segunda-feira, outubro 15, 2018

GORKI, ALICE SARA OTT, GRIGORIEV & LIDIA BAIS


OS OLHOS DE GORKI – Imagem: Portrait of Maxim Gorky, art by Boris Dmitrievich Grigoriev (1886-1939) – O mundo e a vida, ele via e era Aleksiéi de Nijni-Nóvgorod, aquele que viveu entre criaturas que uma vez já foram homens. A miséria infantil e toda pobreza cresciam nele para que tudo que fosse escassez fizesse algum sentido, sabe-se lá. Deprimido, não via saída: a tentativa de suicídio com um bilhete, a identidade e a perfuração do pulmão, atribuindo a culpa disso ao poeta Heine que inventou um coração que tem dor de dente. Queria morrer para que uma autopsia descobrisse a razão pela qual estava tão possesso nesse tempo. Valeu-se das leituras teimosas para manter-se são nas andanças entre vagabundos e desocupados e testemunhar um incidente de Makar. Dá-se com isso o engajamento político que o faz atravessar o país a pé, aprendendo a escrever para ser suspeito subversivo no relatório policial da Geórgia, sem saber para onde ir. Não tardou a prisão jovem em sua cidade natal. Liberto, seguiu pelas estepes no êxodo para o sul, porque ele era Dante que voltava ao inferno com seus companheiros de tormento e os camaradas de salvação. Estava celibatário até conhecer a linda Olga, a musa dos poemas patéticos e passeios ao lago entre crises existenciais e sins e nãos, enquanto o amor alegre e esperançoso era ditado pelo ritmo do espanto e horrores da rejeição. Nada se encaixa e para que haja uma separação brusca e sofrer longe. O reencontro e ela abandonou o marido levando a filha para com ele seguir a chama do amor por anos de miséria e paixão. Em uma carta a Anton, dizia viver entre pessoas sem ideais, sem teto, prostitutas, escutando vozes com falas que anunciavam que tudo seria terrível com seus motivos claros. E presenciou claramente uma cena de costume na qual a procissão pela estrada assistia as mãos às rédeas e o chicote às lapadas do mujique espancando a mulher nua menina ruiva em sangue e o jumento ignorava as torpezas humanas e a sua solidariedade veemente do Primeiro Amor: Quando não se sabe, inventa-se, e o que o homem inventou de mais sensato, foi amar a mulher e adorar a sua beleza; é deste amor que nasce tudo quanto é mais belo no mundo. Agora já era Máximo amargo e as simpatias de Antón e Liev valeram-lhe nova soltura de prisões inevitáveis para a liberdade estrangeira e olhos na ralé, nos inimigos e nos filhos do Sol, uma multidão cinza e entediada. Anunciava, então, a morte dos que viviam em sua própria tranquilidade e estagnação, aqueles que teciam vagos sonhos sobre a beleza e ele indagava sobre a beleza de apenas sonhar. Era o exílio dos últimos para encontrar a mãe Sofia: aquela a quem só restava pedir perdão aos filhos por tê-los colocado no mundo. Refugiado em Staten Island com a sua Maria Budberg, pensava nos herdeiros da Terra com a escola recusada aos seus em Capri e a saúde abalada em Sorrento. Outras mulheres quanto amou e muito, algumas nem tanto e viu a mulher dos olhos azuis encantadores e furtivos, fresca e correta, com sua voz profunda, face trigueira, mãos morenas e busto desenvolvido, viúva sem venalidade e rendimentos, e o destino, o sofrimento e a vergonha. E mais viu a insaciável gorda nua do covil de mendigos amarrada à mesa ao sexo com parceiro num ritual satânico, o teatro, a literatura, a vida e voltava à pátria para combater o fascismo e a guerra, até sucumbir ao tratamento intencionalmente errado dos seus inimigos, completamente envenenado por quatro médicos que sabiam demais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo & aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] – Por que julgaram o meu filho e todos que estão com ele? Vocês sabem? Eu lhes direi e vocês acreditarão no coração materno, em meus cabelos brancos.ontem, aquelas pessoas foram julgadas, porque levam a verdade a todos vocês. Ontem eu descobri que com essa verdade ninguém pode discutir, ninguém! A multidão ficou silenciosa e crescia, tornando-se cada vez mais densa, cercando a mulher com um anel de corpos vivos. – A miséria, a fome e a doença, eis o que o trabalho deles traz aos homens. Tudo está contra nós: esgotam toda a nossa vida num trabalho diário, sempre na sujeira, na mentira. O nosso trablho enriquece aos outros que nos mantêm, como cães na corrente, na ignorância – nós não sabemos de nada – e no medo – temos pavor de tudo! Nossa vida é uma noite, uma noite escura! [...] – A razão não será sufocada pelo sangue! Empurravam-na no pescoço, nas costas, golpeavam-na nos ombros, na cabeça, tudo rodopiou, rodou no negro turbilhão de gritos, urros, assobios, algo denso, ensurdecedor penetrava nos ouvidos, enchia a garganta, sufocava, o chão sumia sob seus pés, vacilava, as pernas dobravam-se, o corpo estremecia sob a queimadura da dor, tornou-se pesado e pendia sem forças. Mas seus olhos ainda viam uma quantidade de outros olhos nos quais percebeu a chama audaciosa e cortante, que conhecia tão bem, que lhe era tão preciosa. Empurravam-na para a porta. Arrancou o braço e agarrou-se aos umbrais da porta. – A verdade não será sufocada por oceanos de sangue... Recebeu uma pancada no braço. – Só poderão acumular ódio, insensatos! E esse ódio já de cair sobre vocês! Os guardas agarraram seu pescoço e começaram a estrangulá-la. Ela arfava. [...].
Trechos extraídos da obra A mãe (Ráduga, 1987), do escritor e dramaturgo russo Máximo Gorki (1868-1936). Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE BORIS DMITRIEVICH GRIGORIEV
A arte do pintor russo Boris Dmitrievich Grigoriev (1886-1939).

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RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música da pianista clássica alemã Alice Sara Ott: Concert Piano 3 de Beethoven, Klavekoncert A-mol 16 de Grieg, Pictures at exibition de Mussorgsky & Concert R- 1 de Chopin & muito mais nos mais de 2 milhões & 700 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.
 

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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