciais, que o lança para os abismos, ou que o abre para iluminações, é entrega plenificadora ou destruidora. Seu sentido plenificador ou destruidor está dependente do valor, está ligado aos projetos, está demarcado por trajetórias individuais, sociais ou culturais. Ele é demasiadamente humano. Por isso, é perigoso para a sociedade de controle. Somente humano. No entanto, é preciso entender que o amor e a paixão fazem parte da vida humana porque estão sempre presentes nos sentimentos humanos. Para os poetas arrebatados a paixão não é, sente-se! E sente-se a cada momento, a cada beijo, a cada carinho, a cada sofrimento. Paixão é o que se cria fechados no mundo onde se balbucia palavras divinas que os beijos inocentemente interrompem! Paixão é a contemplação mística de olhar os olhos enobrecidos de prazer, de vida. Por isso e muito mais, a química do amor e da paixão é muito estudada hoje, pois o corpo produz substâncias que são como drogas que agem na pessoa quando está apaixonada. Numa primeira tentativa conceitual empírica, a paixão pode ser entendida como um sentimento que desestrutura o indivíduo, pois ele deixa de lado o seu próprio eu para satisfazer as vontades e desejos do outro. Isso porque o apaixonado se anula, esquece de si mesmo para viver a vida do outro. Afasta-se dos amigos, da família e as vezes da própria sociedade. Ou seja, a paixão é a forma de amor que recusa o imediato e foge do próximo: aspira à distância e a inventa na medida de sua necessidade, para melhor se renovar e se exaltar. Esta definição está conforme com os preceitos do filosofo francês Denis de Rougemont, autor de "Os mitos do amor". A paixão, por outro lado, é uma projeção narcisística: ama-se, no outro, a projeção de si mesmos, enquanto o casamento, por seu lado, elimina o aspecto nascisístico da relação (Bolsanello, 1979). O apaixonado projeta e enxerga no outro tudo que ele deseja ter ou ser. A paixão não dura a vida toda. Ela chega numa encruzilhada onde encontra dois caminhos a seguir: acabar ou transformar-se num grande amor. Por outro lado, Jung (1980), observa que o encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas: se houver alguma reação, ambas serão transformadas. Por isso, entende-se que a paixão é aquela euforia, aquele tormento, as noites insones e os dias inquietos. Em êxtase ou tomados pela apreensão, sonhando acordados durante os afazeres, esquecendo as coisas, perdendo a noção do espaço, ficando sentados ao lado do telefone ou planejando o que vamos falar, obcecados, ansiando pelo próximo encontro com a pessoa amada. Sob esse entorpecimento, o riso deixa tonto, enfrenta-se riscos absurdos, diz-se tolices, ri-se demais, revela-se segredos bem guardados, conversa-se a noite inteira, anda-se pela madrugada e, o tempo todo, abraçam-se e beijam-se, esquecidos do mundo inteiro enquanto estão tomados pela febre e sem fôlego, plenos de êxtase (Fisher, 1995). Numa outra visão, Freud considerou a paixão como um desejo sexual bloqueado ou postergado. Daí, muitos consideraram a paixão uma experiência mística, intangível, inexplicável e até sagrada, que desafia as leis da natureza e a investigação científica. Há toda uma mística, desde Iansã, que é o orixá de um rio conhecido como Níger, cujo nome original em iorubá é Oyá. Deusa da espada do fogo, dona da paixão, Iansã é a rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais.  Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, senhora do cemitério. Orixá da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase "estou apaixonado" tem a presença e a regência de Iansã, que é o orixá que faz com que os corações batam com mais força e cria nas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte, violento. Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns. É a deusa dos cemitérios. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda a falange dos Boiadeiros. Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos. Foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi, Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaiê. