segunda-feira, junho 03, 2024

JUDITH MALINA, RACHEL BLOOM, HAL FOSTER & RIO UNA!

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do álbum Kiribasáwa Yúri Yí-Itá (“A Força que vem das Águas” - 2021), do grupo de cantoras e artesãs do norte do Pará, Suraras do Tapajós, oriundo da Associação Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, uma organização que reúne integrantes de várias etnias e idades, por meio da música do carimbó e suas raízes sertanejas, africanas e indígenas.

 

AINDA É CEDO E AMANHÃ TARDE DEMAIS... - Era a primeira vez e o amor desafinado respirava a noite intrínseca, a vida erguia o desastre e o que fora soterrado pela areia do tempo. A mutilada chance nas dores partidas pelos pedaços de sonhos súbitos e a mão arruinada levitava a desgraça apodrecida impressa nos muros do Recife. Quase nem deu para ouvir Hélène Cixous: As pessoas não te veem, / Te inventam e te acusam... Eu também transbordo; ... meu corpo conhece músicas inéditas... Quantos prodígios ignorados e o que se toma por inquestionável, os meios precários de tão impacientes: o dia perdeu as horas e a data estômago a dentro. O que tinha lembrado e o esquecido acendendo a distância perdida, um alvo móvel na direção: lugares decadentes e inútil espera, só uma ou outra surpresa pro desânimo, com seus espasmos fustigantes pelo que dizia Paulina Chiziane: O meu vício chama-se questionar, incomodar. Questionem tudo o que vos oferecem como perfeito... Era o lenocínio das mundividências e tudo se escondia no nada. Coisas de nunca. A nervura dos trajetos e o que de palpável se fizera dos gestos erráticos na veemência da ignorância renitente. Ainda deu pra ouvir Anthony Braxton: Aprendi ao longo do tempo que nem todos estão interessados nos tipos de coisas que me fascinam... Só estremecimentos e o que se sucedia do inexplicável tão fútil se parecera. Momentos espalhados e o que importava a indiferença, latejavam esperanças gastando as brechas restantes nas curvas inclinadas das grandes escuridões. Alguém veria e era o amor, aprendia sozinho: os olhos mergulhados no futuro. E mais aprendia o deserto adivinhando clareiras onde sequer existiam. Era o poeta e a metáfora do espelho: quem devia esta vida pra outra, o porquê dos quando. E sonhou perder-se na noite e roubou as estrelas, degelou os polos, inundou a terra, bebeu os rios e evaporou os mares. Findava só vendo o que fez porque ainda era cedo e amanhã será tarde demais. Até mais ver.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

ESPLENDOR - O esplendor nunca é simples. \ Vem à luz \ Quando as 1000 coisas \ se agitam contra a alma, \ Cintilando os arredores\ Para que a mente cega\ possa ver o que está sempre lá, \ Obscurecido pelos costumes. \ O esplendor só ocorre \ quando cada uma das 1000 coisas \ está precisamente no lugar.

HÁ TEMPO - Porque somos mortais. Existe \ Morte porque não somos \ Nada. Existe amor \ Porque somos loucos \ E queremos ser felizes para sempre.

Poemas da atriz, dramaturga e escritora alemã Judith Malina (1926-2015). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

QUERO ESTAR ONDE AS PESSOAS NORMAIS ESTÃO – [...] A depressão, por exemplo, não se parece com esta palavra estéril da sala de espera do hospital: depressão. Parece que meu interior está ficando cinza, o que faz as árvores ficarem cinzentas, o que faz toda a vida ficar cinza, que é a cor que todos nós eventualmente nos tornamos, porque tudo leva ao nada. [...] Minha mãe sempre comparou pensamentos ruins a um pássaro em um celeiro. Se um pássaro voar para dentro do celeiro, você pode reconhecer que há um pássaro no celeiro, mas não precisa fazer um ninho para ele de repente. “Basta deixar o pássaro voar e ele eventualmente voará para fora.” Que é, em essência, terapia cognitivo-comportamental [...] Eu sou um garoto do teatro. Isso significa que estou desesperado para ser o melhor, desesperado para agradar, desesperado para nunca decepcionar ninguém. Não há espaço para fracasso, porque fracasso é igual a fraqueza, o que é igual a morte [...] O que eu mais amava no teatro era que ser um garoto do teatro era uma explicação fácil para o motivo pelo qual eu não me encaixava. [...]. Trechos extraídos da obra I Want to Be Where the Normal People Are (Grand Central Publishing, 2020), da atriz, humorista, cantora e compositora estadunidense Rachel Bloom. Veja mais aqui.

