A arte do artista turco Musa Çelik.
LITERÓTICA: O
SABOR DA PRINCESA QUE SE FAZ SERVA NA MANHÃ – A manhã esquentou
no dia do aniversário dela. Vejo, logo, cobiço. Lá fora o sol estonteante
incendeia o mundo enquanto ela imune e esguia me provocava relâmpagos de
temporal. Era. Ela faceira e linda ocupada na pia manipulando a comida. No
corredor da cozinha, eu, de esguelha, segurava o copo de cerveja com
mirabolantes fantasias no quengo lambendo os beiços para devorá-la naquela
sedução. Fiquei inquieto, dali pra sala e voltando a fitá-la sedutora em seus
trajes sumários. Foi quando ela diligentemente focada no preparo em temperar
legumes, verduras e carnes, roubei-lhe a vida tascando um beijo sedento na nuca
dela arrepiar-se toda. Ao meu contato ela arqueou e se debruçou sobre a bandeja
de pratos, insinuando a bundinha, ajeitando as coxas com um Cupido entre as
pernas, uma rendição atraente porque o corpo estava mais palpitoso, os seios
insinuantes, o jeito provocante e a vida não era mais a mesma naquela hora. Estava
ela cônscia que era a minha caça. E eu faminto levantando a sua saia que,
obedientemente santa, quer ser rasgada. E ela fêmea selvagem quer que a loucura
salte fora, mande ver. É por isso que remexe para cima, para baixo, de lado,
trota, u-lalá! Espreguiça, estremece, o corpo vibra rosnando à porta da
cozinha, os cabelos desalinhados com seu contorcionismo e eu fazendo uma
devassa no meio dos seus suspiros exclamativos na promessa do gozo
interminável. Ela mais rendida se faz mais solícita e estendida de bruços sobre
a pia, se esfregando manhosa, dengo à flor da pele para que eu alise sua
cintura, garanhando seu sexo com meus dedos firmes e ela manhando mais,
sussurrando baixinho, gemendo de acordar o mundo. Era a comida e a fome. A
captura. E ela indomável fazendo uma boquinha ofegante, dificultando um pouco
enquanto eu achava a melhor maneira de abatê-la. E mantinha os olhos fechados,
xameguenta, enquanto eu vasculhava seus sótãos e porões, seguindo a pista com
meu faro obsceno, farejando suas reentrâncias. Deixa? Deixa, vai. Caçada
desconcertante, ela em apuros, destronada de seu reino, eu implacável: o jogo
que os dois podem jogar, o xeque-mate aprazível. Mas ela blefa, faz que não
quer, enquanto se esparrama no tabuleiro do meu desejo reduzida a nada com seus
segredos suicidas. Via-me obrigado a cercá-la, domá-la, arremessando meu beijo
sobre seus olhos, voz, gesto e corpo. Ela mais depravada pra minha montada numa
tigresa que eu não queria apear nem tão cedo porque estava suspensa no meu sexo
e mais se ajeitava procurando melhor penetração e virando meu tapete mágico,
meu trenó. E adorava o estupro porque eu enterrava minha clava com bola e tudo
pro gol que ela deslizava acolhedora, perversa, condenada e pronta pro meu
fuzilamento, com o sexo em brasa, o coração agitado, a boca entreaberta, um
sorriso de sol. Uma princesa que virou serva e saiu do faz-de-conta e arreou
nua no meu sexo enquanto eu o mocinho, à força, gemendo poemas na sua carne,
esfregando minha loucura na sua queixa que mais quer e querendo mais se gaba,
tira e bota para que eu recolha sua oferenda divina, a sua oferta dadivosa,
batendo o punho malvado, esmurrando a parede, sonsa e aboletada sobre a pia
enquanto eu vou retalhando sua carne em postas, a comida fatiada no meu paladar
e sem escapar da minha captura que ela mais puxa e preme, e sacoleja numa dança
em câmara lenta, o lombo, saliências, o dia de seus anos... meus dedos e ela
lambendo, chupando, Cupido entre as penas e os seus seios na minha mão e ela
descalça arregalando os olhos como quem quer mais com seus pés suspensos para
ser melhor penetrada, devorando o tempo na loucura efêmera e gritando: Sou sua.
Sou sua! Sou suaaaa! Ah, princesa serva. Era aniversário dela. E eu com um
buquê de flores nos beijos, com todo carinho do universo nos braços, toda uma
guerra de gozos para explodir sua alma. Foi quando ela deitou os olhos sobre o
meu braço, deliciada e desfalecida de amor. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – Livro bom não é
sabonete no mercado. É obra de arte. Pensamento do escritor Esdras Nascimento (1934-2015).
