segunda-feira, setembro 14, 2015

BUKOWSKI, GLAUBER, GLAUCE, ADORNO, HAYDN, ISRAËLS, EZEQUIAS & CANTARAU.


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? CANTARAU TATARITARITATÁ, O SHOW – Primeiro foi este blog criado em 2002 na plataforma do Weblogger, com a supervisão gráfica da poetamiga Mariza Lourenço e em homenagem aos amigos Maurício, Gilberto & Mauricinho Melo Filho, até chegar nesta plataforma em 2006, quando virou programa radiofônico, primeiro na Rádio Difusora de Maceió, dentro do programa Frente & Verso, do jornalista João Marcos Carvalho, e posteriormente na Rádio Cidade FM, de Campos Gerais, resultando na parceria no Projeto MCLAM, com a querida Meimei Corrêa, em 2011. Daí transformou-se em Cordel, por ocasião das atividades realizadas graças ao convite da professora Ceiça Mota, na Escola Josefa Conceição da Costa. Foi aí que tomou roupagem de zine impresso, em 2009, com tiragem de 5 mil exemplares e distribuído gratuitamente, até chegar a show, primeiro em 2010, no projeto Palco Aberto da Boibumbarte e com banda Cianônima Ilimitada, e em 2011, na Artnor, em show solo, tomando definitivamente a denominação de Cantarau: vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! Depois de tudo isso, foi tomando uma roupagem definitiva no repertório, até ter uma abertura com a vinheta Tataritaritatá que compus lá pelos anos de 1980 e estava guardada na gaveta por esses anos todos. A martelada Tataritaritatá, oriunda do folheto do cordel; a música Cantador, que compus e foi gravada pelo amigo Wilson Monteiro no seu cd Cantarolando; Abusão, a minha parceria com Gulú & Fernandinho Melo; Desnorteio, que também foi gravada por Wilson Monteiro; Protesto Fônico, a minha primeira parceria com Ângelo Meyer; Anátema, que virou tema no programa da Difusora; o poema Minha Voz e a canção Aurora, que foram gravadas pela cantora Sônia Melo, no seu cd Desejo; Sanha, que compus no início dos anos 1990, publicada no livro Primeira Reunião (Bagaço, 1992) e, depois, gravada pelo saudoso cantor Auri Viola; Itinerância, a minha parceria com Sonekka (Osmar Lazzarini); Porque cantar já não muda em manhã, música que compus sobre o poema homônimo do poetamigo Fernando Fiorese e gravada pelo cantor e amigo Ricardo Machado; Nênia de Abril que compus nos anos 1980 sobre o poema homônimo do saudoso poetamigo Sérgio Campos; Entrega, a minha parceria musical com Mazinho – Jucimar Luiz de Melo Siqueira -, gravadas por Linaldo Martins & Cikó Macedo, no álbum Notícias Extraordinárias (1995) e pelo próprio Mazinho; Crença, que foi composta nos anos 1990; e os frevos Santa Folia, parceria com Cikó Macedo e fechando com o pout-pourri com os frevos Manguaba, Amor Imortal, Alvorada & Folia Caeté, compostos e gravados para o projeto carnavalesco da Folia Caeté. E vamos aprumar a conversa? Confira, então, aqui, aqui e aqui.


Imagem: Reclining female nude, do pintor do Impressionismo holandês, Isaac Lázaro Israëls (1865 - 1934)

Curtindo: Cello Concertos nº 1, 2 and 4 (Naxos, 2001), do compositor austríaco Johann Michael Haydn (1737-1706), com cello de Maria Kliegel & Cologne Chamber Orchestra, Helmut Muller-Bruhl, Conductor.

INDÚSTRIA CULTURAL & SOCIEDADE – O livro Indústria cultural e sociedade (Paz e Terra, 2009), do filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão Theodor Adorno, um dos expoentes da Escola de Frankfurt, trata sobre o Iluminsimo como mistificação das massas, crítica cultura e sociedade, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho Crítica cultural e sociedade: [...] O conceito de liberdade de opinião, e mesmo o próprio conceito de liberdade espiritual na sociedade burguesa, [...] de todas as relações humanas, caía cada vez mais sob o controle anônimo das relações vigentes, que não apenas se impôs a partir de fora, como também se introduziu em seu feitio imanente. Essas relações se impõem tão impiedosamente ao espírito autônomo quanto antes os ordenamentos heterônomos se impunham ao espírito comprometido. Não só o espírito se ajusta à sua venalidade mercadológica, reproduzindo com isso as categorias sociais predominantes, como se assemelha, objetivamente, ao status quo, mesmo quando, subjetivamente, não se transforma em mercadoria. As malhas do todo são atadas cada vez mais conforme o modelo do ato de troca. [...]  A crítica não é injusta quando destrói —esta ainda seria sua melhor qualidade —, mas quando, ao desobedecer, obedece. [...]. Veja mais aqui e aqui.