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbo, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxóssi, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oió, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais. Aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração. O fogo é o elemento básico de Iansã. O fogo das paixões, da alegria, o fogo que queima. E aqueles que dão uma conotação de vulgaridade a essa belíssima e importantíssima divindade africana, são dignos de pena e mais dignos ainda, do perdão de Iansã. Doroty Tennov, em 1960, identificou uma constelação de características comuns à condição de se estar apaixonado, um estado que ela chama de envolvimento, alguns psiquiatras chamam de atração e outros de paixão (Fisher, 1995). O primeiro aspecto dramático dessa condição é seu início, o momento em que outra pessoa começa a assumir um significado especial. Depois, a paixão vai se desenvolvendo segundo um padrão característico, que começa com o pensamento invasivo. No começo, esses pensamentos invasivos ocorrem de maneira irregular. Mas se detém nos aspectos mais triviais da pessoa amada e a aumentar desproporcionalmente sua importância em um processo que Tennov denomina de cristalização (Fisher, 1995). A cristalização é distinta da idealização, pois a pessoa apaixonada na verdade percebe os pontos fracos da pessoa a quem idolatra. As duas características mais importantes que aparecem nas divagações dos informantes apaixonados de Tennov são duas sensações esmagadoras: a esperança e a dúvida (Fisher, 1995). A timidez, o medo da rejeição, a ansiedade e o desejo de reciprocidade, são outras sensações importantes da paixão. Acima de tudo, há um sentimento de desamparo, uma sensação de que essa paixão é irracional, involuntária, não-planejada e incontrolável. Dessa forma, a paixão passa a ser um conjunto de intensas emoções que se desencadeiam sobre as pessoas e as inundam, deixando-as à mercê dos caprichos da outra pessoa, em detrimento de tudo o que os rodeia, incluindo o trabalho, a família e os amigos. E este mosaico de sensações involuntárias só está parcialmente relacionada ao sexo (Fisher, 1995). A paixão, ainda, pode ser desencadeada, em parte, por um dos traços mais primitivos - o olfato. Cada pessoa tem um cheiro diferente. Todos têm um odor pessoal, tão característico como a voz, as mãos, o intelecto (Fisher, 1995). O corpo humano pode produzir os mais poderosos afrodisíacos olfativos. Tanto os homens quanto as mulheres têm glândulas apócrinas nas axilas, em volta dos mamilos e na virilha, que se tornam ativas na puberdade. A secreção dessas glândulas difere daquela das glândulas ecrinas, que se encontram na maior parte do corpo e produzem um líquido inodoro, porque seu exudato, junto com as bactérias existentes na pele, produz o cheiro acre e azedo da transpiração (Fisher, 1995). Os odores masculino ou feminino podem provocar fortes reações físicas e psicológicas. O cheiro de um homem ou de uma mulher podem trazer à tona muitas lembranças. Despertada a paixão, o cheiro da pessoa amada, torna-se um afrodisíaco, um estímulo contínuo ao relacionamento amoroso. Certo distanciamento é essencial para a paixão. Em geral, as pessoas não se apaixonam por alguém que conhece bem. O mistério é muito importante para o amor romântico. As dificuldades também parecem despertar essa loucura. É a caçada. Se uma pessoa é difícil de ser conquistada, isso desperta o interesse das outras. A ocasião também desempenha um papel importante na paixão. Via de regra, sente-se atraído por pessoas similares, tendendo a procurar pessoas semelhantes, o que os antropólogos chamam de união positiva entre iguais (Fisher, 1995). É a constelação de fatores que aparecem de uma vez, incluindo o momento oportuno, os obstáculos, o mistério, as semelhanças, um mapa amoroso coincidente, e até os cheiros certos,  que torna a pessoa suscetível a se apaixonar. Esse violento distúrbio emocional que se chama paixão ou atração pode começar com uma pequena molécula chamada feniletilamina, ou FEA. Conhecida como a amina da excitação. A FEA é uma substancia existente no cérebro que provoca as sensações de exaltação, alegria e euforia. No aspecto biológico, os impulsos são os mesmos, com manifestações orgânicas concretas. A falta de controle desses impulsos faz a diferença, influenciando os aspectos psicológico e social, muito ligados. Na raça humana centros cerebrais superiores dominam sobre os centros sexuais e o sexo reprodução muitas vezes se curva perante a complexidade do sexo prazer e o do sexo amor. Os feromônios, certos odores nas fêmeas de animais, começam a ser estudados na espécie humana e já se conhece um pouco sobre uma detecção inconsciente dessas substâncias que estimulam a produção de outras substâncias cerebrais como a ocitocina, na hipófise, responsável pela produção de leite, contrações do parto e uma espécie de fome epidérmica: uma agradável sensação desencadeada