DITOS &
DESDITOS - Alguém está tão constantemente consciente de si mesmo que se
pode esquecê-lo quando relata uma experiência sensacional... Pensamento da
psicóloga e filósofa estadunidense Mary Whiton Calkins (1863-1930),
pioneira em oportunidades educacionais e de carreira iguais para mulheres, que
em seu estudo Estatísticas dos sonhos (1893), expressa que: [...] O
fenômeno do sonho raramente foi discutido ou investigado de maneira completa e
experimental; da descrição, da teoria, da discussão, da analogia poética e da
ilustração não houve fim; de observação precisa quase nada. [...] são em
grande parte compilações de sonhos registrados de outras pessoas. [...].
Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU:
A poesia não pode nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão
cotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito...
Pensamento do poeta e prosador do Surrealismo brasileiro, Murilo Mendes
(1901-1975). Veja mais aqui.
ARTE INDÍGENA
– Dada a gravidade da ameaça que pesa sobre a população indígena e a
ecologia da Amazônia, nenhuma instituição comprometida com o futuro do país
pode eximir-se de tomar partido. A omissão significa complacência e
cumplicidade... Eu não posso ser judia, porque não tenho religião... Não
tenho família, nem marido, nem filhos. Sou sozinha. Só tenho mesmo meu trabalho
com os índios. Devo a eles o que sou.... Pensamento da antropóloga,
etnóloga e museóloga moldava Berta Gleizer Ribeiro (1924-1997), autora
de obras como: Arte
Plumária dos Índios Kaapor (Seikel,
1957), Diário do Xingu (Paz e Terra, 1979), O Índio na História do
Brasil (Global, 1983), A Arte do Trançado dos Índios do Brasil: Um
Estudo Taxonômico (MPEG, 1985), O Índio na Cultura Brasileira (Unibrade/UNESCO,
1987), Dicionário do Artesanato Indígena (ltatiaia/EDUSP, 1988), Arte
Indígena, Linguagem Visual (Itatiaia/EDUSP, 1989), Amazônia Urgente:
Cinco Séculos de História e Ecologia (Itatiaia, 1990) e Os Índios das
Águas Pretas: Modo de Produção e Equipamento Produtivo (Companhia das
Letras/EDUSP, 1996). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
A VEGETARIANA
- [...] A
sensação de que ela nunca tinha vivido realmente neste mundo a pegou de
surpresa. Foi um fato. Ela nunca viveu. Mesmo quando criança, até onde ela
conseguia se lembrar, ela não tinha feito nada além de suportar. Ela acreditava em sua própria bondade
inerente, em sua humanidade, e vivia de acordo, nunca causando mal a ninguém. Sua devoção em fazer as coisas da maneira
certa era inabalável, todos os seus sucessos dependiam disso, e ela teria
continuado assim indefinidamente. Ela não entendia por que, mas diante
daqueles prédios decadentes e da grama espalhada, ela não passava de uma
criança que nunca viveu. [...] A vida é uma coisa
tão estranha, ela pensa, depois de parar de rir. Mesmo depois de certas coisas lhes terem
acontecido, por mais terrível que seja a experiência, as pessoas continuam a
comer e a beber, a ir à casa de banho e a lavar-se - em outras palavras, a viver. E às vezes eles até riem alto. E provavelmente eles também têm esses
mesmos pensamentos, e quando o fazem, isso deve fazê-los recordar com tristeza
toda a tristeza que conseguiram esquecer brevemente. [...]
Quero engolir você, fazer você derreter em mim e fluir em minhas veias.
[...]. Trechos extraídos da obra The Vegetarian (Devir,
2013), da escritora sul-coreana Han Kang.
MULHERES - há tantos obstáculos \ para chegar àquele
lugarzinho solitário \ mulheres de pele escura \ Eles cuidam de uma fonte que
nasce ali \ ou o que surge dele \ ou seus arredores \ ou seu próprio cuidado \ e
não se sabe se é pedra fogo água \ ou apenas ar \ mas mulheres \ eles cuidam,
eles acendem, eles seguram. Poema da escritora e
professora uruguaia Sylvia Riestra, autora das obras La casa
emplumada (Premio de la cadena, 1989), Entre dos mares (Caracol al
galope, 2002), Palabras de rapina (Caracol al galope, 2002), Sincronías
y celebraciones (Artefato, 2006) e Tramas de la mirada (Ático,
2008).