sábado, novembro 18, 2017

SKARMETA, MICHELET, ALDA LARA, IBERÊ CAMARGO & PANELAS

A PROFESSORA & A FESTA DO ESPALHAFATO - Acordei com uma surpresa: Carma estava ao meu lado, brincando com um Mané-Gostoso: - Cadê o meu netinho, munitinho! Eita! Acordar assim ao lado dela era mais que sonhar, companhia que sempre me proporcionara o maior prazer, exatamente por seu sorriso sempre presente em todos os momentos e isso até hoje. Logo também apareceu Pai Lula trazendo um catavento: - Esse é mais um presentinho pro meu neto! Presente duplo e dos que eu mais gostava: Mané-Gostoso e catavento. O dia seria por isso maravilhosamente demais. Ah, mas eles estavam assim porque pregaram uma surpresa para mim. Gostou, meu netinho? Gostei Carma. E também do presente de Pai Lula. Ah, mas ainda temos uma supresinha pra você. Mais surpresa ainda? Sim, uma surpresa inesquecível que sabemos que você vai adorar ainda mais no dia de hoje. Mas hoje não é meu aniversário, Carma! A gente sabe que não é seu aniversário. Acontece que uma pessoa muito especial veio lhe ver. E logo entrou Tia Conça: - Cadê meu sobrinho predileto! E logo entrou me abraçando e me beijando. Ah, se for Tia Conça a surpresa, aviso logo que já gostei. Não, meu sobrinho, não sou eu a surpresa do dia, é muito melhor. Muito melhor? Sim. Muito, muito? Sim. O que poderia ser melhor do que acordar ganhando presentes e carinho de Carma, Pai Lula e Tia Conça? Não há nada melhor que isso! Ah, há sim, meu netinho, não é Pai Lula? É Carma, há sim. Pois se coisa há melhor que vocês três eu ainda não sei, o que poderia ser? Ah, então feche os olhos que vamos levá-lo pra surpresa que você gostará muito, venha. Bem, vendaram meus olhos e me encaminharam quarto afora, acredito que atravessamos a sala de jantar e parece que havíamos chegado à varanda. Chegando lá, ouvi que tinha mais gente no recinto, contaram até três no maior viva e de repente vejo diante de mim, a professora Hilda! Nossa! Que bom estar com a minha professorinha! Logo ela abraçou-me dizendo: O motivo é parabanizá-lo pela passagem de ano na escola, você foi aprovado! Que bão! Eu não me continha em pé, abracei a professorinha e saí abraçando um por um: Bichim, o Cravo, Mindinho, Jeguim, Alvoradinha, a Rosa, Seu-Vizinho, Gordim, Maior-Todos, Maluquim, Ciganinha, Fura-Bolos, Nitinha, Iaravi, Cata-Piolho, o Super-Pontinho, as fadinhas, até o Lobisomem Zonzo e os animais todos do terreiro. Virou uma festa só. A professorinha iniciou, então, encenações, dramatizou de improviso coisas do tempo que ela fazia teatro e contracenou comigo, com todos os presentes, até com os passarinhos, borboletas e outros bichos que foram chegando. Enquanto ela desfilava personagens, recitava poesias, rodopiava com danças e levantava a plateia pra brincar de caboclinos, de bumba-meu-boi, de fandango e de quadrilha, rastava pé no coco, na embolada, e quando a cena voltava ela encerrava com passos na maior frevada. E foram servidos doces, salgados, ponches e frutas pra gente se esbaldar na maior brincadeira. Pai Lula puxou uma adivinha, Tia Conça o que é o que é, Carma com um trava-língua e professorinha recitou quadrinhas que muito alegraram aos presentes. Salvas e palmas, cada um agradecia pelo momento, eu mesmo fiquei tão emocionado e ao chegar a minha vez, não sabia o que dizer. Foi aí que saí com essa: Meus amigos, minhas amigas, obrigado a todos vocês, vamos entoar cantigas e fazer tudo outra vez. Aplaudido pela generosidade dos que ali se apresentavam, cada um contou história: a do Falange, falanginha, falangeta, a do Cravo e da Rosa, a do Alvoradinha nas águas, a da Princesa e do Jacaré, a da Turma do Brincarte, a do Frevo e do Teatro, a do Lobisomem Zonzo, até que no fim de tudo, findamos era contando a história do Reino Encantado de Todas as Coisas. Ai entrou pela perna de pinto, saiu pela perna de pato, cada um sua lorota no maior espalhafato! (Veja mais abaixo) © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a saudosa cantora Elis Regina (1945-1982) ao vivo & no Monteux Jazz Festival; do compositor e guitarrista estadunidense Al Di Meola ao vivo com One of these nights & Jazzwoche Burghausen; a cantora e compositora Claudia Telles com seus grandes sucessos & o violonista Felipe Coelho com Cata Vento & Musadiversa. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA: ISONOMIA – [...] A igualdade perante a lei refere-se ao cumprimento de determinado dispotivo normativo, devendo abranger de forma uniforme todas as pessoas, bens ou situações que estejam em igualdade de situações. [...] A garantia de igualdade entre os homens e as mulheres também abrange os homossexuais, tanto os masculinhos quantoos femininos, os bissexuais e os transexuais. A Constituição, ao garantir a intimidade e ao proibir a discriminação, protegeu a livre opção sexual, impedindo qualquer tipo de preconceito. [...]. Trechos extraídos do Curso de direito constitucional (Forense, 2008), do professor e pós-doutor pela Université Montesquieu Bordeaux IV, Walbert de Moura Agra. Veja mais aqui, aqui & aqui.

