CONVERSA DE
SINAL – Imagem: La barca
dei bagni misteriosi, do pintor italiano Giorgio de Chirico (1888-1978) - Lá
vou eu entre avistados e conversa de sinal, e aí, tudo bem? Beleza, vamos se vê,
legal, é isso aí, e quantas e tantas vezes fui abatido pelos revezes das
ocasiões de não saber sequer pronde uma saída, enquanto despencavam pétalas de
rosas azuis com a chuva torrencial e eu não vi, o Sol espetacular no meio dia
no ouro da vida e eu não vi, a correnteza do rio na queda d’água linda demais e
eu não vi o tempo passar, e eu onde estava, sereno e impávido sem pedir
licença, inverno afora, todo serelepe com salamaleques embaixo do maior toró de
adversidades, ouvindo de outras bocas gasguitas de que assim não pode ficar, reclamos
e xingamentos, que vida é essa, hem? Sei lá, chatices, coisas de cortar o
coração, vixe! Até já, vamos protestar contra tudo isso, vamos tomar uma, todas,
isso é lá coisa que se faça, ora! E lá se vão aparições, envultamentos, o
insólito ali na esquina, o paradoxal no noticiário da tevê. E ali, no taco a
taco, tudo é como um filme reprisado nas sessões intermináveis, trapos de gente
tacanha de cabeça baixa com sua cantoria lúgubre a pedir pelo amor de Deus à
bondade alheia das esmolas para salvar suas desgraças, quantos desgostos, choram
de fazer dó e me dê isso, e me dê aquilo, a cantilena repetida, pisada e
repisada, na ladainha da mendicância de quem se diz que não tem nada e passa
fome por uma gororoba que os políticos bancam na hora da festa dos votos, e os
novos-ricos jogam moedas depois da missa na manhã dominical, e os agiotas
passam com seus carros fechados carregados de grana pro prefeito distribuir 20
reais para quem reelegê-lo, atrás dos vereadores que distribuem cargos e
simpatias para encherem o serviço público de gente desqualificada pros laços do
compadrio, e os insistentes pedidos diante das promessas e do dia pra noite
nada se realiza apenas a barriga cheia com a comida ocasional sob o empenho de
que um dia tudo será resolvido depois da eleição e depois dela a cara de pau,
nada acontece, e todos choram, choram de fazer dó, um simples carpir de uma
gente viciada em pedir o favor alheio, choro de mentirinha, fingidos, curtindo
aos motejos o conseguido Às cambalhotas e a ternura humana foi pro beleléu, eu
não sei de mais nada, sofro com o meu povo que não sabe o que diz nem sabe o
que faz, condoído com os infortúnios intermitentes e assaz dificílimos de
golpes e falcatruas e sacanagens. Larguei tudo de mão, paciência é uma virtude
imorredoura: amo ao meu povo e ao meu país. Saber se aprendi, não sei, apenas
prossigo entre avistados e conversa de sinal. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com Gal Costa, Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Caetano Veloso, Lenine, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Alceu Valença, Ivan Lins, Adriana Calcanhoto, Elza Soares & Maria Bethania. Para conferir é só ligar o som e curtir.