ALGUÉM FALOU – O álcool é como
o amor: o primeiro beijop é mágico, o segundo é íntimo, o terceiro é rotina. A partir
daí, você apenas tira a roupa da garota. Pensamento do escritor
estadunidense Raymond Chandler
(1888-1959).
DEMOCRACIA NO MUNDO DE HOJE – [...] A ordem de mercado faz frente a três outras distorções:
monopólios e oligopólios, cartéis e concorrência desleal. Somente quando se
logra impedir essas distorções, surge aquele livre mercado, que não é livre em
sentido empírico, mas sim normativo, e cuja concorrência se coloca a serviço do
bem-estar coletivo. [...]. Trecho
extraído da obra A democracia no mundo de
hoje (Martins Fontes, 2005), do filósofo alemão Otfried Höffe.
BIOLOGIA EVOLUTIVA – [...] Os princípios fundamentais da síntese evolutiva eram que
as populações contêm variação genética que surge através de mutação ao acaso
(isto é, não dirigida adaptativamente) e recombinação; que as populações
evoluem por mudanças nas freqüências gênicas trazidas pela deriva genética
aleatória, fluxo gênico e, especialmente, pela seleção natural; que a maior
parte das variantes genéticas adaptativas apresentam pequenos efeitos
fenotípicos individuais, de tal modo que as mudanças fenotípicas são graduais
[...]; que a diversificação vem através da especiação, a qual ordinariamente
acarreta a evolução gradual do isolamento reprodutivo entre populações; que
esses processos, se continuados por tempo suficientemente longo, dão origem a
mudanças de tal magnitude que facultam a designação de níveis taxonômicos
superiores (gêneros, famílias, e assim por diante). [...]. Trechos extraídos da obra Biologia evolutiva (FUNPEC, 2003), do biólogo estadunidense Douglas Futuyma. Veja mais aqui.
GAROTOS &
GAROTAS - [...] —
Você não faria isso — disse, vindo em minha direção.Gargalhei. Ele esperava que
eu desmaiasse ou algo parecido? Dei um passo na direção dele também, cruzei os
braços e cheguei ainda mais perto. — É mesmo? Então pague para ver.Por alguns
segundos nos entreolhamos, e uma sensação estranha tomou conta de mim, começou
nas pontas dos pés e depois espalhou-se por todo meu corpo. [...] Este era seu
último ano de colégio. Entrar na universidade, ser presidente do conselho
estudantil e passar todos os dias com sua melhor amiga era tudo o que Natalie
havia planejado. Ela sempre foi estudiosa, a melhor da classe. Não era o tipo
de garota comum na Academia Ross, pois se preocupava muito com sua reputação,
talvez até demais. Então, para sua surpresa, no início das aulas uma caloura a
reconhece por tê-la tido como babá anos atrás. Desse reencontro surgirão muitos
acontecimentos em que Natalie será obrigada a fazer difíceis escolhas para os
dilemas de sua vida no ensino médio, assim como qualquer adolescente.
[...]. Trechos da obra Não sou este tipo de garota: a linha entre o certo e o errado foi
distorcida (Novo Conceito, 2012), da romancista, editora e roteirista
estadunidense Siobhan Vivian.
BILITIS - Uma
mulher veste-se de lã branca. Outra / veste-se de seda e ouro. Uma outra
cobre-se / de flores, de folhas verdes e de cachos d’uva. / Eu só sei viver
nua. Meu amante, toma-me como sou: / sem roupas, jóias ou sandálias. Eis a tua
Bilitis toda, / desmunida e só. / Meus cabelos são negros de seu negro, e meus
lábios / carmins de seu carmim. Meus caracóis flutuam / à volta de mim, livres
e redondos como penas. / Toma-me tal como minha mãe me fez, numa noite / de
amor longínqua. E se te agradar como sou, / não te esqueças de mo dizer. Poema extraído da
obra As canções de Bilitis (José Olimpio, 1943),
do escritor belga Pierre Louÿs (1870-1925).
RIO 40 GRAUS – O filme Rio 40 graus (1955), de Nelson
Pereira dos Santos, narra as aventuras e desventuras de cinco crianças do
morro que vendem amendoim em vários pontos da cidade e em cada lugar acontecem
histórias diferentes, colocando em evidencia a vida da classe média e seus
preconceitos em relação aos pequenos vendedores ambulantes, afrodescendentes, o
universo político da época, o comportamento dos turistas, da polícias e os
estratagemas para pedir esmolar e os trampos. Veja mais aqui.
A arte do artista turco Musa Çelik.
TODO DIA É DIA DA MULHER
Leitora Tataritaritatá!
TODO DIA É DIA DA LIBERDADE
&
CANTARAU TATARITARITATÁ