OUTRAS DO JEGUE DE PAUL - O Jegue de Paul não tinha nome não, era só
isso mesmo. Dele, conta Tó Zeca – a maior autoridade em lorotas e pinoias – ter
fugido das páginas de um Bestiário da Biblioteca Pública, só para atazanar as
pessoas boas dali e nunca mais voltar para a invencionice de um mentiroso
escritor. Ademais, muitas outras contam no amiudado, como a de que ele é fruto
do cruzamento da Besta Fubana com uma mula sem cabeça de fogo no rabo e
adjacências; ou que é filho dum pangaré com uma égua voadora chamada Pégasa,
que apareceu assim do nada por essas bandas lá pelos idos de não sei quando.
Também de que o desgraçado era fruto de um amancebamento dum calunga pintudo
que era enjeitado por todas as mulheres, com a jumenta Fulorita, presumindo-se
que ela seja a mãe do famigerado e que nunca dela ouvira falar. Vez em quando,
asseveram, ele se passa por cavalo-marinho e sai pelo rio Una à procura de
fêmeas que lhe saciem a incontinência sexual, de bater no mar, tanto que
ouviu-se dizer dele ter acasalado com uma égua do mar, uma bicha selvagem da
ilha de Bornéu, com umas crinas crescidas, cascos partidos feito bovinos, longa
cauda e a trotar com o vento ocidental, chegando a parir uma tuia de lêmures,
sacis e outras desgraças, mesmo de quase ele trocar tapa com o Asno de três patas
de Zaratustra, que fica lá no fim dos oceanos com seus três cascos, seis olhos,
nove bocas, duas orelhas imensas e um corno grandiosíssimo, causando desastres
e agonias, dele parar e ficar assuntando aquela descomunal aparição, botar o
rabinho entre as pernas e voltar pro seu bem-bom. Ditos outros baseados em
boatos e dizeres inventados e tantos mesmos dados por líquido e certo, como de suas
qualidades, aventando que se tivesse, de mesmo, qualquer serventia, não se
tinha lá como dizer ou pudesse aferir lá nos anais do autenticado e checado. De
exato e conferido mesmo, sabe-se que ele era pontualíssimo em dar a hora certo
ao meio dia, na hora do Ângelus e no raiar do dia, isso sim, era inequívoco e
todos testemunhavam. Afora isso, que não simpatizava com cacete, fugindo de
tabica, relho, açoite ou chicote, e que ninguém nunca viu dele nem um murro
numa cocada, nunca servindo por montaria, para puxar arado que fosse ou carroça
no lombo ou na cacunda. Gostava de sair por ali assim nas quebradas e gandaia, por
Japaranduba, Riacho dos Cachorros, Pirangi, Ribigudo, seguindo rastro de
jumentas, jegas, burras, mulas e éguas, quando não, enrabando um potro
desavisado ou mesmo muares e asnos que catasse, para se fartar de liambas e
canabis, arranchado numa capoeira qualquer. Isso tudo sem contar que fora responsabilizado
sob acusação de autoria de crimes escabrosos e insolúveis, da crise e miséria
dos ricaços do canavial, das enchentes intermitentes que desabava tudo nas
cidades da região, ou mesmo por provocar o fiasco que ficou sendo a festa da
padroeira do dia oito de dezembro e, de quebra, pelo endoidecimento dos
políticos na afanagem geral do erário público, levando à bancarrota geral todo
o território estadual. Na vera, o que dele se certificou quantos vivos ou
mortos, é que ele era achegado era de se meter com libidinagens entre as
lavadeiras de rios e riachos, num esfregado até se ajeitar na intimidade de uma
delas. Isso sim. Quando não, vivia de dar carreira no povo passante pelo
arruado, pela rodagem ou rodovia, de preferência mesmo gostava de provocar
carreira nas mulheres para ver-lhe a caçola com a saia na cabeça. Assim ficava
se lambendo, estirando o prativai no maior rinchado. Hoje só reaparece em dias