PANELAS – O município de Panelas está localizado na microrregião do Brejo Pernambuco, na região do agestre, e formada administrativa pelos distritos sede, Cruzes, São José e São Lázaro. Obteve a sua autonomia municipal em 18 de maio de 1870, pela Lei Provincial 919, desmembrando-se de Caruaru e de São Bento do Una. A Maratona de Cruzes é realizada desde 1983, tornando-se um evento tradicional esportivo, reunindo além de desportistas, atividades culturais como bacamarteiros, bumba-meu-boi, capoeira, mamulengo, banda de pífanos e Antônio da Boneca, além de três dias de muito forró com bandas reconhecidas nacionalmente. A Maratona de Cruzes recebe cerca 60 mil pessoas ao longo de sua programação. A vila de São José do Bola foi criada na década de 1940, recebendo esta denominação porque havia uma intensa vegetação com inúmeros tatus-bola, com eventos que reúnem o tradicional "Casamento do Matuto" e concurso de fantasia de carros-de-bois. Também são destaques locais a vila de São Lázaro, a escultura em homenagem ao Festival Nacional de Jericos, a escultura feita de pedra em homenagem ao trabalhador localizada na entrada da cidade de Panelas, o Escorrego do Sítio Contador, a Serra, o Cruzeiro e o Mirante Serra da Bica. Veja mais aqui.

O HOMEM E A MULHER - [...] O homem, por mais freaco que possa ser moralmente, não deixa de estar numa estrada de ideais, de invenções e descobertas, tão rápido que o trilho incadescente lança faíscas. A mulher, fatalmente deixada para trás, continua na trilha de um passado que ela mesma pouco conhece. Está distanciada, para nossa infelicidade, mas não quer ou não pode ir mais depressa. O pior é que ambos não parecem ter pressa de se aproximar. Parece que nada têm para dizer um ao outro. O lar está frio, a mesa muda e a cama gelada. [...] Cumpre dizer claramente a coisa como ela é. Eles já não têm ideias comuns, nem linguagem comum, e mesmo sobre o que poderia interessar as duas partes, não sabem como falar. Perderam-se muitro de vista. Em breve, se não se tomar cuidado, apesar dos encontros fortuitos, já não serão dois os sexos, mas sim dois povos. [...] Trechos extraídos da obra A mulher (Martins Fontes, 1995), do filósofo e historiador francês e Jules Michelet (1798-1874). Veja mais aqui e aqui.

