COISOU NO
FECAMEPA - Imagem: arte do artista estadunidense
Roy Lichtenstein (1923-1997) - Quando
Arescoiso deu o ar de sua feiura pelas bandas de Alagoinhanduba, mostrou logo
ao que veio e bufou: Comigo é olho por olho, dente por dente. E não brincou
não, já foi botando pra feder com a Lei de Talião: deu nó cego em passantes,
esfregou o dedo na venta de fulaninhos, deu rasteira em sicraninhos, largou
desaforo na lata de beltraninhos e saiu por aí na pisada do salto dos
calcanhares, sapecando ofensas e ameaças. E por onde passava dizia ter sido
arrebatado no domingo em êxtase com todas as trombetas dos golpes das sete
igrejas na visão inicial da ilha de Patmos. Cuma? Quem é esse traste? Esse sujeitinho
parece que é meio doido, né não? Rapaz, num sei de que manicômio ele saiu não,
mas deve ter enfermeiro como a praga atrás dele. Como é mesmo o nome dele? Sei lá!
Parece num-se-que-lá Coiso! Vixe! E é o Coiso, é? É. Vamos ver o que esse
maluco tá aprontando? Vambora. Pois é, esse doido apareceu sob o boato de que
era o primogênito soberano investido de ser o dominador, vindo das nuvens dos
olhos do verão com as revelações de Jesus e as profecias de Nostradamus, os
sete espíritos do trono, os sete candelabros de ouro, o maná escondido, a pedra
branca, só ele mais ninguém saberia do paradeiro dessas coisas ditas sagradas. E
a mundiça: Rapaz, onde é que está a camisa de força desse aloprado, hem? Ah, esse
é gabaritado! Pinel pior que esse nunca vi! Danou-se! E tome cochicho pra cima
e pra baixo, enquanto o lunático berra ser da realeza alfa e ômega do estopô
calango, com as chaves da morte no seu cinturão de ouro, olhos de fogo, pés de
bronze e saído das fornalhas dos quintos dos infernos: Quem não me seguir haverá
de lamentar! Ih! Fodeu, Maria-preá. A corja só dando corda: Donde é mesmo que
ele disse que era? E eu sei, é? Eu mesmo num tô vendo nada do que ele tá
dizendo, tô só me rindo aqui. Num brinque não, presepa! Oxe, depois disso Alagoinhanduba
teve seca, inundações, pragas da muita, cada pé de vento de levar uns trinta
duma vez só, abria o chão da terra comer uma tuia duma golada só, foi água pelo
gogó de levar todo tipo de gentinha boiando, isso é o estrupício das profundas
infernais! E o mentecapto lá de cima do morro convocando todo mundo ao
arrependimento contra as obras do Zé Nicolaita, seu principal desafeto de
murros, tabefes e pernadas; e do rábula Balaão que andava com petições
judiciais nos seus cornos, doido pra enquadrá-lo em diversos artigos do código
penal vigente e antecedente. E o povo: Quem são esses? Nunca vi mais gordo! Num
é daqui não. Deve ser lá dos túmulos dele. E mais berrava: Ao vencedor não
haverá de sofrer danos! E falava de coisas de antes, de agora e do futuro,
chamando atenção pro lugar onde estava. A malta só no escárnio: Que lugar é
esse? Hem? Nunca se sabe. No apurado: 50% de dorminhocos sonâmbulos, zunzum; 30%
de Fabos encoisados como os coadjuvantes do voyeurismo legal de brechar a vida
dos outros e fuxicar até umas horas, morrendo de inveja; e 20% de arengueiros
porraloucas na pisada dos índios em pé de guerra! Quer mais? A cidade estava
contaminada. Em qualquer lugar o mundo gira pra frente, a vida segue adiante,
nunca pra trás. Mas ali, a coisa comeu no centro, zás trás: da patetada
golpista da temerança pro encoisamento, só dois tempos, vapt-vupt. E Alagoinhanduba
sucumbiu, ah, meu, encoisou de ficar coisada, de tão trágica virou comédia. Foi
lá que até o Fecamepa virou Camepafe, Mepafeca, Pafecame e por aí vai. Tudo
endoidou do povo sair dizendo: Coisou. E com um vozeirão fantamasgórico com sua
risada tétrica ecoando no tempo: Dias piores virão! © Luiz Alberto Machado.
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DITOS & DESDITOS:
[...] Mas eu não posso fugir de investigar-me e de
refletir. Sou por demais verídica para
merecer a paz dos simples e a alegria dos puros. [...] Vi muito egoísmo, muita intriga, muita inveja e, sobretudo muita
injustiça com algumas órfãs que, a troco de casa e alimento, faziam o trabalho
pesado do internato [...] Um dia me
insurgi contra uma certa ordem que considerei injusta [...] daí por diante, tudo que aparecia mal feito,
tudo que contrariava o regime do colégio, prescindia logo de diligências apuradas:
“Deve ter sido Berenice quem fez” [...] E
assim tomei o título de rebelde, insubordinada, desobediente, pecadora contra a
humildade e menina sem recuperação [..] Para
quem sempre se debateu contra o meio medíocre, permanecer anos a fio nessa
violência merece, com justiça, admiração e respeito [...].
Trechos extraídos
da obra A imaginária (José Olympio,
1959), da poeta e jornalista do Modernismo brasileiro, Adalgisa Nery
(1905-1980). Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE ROY LICHTENSTEIN
A arte do artista estadunidense Roy Lichtenstein (1923-1997). Veja mais aqui.
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