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com Gal Costa, Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Caetano Veloso, Lenine, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Alceu Valença, Ivan Lins, Adriana Calcanhoto, Elza Soares & Maria Bethania. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA - [...] A
verdadeira viagem de descoberta não consiste em buscar novas terras, mas em
vê-las com novos olhos. Pensamento do escritor francês Marcel
Proust (1871 - 1922). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
A VIDA & A MUNDIALIZAÇÃO ECONÔMICA - [...] Atrás da expressão neutra da “mundialização
da economia” e seu corolário já mais explícito da “vitória do mercado”,
esconde-se um modo específico de funcionamento e de dominação política e social
do capitalismo. O termo “mercado” é a palavra que serve hoje para designar
pudicamente a propriedade privada dos meios de produção; a posse de ativos
patrimoniais que comandam a apropriação sobre uma grande escala de riquezas
criadas por outrem; uma economia explicitamente orientada para os objetivos
únicos de rentabilidade e de competitividade e nas quais somente as demandas
monetárias solventes são reconhecidas. As fusões-aquisições dos últimos anos
empurraram o processo de concentração a níveis que pareciam impossíveis até
vinte anos atrás. Atrás do eufemismo do “mercado”, encontram-se formas cada vez
mais concentradas de capital industrial e financeiro que detêm um poder
econômico sempre maior, que inclui uma capacidade muito forte de “colocar em
xeque o mercado”, “curto-circuitar” e cercar os mecanismos da troca “normal”
[...] Dominada pela procura do lucro,
reduzido ele próprio ao “valor para o acionista”, “a economia” apregoa sua
pretensão de representar a atividade mais importante da sociedade
contemporânea, aquela cuja legitimidade particular lhe permitiria impor sua lei
a todas as outras. Esta arrogância decorre, certamente, da importância tomada
pelos mercados financeiros, outubro - Mundialização:
o capital financeiro no comando artefatos sociais de um tipo particular, que
ajudam em muito as finanças a se colocar como uma potência “autônoma” frente à
sociedade. Em um mundo dominado pelas finanças, a vida social em quase todas as
suas determinações tende a sofrer as influências daquilo que Marx designa como
a forma mais impetuosa de fetichismo. Com as finanças, tem-se “dinheiro
produzindo dinheiro, um valor valorizando-se por si mesmo, sem que nenhum
processo (de produção) sirva de mediação aos dois extremos”. Uma vez que “o capital
parece ser a fonte misteriosa [...] de
seu próprio crescimento”, os proprietários de títulos financeiros,
beneficiários de juros e de dividendos, consideram que o “capital” deles vai
fornecer-lhes uma receita “com a mesma regularidade que a pereira dá pêras” [...]
O triunfo do fetichismo financeiro
provocou um salto do fetichismo inerente à mercadoria. A extensão e a liberdade
quase completa adquirida pelo capital dentro do quadro da globalização também
contribuíram muito para isso. Somando o espaço sobre o qual o capital pode
evoluir livremente para se abastecer, produzir e vender com lucro, mais
empresas de forças desiguais e seus assalariados que podem ser colocados em
dúvida a longa distância e agora em sites virtuais, e mais, “a relação social
determinada dos homens entre eles reveste a forma fantasmagórica de uma relação
entre coisas”. [...] Durante alguns
decênios após a Segunda Guerra Mundial, quando o capitalismo parecia ter sido
domesticado, esta caracterização foi colocada de lado, perdida de vista. A
mundialização do capital encarregou-se de nos relembrar. Transformou em
responsabilidade de todos nós, estender e ampliar o debate sobre o modo de
responder ao desafio que ela coloca. Trechos extraídos
de Mundialização: o capital financeiro no
comando (Les Temps Modernes, 2000), do professor de economia internacional François Chesnais, autor
da obra Mundialização do capital
(Xama, 1996), na qual analisa a ascensão do capital monetário e as consequências
da mundialização na esfera financeira, focalizando o investimento externo
direto feito pelos grandes grupos capitalistas, desvendando a estratégia e o
funcionamento das empresas multinacionais e mostrando como sua ação, no
ambiente atual de inovação tecnológica e desregulamentação da economia, modela
cada vez mais a produção e o consumo em escala mundial. Veja mais aqui e aqui.
EDUCAÇÃO & CAPITALISMO - [...] no
quadro de uma sociedade de conhecimento que trabalha com subsistemas muito
diferenciados que evoluem de forma dinâmica e articulada, necessitamos de
formas diferenciadas e flexíveis de gestão, o que só pode ser conseguido com
ampla participação dos interessados. Uma tradicional hierarquia vertical e
autoritária, movida por mecanismos burocráticos do Estado, ou centrada no lucro
e no curto prazo da empresa privada, simplesmente não resolve. [...] é nossa
visão de que o mundo educacional está adormecido ao lado de um gigantesco
manancial de possibilidades sub-utilizadas, e que tem de começar a batalhar por
espaços mais amplos e renovados, com tecnologias e soluções institucionais
novas. Trechos extraídos de Educação, tecnologia e desenvolvimento (Atlas, 1996), do economista
e professor Ladislau Dowbor. Veja mais aqui.
