quarta-feira, novembro 15, 2017

BACHELARD, MORIN, FAYGA OSTROWER, ANA PAULA TAVARES & SIRINHAÉM

ESTRELAS, OURO & TODAS AS COISAS - Imagem: Litografia (1981), da pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, professora e teórica de arte brasileira nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001). - Quem dera, o cansaço conciliasse o sono desgovernado das andanças de estradeiro, no galope de correr trocando as pernas na lapada do mundo ao deus-dará, já de sobreaviso e a vida no pêndulo ao derredor das circunstâncias, léguas pelos vales de porteira escancarada e o que mais poderia querer na boca da noite, afora do oco vazio prosperando a pulso e o remorso no marulhar das águas, sozinho no terraço. No meio da noite, de um lado, o esplendor da Natureza com tudo e todas as coisas; de outro, a danação da miséria: uns com tanto na servidão de suas mesquinharias e a festa de teres e haveres que são poeiras mais cedo ou mais tarde pras infelizes ganâncias; outros, com tão pouco, quase nada ou nada mesmo e sem ter pra onde ir, se um centavo era seu, por que não, de nada adianta as garras afiadas a mando do umbigo estraçalhado, coisa de quem mata por querer o do outro que não é seu para ser seu a qualquer custo e já agorinha mesmo senão eu morro com um troço atravessado no peito do desgosto. Isso não me interessa, viro pro lado e brinco de rio e mar por entrerrios e outros meios, dizeres de pedras, quantos ontens, recolho estrelas – pra que serve? Se tudo vale ou não, prossigo como quem chuta uma pedra e a estrela sentiu na estrada. A gota da minha lágrima transbordou no copo. Parece que criei meu próprio infortúnio engolfado em negros pensamentos, fraquezas, paradas, tentações. É era pro passo decisivo: não tenho mais pressa, respiro profundamente porque chegou a hora de por termo ao caos de mim mesmo. Agora, adiante. Vez em sempre, sou senhor de mim, não mais escravo do reino manifesto, nem sucumbo ao desânimo. Ouvi o chamamento da sutil e suave voz dentro de mim. Tranquilizei meu intelecto ao saciar a sede de saber, olhos no escuro, silenciei minha voz. Dentro de mim nasce o Sol na manhã e sou a Terra na imensidão do universo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Poema on Guitar, Jazz Samba & Afro-Samba, do músico e compositor Baden Powell de Aquino (1937-2000); o Concer to the memorian on the Angel Berg, Violin Bach & Ysaÿes Sonata nº 3 Balade com a violinista russa Alina Ibragimova; o Concert Chello Elga e concertos do violoncelista Antônio Meneses com a pianista Maria João Pires e a Orquestra Jovem de São Paulo; e Variations Goldberg Bach, Bethoven op. 26 e Sonata KV 279 de Mozart com a pianista taiwanesa Pi-Hsien Chen. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Devemos fazer tudo para desenvolver nossa racionalidade, mas é em seu próprio desenvolvimento que a racionalidade conhece os limites da razão e efetua seu diálogo com o irracionalizável [...] Doravante, aqui residirão nosso único fundamento e nosso único recurso possível [...] no esforço da compreensão e não da condenação, no autoexame que comporta a autocrítica e que se esforça em reconhecer a mentira para si próprio. [...]. Trechos extraídos da obra Amor, poesia, sabedoria (Bertrand Brasil, 2012), do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin. Veja mais aqui e aqui.

