ALMA DE CREDIÁRIO – Imagem: Blue Shadows (2016), art by Irene Våtvik - Por aí cantarolando Belchior entre aqueles que
se dizem conhecer o seu próprio lugar e sem saber que sangram com as dúvidas e
o que se pode fazer de tão comovido com o incerto agora, já que surrupiaram a
razão de viver em encéfalos condicionados implantados subliminarmente e equipados
com vistas hipnotizadas, paladares formatados, ouvidos equalizados e os corpos cheios de próteses gerais tunadas, porque pode ter uma cara nova, outra casa, quantas
posses, que importa se outros não tenham, nem todos possuem privilégios, vez
que uns são escolhidos e os demais são para servir coadjuvantes do sucesso de
quem tem e não precisa de ética nem vergonha ou sentimentos, bastam comprar um
coração na primeira promoção médica que aparecer, ou mesmo um cérebro livre
aparentemente de todas as ideologias, ou outro corpo num negócio vantajoso com
garantia de duzentos anos de exigência dando nó cego na humanidade, porque essa
coisa de alma é papo furado, só morre mesmo quem não tem dinheiro para bancar
tecnologia, só tem solidão quem não tem onde cair morto, e ser feliz por estar
por cima da carniça, isso sim, é bom e nenhum direito e nada a reclamar porque
tudo foi de mão beijada pelos anjos da guarda de Boal que cantam o
desenvolvimento no progresso do mercado, tudo para todo mundo, lugar na mesa do
bolo repartido, desde que se tenha dinheiro no bolso, o mundo todo e o universo
ao dispor, sem precisar mendigar praqueles que todos pagam e não fazem nada nem
nunca estão quando se mais precisa deles, ou se aparecem e impõem seus
implacáveis caprichos, não se precisa mais deles, basta ter grana e serão sempre
servis pra lamber os pés do primeiro que trouxer um molho de cédulas, tudo
vendávcl e comprável só bastando querer e ter, pouco importa ninguém sabe o que
se passa pelas cabeças, só que se quer amar e ter o amor dos sonhos, carro
zero, muita gaita verdinha no pé do cipa pra estibado, posses, aplausos,
sucesso e felicidade passeando pelas vitrines, a comprar o que faz feliz por
ser assim que se chama a atenção de todos e se habilita ao clube no qual se
brinca com a vida alheia do humano ultrapassado, o desumanizado que vive –
coração mole e caridade só botam pra trás! – e a fazer a sua parte puxando a
língua estirada de quem mingua para tirar-lhe a cueca pela cabeça e a reinar na
ordem dos outros superiores, tratá-los aos pontapés porque jamais souberam o
que é carinho, só entendem os bofetões e por isso mesmo é preciso chupar o
sangue de quem estiver abaixo até exaurí-lo arrebentado de fadiga, e dormir sem
culpa confortavelmente porque sabe que o seu anjo da guarda existe em conluio
com os demais e os protegem da violência que só acontece com os outros, e os
fazem dotados de uma vida boa que jamais será atrapalhada por quem quer que
seja com o paroxismo da fúria do destino com malsinados e imprevisíveis
acidentes, porque a vida é uma festa, muitos morrem e outros tantos vivem, tão
normal quanto falir de uma hora pra outra e um dia após dia o amanhã distante
será sempre agora para quem incólume se ache para nada fazer fora dos
procedimentos legais, bem comportado nas ruas e salas, a vida eterna, o céu é
perto, a morte ausente e tudo certo agora e sempre. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá especial
com a música do saudoso violonista brasileiro Baden
Powell de Aquino
(1937-2000): Poema em Guitar, Afrosambajazz, Live at Rio Jazz Club & Trio
Au Petit Journal & muito mais nos mais de 2
milhões & 600
mil acessos ao
blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir
é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS – [...] Nós,
civilizações, sabemos que somos mortais. Vemos agora que o abismo da história é
suficientemente grande para todo mundo. Sentimos que uma civilização tem a
mesma fragilidade de uma vida [...]. Extraído da obra Variedades (Iluminuras, 1999), do
filósofo e poeta do Simbolismo francês, Paul Valéry (1871-1945). Veja
mais aqui e aqui.