pelas carícias em qualquer região do corpo. A ocitocina facilita a ação dos feromônios durante o contato mãe-bebê logo após a parto estabelecendo a memória olfativa. Estas lembranças precoces ficam registradas de modo indelével na mente e vão influenciar todos os relacionamentos futuros, funcionamento na sociedade e capacidade de receber e dar carinho. Este argumento é reforçado pela psicologia da evolução. Não há dúvidas que processos complexos como as fantasias e palácios são mais relevantes no estabelecimento dos encontros e, acima de tudo, o amor ágape é o grande amálgama divino indissolúvel pelo imperfeito homem, mas uma reflexão é para que os casais redescubram as agradáveis e inebriantes sensações proporcionadas pelos seus hormônios. O excesso de aromas oriundos dos banhos aromáticos, óleos, perfumes podem mascarar os feromônios. Portanto, não se deve subestimar ação hormonal: muitos casais enfrentam desgastes relacionais profundos durante a gestação ou menopausa por desconhecerem as alterações físicas provocadas pelos hormônios. Jovens maridos, que tinham um relacionamento prazeroso, muitas vezes, sentem-se desprezados durante a gestação pois as esposas já não parecem tão interessadas neles.  O casal se distancia e surgem mágoas. O problema é facilmente superado quando informamos que a gestante fica com o desejo sexual diminuído principalmente devido a elevação passageira da prolactina, um hormônio que estimula a lactação. A resposta sexual é normal desde que o marido continue a procurar a intimidade. Por isso, para o terapeuta familiar Robert Neuburger, a paixão altera a percepção da realidade por causa do o abandono da vigilância. Segundo ele, a paixão invade, pode fazer com que a pessoa negligencie os filhos, o trabalho, tudo. A paixão se organiza dentro da ansiedade e da urgência. O sentimento primordial é a necessidade absoluta do outro.  E esse estado precede o encontro com a pessoa que vai se transformar no objeto da paixão. Corresponde à necessidade de se sentir vivo. Geralmente, as pessoas se apaixonam quando estão se sentindo mal, insatisfeitas consigo mesmas e com os outros. Nessas situações, uma paixão faz a pessoa sentir que está vivendo intensamente. Claro que não se pode negligenciar a escolha da pessoa por quem se vai ficar apaixonado, mas o mecanismo passional vem antes. É acionado quando se começa a desejar algo que traga uma nova energia vital. A paixão toca no que existe de mais profundo na existência de cada um. É uma autoterapia excelente e um antidepressivo muito eficaz, vez que ela está ligada à vida e à morte. Ter amado passionalmente permite aceitar a morte. Mas não se deve ultrapassar a dose. Há um aspecto mortífero na paixão. Os apaixonados tendem a ir além de suas forças, com uma percepção alterada da realidade. O resto do mundo não existe mais, e isso não pode durar para sempre. Depois, tudo vai depender da maneira como a pessoa aterrissa: devagarinho, com lembranças maravilhosas, ou com amargor e arrependimento. A menos que a paixão se transforme em amor duradouro. O namoro, por exemplo, é um dos modos que o ser humano encontrou no decorrer de sua existência para descobrir-se como ser sensível, capaz de trocar emoções, sentimentos, carícias, em relação a si mesmo e ao outro. É um fenômeno conhecido por todos, podendo ser "rapidinho" descompromissado, como o "ficar", ou duradouro, envolvendo compromissos até de fidelidade. A adolescência materializa e demarca o seu aparecimento. E a morte, o seu fim. Com isso, diz-se que o ato de cativar, inspirar amor, atrair, namorar, só cessa com a finitude: a morte. Ocorre por infinitas razões: atração sexual, afinidades, paixão, curiosidades, carência afetiva, medo de ficar só entre tantos outros motivos, até buscando vivenciar essa forte emoção. O enamoramento é um estado de ser, que lança a uma experiência extraordinária, transgressora. Graças à transgressão desencadeada pela força de Eros, o deus do amor e do movimento para a mitologia grega, a libido para a psicanálise, encontra-se o fenômeno da mestiçagem entre os mais variados tipos étnicos. Nesses momentos de enamoramento, os envolvidos se percebem possuídos por uma emoção, uma força nascente, uma revelação diante do objeto de desejo, que os mobilizam a um renascimento, a uma redescoberta física, sexual, emocional e psíquica. É que a paixão tende a superar a diversidade existente entre as duas pessoa, razão de ser do próprio desejo. O interesse pelo outro está focado no que o apaixonado