ESTRELAS, OURO &
TODAS AS COISAS - Imagem: Litografia
(1981), da pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, professora
e teórica de arte brasileira nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001). - Quem dera, o cansaço conciliasse o sono desgovernado das
andanças de estradeiro, no galope de correr trocando as pernas na lapada do
mundo ao deus-dará, já de sobreaviso e a vida no pêndulo ao derredor das circunstâncias,
léguas pelos vales de porteira escancarada e o que mais poderia querer na boca
da noite, afora do oco vazio prosperando a pulso e o remorso no marulhar das
águas, sozinho no terraço. No meio da noite, de um lado, o esplendor da
Natureza com tudo e todas as coisas; de outro, a danação da miséria: uns com
tanto na servidão de suas mesquinharias e a festa de teres e haveres que são poeiras
mais cedo ou mais tarde pras infelizes ganâncias; outros, com tão pouco, quase
nada ou nada mesmo e sem ter pra onde ir, se um centavo era seu, por que não, de
nada adianta as garras afiadas a mando do umbigo estraçalhado, coisa de quem
mata por querer o do outro que não é seu para ser seu a qualquer custo e já
agorinha mesmo senão eu morro com um troço atravessado no peito do desgosto. Isso
não me interessa, viro pro lado e brinco de rio e mar por entrerrios e outros
meios, dizeres de pedras, quantos ontens, recolho estrelas – pra que serve? Se
tudo vale ou não, prossigo como quem chuta uma pedra e a estrela sentiu na
estrada. A gota da minha lágrima transbordou no copo. Parece que criei meu
próprio infortúnio engolfado em negros pensamentos, fraquezas, paradas,
tentações. É era pro passo decisivo: não tenho mais pressa, respiro
profundamente porque chegou a hora de por termo ao caos de mim mesmo. Agora, adiante.
Vez em sempre, sou senhor de mim, não mais escravo do reino manifesto, nem
sucumbo ao desânimo. Ouvi o chamamento da sutil e suave voz dentro de mim.
Tranquilizei meu intelecto ao saciar a sede de saber, olhos no escuro,
silenciei minha voz. Dentro de mim nasce o Sol na manhã e sou a Terra na
imensidão do universo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Poema on Guitar, Jazz Samba & Afro-Samba, do
músico e compositor Baden Powell de Aquino (1937-2000); o Concer to the
memorian on the Angel Berg, Violin Bach & Ysaÿes Sonata nº 3 Balade com a
violinista russa Alina Ibragimova; o Concert
Chello Elga e concertos do violoncelista Antônio Meneses com a
pianista Maria João Pires e a Orquestra Jovem de São Paulo; e Variations
Goldberg Bach, Bethoven op. 26 e Sonata KV 279 de Mozart com a pianista
taiwanesa Pi-Hsien Chen. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA - [...] Devemos fazer tudo para desenvolver nossa racionalidade, mas
é em seu próprio desenvolvimento que a racionalidade conhece os limites da
razão e efetua seu diálogo com o irracionalizável [...] Doravante, aqui
residirão nosso único fundamento e nosso único recurso possível [...] no esforço da
compreensão e não da condenação, no autoexame que comporta a autocrítica e que
se esforça em reconhecer a mentira para si próprio. [...]. Trechos
extraídos da obra Amor, poesia, sabedoria
(Bertrand Brasil, 2012), do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar
Morin. Veja mais aqui e aqui.