ARTE-EDUCAÇÃO - [...] Uma
arte-educação pós-moderna enfatiza a habilidade de interpretar obras de arte
sob o aspecto do seu contexto social e cultural como principal resultado da
instrução. Isso é válido não apenas para a supostamente séria, a arte erudita,
mas também para as tendências e impactos da cultura popular e cotidiana.
[...] Ela pode enfatizar o fato de o
passado tornar-se referência numa obra contemporânea, haja vista as maneiras
pelas quais os artistas pós-modernos reciclam imagens e citações de obras de
arte e estilos anteriores. O pós-modernista enfatiza a continuidade com relação
aos estilos artísticos do passado. Porém, as tradições do passado não são
necessariamente reverenciadas como tradições sagradas, mas podem ser exploradas
por meio da sátira e da paródia. [...]. Trechos de Cultura, sociedade, arte e educação num mundo pós-moderno, do professor
estadunidense Arthur Efland
(1942-2009), extraído da obra O
pós-modernismo (Perspectiva, 2005), de J. Guinsburg e Ana Mae Barbosa. Veja
mais aqui e aqui.
O AMOR ENTRE TODOS - [...] ele
declarou em tom solene que em toda a face da terra não existe absolutamente
nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, que essa lei da natureza,
que reza que o homem ame a humanidade, não existe em absoluto e que, se até
hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu à lei natural mas tão-só ao
fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. Ivan Fiodorovitch
acrescentou, entre parênteses, que é nisso que consiste toda a lei natural, de
sorte que, destruindo-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exaure
de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a
vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido,
até a antropofagia. Mas isso ainda é pouco, ele concluiu afirmando que, para
cada indivíduo particular, por exemplo, como nós aqui, que não acredita em Deus
nem na própria imortalidade, a lei moral da natureza deve ser imediatamente
convertida no oposto total da lei religiosa anterior, e que o egoísmo, chegando
até ao crime, não só deve ser permitido ao homem mas até mesmo reconhecido como
a saída indispensável, a mais racional e quase a mais nobre para a situação
[...]. Trecho extraído da obra Os Irmãos
Karamazov (34, 2008), do escritor russo Fiódor
Mikhailovich Dostoiévski (1821 - 1881). Veja
mais aqui, aqui e aqui.
SEXTILHAS PARA AS MENINAS DE RUA - De vocês, / roubei um dia os pés em trapos, / não porque Papai Noel /
esquecesse meus sapatos, / mas pela vontade antecipada / de pisar seixos de
meus rios. / De vocês, / roubei o esgarçado das vestes, / não porque máquinas
de costura / ignorassem o vigor de linhos, / mas pelo destino de espionar
espinhos / sob a fúria dos verões. / De vocês, / roubei a alma exposta às
chuvas, / não porque o granizo / perfurasse minha casa e telhados, / mas por
imitar espantalhos, / afugentando canários nas sobremanhãs. / Tudo isso foi
pouco / para enrijecer minha face de palácio, / assim lhes trago nesses versos,
/ o azul de meu vestido de fustão, / pasteis de todos os Natais, / os
carrosséis e seus cavalos brancos. / Tudo isso foi pouco / para enrijecer minha
face de palácio, / assim lhes trago o filho que perdi / e os braços para
niná-lo, / o hímen adolescente / e a verdade aprendida com as fadas. Poema da
escritora Vernaide Wanderley.
A ARTE DE IRENE VÅTVIK
A arte da artista visual norueguesa Irene Våtvik.
AGENDA
&
Prazer de viver, nada mais, Jorge de Lima, André Breton, Immanuel Kant, Cintia
Moscovich, Thomas Ruff, Sexualidade & Silvana Mara de Morais dos Santos, Adriana
Calcanhoto, Steve Howe, Jukka-Pekka
Saraste & Rosana Sabença aqui.