atribui ao outro de diferente. Assim, passa-se a atribuir ao eleito do desejo uma qualidade singular, o que é revelado pela intensidade e intimidade erótica que adquirem o seu gesto, seu toque, seu cheiro e suas carícias. Carícias erotizam para sempre o corpo. Nesses momentos, o desejo de estar no corpo do outro permite mergulhar no fantástico mundo da criatividade, liberar os horizontes do imaginário e, numa viagem sem fronteiras, possibilitar à pessoa amada o seu desvelar. Essa viagem de descoberta é vivida a dois, pois, ao permitir o desvelar-se da pessoa amada, desvelam-se também diante dela. Nessa fusão se completam e, por instantes, experimentam a eternidade. São momentos de beleza incontestável . O êxtase, a magia se presentificam. Outro aspecto interessante do enamoramento é a percepção alterada da duração do tempo: as horas passam em minutos e os minutos estendem-se como se fossem horas. O encontro ocorre quando os dois conseguem operacionalizar o tempo. Há, portanto, uma preparação criativa, uma predisposição para viver o extraordinário, as festas, os espetáculos não ocorrem todos os dias. Nessa fantástica e instável caminhada existencial, Eros mostra-se sempre paradoxal: não oferece certezas e tampouco garantia de estabilidade, e continuidade. Ao se permitir viver o processo de enamoramento, portanto, estão-se expostos a serem invadidos por fortes ventos que, por certo, irão desestabilizar a fusão , e a tão sonhada completude , que se atribui ao outro o poder de possibilitar-se a viver. Afinal, sonhos são estados de ser dos mortais. Com certeza: um consolo, um prêmio pela nossa condição de mortais. A sedução é o ponto de partida para se atingir a paixão. O outro completa, atrai e, a partir daí inicia a paixão. A palavra sedução é muitas vezes, utilizada com uma conotação negativa. No entanto, dentro de certos limites, a sedução é um processo normal e desejável nos relacionamentos humanos. A sedução é um jogo que tem como principal característica a formação de um sentimento diferente de todos os outros, que vai prendendo o seduzido sem que ele perceba. Existem, pois, diferentes maneiras de se praticar a sedução, como: fingir que não está percebendo a intenção do outro ou fingir preferências comuns. Na realidade o apaixonado não busca o outro, busca a si mesmo. O olhar sedutor transcende os limites do simples olhar, é um olhar colorido,  cheio de promessas. Todo ser humano de uma maneira ou de outra se sente incompleto e deseja buscar em outra pessoa o que lhe falta. A paixão, a sedução, não se liga a matemática, não tem idade. A intensidade da emoção sentida durante a fase da paixão, por si só justifica qualquer conseqüência negativa sofrida mais tarde. A paixão da qual nasce o ciúme é o desejo de posse. É fato estranho que a emoção mais sublime conhecida pelo homem, e, bem asism, pelo animais, é o amor. As maiores coisas realizadas pelo homem, são feitas devido aos impulsos do amor. Contudo, o própiro amor pode criar expressões de duas paixões muito opostas, a saber, a paixão de dar e partilhar aquilo que se ama, e a paixão de possuir e controlar a coisa amada. O amor é uma experiência consumptiva. Mergulha-se euforicamente nesta deliciosa tortura onde freqüentemente é difícil manter a concentração. Outros estudiosos identificaram algumas substâncias responsáveis pelo amor: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos e toda a loucura da paixão desvanece gradualmente, quando a fase de atração não dura para sempre. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLSANELLO, Aurélio. Enciclopédia pedagógica de educação sexual. Curitiba: Educacional Brasileira, 1979
BRITZMAN, D. P. O que é esta coisa chamada amor. Identidade homossexual, educação e currículo. In: Educação e Realidade. Vol 21 (1), jan/jul, 1996.
FISHER, Helen. Anatomia do amor: a história natural da monogamia, do adultério e do divórcio. Rio de janeiro: Eureka, 1995
GUTIÉRREZ, Rachel. O amor sublime e os perigos da paixão. In: Feminino & masculino no imaginário de diferentes épocas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998
JACOBINA, Eloá & Kühner, maria Helena. Feminino & masculino no imaginário de diferentes épocas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998
JAGOT, Paul-C. Psicologia do amor: o institinto, a sensibilidade e a imaginação. Rio de Janeiro: Pallas, 1977
MACHADO, M.D.C. Corpo e moralidade sexual em grupos religiosos. Revista Estudos Feministas, nº 1/95, Rio de Janeiro: Escola de Comunicação/UFRJ, 1995.