XEXÉU
– O município de Xexéu era rota de escravos que seguiam em direção ao
Quilombo dos Palmares. Como era caminho obrigatório dos negros, ali foi criado,
em 1675, um lugar de resistência dos negros, denominado Engenho Macaco. Este
povoado chegou a ter mais de 15 mil habitantes. No fim do século XIX, a
povoação ganhou o nome de Aurora, por conta, segundo historiadores, da passagem
das tropas de um marechal que ficou admirado com o amanhecer do lugar e
conseguir convencer os habitantes pela mudança do nome. Enquanto distrito
pertencia ao município de Água Preta, criado pela Lei municipal nº 53, de 24 de
abril de 1930. Tornou-se um município em 1 de outubro de 1991, através da Lei
estadual nº 10.621. O nome é uma homenagem ao pássaro conhecido por xexéu, de
canto harmonioso, comum no lugar em tempos passados. Além do distrito sede,
Xexéu possui o distrito de Vila de Campos Frios. Veja mais aqui.
CULTO À MAWU – Na mitologia africana, Mawu é a desa deusa
suprema criadora de todas as coisas. Para os povos Ewe-Fom, Mawu é o ser
supremo dos povos, criadora da terra e dos seres vivs, engendrando voduns e
divindades. Ela é associada a Lissá, entidade masculina, e também
co-responsável pela criação. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá
Segbô (Grande Pai Espírito Vital), Sé-medô (Princípio da Existência)
e Gbé-dotó (Criador da Vida). Mawu representa o leste, a noite, a lua, a
terra e o subterâneo, além de ser o princípio feminino, a fertilidade, a
suavidade, a compreensão, a ponderação, a reconciliação e o perdão. Fonte: Caminhos de um bruxo: a bíblia é o livro da deusa
das traduções aos originais mesossemíticos eis a história do seminarista
protestante que se tornou bruxo (DOG, 2013), de Daniel Jimenez, revelando a
jornada existencial por um caminho repleto de magia, questionamentos e
provocações, identificando por meio da literatura judaico-cristã, em especial a
Bíblia, e em meio às mediações hermenêuticas dos elementos que fundamentam as
raízes e os seios maternos da Deusa em toda da Criação, inicialmente chamada de
Elohims (plural de Eloah: deusa), também conhecida como El Shadai (a Mãe que
amamenta com seus seios), e mais recentemente chamada de Espírito Santo, uma
pomba, uma Deusa-Mãe na trindade que se constitui de um Pai e um Filho,
tornando-se a revelação de uma trajetória ainda em construção.
ATO DE NATAL – Quando a trupe
chegou o tomara-que-não-chova ainda não estava armado, mas foi obra dum
instante e o cirquinho logo rodeado de tudo quanto era menino da zona se viu,
anuciando a Pantomina do Nascimento, que já se estava no dia 24. Véspera do 25,
para a noite a pantomina para o dia a Nova-Maior, tomem cantos e danças e
passas e doces até na casa dos pobres, perus de papos recheados em casa dos
magníficos; e no cirquinho, às seis, Bitom o Palhaço, na casa do 60, chegfou,
pastou-se diante do espelho quadrado, começou a pintar a cara, às sete terminou
com 50, às oito, tomando uma cachaça, estava com 40 – era aquilo todos os anos,
na noite do 24 para a autora do 25 – entrou no picadeiro, às nove, com 30; às
onze, de novo diante do espelho, era Bitom o Palhacinho, com 0; tirou a tinta,
foi caminhando para a infância, os artistas abriram alas, ele foi andando e
ficando mais menino, atravessou o picadeiro e desapareceu atrás das cortinas, a
Trapezista nova perguntando ao Mestre de Cerimônias: Para onde ele vai? Ao que
o Mestre de Cerimônias, fazendo uma cara de espanto, respondeu-lhe meio áspero,
meio gozador: Oi, não sabe? Ele vai nascer. Conto extraído de 10 histórias
naturais (CEPE, 2017), do escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo
Borba Filho. (1917-1976). Veja mais aqui, aqui e aqui.
caminha silenciosa ...
Metade de mim
observa o passado na roupagem do casario...
Metade de mim adentra o passado em busca do futuro.
Poena da poeta, artista visual & blogueira Luciah
Lopez. Veja mais aqui.
Veja mais:
Todo dia é Dia da Criança aqui.
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