CRIAÇÃO & CRIATIVIDADE - [...] Criar é,
basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o
campo de atividade, trata-se, nesse 'novo', de novas coerências que se
estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e
compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de
compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar,
significar. [...] ao
aprender o mundo, o homem aprenda também o próprio ato de apreensão, permite
que, aprendendo, o homem compreenda [...] poderia encontrar uma pessoa na rua e
nesse encontro notar certos detalhes, o tom de voz, determinados gestos,
olhares, a roupa, a pressa com que caminha, ou outros aspectos isolados; talvez
tais aspectos tornem o encontro significativo num sentido inteiramente
imprevisto. Isto está fora das possibilidades dos animais, que reagem a
situações globais concretas [...] Temos de levar em conta que uma realidade
configurada exclui outras realidades, pelo menos em tempo e nível idênticos. É
nesse sentido, mas só e unicamente nesse, que, no formar, todo construir é um
destruir. Tudo o que num dado momento se ordena, afasta por aquele momento o
resto do acontecer. É um aspecto inevitável que acompanha o criar e, apesar de
seu caráter delimitador, não deveríamos ter dificuldades em apreciar suas
qualificações dinâmicas. Já nos prenuncia o problema da liberdade e dos limites. [...] Criar é poder relacionar com precisão. Ou
melhor ainda, criar é relacionar com adequação. O referencial dos limites
permite que nos relacionamentos se use o senso de proporção, se avalie a
justeza no que se faça. Se por algum motivo tivéssemos que estabelecer uma
única qualificação condicional para o que é criativo, essa qualificação seria a
da adequação, não seria a inovação nem a originalidade. seria a maneira justa e
apropriada por que se corresponderiam as delimitações de um conteúdo expressivo
e as delimitações de uma materialidade (os meios usados para se configurar).
Não teríamos menos do que no caso fosse necessário, pois o resultado seria
pobre, insuficiente e não-criativo, mas também não teríamos mais do que o
necessário, cujo resultado por sua vez seria não-criativo no sentido de
não-verdadeiro, irreal, excessivo, talvez até bombástico e vazio
(consequentemente, a originalidade em si não é critério de criação) [...]. Trechos extraídos da obra Criatividade e processos de criação (Vozes, 2002), da pintora,
gravadora, desenhista, ilustradora, professor e teórica de arte brasileira
nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001), trazendo um referencial da arte com temática
interdisciplinar e encarando a criatividade como um potencial próprio de todos
os humanos, notadamente quanto aos processos criativos que em geral importam,
tais como percepção, formas, intuição e imaginação, assim como o crescimento e
a maturidade das pessoas. Veja mais aqui.
A POESIA & O DIREITO DE SONHAR - [...] A poesia é uma metafísica instantânea. Num curto poema
deve dar uma visão de universo e o segredo de uma alma, ao mesmo tempo um ser e
objetos. Se simplesmente segue o tempo da vida, é menos do que a vida; somente
pode ser mais do que a vida se imobilizar a vida, vivendo em seu lugar a
dialética das alegrias e dos pesares. Ela é então o princípio de uma
simultaneidade essencial, na qual o ser mais disperso, mais desunido, conquista
unidade [...].
Trecho extraído da obra O direito de
sonhar (Difel, 1986), do filósofo, crítico literário e epistemólogo
francês Gaston Bachelard (1884-1962). Veja mais aqui e aqui.
SIRINHAÉM
– O distrito de Sirinhaém foi criado por Alvará datado de 28 de junho de 1759,
tinha por vila a denominação de Formosa, criada em 01 de julho de 1627,
en2quanto que a Vila Formosa de Sirinhaém criada em 19 de junho de 1627 e
instalada em 01 de julho de 1627. A localidade começou a povoar-se em
princípios do século XVII. Em 1614, ediciou-se a capelinha de São Roque. De
1620 e 1621, já bem servida a povboação, foi levantada a igreja de Nossa
Senhora da Conceicção. Em 1621’, foi elevada à categoria de fregusia, sendo
constituído em município autônomo em face da Lei estadual 52 – Lei Organica do Municipios
-, datada de 03 de agosto de 1892. Administrativamente, Sirinhaém é formado
pelos distritos-sede, Barra de Sirinhaém e Ibiratinga, e pelos povoados da
Usina Trapiche e Santo Amaro. Anualmente, no dia 06 de janeiro, comemora a sua
emancipação política, conforme a Enciclopédia dos Municipios do Interior de
Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.
O LAGO, DE ANA PAULA TAVARES
Tão manso é o lago dos teus olhos
que temo avançar a mão
cortar as águas
e semear o espanto
na descoberta
da minha sede antiga
Poema extraído
do livro Dizes-me coisas amargas como os
frutos (Caminhos, 2001), da poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares. Veja mais aqui.
Veja mais:
A poesia de Jorge de Lima aqui.
A literatura de José Saramago aqui.
&
A ARTE DE FAYGA OSTROWER
A arte da pintora, gravadora, desenhista,
ilustradora, professora e teórica de arte brasileira nascida na Polônia, Fayga Ostrower (1920-2001). Veja mais aqui.