 

O QUE VEM DEPOIS DA FARSA? - [...] Uma política da pós-verdade é com certeza um enorme problema, mas uma política da pós-vergonha também é. [...] Se tudo isso parece terrivelmente sombrio, é porque é mesmo. Em muitos aspectos, olhamos para um mundo que fugiu ao nosso controle – não só política como também tecnologicamente. E essa situação extrema provocou formulações extremas por parte de artistas e críticos. [...] O padrão da tragédia seguida pela farsa tem, ainda, certa lógica: a história preserva uma narrativa mesmo que anticlimática. No entanto, talvez essa coerência fosse uma ilusão e, mais uma vez: o que poderia vir depois da farsa, afinal? Necessariamente nada. Paliativos como “o arco do universo moral se inclina em direção à justiça” ou “devemos trabalhar para uma união mais perfeita da nação” já não tranquilizam ninguém. Nada está garantido; tudo é luta. De novo, de um ponto de vista particular, já não está claro se a arte pode depender de seu passado, e seu presente também parece institucionalmente tênue. [...] Tal é a oportunidade no período presente de convulsão política: transformar a emergência disruptiva em mudança estrutural ou, pelo menos, pressionar as brechas na ordem social em que é possível resistir ao poder e reelaborá-lo. [...] Há muito a ser debatido em termos de táticas e efeitos. Contudo, um resultado desses desdobramentos é decerto uma volta inesperada do museu e da universidade como possíveis locais de resgate da esfera pública, em que, ao menos em princípio, podem-se expressar críticas e se propor alternativas. Eles emergiram como pontos de pressão para artistas ou críticos ativistas que têm se empenhado em explorar as tensões entre os compromissos públicos dessas instituições e os interesses privados que as dirigem. [...]. Trechos do prefácio da obra O que vem depois da farsa? (Ubu, 2021), do crítico de arte e historiador estadunidense Hal Foster (Harold Foss Foster) que trata sobre terror e transgressão, vestígio traumático, O kitsch de Bush, Estilo paranoico, Coisas selvagens, Conspiradores, Plutocracia e exibição, Deuses-fetiche, Belo hálito, Greve humana, Exibicionistas, Caixas cinza, Underpainting, Mídia e ficção, A pianola, Olho-robô, Telas estilhaçadas, Imagens de máquina, Mundos-modelo, Ficções reais, entre outros assuntos. Ele também é autor das obras What Comes After Farce? Art and Criticism at a Time of Debacle (2020), O retorno do real (Cosac Naify, 2014) e O complexo arte-arquitetura (Cosac Naify, 2015), entre outras. Veja mais aqui.

 

VIDA, DE JAYME GRIZ

Olores do cosmos \ música das esferas \ loucura do infinito \ E enquanto isto, \ a vida \ nas suas secretas e misteriosas fontes, \ vibra \ estremece, \ se agita, \ e continua... \ largando cada alfar do peito antigo, \ um soturno grito! \ Brado velho, antigo, imemorial, \ cheio de estranha e absurda finalidade: \ Eternidade! \ Eternidade! \ Eternidade!

Poema Vida, extraído da obra Rio Una – poemas (Diário da Manhá, 1951), do poeta, jornalista, economista e folclorista Jayme Griz (1900-1981). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

&

Palmares conta a sua história... – Semana Palmares de 03 a 07/06 – E no próximo dia 06 de junho, na Biblioteca Pública Fenelon Barreto – Palmares – PE, acontecerá a palestra Arte em Palmares: do Club Litterario ao século XXI, que ministrarei para o público em geral, especialmente nos horários: 9h – para alunos da Escola Municipal Jayme de Castro Montenegro; 14h – para alunos do Ginásio Municipal dos Palmares; e às 19h – para alunos da Escola Estadual Galtemir Lins. Promoção da Biblioteca Fenelon Barreto & Amigos da Biblioteca, com apoio da Semed-Palmares, Observatório de Linguagens, IbaValeUna & Academia Palmarense de Letras (APLE). Estão todos convidados.

 

UM OFERECIMENTO:

NNILUP CROCHETERIA

Veja mais aqui.

&

SANTOS MELO LICITAÇÕES

Veja detalhes aqui.

&

Tem mais:

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Curso: Arte supera timidez aqui.

Poemagens & outras versagens aqui.

Diário TTTTT aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

Faça seu TCC sem traumas – consultas e curso aqui.

VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

&

Crônica de amor por ela aqui.

 


CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...