PARKER, R. e BARBOSA, R. (orgs.). Sexualidades Brasileiras. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996.
THIRÉ, Fernando. A psicologia sem mistérios. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979
WATTS, Alan. O homem, a mulher e a natureza. Rio de Janeiro: Record, 1958.



PENSAMENTO DO DIA - É no coração do homem que residem o fim e o princípio de todas as coisas. Pensamento do escritor russo Liev Tolstói (1828-1910). Veja mais aqui.

MISCIGENAÇÃO - [...] da miscigenação resultou a configuração do quadro étnico, do patriarcalismo como extensivo e neste, da preferente escolha do homem, de mulher mais clara do que ele, assim resultando um progressivo “branqueamento” da nossa população [...]. Trecho extraído da obra Religião e relações raciais (MC, 1956), do médico, antropólogo e professor René Ribeiro (1914-1990).

ESCOLA & TRABALHO - [...] O trabalho na escola, enquanto base de educação deve estar ligado ao trabalho social à produção, a uma atividade concreta socialmente útil, sem o que perderia seu valor essencial, seu aspecto social, reduzindo-se de um lado, à aquisição de algumas normas técnicas, e, de outro a procedimentos metodológicos capazes de ilustrar esse ou aquele detalhe de um curso sistemático. Assim, o trabalho tornaria anêmico, perderia sua base ideológica. [...]. Trecho da obra Fundamento da escola do trabalho (Expressão Popular, 2003), do educador russo Moisey Mikhaylovich Pistrak (1888-1940), propondo a transformação da escola burguesa em uma escola revolucionária, para tanto torna-se importante desconstruir a escola de então e recomeçar uma escola nova, considerando que os homens que não cultuem o passado, para que desalienados possam criar o futuro.

JECA TATUJeca Tatu é um piraquara do Paraiba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as características da espécie. Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prende3r entre os lábios a palha de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência. – Não vê que... De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para “aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole. Para comer, negociar uma barganha, ingerir café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há de ser de cócoras. Nos mercados, para onde leva a quitanda dominguera, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachimbos de brejaúva ou o feixe de três palmitos. Pode Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... Quando comaprece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pinhões, samburás, tipitis, pios de caçador; ou utensílios de madeira mole – gamelas, pilõezinhos, colheres de pau. Nada mais. [...]. Trecho extraído da obra Jeca Tatu (Brasiliense, 1972), do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Veja mais aqui.

LINGUA & LIBERDADE – [...] Naturalmente, há variantes de gramática, conforme o grau de cultura ou nivel sociocultural do falante; mas todas elas, mesmo de nível mais baixo, são completas em si, dispoem de todos os elementos de que as pessoas necessitam para fazer frases e comunicar-se. Trecho extraído de Lingua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1985), do professor, gramtico, filólogo, linguista e dicionarista Celso Pedro Luft (1921-1995).

REFLEXÃO Nº 1Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho / ninguém se banha duas vezes no mesmo rio / nem ama duas vezes a mesma mulher / Deus de onde tudo deriva / é a circulação e o movimento infinito, / ainda não estamos habituados com o mundo. / Nascer é muito comprido. Poema extraído da obra Antologia poética (Fontana, 1976), do poeta e prosador do Surrealismo brasileiro, Murilo Mendes (1901-1975). Veja mais aquiaqui e aqui.

