TODO DIA É DIA DA MULHER – UMA TABULETA: PASSIONAL CONTROVERTIDA, OU MELHOR,
O VIVO QUE SE APAIXONOU PELA MORTA!?! - Caso incrível o de alguém
se apaixonar por outra que está condenada à morte, morrendo (ou matando-se) em
seguida por pura paixão. Hem? Este é o mote da fabulosa história da bela jovem Charlotte Corday (1768- 1793), aquela mesma que corajosamente planejou e investiu com
uma facada contra o peito do pavoroso sanguinário Marat (1743-1793), matando-o quando ele comandava mortes da sua
banheira, durante a Revolução Francesa. Como é que é? Isso mesmo. Mas por que
ela fez isso? O que a motivou? Caso de amor, crime passional? Paixão recolhida?
Nada. Presa e encarcerada, durante o julgamento, ela respondeu com frieza aos
seus inquisidores: Meu dever é
suficiente - o resto não é nada! Nada, exceto que eu consegui! Eu matei um
homem para salvar cem mil. Nenhum inocente será caluniado e
comprometido por minha causa. Apenas eu concebi o
plano e o executei. Perdoai-me pai, a
vergonha está no crime, e não no patíbulo. Ué? Ela foi condenada à
guilhotina. E mais: o seu ato mexeu com o coração do revolucionário alemão Adam Lux (1765-1793), que, perdidamente
apaixonado, começou um movimento que o levou à leitura do panegírico por ela
escrito às vésperas da morte e, por isso mesmo, seguiu voluntariamente o mesmo
caminho dela: Morro por Charlotte Corday!
E a lâmina afiada também decepou sua cabeça. Eita! Foi. O amor é lindo!
Quando não, trágico demais. DUAS
TABULETAS: MUDAR DE ASSUNTO, ORA, BUNDA DE FORA! – Ah-rá! Lembrei aquela contada
pelo Jaguar sobre um minúsculo bar
que mal cabia um grupelho qualquer, não mais que uns 5 gatos pingados e em pé de
tão apertado, e, um dia, recepcionou ali a não menos deusa e eterna musa Leila Diniz. Ela, no seu jeito sempre de
ser, sacudiu na caixa dos peitos dele: Isso
aqui é tão miúdo, chega a gente ficar com a bunda de fora! Hahahaha! O dono
do mosqueiro não teve dúvidas: tascou a expressão numa tabuleta para que todo
mundo reconhecesse como o nome do botequinho. Deu bronca, os milicos da
repressão pegaram pesado e ele teve de dar um jeito. E deu, o nome ficou só:
...de fora. Mas ficou, ora!
Hehehehehe. TRÊS TABULETAS: ALIVIANDO NA
PANCADA, QUE BELA TAMBÉM SOFRE. E COMO! Voltando ao papo do amor... Na
minha vida toda vi todo jeito de desenlace. Uns meio apaziaguados, assim,
litigioso com cara de amigável, faz de conta - ah, a quem querem enganar, hem?
Outros, nem tanto: é cada rabo de foguete armando o maior barraco. Oxe! É que amantes
quando chegam na hora do sai para lá, tem sempre um que não quer. Aí, já viu,
né? Sempre é assim. Um dia antes: meu amor para lá, minha vida para cá,
biquinhos colados, mãos dadas, tudo tão estreitado de ninguém ser capaz de
dizer que aquela união um dia, de uma hora para outra, possa ser apartada, de
destroçar vupt! Até acabar assim do nada. Num estalo de dedo. Mas como? Ainda ontem!
Pois é, de onde menos se espera, a paixão dá uma entortada no maior envergado
que, de tão atrabiliária finda estupefata: cada um com a cara de tacho,
remoendo com as bochechas viradas pro lado oposto, dos bicudos nunca mais se
entenderem. Aí vem: Salafrário! Vagabunda! Canalha! Quenga! Cagão! Peidona! Danou-se!
Isso afora outras empioradas titulaturas odientas e desamadas. Vixe! Muitas! Vôte!
O amor tem disso, no final ninguém sai feliz. A melhor de todas foi a da não
menos genial musa Pagu: Tenho várias cicatrizes, mas estou viva.
Abram a janela. Desabotoem minha blusa. Eu quero respirar. Coisa de quem
sucumbiu ao desacerto do que parecia ser um grande amor e sai disfarçando com
assobios e lalarilalarás, como se ninguém notasse os cacos ajuntados a se
desmontarem na maior dor de cotovelo. Não vale mangar, a próxima vítima pode
ser você! Hehehehehe! E vamos aprumar a conversa, gente! © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS
& DESDITOS: [...] Deixe a mulher se manifestar como é, conhecê-la e
julgá-la; respeite seu direito como ser humano; [...] e se o
direito constitucional, como norma jurídica dos povos civilizados, todos os
dias se aproxima do conceito de liberdade, não nos invoca o princípio
aristotélico tardio da desigualdade de seres desiguais [...] Deixe, além disso, a mulher que age em
Direito, que será a única maneira de ser educada nele, quaisquer que sejam os
obstáculos e as hesitações que, em princípio, ela possuía. [...] Regozijei-me ao pensar que esta Constituição
será, pelo seu tempo e pelo seu espírito, a melhor, até agora, daquelas que
existem no mundo civilizado, as mais livres, as mais avançadas, e também pensei
nela, como no decreto do governo
provisório de que, nos quinze dias seguintes, a República fez mais justiça à
mulher que fez vinte séculos de monarquia. Eu acho que é o primeiro país latino
em que o direito do sufrágio às
mulheres será reconhecido, no qual a voz de uma mulher pode ser elevada em uma
câmara latina, uma voz modesta como ela, mas que quer nos trazer as auras da
verdade, e tenho orgulho da ideia de que é a minha Espanha que levanta essa
bandeira da libertação das mulheres [...] E eu digo, legisladores: [...] não
deixe que seja outra nação latina que possa colocar à frente de sua
Constituição, nos próximos dias, a libertação das mulheres, sua companheira.
