terça-feira, novembro 14, 2017

SHAKESPEARE, OSMAN LINS, LEIBNIZ, JOÃO UBALDO, HEGEL, JAYME GRIZ, HEATHER JANE WALLACE, JANET MAYLED, SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE & DESIGUALDADES ETNICORRACIAIS

PRAIA DA COROA GRANDE – Imagem: art by Heather Jane Wallace. - Em plena tarde foi nesse mar que aprendi a namorar menina dengosa que eu vi passar no Porto do Gravatá, coisa mais maravilhosa da tribo caingang, coisa de endoidar coração Puiraçu do meu chão caeté, quadris em ondas como quem vem do engenho Morim da Baronesa – como rebola macio chega dá vontade da gente pegar bigu de nunca mais soltar! - , seios de mar com suas piscinas naturais nas coroas das marés e eu só queria mergulhar, timbungue, timbungar suas águas cristalinas, ah, seios de mar, eu quero navegar, eu quero mergulhar! E eu atarantado de amor por seus pés à beira-mar buscava os corais entre pernas e coxas eu a me espremer entre elas torres do paraíso sumindo as marés como quem vai do rio Una pra morrer afogado nos seus beijos de sereia enfeitiçadora e eu à-toa como quem vem do riacho Meireles sem saber de nada de seu riso estival iluminando além dos vales e morros da minha prisão, de seus olhos manhãs no negrume dos meus dias por seus braços estendidos dali de Barreiros a me levar pelas correntezas do rio Persinunga, perdido em suas margens e sem saber das abusões da mata que me trouxe Cumade Fulôsinha até a praia do Gravatá em Abreu do Una, e eu não sabia nada do Museu do Una na Várzea, sabia só do jangadeiro que eu era, rapaz solto na buraqueira da Coroa Grande que se enamorou com quem ouviu falar do Gato Branco ao Bola de Ouro que passou, não existe mais, só o gingado da menina sestrosa, tão linda formosa assim tão jeitosa embala meu coração. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com o compositor, maestro, pianista, arranjador e violonista Tom Jobim (1927-1994): Passarim & Live Concert Festival International Jazz Montreal; da pianista Guiomar Novaes (1894-1979): Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, Les Préludes Debussy Live & Philharmonic Hall NYC; do violonista e compositor Sebastião Tapajós: Villa-Lobos & El arte de La guitarra; e da cantora e compositora Teca Calazans em arte solo & em parceria com Heraldo do Monte.  Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - Os Espíritos são ainda imagens da própria Divindade, ou do próprio Autor da Natureza, capazes de conhecer o Sistema do universo e de em certa medida imitá-lo por amostras arquitetônicas, sendo cada Espírito como uma pequena divindade no seu domínio. Trecho extraído da obra Os princípios da filosofia ditos a monadologia (1714 – Abril, 1983), do filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716). Veja mais aqui e aqui.

SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE - O distrito de São José da Coroa Grande foi criado pela Lei município 05, de 30 de dezembro de 1901, integrava o território de Barreiros. Pelo Decreto-Lei estadual 235, de 09 de dezembro de 1938, passou a denominar-se Puiraçi, voltando, depois, à antiga denominação. Pela Lei estadual 3340, de 31 de dezembro de 1958, foi constituído município autonomia, cuja instalação ocorreu em 11 de abril de 1962. Administrativamente o município é formado pelo distrito-sede e pelos povoados de Abreu do Una, Várzia do Una e Gravatá. Anualmente no dia 11 de abril é comemorada a sua emancipação política, conforme recolhido da Enciclopédia dos Municípios do Interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.

DIALÉTICA HEGELIANA - [...] O botão desaparece no florescimento, podendo-se dizer que aquele é rejeitado por este; de modo semelhante, com o aparecimento do fruto, a flor é declarada falsa existência da planta, com o fruto entrando no lugar da flor como a sua verdade. Tais formas não somente se distinguem, mas cada uma delas se dispersa também sob o impulso da outra, porque são reciprocamente incompatíveis. Mas ao mesmo tempo, a sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica, na qual não apenas elas não se rejeitam, mas, ao contrário, são necessárias uma para a outra, e essa necessidade igual constitui agora a vida do inteiro. [...] A semente é em si a planta, mas ela deve morrer como semente e, portanto, sair fora de si, a fim de poder se tornar, desdobrando-se, a planta para si (ou em si e para si) [...]. Trechos extraídos da obra A fenomenologia do espírito (1807 - Vozes, 1992), do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), Veja mais aqui e aqui.

DESIGUALDADE ETNICORRACIONAL - [...] Na nossa sociedade, as desigualdades começaram antes mesmo de sermos um país [...] as desigualdades se anunciaram em 1500, ano em que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, e se referem às relações entre os povos indigenas e europeus, com sacrificio para índios e índias. Depois, com a chegada das pessoas seqüestradas no continente africano, por volta de 1536, apareceram, também, as práticas das desigualdades entre brancos e negros, com sacrifício para os negros. A essas desigualdades denominamos de desigualdades etnicorraciais. [...] as desigualdades etnicorraciais não existiam sozinhas. Os povos indígenas, africanos e europeus – que são os pais e mães do Brasil -, já estavam envolvidos, há muitos e muitos anos, com as desigualdades entre homens e mulheres, com prejuízos para as mulheres [...] Anos mais tarde, em 1889, o país deixou de ser uma monarquia para se tornar uma República, baseada nos princípios da democracia. Ainda hoje, porém, os índios continuam lutando pela posse e manutenção das poucas terras que lhes restam, e pelo direito de existirem como povos independentes e portadores de expressões culturais próprias [...]. Trechos extraídos da obra Mulheres constuindo igualdade: caderno etnicorracial (Secretaria da Mulher Pernambuco, 2011), organizado por Celma Tavres, Cristina Maria Buarque, Fernanda Meira, Lady Selma Albernaz, Raiza Cavalcanti, Rosangela Souza e Rosário Silva. Veja mais aqui e aqui.