  
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AS PREVISÕES DO DORO:
GEMEOS (21 de maio – 20 de junho) -Considerações iniciais: para você mercuriana amiga mutante mutável de ar nascida no terceiro signo astrológico do zodíaco e que é inteligente, comunicativa, flexível, generosa e imaginativa e que está careca de saber que uma hora está no céu, outra hora no inferno – escolha, minha filha: ou o papeiro da Cinderela ou o cafôfo da Esmeralda, ou uma ou outra, viu? -, este ano, segundo o apedeuta haríolo Doro, será mais um ano de aprendizado e superação – mais superação que aprendizado se você conseguir chegar ao podium. E vice e versa. Ou não. Inicialmente este sacripanta enrolão chama atenção para o fato de você, amiga, em si mesma, na mesma hora e o tempo todo reunir em sua natureza interior as duas babilônicas irmãs inimigas, Inanna e Ereshklgal. Você, como para os zoroastristas, é ao mesmo instante também Ahura-Mazdâ, o Ormuzd que é o princípio da luz, como Angra Mainyu, o Ahriman que é o espírito da escuridão. Ou mesmo ainda como os romanos Remo e Rômulo que se atacam mutuamente. Eita, boba-torreiro, hem! Por causa desse mitologema, você ora é positiva, ora negativa, se auto-enlouquece, reapruma e se infinca nos embates de sua própria doidice, dilema e anátema. Além do mais, lembre-se que Mercúrio, segundo Carl Jung, é aquele misterioso que uma hora é destrutivo, noutra é hábil e quando menos se espera é terrível, e sempre é ambíguo e fértil. Uma droga, né? Em resumo: você é uma porralouca mesmo, hem! E tataritaritatá. Por outro lado, o seu anjo da guarda é o arcanjo dedicado e abnegado Rafael, aquele que extrai a sagrada essência dos deuses-pais Hélios e Vesta e que dedicou sua vida ao serviço de curas nos templos de luz. Ele protege as emanações de vida insuflando amor, constância e sabedoria na sua missão. Por isso e outras mais, durante este ano não vá fazer papagaiada à toa. Não adianta dar uma de Nicole Kidman, nem você é o beatle Paul Mc Cartney. Não se engane, aterrize e mãos à obra. Como durante o ano passado você se enterrou à la Rubens Barrichello, este ano prevalecerá a força do orixá Exu, o deus mensageiro que é o seu Ori, ou seja, sua cabeça espiritual. Por isso, evite sair com a sirene ligada no maior desatino como condição de vida ou morte. Lembre-se mais: está tomando banho de bica; escorregou, alguém passou a pica, ora, seja um exemplo de simpatia e bota a bola pra rolar na vida, minha filha! Em junho, você sai da lona. Depois do mais aperrioso inferno astral, você vai respirar aliviada. Lembre-se de lavar todas as calcinhas com saponáceo porreta para desinfetar as cagadas todas, viu? Em julho a coisa vai se alinhar para você. Use de sua simpatia, de seu prestígio e suas artimanhas. Aponte pro alvo e diga: quero lá. E vá. Em agosto administre as vitórias e conquistas. Todo cuidado é pouco: o que leva um ano para construir, leva menos de um segundo para se destruir. A vida passa. Em outubro é a hora de você começar a pagar os tributos das conquistas. Será o mês que você deverá compartilhar com todos, de dragões a ogros, tudo que conseguiu na vida. Um detalhe: não vá dar tudo de si, afinal, você pode não sobrar nem o palito, viu? Em novembro chega a hora de você se preparar para o ano vindouro. Dois meses é muito pouco para se preparar para o que vem em 2013. Dedique-se e não vacile: quem avisa, amigo é.


AMOR – Já dizia Djavan “O amor é um grande laço, um passo pruma armadilha”... como Djavan não é geminiano, use o Chico Buarque: “O meu amor tem um jeito manso que é só seu...”. E para você que entende que a distância entre amar e desamar é um fiapinho de nada, um cabelinho de sapo, cuidado! Ouça as lições de Marquês de Sade: você pode se estrepar! É que podem infiar tudo sem dó nem compaixão: empurrando sem cuspe no aro melado de areia. Então, você que é uma Marilyn Monroe por essência, mas que é acometida de conflitos pela sua dualidade – afinal, é ou não é? -, nunca desabe quando algo não der certo. Saia por cima e cante Dolores Duran: “A gente briga diz tanta coisa que não quer dizer...” e assuma o seu castigo. Enfim, se você quer um homem pra chamar de seu, que esse homem seja eu. E como você é chama acesa, lembre-se que sua carta no Tarô da Deusa em 2016 é a Druantia. Sabe o que significa? Loucura a dois e muito sexo, sexo, sexo. Para isso, toda segunda-feira Júpiter vai influenciar e você deve estar vestida num roupãozinho sensual de seda lilás, pronta para realizar a simpatia do amor arrombante. Conhece? Essa simpatia é na medida para os que têm a libido acesa e que pratica deliciosamente a todo instante e com as mãos na cabeça. Se for o seu caso – ou não -, é o seguinte: pegue uma ferradura e junte com 1 pedra de Ágata e 1 Hematita. Ajunte tudo e comece rezando a reza da Santa Rameira da Lua Grande. Depois se ajoelhe e reze a oração da Santíssima Meretriz do Ar de Tataritaritatá. Quando terminar, reze 10 pais-nossos, 20 ave-marias e 50 creio-em-deus-pai dedicado aos santos Cosme e Damião. Ao findar, junte a tranqueira toda numa flanela verde e ponha tudo no cós da saia. Esta simpatia vai garantir a realização de todas as suas fantasias sexuais com o homem de sua vida. Garanto, não tem enrolada. Você não vai sonhar com William Bonner e se acordar com um Brucutu, nada disso! È tiro e queda! E se chegar a passar 3 dias sem molhar o biscoito, tenha cuidado: o queijo quando sobe, o quengo não funciona bem de jeito nenhum porque o juízo fica dando curto-circuito.

