terça-feira, fevereiro 11, 2020

GLAUBER ROCHA, MARY LEAKEY, GERALDO AZEVEDO, DELLY FIGUEIREDO & ARTE PERNAMBUCANA


AGUÇANDO AS VISTAS & REMOENDO AS CATRACAS DA CACHOLA – UMA: ENTRE VER & ENXERGAR - Uma coisa é ver; outra, enxergar. Todo mundo já está careca de saber disso. Então, que é que está acontecendo? Ainda estou com aquele poeminha das mãos na pedra do verbo, que fiz ainda adolescente, martelando na cabeça: Você tem mesmo olhos na cara? É que passaram os anos e... Valho-me do que disse o jornalista Sérgio Augusto de Andrade: “... sem enxergar nada, fica sempre muito mais fácil de opinar”. Também acho. Que coisa! Porém, o ilustre jornalista dá uma dica: “Talvez estivesse na hora de nos arriscarmos um pouco e tentarmos abrir os olhos. Quem sabe nos faça bem. Quem sabe seja mais divertido”. É isso. DUAS: A DOIDICE CORAJOSA DE GLAUBER – Estava lendo as “Cartas” de Glauber Rocha e, ao mesmo tempo, cá comigo, pensando: que barra ele teve de levar nos peitos para fazer seus filmes, hem? Quando vi, certa vez, aquele cartaz da Yemanjá Filmes, com as inscrições: “Você acredita em cinema na Bahia? Nós acreditamos! Coopere...”, não pude conter a imaginação de vê-lo indomável e, qual irrefreável desmantelo desgovernado e descendo a ladeira feito um estrupício devastador, passando por cima de todas as adversidades e mangações que aparecesse pela frente. As suas cartas demonstram isso: um misto de doidice e genialidade. Ora, para quem acredita no que quer fazer é preciso ter coragem. E muita. Salve, Glauber! Vê mais dele lá pra baixo, visse? Vai rolando aí até o final dessa postagem. TRÊS: A SACADA DE RODIN – Pois bem, como pensar dói, enxergar dá trabalho e ter coragem é para poucos, comecei a remoer as catracas do quengo com o umbigocentrismo: o descartável na ordem do dia – cada um faz o que pode até onde der; se não deu certo, paciência, pula pra outra e sai arrumando as coisas na base da gambiarra nas coxas, até onde Deus quiser. Todo mundo só quer mesmo ser feliz e já. Nessa hora, me lembrei duma frase do escultor e pintor francês Auguste Rodin (1840-1917): O mundo não será feliz a não ser quando todos os homens tiverem alma de artista, isto é, quando todos tirarem prazer do seu trabalho. Ah, tá. Tem mais dele aqui & aqui. E vamos nessa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Você só encontrará o que está procurando, realmente, se a verdade for conhecida. As teorias vão e vêm, mas os dados fundamentais sempre permanecem os mesmos. Eu nunca havia passado em um único exame da escola, e claramente nunca passaria. Basicamente, fui atraída pela curiosidade. Eu desenterrei as coisas. Eu estava curiosa. Eu gostava de desenhar o que encontrei. Nenhuma quantidade de pedra e osso poderia produzir o tipo de informação que as pinturas davam tão livremente. Eu nunca senti que a interpretação era o meu trabalho. Pensamento da premiada arqueóloga e paleoantropóloga inglesa Mary Leakey (1913-1996), que revolucionou o estudo da evolução humana, descobrindo, depois de mais de 50 anos de escavações, as pegadas mais antigas que foram registradas dos hominídeos e fósseis com mais de 3 milhões de anos, das culturas da Idade da Pedra. Além disso, ela enfrentou o sexismo de seu tempo, rompendo as barreiras que lhe eram impostas, livres de convenções e inspirada por uma intensa vida de realizações graças à sua dedicação. Veja mais aqui.

CARTAS AO MUNDO, GLAUBER ROCHA
[...] Eu sou um apocalíptico que morrerei cedo... Às vezes sinto-me louco e absolutamente feliz dentro de uma infinita solidão. [...] O artista não pode senão apelas para um povo, ele tem necessidade dele no mais profundo de seu empreendimento. Mas quando um povo se cria é pelos seus próprios meios, mas de maneira a reencontrar algo da arte ou de maneira que a arte encontre o que lhe faltava. Há uma fabulação comum ao povo e à arte. [...].
GLAUBER ROCHA – Trechos extraídos da obra Cartas ao mundo (Companhia das Letras, 1997), reunindo cerca de 270 cartas escritas pelo cineasta, ator e escritor Glauber Rocha (1939-1981), escrita entre os 14 e 42 anos de idade, recuperadas após a sua morte, correspondendo a diários minuciosos em que faz revolução e autoanálise, esboça tratados, fecha negócios e vivo o exílio. O volume foi organizado por Ivana Bentes. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE DELLY FIGUEIREDO
[...] meu trabalho é muito visceral. Tenho grande influência da cultura popular brasileira [...] Quando pequena via nas igrejas pessoas pagando promessas com ex-votos, que são objetos em agradecimento a uma graça alcançada, como as cabeças de ex-voto. Isso sempre me intrigou e hoje me fascina. As cabeças sempre fizeram parte do meu trabalho seja na pintura como na escultura. [...].
DELLY FIGUEIREDO – A arte da escultora, ceramista e artista visual Delly Figueiredo (Trechos extraídos da entrevista concedida pela artista ao Acontece Magazine). Veja mais aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A música do compositor, cantor e violonista Geraldo Azevedo aqui, aqui & aqui.
A poesia de Marcus Accioli (1943-2017) aqui & aqui.
O pensamento do filósofo, escritor, crítico e jurista Tobias Barreto (1839-1889) aqui.
As Vozes das Mulheres & Luzilá Gonçalves Ferreira aqui & aqui.
Simoni Franzi, Cultura Canavieira & Meio Ambiente aqui.
O baile perfumado aqui.
Os escritos de Anelise Lorena aqui.
Água Preta & a Praieira aqui & aqui.



HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...