 
SOLIDÃO – No livro Ao sul de nenhum lugar: histórias da vida subterrânea (L&PM, 2013), do escritor estadunidense nascido na Alemanha, Henry Charles Bukowski Jr (1920-1994), destaco o trecho de Solidão: Edna estava caminhando pela rua com sua sacola de compras quando passou pelo carro. Havia um cartaz na janela lateral: PROCURA-SE MULHER. Ela parou. Havia um grande pedaço de papelão grudado na janela com alguma substância. A maior parte estava datilografada. De onde estava na calçada, Edna não conseguia ler o aviso. Podia apenas ver as letras graúdas: PROCURA-SE MULHER. Era um carro novo e caro. Edna deu um passo sobre a grama para ler a parte datilografada: Homem, 49 anos. Divorciado. Procura mulher para casamento. Deve ter entre 35 e 44 anos. Gosta de televisão e películas cinematográficas. Boa comida. Sou especialista em custos de produção, com estabilidade no emprego. Dinheiro no banco. Gosto de mulheres acima do peso. Edna tinha 37 anos e estava acima do peso. Havia um número de telefone. Também havia três fotos do cavalheiro em busca de uma mulher. Ele parecia bem sério de terno e gravata. Também parecia estúpido e um pouco cruel. E feito de madeira, pensou Edna, feito de madeira. Edna se afastou, sorrindo um pouco. Sentia também uma espécie de repulsa. Ao chegar ao seu apartamento, ela o tinha esquecido. Apenas algumas horas depois, sentada na banheira, voltou a pensar nele e, dessa vez, pensou em como ele devia estar realmente sozinho para fazer tal coisa: PROCURA-SEMULHER. Imaginou-o chegando em casa, encontrando as contas de gás e telefone na caixa de correio, despindo-se, tomando um banho, a televisão ligada. Então leria o jornal da tarde. Depois iria para a cozinha preparar sua refeição. De pé, de cuecas, olhando para a frigideira. Pegando sua comida e caminhando para uma mesa, comendo. Bebendo seu café. Então mais televisão. E talvez uma solitária lata de cerveja antes de se deitar. Havia milhões de homens como ele por toda a América. Edna saiu da banheira, enrolou-se na toalha, vestiu-se e saiu do apartamento. O carro ainda estava lá. Anotou o nome do homem, Joe Lighthill, e o número do telefone. Leu a parte datilografada novamente. “Películascinematográficas.” Que termo estranho para se usar. Agora as pessoas dizem “filmes”. PROCURA-SEMULHER. O aviso era muito ousado. Estava diante de um sujeito original. Quando Edna chegou em casa, tomou três xícaras de café antes de discar o número. O telefone chamou quatro vezes. –Alô? – ele respondeu. – Sr. Lighthill? – Sim? – Vi seu anúncio. Seu anúncio no carro. –Ah, sim. –Meu nome é Edna. – Como vai, Edna? – Ah, vou bem. Tem feito tanto calor. Esse tempo está demais. – Sim, nada fácil. –Bem, sr. Lighthill... –Me chame apenas de Joe. – Bem, Joe, rárárá, me sinto tão boba. Sabe por que estou telefonando? – Você viu meu aviso? – Quero dizer, rárárá, o que há de errado com você? Não consegue arranjar uma mulher? – Acho que não, Edna. Me diga, onde elas estão? – As mulheres? – Sim. – Ah, por toda parte, veja bem. – Onde? Me diga. Onde? –Bem, na igreja, veja bem. Há mulheres na igreja. – Não gosto de igrejas. –Ah. –Escute, por que você não vem para cá, Edna? – Quer dizer para sua casa? –Sim. Moro em um lugar legal. Podemos tomar um drinque, conversar. Sem pressão. –Está tarde. –Não está tão tarde. Escute, você viu meu aviso. Deve estar interessada. –Bem... – Você está com medo, é só isso. Está apenas com medo. – Não, não estou com medo. – Então venha pra cá, Edna.– Bem... – Venha. – Certo. Vejo você em quinze minutos [...]. Veja mais aqui e aqui. 

