O QUE SOU DE
TODAS AS COISAS - Convivo com a
indiferença do mundo nas muitas paisagens em que o Sol faz o espetáculo cada
vez mais lindo e maravilhoso a cada dia e ninguém se dá conta com seus afazeres
e compromissos cotidianos. E se a Natureza e o Universo com seus extraordinários
esplendores não são o foco nem chamam atenção à sensibilidade dos tantos que
seguem apressados com seus umbigos pra cima e pra baixo, não tenho nada que
lamentar, sou apenas feliz ao meu modo, saudando a todos que dormem enquanto
tantas maravilhas, muitas paragens, me extasiam e me ensinam viver: a
correnteza pras quedas dos rios, as ondas dos mares, as flores dos jardins, as
folhas dos quintais, o canto dos pássaros, o voo das borboletas, a brisa nas
varandas, os montes do crepúsculo, o horizonte das manhãs, tudo em mim,
paratodos. Eu sigo e se ninguém me vê eu abraço a alma de todos a todo
instante: é quem passa que me faz existir, mesmo que nem queira sequer saber
quem sou nem o que sinto, sou ninguém na multidão. Se acaso acordarem, estarei
junto na viagem. E mesmo que nem despertem ou mantenham a sonolência dos seus sonhos
nos mais altos níveis de seus prazeres e satisfações individuais, estarei
insone a mostrar do visinvisivel que aprendi e me delicia viver: é a vida. Enquanto
reduzem sua existência à cata do ouro da Terra pra viver, eu persigo o ouro do
coração das pessoas que é muito maior e mais valioso, porque sou e todas as
coisas. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais especiais
com as Cartas Celestes 1 e 8, Sonata 1 for guitar & o Concerto Fribourgeois
do pianista e compositor de música erudita Almeida Prado (1943-2010); o
Quartet piano nº 1 op 25 Brahms, Concerto nº5 Vieutxtemps & Israel
Phylarmonic Zubim Mehta da premiada violinista alemã Viviane
Hagner; Ter Pezzi per pianoforte do compositor, professor e musicólogo Hans-Joachim
Koellreuter; e Sonata for cello & piano nº 1 op 38 de Brahms, Grand
Tango de Astor Piazzolla, Água e Vinho de Egberto Gismonti & O canto do
cisne negro de Villa-Lobos, da violoncelista francesa Ophélie Gaillard. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Havia-me
preparado para todas as eventualidades da vida. Imaginei-me amarrado para ser
fuzilado, esforçando-me para não tremer nem chorar; imaginei-me assaltado por
facínoras e ter coragem par enfrenta-los; supus-me reduzido à maior miséria e a
mendigar; mas por aquele transe eu jamais pensei ter de passar. Como é difícil
controlar o amor. [...] Trecho extraído da obra Cemitério dos
vivos (Planeta/FBN, 2004), do
escritor Lima Barreto (1881-1922). Veja mais aqui e aqui.
A PRAIERA EM ÁGUA PRETA - [...] Água Preta figura como um
dos pontos por onde passou a Revolução Praieira de 1848. Os revoltosos, que tinham
pernoitado no engenho Araticum, do município de Barreiros, chegando ao
Cachoeira, em 26 de outubro de 1848, bateram uma força encontrada aí, de
paisanos governistas. A força de Cocal [...] seguiu pelo norte do rio Una, tiroteando aqui e ali, nos lugares mais
estreitos do rio, em que se descobriram os revoltosos, que seguiam de estrada
acima. Chegando no engenho Barra, Sebastião Alves da Silva passou o rio com um
piquete e fez retroceder a tropa governista, que contava com seu chefe entre os
feridos. Às oito horas da noite desse mesmo dia, os revoltosos entraram em Água
Preta. Em 23 de dezembro, teve lugar o ataque de Almécega. [...] Administrativamente, o município é formado pelos
distritos Água Preta (sede), Santa Terezinha e Xexéu, e pelo povoado de Campos
Frios. Anualmente, no dia 03 de junho, Água Preta comemora a sua emancipação
política. [...]. Trechos extraídos da Enciclopédia
dos Municipios do interior de Pernambuco (FIAM, 1986). Atualmente é formado
pelos distritos sede, Santa Terezinha e pelo povoado de Agrovila Liberal. Veja
mais aqui, aqui, aqui e aqui.
LAMPIÃO INVULNERÁVEL – [...] Um chofer de praça, em
Recife, dizia-me, anos passados, que o bandido Virgolino Ferreira, o “Lampião”,
era invulnerável, por ter recebido um “patuá” da mão de um feiticeiro baiano. “Não
há bala que não derreta como manteiga e faca se dobra como arame ao chegar em
sua pele”, afirmava o negro motorista, sisudo e convencido. Quando Lampião
morreu, casualmente encontrei meu informante e inquiri das virtudes mirificas
do “patuá”. Não se perturbou: Lampião morreu porque deixara o “patuá” na
barraca, quando fora tomar banho pela manhã. Não tivera tempo de recolocá-lo ao
pescoço. Por isso morreu... [...]. Trecho extraído da obra Geografia dos mitos brasileiros (Global,
2002), do escritor e
folclorista brasileiro Luís da Câmara
Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui e aqui.
MÃES, AVÓS, MULHERES - [...] Sem dúvida, nossas avós e
mães não eram santas, mas artistas, arrastadas para uma loucura entorpecida e
sangrenta pelas fontes da criatividade nelas existentes e para as quais nçao
havia escapatória. Sua arte não foi traduzida em poemas, músicas ou danças, mas
na arte diária de cozinhar, do costurar, do bordar e de plantar jardins, que
enfeitaram nossa infância e embelezaram nossas vidas. No mercado, na cozinha,
no barrazão, na equipe de costura, na organização de festas e recepções, a
mulher negra vem cumprindo os seus papéis. Arquétipos segundo os mitos
africanos: nutre, protege, organiza, cria. [...]. Trecho extraído da obra A invenção do cotidiano (Vozes, 2000), de
Michel de Certeau, Luci Giard e Pierre Mayol. Veja mais aqui.
CONSELHO DE GENI GUIMARÃES
Quem estanca o sangue
Que escorreu?
Quem sutura a língua e a boca
Arrancadas no meio da fala?
Quem devolve o feto primeiro
Da esperança trabalhada?
Quem resgata o tempo
E anula a doença
Que comeu a saúda da África?
Não perca tempo.
Não me procure para anular delitos
Que eu não posso e nem quero
Agasalhar memórias.
Não vou velar insônia de ninguém.
Poema extraído da obra Balé das emoções (Evergraf, 1993), da poeta e escritora Geni Guimarães. Veja mais aqui.
Veja mais:
&
EXPOSIÇÃO
PINTANDO NA PRAÇA
Participando da exposição do projeto Pintando na Praça, na Biblioteca
Fenelon Barreto, com o poeta e artista plástico Paulo Profeta, o artista
plástico José Duran y Duran, as professoras Sil & Rute Costa e funcionários
da SEMED-Palmares-PE. Veja mais aqui.