OS GESTOS - [...] Os rumores da chuva refluíram, levando a paisagem; quando tornaram, vieram sós, desencantados [...] Mariana estava de costas para a janela, os cotovelos no peitoril e as mãos cruzadas sobre o ventre. Por trás dela, na linha exterior das fasquias, cintilavam gotas de água; cresciam trêmulas, deslizavam, uniam-se, caíam. Uma claridade opalina subia do pescoço, tocava o queixo da moça, banhava sua face direita e extinguia-se na penugem da fonte. O resto das feições, mal se percebia, mas era evidente que algo se anunciava, um evento único, secreto [...] A parte do colo sobre que incidia a luz pálida fremiu, palpitou, os lábios se entreabriram, estremeceram as narinas, soprou um vento forte, que agitou seus cabelos e precipitou o tombar das gotas de água. Ela moveu a cabeça em direção à luz, lenta, com um suspiro ansioso. [...] Isto é inexprimível – pensou. E o que não é? Meus gestos de hoje talvez não sejam menos expressivos que minhas palavras antes. Fechou os olhos, para conservar durante o maior tempo possível aquela visão. Quando tornou a abri-los, Mariana se fora, a chuva passara e ele viu que estivera dormindo, sem haver sonhado. Trechos extraídos da obra Melhores contos de Osman Lins (Global, 2003), reunindo contos do escritor e dramaturgo Osman Lins (1924-1978), organizado por Sandra Nitrini. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A OBRA DE ARTE HUMANA – [...] Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão vário na capacidade; em forma o movimento, tão preciso e admirável; na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais. [...] Trecho extraído da peça teatral tragédia em cinco atos, A tragédia de Hamlet, o príncipe da Dinamarca  (LP&M, 1997), do poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616). Veja mais aqui e aqui.

REPÚBLICA DE LADRÕES - [...] o falcatruismo explica a história do Brasil como a conseqüência das relaões de falcatruas que temos mantido ao longo destes séculos e que agora prosperam extraordinariamente. E vai mais além ou aceitamos o falcatruismo como a nossa maneira de ser, vendo-o numa perspectiva otimista e construtiva, tirando dele o Maximo proveito, ou passaremos o resto dos tempos condenados a mazelas que tanto nos afligem olhem em torno. Onde não há denúncias de roubo ou maracutaias, onde é possível manter um relacionamento honesto, de acordo com padrões importados e em diametral desacordo com a nossa inata maneira de ser? Segundo ouvimos dizer, e há sempre alguém por dentro que nos garante que é assim mesmo, não existe área de atividade no Brasil que não seja marcada pelo falcatruísmo. Pensemos no governo. [...] Resta assumir de vez e ver se perdemos a timidez e acrescentamos o rótulo de “nacionalista” do falcatruísmo. Vamos roubar aqui, mas não vamos nos limitar a isso, como agora. [...] Nós ainda temos futuro, apesar dos catastrofistas. Crônica extraída da obra Você me mata, Mãe Gentil (Nova Fronteira, 2004), do escritor, jornalista e professor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014). Veja mais aqui.

PALMARES, DE JAYME GRIZ
Canaviais,
Cajueiros,
Ingazeiras,
Coqueiros,
Palmeiras...
Palmares!
Palmares!
....................................
Una,
Una,
Velho Una!
De longe,
Vivo a ouvir tuas líquidas canções.
Os rumores longinquuos das tuas ruidosas cachoeiras.
O ritmo rápido ligeiro
Das tuas velozes corredeiras!
A noite,
Vejo a Lua,
Tua velha namorada,
Bolando no liquido lençol das tuas águas mansas,
Num lindo e velho idílio que não cansa.
A todo instante,
Minha linda cidade dos Palmares,
Ouço os sinos sonoros da tua velha Matriz,
E não me esqueço de nada que tudo isso me diz.
E me lembro de coisas,
De casos e de gente
Que eu trago no coração e na mente.
Gente viva.
Gente morta.
Nabuco.
Chico Barbeiro.
Mirandinha.
Barreiros.
Antônio Doido
(Aquele que virou trem...)
E de outra gente também:
Dona Maróca Ascenso.
Fenelon Ferreira.
Fabio Silva.
O professor Siqueira.
E outros...
E outros...
Coisas vivas.
Coisas mortas.
Os velhos muros.
As velhas casas.
Os velhos sítios.
Os velhos engenhos.
Paúl.
Japaranduba.
Trombetas.
O Clube Literário.
O Mercado.
A Estação.
Tiddo isso não me sai do coração!
Gente passada.
Gente presente.
Coisas passadas.
Coisas presentes.
Tudo isso eu trago no meu coração.
Tudo isso vive na minha emoção!
Todas essas coisas,
De que falo e gosto tanto,
E que são o teu encanto,
Minha linda cidade dos Palmares,
Eu nunca mais hei de esquecer,
Enquanto (querendo Deus),
No meu peito o coração bater!
.........................................
Canaviais.
Cajueiros.
Cajazeiras.
Ingazeiras.
Coqueiros.
Palmeiras...
Palmares!
Palmares!
Poema extraído da obra Rio Una: poemas (Diário da Manhã, 1951), do poeta, jornalista, economista e folclorista Jayme Griz (1900-1981), Veja mais aquiaqui.

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A ARTE DE JANET MAYLED
A arte da artista plástica britânica Janet Mayled.
 

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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