PRECE & FATALIDADE – Na antologia Poetas dos Palmares (FUNDARPE/FCCHBF, 1987), organizada pelo poeta Juareiz Correya, encontro os poemas do poeta, bancário e funcionário público Ezequias Pessoa de Siqueira, do qual destaco o Prece: Têm tais doçuras e afagos / os teus olhos, Margarida; / não são olhos, são dois lagos / de amor, de luz e de vida... / De ônix luzente dois bagos / em rara joia polda / assim tão negros e vagos / como eu os amos, querida! / No mar azul dos meus dias / entre doidas fantasias / são meus olhos navegantes, / a lhes mostrar os escolhos / estes faróis – os teus olhos, / puros, macios, brilhantes! E tambem o poema Fatalidade: Não me foi dada vida de primores / como aos filhos dos deuses da Odisseia, / - Eu mesmo preparei minha epopeia / sem pífanos, sem flauta, sem tambores... / Mesmo lutando contra os dissabores / como os velhos profetas da Judeia, / imitando o Rabi da Galileia, / vivo entre os párias rudes, sofredores... / Surgi, como Moises, de sarça ardente, / e vivo há muito tempo, descontente, / procurando outra terra prometida... / Mas, como César, dentro do senado, / tombo aos pés do destino, transpassado / pelos punhais da minha própria vida. E veja mais aqui e aqui.

MADAME SANS GENE, A LIÇÃO E O MAGNIFICO SENHOR – A saudosa e sempre bela atriz Glauce Rocha (1930-1972), conheceu ainda na infância Walmor Chagas, com quem seguiu para o Conservatório Nacional de Teatro, iniciando sua carreira de atriz em 1950, como integrante do grupo Os Fabulosos. Sua primeira atuação profissional foi em 1952, na peça teatral Madame Sans Gene, na Companhia de Teatro de Alda Garrido. Daí seguiu-se sua apresentação em peças como A lição (1958), A cantora carega (1958), A beata Maria do Egito (1959), As três irmãs (1950), Doce pássaro da juventude (1960), Terror e miséria no III Reich (1963), Electra (1965), Perto do coração selvagem (1965), Amor poe anexins (1967), A agonia do rei (1968), Um uísque para o rei Saul, na qual foi ganhadora do Prêmio Moliére de Melhor Atriz (1968), O exercício (1969) e Uma ponte sobre o pântano (1971). Sua vida era entre o teatro e o cinema, estreando nas telas como figurante no filme Aviso aos navegantes (1950) e, depois, vieram Aventura no Rio (1952), Com o diabo no corpo (1952), Rua sem sol, (1954), Rio, 40 graus (1955), O noivo da girafa (1957), Traficantes do crime (1958), Cabocla (1959), Helena (1959), Um caso de polícia (1959), Mulheres e milhões (1961), Cinco vezes favela (1962), Os cafajestes (1962), Quatro mulheres para um herói (1962), Sol sobre a lama (1962), A marafa (1963), O beijo (1964), Engraçadinha depois dos trinta (1966), A derrota (1966), Terra em transe (1967), Jardim de guerra (1968), Na mira do assassino (1968), Tempo de violência (1969), Incrível, fantástico, extraordinário (1969), A navalha na carne (1970), Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa (1970), O dia marcado (1970), Um homem sem importância (1971) e Cassy Jones, o magnifico sedutor (1972). Aqui nossa eterna homenagem. Veja mais aqui e aqui.

TERRA EM TRANSE – O drama Terra em Transe (1967), escrito, dirigido e roteirizado pelo cineasta e escritor Glauber Rocha (1939-1981), conta a história de uma fictícia república, em que um jornalista idealista e poeta que tem ligação com um político do partido conservador e a amante dele, formam um triângulo amoroso. Com a eleição do político, o jornalista se afasta e conhece uma ativista em que juntos resolvem apoiar um outro politico populista para o governo, contra a miséria e a injustiça que assola o país. Os dois se desencantam com a eleição do seu político que se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas. Este filme foi premiado em Cannes (1967), no Festival de Havana (1967), no Festival de Locarno (Suiça, 1967), Festival de Juiz de Fora e Premio Governo do Estado de São Paulo. O destaque do filme vai para a atriz Glauce Rocha que arrebatou prêmios como Melhor Atriz. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do escultor neoclássico sueco Johan Tobias Sergel (1775-1778),


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Crônica de Amor, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

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NADYA TOLOKONNIKOVA, ANNA KATHARINE GREEN, EMMA GONZALEZ & THALYTA MONTEIRO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Terra adentro (A Casa Produções, 2011) e Luares (2023), da violonista, compositora, produt...