de carnaval, pisoteando do sábado até a terça de Zé-pereira, fantasiado de
Burak: máscara de gente, orelhas de coelho, corpo de dragão e rabo de pavão,
todo afogueado na frevada, para se envultar nas cinzas e se deixar ouvir o
relinchado nas matas pela invernada. Exatamente por essas razões e gaitadas que
ele é cultuado e foi cantado nos Dez de Queixo Caído de ficar na caraminhola lendária
até os dias de hoje. Depois conto mais, ora se. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] O
amor nada, faz senão em conjunção com a sabedoria ou o entendimento. O amor se
conjunta à sabedoria ou ao entendimento e faz com que a sabedoria ou o
entendimento seja reciprocamente conjunto. A sabedoria ou o entendimento pelo
poder que lhe dá o amor, pode ser elevado, e perceber as coisas que pertencem à
luz procedente do Céu, e as receber. [...] Trecho extraído da obra Divina Providência (Nova Jerusalém,
2010), do polímata sueco, com destacada atividade como cientista, inventor e
filósofo, Emanuel Swedenborg (1688-1772),
que inventou uma máquina de voar e, afamado alquimista, fundou a primeira
revista científica da Suécia e publicar obras em campos diversos como a
geologia, biologia, astronomia e psicologia. Veja mais aqui e aqui.
ANTOLOGIA
ILUSTRADA DOS CANTADORES
Nunca fui mal procedido, / nunca fiz mal a ninguém; / se acaso fiz algum
bem / não ‘stou disso arrependido. / Se mal pago tenho sido, / são defeitos
pessoais, / todos seremos iguais / no reino da Eternidade: / na balança da
Verdade / Deus sabe quem pesa mais.
ANTOLOGIA ILUSTRADA DOS CANTADORES – A obra Antologia ilustrada dos
cantadores (EdUFCE, 1976), de Francisco Linhares e Otacilio Batista, trata
sobre a poesia e suas raízes, o cantador no conceito dos mestres e gêneros de
poesia popular, ricamente ilustrado por personagens que compõe o panteão dos
poetas poetas populares, cantadores e repentistas do Nordeste brasileiro. Veja
mais aqui e aqui.
A ARTE DE MISTY COPELAND
O balé foi definitivamente minha fuga. Foi a primeira
coisa que eu já experimentei na minha vida que era minha - apenas minha, não
meus cinco outros irmãos". Isso me deu uma voz, me fez sentir poderoso. Poderíamos
ter histórias que realmente refletem diferentes culturas de uma maneira nova. O
balé é mundano, então vamos representar o que todos nós somos.
MISTY COPELAND - A arte
da bailarina estadunidense do American Ballet Theatre, Misty Danielle Copeland, que se tornou a primeira mulher
afro-americana a ser promovida a dançarina principal nos 75 anos de história da
ABT. Ela é autora de obras como Ballerina Body: Dancing and Eating Your Way
to a Leaner, Stronger, and More Graceful You (Grand Central Publishing, 2017); Your Life in Motion: A Guided Journal for Discovering the Fire in You
(Aladdin, 2018); Life in Motion: An
Unlikely Ballerina (Touchstone, 2014); Life in Motion: An Unlikely Ballerina (Aladdin, 2016) e Firebird (G.P.
Putnam's, 2014), com ilustrações de
Christopher Myers e, também, o documentário Um Conto de Bailarina (2015), com direção de Nelson George, abordando
a sua ascensão e a fratura que poderia ter acabado com sua carreira, além de
tocar em temas como raça e imagem corporal. Veja mais aqui & aqui.
A ARTE PERNAMBUCANA
Os tempos da Praieira de Costa Porto (1909-1984) aqui.
A poesia de Andréa Borba aqui.
A música de Lucas Kallango aqui.
O teatro As Loucas da Mata Sul aqui.
A fotografia de Osmário Marques aqui.
Guiomar Verdureira aqui
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