Imagem: Marte e Vênus, de Agostino Carracci. TRABALHO - Como você precisa de mudanças constantes e de muita movimentação, não pense que a vida é uma moleza como se parece ser numa expedição de Jacques Cousteau o tempo todo. Tudo é a maior moedeira. Seja determinada e, à guisa de ilustração, uma historinha dos Polideuces: Castor e Pólux. Um era guerreiro, forte e impositivo, enquanto o outro era músico, delicado e sensível. Ambos brigavam muito por suas diferenças. Quando Castor morreu numa batalha, seu irmão Pólux pediu ao pai Júpiter que desse a vida novamente ao morto. Tocado pelos laços de união que ligavam os irmãos, o deus fez com a imortalidade de um fosse compartilhada pelo outro. E assim alternou diariamente entre eles a vida e a morte. Moral da história: o alcagüete nunca é bem visto por ninguém, mas todo mundo comete. Por isso não vá fazer dos outros lata de lixo nem vá despejar suas incoerências e derrotas na cacunda dos outros, saiba que o seu principal inimigo está dentro de você mesma. E como você que é metida às Havaianas, recuse imitações. Inclusive as suas, pois, isto serve para você.


SAÚDE – a sua saúde vai muito bem, obrigado. Convém tomar alguns cuidados. Não vá fazer merda feito Fernando Henrique Cardoso e achar que o que é dos outros é seu, viu? Dar o que é dos outros é muito perigoso, um dia vão querer o seu também. Controle suas emoções, os seus componentes intrapsíquicos e a sua oscilação de humor: não vá da depressão à euforia ou vice-e-versa ciclicamente, ora. Dê uma de Che Guevara e vá curtindo Miles Davis. Afinal, sorrir ainda é o melhor remédio. E faça sexo sempre.


VIDA - Sua vida não é uma tragédia como a de Anne Frank. E pra descer, minha filha, todo santo ajuda. Então, pegue um bigú e não se autoenlouqueça feito a Britney Spears e nem vá seguir as recomendações evangélicas do missionário R. R. Soares. Se a coisa ficar preta, ora, uma saída com o cachimbo do Pererê: um peidinho e fim de festa. Levanta a moral, sacode a poeira, dar uma rabissaca e parte para outra. Fé em deus e pé na taboa. Quando a dificuldade apertar, dê uma de Robinho: saia pedalando. Um recado: fuja de gente falsa e invejosa. Toda quarta-feira é conveniente que chame por Rafael: nas orações, no megafone, no microfone, qualquer trombone, onde puder! Então, toda quarta pegue 1 turmalina verde, 1 vela verde, 1 incenso de lavanda verde, 1 talismã chinês – de preferência, verde! -, 1 borboleta (verde!) e comece rezando pro seu Erê: o Ibeji. Depois que ficar verde de reza, agradeça a deus antecipadamente. Outra coisa: mentira tem pernas curtas. Não vá se achar a rainha da cocada preta, você não é Alanis Morissete, nem Angelina Jolie Tudo se esclarecerá quando você descobrir que a porteira do mundo é um quadro de Gustav Courbet. Isto acenderá a porralouquice inspirada no Jean Paul Sartre em você e, para amenizar, recite um poema de Fernando Pessoa ou de Federico Garcia Lorca, curta Richard Wagner ou Robert Schumann, afinal, você também é filha de deus. O que? Ah, deixa pra lá, não é conveniente ficar perguntando por tudo, né? E não se esqueça de fazer a simpatia da virada do ano. E também de votar em mim nas próximas eleições, senão eu faço um despacho para você de você ficar encangada de cabeça pra baixo nos quintos dos infernos, viu? Assinado, Doro.

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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...