terça-feira, outubro 30, 2018

ADALGISA NERY, HARRY SACKSIONI, ROY LICHTENSTEIN & JOANA GAJURU


COISOU NO FECAMEPA - Imagem: arte do artista estadunidense Roy Lichtenstein (1923-1997) - Quando Arescoiso deu o ar de sua feiura pelas bandas de Alagoinhanduba, mostrou logo ao que veio e bufou: Comigo é olho por olho, dente por dente. E não brincou não, já foi botando pra feder com a Lei de Talião: deu nó cego em passantes, esfregou o dedo na venta de fulaninhos, deu rasteira em sicraninhos, largou desaforo na lata de beltraninhos e saiu por aí na pisada do salto dos calcanhares, sapecando ofensas e ameaças. E por onde passava dizia ter sido arrebatado no domingo em êxtase com todas as trombetas dos golpes das sete igrejas na visão inicial da ilha de Patmos. Cuma? Quem é esse traste? Esse sujeitinho parece que é meio doido, né não? Rapaz, num sei de que manicômio ele saiu não, mas deve ter enfermeiro como a praga atrás dele. Como é mesmo o nome dele? Sei lá! Parece num-se-que-lá Coiso! Vixe! E é o Coiso, é? É. Vamos ver o que esse maluco tá aprontando? Vambora. Pois é, esse doido apareceu sob o boato de que era o primogênito soberano investido de ser o dominador, vindo das nuvens dos olhos do verão com as revelações de Jesus e as profecias de Nostradamus, os sete espíritos do trono, os sete candelabros de ouro, o maná escondido, a pedra branca, só ele mais ninguém saberia do paradeiro dessas coisas ditas sagradas. E a mundiça: Rapaz, onde é que está a camisa de força desse aloprado, hem? Ah, esse é gabaritado! Pinel pior que esse nunca vi! Danou-se! E tome cochicho pra cima e pra baixo, enquanto o lunático berra ser da realeza alfa e ômega do estopô calango, com as chaves da morte no seu cinturão de ouro, olhos de fogo, pés de bronze e saído das fornalhas dos quintos dos infernos: Quem não me seguir haverá de lamentar! Ih! Fodeu, Maria-preá. A corja só dando corda: Donde é mesmo que ele disse que era? E eu sei, é? Eu mesmo num tô vendo nada do que ele tá dizendo, tô só me rindo aqui. Num brinque não, presepa! Oxe, depois disso Alagoinhanduba teve seca, inundações, pragas da muita, cada pé de vento de levar uns trinta duma vez só, abria o chão da terra comer uma tuia duma golada só, foi água pelo gogó de levar todo tipo de gentinha boiando, isso é o estrupício das profundas infernais! E o mentecapto lá de cima do morro convocando todo mundo ao arrependimento contra as obras do Zé Nicolaita, seu principal desafeto de murros, tabefes e pernadas; e do rábula Balaão que andava com petições judiciais nos seus cornos, doido pra enquadrá-lo em diversos artigos do código penal vigente e antecedente. E o povo: Quem são esses? Nunca vi mais gordo! Num é daqui não. Deve ser lá dos túmulos dele. E mais berrava: Ao vencedor não haverá de sofrer danos! E falava de coisas de antes, de agora e do futuro, chamando atenção pro lugar onde estava. A malta só no escárnio: Que lugar é esse? Hem? Nunca se sabe. No apurado: 50% de dorminhocos sonâmbulos, zunzum; 30% de Fabos encoisados como os coadjuvantes do voyeurismo legal de brechar a vida dos outros e fuxicar até umas horas, morrendo de inveja; e 20% de arengueiros porraloucas na pisada dos índios em pé de guerra! Quer mais? A cidade estava contaminada. Em qualquer lugar o mundo gira pra frente, a vida segue adiante, nunca pra trás. Mas ali, a coisa comeu no centro, zás trás: da patetada golpista da temerança pro encoisamento, só dois tempos, vapt-vupt. E Alagoinhanduba sucumbiu, ah, meu, encoisou de ficar coisada, de tão trágica virou comédia. Foi lá que até o Fecamepa virou Camepafe, Mepafeca, Pafecame e por aí vai. Tudo endoidou do povo sair dizendo: Coisou. E com um vozeirão fantamasgórico com sua risada tétrica ecoando no tempo: Dias piores virão! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Mas eu não posso fugir de investigar-me e de refletir.  Sou por demais verídica para merecer a paz dos simples e a alegria dos puros. [...] Vi muito egoísmo, muita intriga, muita inveja e, sobretudo muita injustiça com algumas órfãs que, a troco de casa e alimento, faziam o trabalho pesado do internato [...] Um dia me insurgi contra uma certa ordem que considerei injusta [...] daí por diante, tudo que aparecia mal feito, tudo que contrariava o regime do colégio, prescindia logo de diligências apuradas: “Deve ter sido Berenice quem fez” [...] E assim tomei o título de rebelde, insubordinada, desobediente, pecadora contra a humildade e menina sem recuperação [..] Para quem sempre se debateu contra o meio medíocre, permanecer anos a fio nessa violência merece, com justiça, admiração e respeito [...].
Trechos extraídos da obra A imaginária (José Olympio, 1959), da poeta e jornalista do Modernismo brasileiro, Adalgisa Nery (1905-1980). Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE ROY LICHTENSTEIN
A arte do artista estadunidense Roy Lichtenstein (1923-1997). Veja mais aqui.

AGENDA:
Joana Gajuru: De Guerreira a Rainha, no Cineclube Curtos Circuitos - auditório do Museu Théo Brandão – Maceió – AL & muiro mais na Agenda aqui.
&
O que é um peido pra quem está cagado?, Ezra Pound, Paul Valéry, Conceição Evaristo, Erik Lima, Romero de Figueiredo, Zé Ripe, Agrestina, Laurindo Almeida, Maria Teresa Madeira, Yamandu Costa & Cristina Ortiz aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música do compositor e violonista neerlandês Harry Sacksioni: Vensters, Strikt Persoonlijk, With or without you & Blos & muito mais nos mais de 2 milhões & 800 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.
 

MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...