O CARTEIRO E O POETA - [...] Com um gesto de toureiro desprendeu o avental de Beatriz, sedoso rodeou sua cintura e despencou seu pau pelas coxas, como ela gostava, conforme provavam os suspiros que tão fluidamente soltava com essa seiva enlouquecedora que lubrificava sua boceta. Com a língua molhando a orelha e as mãos levantando suas nádegas, meteu de pé, na cozinha, sem se preocupar em tirar a sala. – Vão nos ver, meu amor – arquejou a garota, ajeitando-se para que o pau entrasse até o fundo. Mario começou a girar com golpes secos e, empapando os seios da garota de saliva, balbuciou: - Pena não ter o Sonu aqui para gravar esta homenagem a dom Pablo. E, num átimo, promulgou um orgasmo tão estrndoso, borbulhante, desmedido, estranho, bárbaro e apocalíptico que os galos acharam que tinha amanhecido e começaram a cocoricar com as cristas infladas, os cachorros confundiram o uivo com o apito do norturno ao sul e começaram a ladrar para a lua como se estivessem acompanhando um convenio incompreensível, o companheiro Rodriguez, ocupado em moldar as orelhas de uma universitária comunista com a rouca saliva de um tango de Gardel, teve a sensação de que um catafalto lhe cortava o ar na garganta e Rosa, viúva do Gonzalez, teve que tentar cobrir com o microfone na mão o “Hosana” de Mario, trinando mais uma vez A vela com um sonsonente operático. Agitando os braços como asas de moinho, a mulher estimulou Domingo Guzmán e Pedro Alarcón a redobrarem pratos e tambores, sacurdirem maracás, soprarem trombetas, trutucas ou, em sua falta, aumentarem o som da flauta, mas o maestro Guzmán, contendo o menino Pedro com um olhar, disse: - Fique tranqüilo, maestro, que se a viúva está tão saltitante é porque agora é a vez da filha. [...] desgarrou-se o orgasmo de Beatriz em direção à noite sideral, com uma cadencia que inspirou aos casais nas dunas (“um assim, filhinho”, pediu a turista ao telegrafista), que deixou escarlates e fulgurantes as orelhas da viúva e que inspirou as seguintes palavras ao pároco, em seu desvelo lá na torre: magnificat, stabat, pange língua, dies ira, benedictus, kirieleison, angélica. Ao final do último trinado, a noite inteira pareceu umedecer e o silêncio que se seguiu teve algo de turbulento e turvo. [...]. Trechos extraídos da obra O carteiro e o poeta (Record, 1996), do escritor chileno Antonio Skarmeta.

TESTAMENTO DE ALDA LARA
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
Poema extraído da obra Poemas (Maianga, 2004), da poeta angolana Alda Lara (1930-1962). Veja mais aqui.

Veja mais:
Homenagem à professora Hilda Galindo Corrêa & o blog Profetas de amor e mais aqui, aqui, aqui & aqui.
Dia da Consciência Negra aqui, aqui & aqui.
O melhor do dia do homem é saber que todo dia é dia da mulher aqui.
Quebra de Xangô aqui & aqui.
Entrevista com a cantora Cláudia Telles aqui & mais dela aqui, aqui & aqui.
O pensamento de Jacques Maritain aqui.
A literatura de Toni Morrison aqui & aqui.
A poesia de Margaret Atwood aqui.
A arte de Alan Moore aqui.
A liteartura de Marcel Proust aqui, aqui, aqui & aqui.
A literatura de cordel de Leandro Gomes de Barros aqui & aqui.
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A ARTE DE IBERÊ CAMARGO
A arte do pintor Iberê Camargo (1914-1994).



PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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