segunda-feira, outubro 08, 2018

GISMONTI, ANNE CAUQUELIN, MAURÍCIO SILVA, VITAL CORRÊA DE ARAÚJO & ADMMAURO GOMMES.


O QUE FAZ O AMOR - Imagem: arte do artista Maurício Silva. - Auguste chegou menino em Alagoinhanduba como se estivesse em Montpellier. O que mudou de mesmo, à primeira vista, foi o frio da vida encolhida pro calor de esquentar a alma num quenturão brabo. Afora isso, a chatura de sempre dos pais e da irmã, a fuga com o irmão pro meio do mundo. Depois, nada de mais. Quanto mais crescia, mais se afastava de tudo: arengas, intrigas. Vivia para lá de chateado. A saída: olhos pregados nos livros, não fazia outra coisa senão ler o que lhe caísse às mãos. Era o primeiro da turma até adolescer como um chato de galocha na sala de aula do colégio. Aprontou de tudo: enfrentou mestres, desacatou autoridades, pintou e bordou. Pra ele o mundo todo estava de pernas pro ar, de cabeça pra baixo. Havia de organizar tudo. E tome providência. Ao dar conta da beleza de Caroline, logo se enrabichou pras bandas dela. Mais teimava, reclamando da avareza dos familiares: não aceitava jamais a sua miséria. Aproveitou-se da ocasião, casou-se com a bela amada e rompeu todas as relações tempestuosas com os miseráveis de casa. O irmão dera no pé. Pra onde? Quem sabe, perdeu-se nas veredas da vida. E ele vivia agora das aulas particulares de Matemática e dos cuidados da esposa. Seu temperamento forte não evitou outras inimizades, angariou desafetos pra onde ia, até sucumbir numa crise mental, depressão melancólida. Isso não poupou a convivência com Caroline, findando, então, no fundo do poço: separou-se desempregado. Os brutos, os bichos, todos amavam, tudo é amor, ele não. Aliás, não mais. Não visse ele Clotilde dobrar a esquina, jamais se salvaria da profunda prostração. Rendeu-se ao amor, o que nunca soubera. Arregaçou as mangas, estufou o peito, ajustou a fivela na cintura, agora vai. Ah, Clotilde. Cadê-la? Agora sim, aprumou. Vasculhou céus e mundos por ela. Achou. E ela: Não. Não era possível que isso acontecesse com ele, não podia, penava demais. Obstáculos não lhe aplacavam, esforços hercúleos dispendidos, Clotilde não era livre, o marido condenado na prisão, ela fiel e Auguste desabando de tão gamado. Impôs suas ideias, a sua positiva filosofia por ela apreciada, nada foi suficiente para demovê-la da fidelidade. Era pouco e mais fez: criou um novo calendário, classificou todas as ciências e fundou a sua própria religião para que ela pudesse ceder aos seus rogos sentimentais. Deu-lhe o catecismo criado por sua própria fé religiosa, ali estava todo seu pensamento sobre a vida e o mundo, pronto, entregue. Ela não cedeu. E o pior, sem mais nem menos, morreu. Assim. Sozinho, sem parentes, aderentes nem ninguém, fez-se desconhecido diante do seu Deus, a carregar anos de solidão, indefeso de amor pela amada que o abandonou fatidicamente. E dele, destroços de si, tudo desaparecia nele para nunca mais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Em uma sociedade de comunicação, a criação artística é a atividade mais requisitada, mais demandada, e talvez a única que convem perfeitamente à circulação de informações sem conteúdos específicos – capaz de, por isso mesmo, assegurar o funcionamento das redes em seu aspecto exclusivo de redes. Assim, a visualização do próprio sistema está assegurada, um benefício ético: a igualdade de todos os intervenientes designados como criadores. Por meio dessa prática universalista, a comunicabilidade da arte, que Kant considerava um dever, torna-se regra. Outro beneficio, desta vez político: ao se internacionalizar, a arte torna-se o signo de uma vontade de reunião, de concórdia, da qual os regimes políticos não podem escapar. A imagem simbólica de uma nação se encontra tomada por esse imperativo – por isso posicionamentos de um “Estado cultural”. [...] o contraponto dessa política, contudo, é uma impressão confusa, uma incompreensão no que diz respeito ao público – onde está o artista, onde está a arte? – e ao mesmo tempo – o que parece contrário ao principio de comunicabilidade universal – seu distanciamento
Trecho extraído da obra A arte contemporânea: uma introdução (Martins Fontes, 2005), da filósofa, romancista, ensaísta e artista francesa Anne Cauquelin.

A ARTE DE MAURÍCIO SILVA
A arte do artista Maurício Silva. Veja mais aqui.

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Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música do compositor, arranjador, cantor & multinstrumentista Egberto Gismonti: Em família, Live at BMW Jazz Festival, Live in The Freiburg Festival & Solo piano Argentina & muito mais nos mais de 2 milhões & 700 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui e aqui.



FABIENNE BRUGÈRE, WARSAN SHIRE, FATOU DIOME, ANTÔNIO MADUREIRA, POEMA & POESIA NA ESCOLA!

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Sirens (Zone Records, 1994), Passionate Voice (2004), Rough and Steep (2006), The Ten Tho...