CRIAÇÃO & CRIATIVIDADE - [...] Criar é, basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse 'novo', de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar. [...] ao aprender o mundo, o homem aprenda também o próprio ato de apreensão, permite que, aprendendo, o homem compreenda [...] poderia encontrar uma pessoa na rua e nesse encontro notar certos detalhes, o tom de voz, determinados gestos, olhares, a roupa, a pressa com que caminha, ou outros aspectos isolados; talvez tais aspectos tornem o encontro significativo num sentido inteiramente imprevisto. Isto está fora das possibilidades dos animais, que reagem a situações globais concretas [...] Temos de levar em conta que uma realidade configurada exclui outras realidades, pelo menos em tempo e nível idênticos. É nesse sentido, mas só e unicamente nesse, que, no formar, todo construir é um destruir. Tudo o que num dado momento se ordena, afasta por aquele momento o resto do acontecer. É um aspecto inevitável que acompanha o criar e, apesar de seu caráter delimitador, não deveríamos ter dificuldades em apreciar suas qualificações dinâmicas. Já nos prenuncia o problema da liberdade e dos limites. [...] Criar é poder relacionar com precisão. Ou melhor ainda, criar é relacionar com adequação. O referencial dos limites permite que nos relacionamentos se use o senso de proporção, se avalie a justeza no que se faça. Se por algum motivo tivéssemos que estabelecer uma única qualificação condicional para o que é criativo, essa qualificação seria a da adequação, não seria a inovação nem a originalidade. seria a maneira justa e apropriada por que se corresponderiam as delimitações de um conteúdo expressivo e as delimitações de uma materialidade (os meios usados para se configurar). Não teríamos menos do que no caso fosse necessário, pois o resultado seria pobre, insuficiente e não-criativo, mas também não teríamos mais do que o necessário, cujo resultado por sua vez seria não-criativo no sentido de não-verdadeiro, irreal, excessivo, talvez até bombástico e vazio (consequentemente, a originalidade em si não é critério de criação) [...]. Trechos extraídos da obra Criatividade e processos de criação (Vozes, 2002), da pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, professor e teórica de arte brasileira nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001), trazendo um referencial da arte com temática interdisciplinar e encarando a criatividade como um potencial próprio de todos os humanos, notadamente quanto aos processos criativos que em geral importam, tais como percepção, formas, intuição e imaginação, assim como o crescimento e a maturidade das pessoas. Veja mais aqui.

A POESIA & O DIREITO DE SONHAR - [...] A poesia é uma metafísica instantânea. Num curto poema deve dar uma visão de universo e o segredo de uma alma, ao mesmo tempo um ser e objetos. Se simplesmente segue o tempo da vida, é menos do que a vida; somente pode ser mais do que a vida se imobilizar a vida, vivendo em seu lugar a dialética das alegrias e dos pesares. Ela é então o princípio de uma simultaneidade essencial, na qual o ser mais disperso, mais desunido, conquista unidade  [...]. Trecho extraído da obra O direito de sonhar (Difel, 1986), do filósofo, crítico literário e epistemólogo francês Gaston Bachelard (1884-1962). Veja mais aqui e aqui.

SIRINHAÉM – O distrito de Sirinhaém foi criado por Alvará datado de 28 de junho de 1759, tinha por vila a denominação de Formosa, criada em 01 de julho de 1627, en2quanto que a Vila Formosa de Sirinhaém criada em 19 de junho de 1627 e instalada em 01 de julho de 1627. A localidade começou a povoar-se em princípios do século XVII. Em 1614, ediciou-se a capelinha de São Roque. De 1620 e 1621, já bem servida a povboação, foi levantada a igreja de Nossa Senhora da Conceicção. Em 1621’, foi elevada à categoria de fregusia, sendo constituído em município autônomo em face da Lei estadual 52 – Lei Organica do Municipios -, datada de 03 de agosto de 1892. Administrativamente, Sirinhaém é formado pelos distritos-sede, Barra de Sirinhaém e Ibiratinga, e pelos povoados da Usina Trapiche e Santo Amaro. Anualmente, no dia 06 de janeiro, comemora a sua emancipação política, conforme a Enciclopédia dos Municipios do Interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.

O LAGO, DE ANA PAULA TAVARES
Tão manso é o lago dos teus olhos
que temo avançar a mão
cortar as águas
e semear o espanto
na descoberta
da minha sede antiga
Poema extraído do livro Dizes-me coisas amargas como os frutos (Caminhos, 2001), da poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares. Veja mais aqui.

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A ARTE DE FAYGA OSTROWER
A arte da pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, professora e teórica de arte brasileira nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001). Veja mais aqui.
 

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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