Trechos do discurso da ativista feminista e política espanhola Clara Campoamor (1888-1972), registrado
no Diario das Sesiones de las Cortes Constityyentes de la República Española,
sesión celebrada el dia 1 de septiembre de 1931. Ela foi reconhecida pela
defesa dos direitos e sufrágio da mulher durante a redação da constituição
espanhola de 1931, que buscava garantir a igualdade entre homens e mulheres.
HEROINAS
DO TEJUCUPAPO – Tejucupapo é um distrito do município da mata
norte pernambucana, protagonista de um episódio ocorrido durante o período holandês,
que estava enfraquecido, sitiado e sem comida, tendo já perdido quase todo o
domínio das terras pernambucanas. Para eles a solução seria ocupar Tejucupapo,
área tradicional de plantio da mandioca e que, à época, valia a pena arriscar
em combate. Seria uma tarefa fácil porque, aos domingos, os homens do vilarejo
iam ao Recife vender seus produtos. Com o distrito desguarnecido, investiram. Não
contavam com o levante feito por quatro mulheres: Maria Camarão, Maria
Quitéria, Maria Clara e Joaquina, que não importava se fossem portugueses ou
holandeses, queriam pernambuquês. Elas, outras mulheres e os homens que
restavam na localidade, escondidos em trincheiras, enfrentaram os holandeses e
os venceram. Toda história deste episódio está reunida na publicação Tejucupapo: história, teatro, cinema
(Bagaço, 2004), organizado por Cláudio Bezerra, com os textos: Tejucupapo e o
registro da insurreição – a história, de Marcílio Brandão; O espetáculo das
mulheres guerreiras – o teatro, de Rafael Coelho; Valeu, Tejucupapo! – o
cinema, de Marcílio Brandão; A produção de Tejucupapo – um filme sobre mulheres
guerreiras, de Amaro Filho.
A POESIA DE CIDA PEDROSA
URBE: hoje na minha boca / não cabem girassóis / cabe um poemapodre / cheiro
de mangue capibaribe / um poemaponte / galeria esgoto chuvas de abril / um
poemacidade / fumaça ferrugem fuligem / hoje na minha boca / cabe apenas o
poema / o poema hóspede da agonia
MILENA: gosto quando milena fala / dos homens / que comeu durante a noite / é a
única voz soante / nesta cantina de repartição / onde todos contam: / do filho
drogado do preço do pão / do sapato carmim, exposto na vitrine / da rua sicrano
de tal do bairro / de casa amarela / onde você pode comprar / e começar a pagar
apenas em abril / sem a voz de milena / o café desce amargo
PATRICIA: é especialista em filhos / deveria ser contratada / para reclames de
televisão / e os jornais poderiam colher depoimentos / sobre como ensinar uma
empregada / a engomar 10 fraldas de uma única vez / teve 3 filhos / jéssica
marina e victor júnior / sabe tudo sobre febre e papinhas cocozinhos risinhos /
bonequinhas carrinhos palhacinhos sapatinhos joguinhos / roupinhas festinhas de
aniversário letrinhas numerozinhos / velocípedes curso de férias esporte queda
de bicicletas / matemática português história geografia cidadania / aula de
reforço amigos indesejáveis lan house / passeios aos shopping conga de telefone
alta / comprimidos de ecstasy / patrícia é especialista em filhos / mas não
sabe o que fazer com o piercing que jéssica / pôs nos grandes lábios / o amor
de marina por felipa / e a decisão de victor júnior não seguir a carreira do
pai / junto à empresa victorvictoria.
CIDA PEDROSA - A poeta e advogada Cida Pedrosa é autora de diversos livros de poesia, tendo atuado
profissionalmente em entidade sindicais, comitês e secretarias em defesa dos
direitos humanos, dos trabalhadores rurais e meio ambiente. Veja mais aqui,
aqui & aqui.
A ARTE DE GEORGE GROSZ
A arte
do pintor e ilustrador alemão George Grosz (1893-1959), que foi
integrante do movimento Dadá e di grupo Nova Objetividade. Veja mais aqui, aqui
& aqui.
TODO DIA É DIA DA MULHER PERNAMBUCANA
A miscigenação de René Ribeiro aqui.
No caroço de juá de José Adalberto Ferreira aqui.
A música
de Leandro Vaz aqui.
A arte
de Léo Luna aqui.
&
OFICINAS ABI