VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? CANTARAU TATARITARITATÁ, O SHOW – Primeiro foi este blog criado em 2002
na plataforma do Weblogger, com a supervisão gráfica da poetamiga Mariza
Lourenço e em homenagem aos amigos Maurício, Gilberto & Mauricinho Melo
Filho, até chegar nesta plataforma em 2006, quando virou programa radiofônico,
primeiro na Rádio Difusora de Maceió, dentro do programa Frente & Verso, do
jornalista João Marcos Carvalho, e posteriormente na Rádio Cidade FM, de Campos Gerais, resultando na parceria no Projeto MCLAM, com a querida Meimei Corrêa,
em 2011. Daí transformou-se em Cordel, por ocasião das atividades realizadas
graças ao convite da professora Ceiça Mota, na Escola Josefa Conceição da Costa. Foi aí que tomou roupagem de zine
impresso, em 2009, com tiragem de 5 mil exemplares e distribuído gratuitamente,
até chegar a show, primeiro em 2010, no projeto Palco Aberto da Boibumbarte e com
banda Cianônima Ilimitada, e em 2011, na Artnor, em show solo, tomando
definitivamente a denominação de Cantarau: vamos aprumar a conversa &
tataritaritatá! Depois de tudo isso, foi tomando uma roupagem
definitiva no repertório, até ter uma abertura com a vinheta Tataritaritatá que compus lá pelos anos
de 1980 e estava guardada na gaveta por esses anos todos. A martelada Tataritaritatá, oriunda do folheto do
cordel; a música Cantador, que compus
e foi gravada pelo amigo Wilson Monteiro no seu cd Cantarolando; Abusão, a minha parceria com Gulú &
Fernandinho Melo; Desnorteio, que
também foi gravada por Wilson Monteiro; Protesto
Fônico, a minha primeira parceria com Ângelo Meyer; Anátema, que virou tema no programa da Difusora; o poema Minha Voz e a canção Aurora, que foram gravadas pela cantora
Sônia Melo, no seu cd Desejo; Sanha,
que compus no início dos anos 1990, publicada no livro Primeira Reunião
(Bagaço, 1992) e, depois, gravada pelo saudoso cantor Auri Viola; Itinerância, a minha parceria com Sonekka
(Osmar Lazzarini); Porque cantar já não
muda em manhã, música que compus sobre o poema homônimo do poetamigo
Fernando Fiorese e gravada pelo cantor e amigo Ricardo Machado; Nênia de Abril que
compus nos anos 1980 sobre o poema homônimo do saudoso poetamigo Sérgio Campos;
Entrega, a minha parceria musical com
Mazinho – Jucimar Luiz de Melo Siqueira -, gravadas por Linaldo Martins &
Cikó Macedo, no álbum Notícias Extraordinárias (1995) e pelo próprio Mazinho; Crença, que foi composta nos anos 1990;
e os frevos Santa Folia, parceria com
Cikó Macedo e fechando com o pout-pourri com os frevos Manguaba, Amor Imortal, Alvorada & Folia Caeté, compostos e gravados para o projeto carnavalesco da
Folia Caeté. E vamos aprumar a conversa? Confira, então, aqui, aqui e aqui.
Imagem: Reclining female nude, do pintor
do Impressionismo holandês, Isaac Lázaro Israëls (1865 - 1934)
Curtindo: Cello Concertos nº 1, 2 and 4 (Naxos, 2001), do compositor
austríaco Johann Michael Haydn
(1737-1706), com cello de Maria Kliegel & Cologne Chamber Orchestra, Helmut
Muller-Bruhl, Conductor.
INDÚSTRIA CULTURAL & SOCIEDADE – O livro Indústria cultural e sociedade (Paz e Terra, 2009), do filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão Theodor Adorno, um dos expoentes da Escola de Frankfurt, trata sobre o Iluminsimo como mistificação das massas, crítica cultura e sociedade, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho Crítica cultural e sociedade: [...] O conceito de liberdade de opinião, e mesmo o próprio conceito de liberdade espiritual na sociedade burguesa, [...] de todas as relações humanas, caía cada vez mais sob o controle anônimo das relações vigentes, que não apenas se impôs a partir de fora, como também se introduziu em seu feitio imanente. Essas relações se impõem tão impiedosamente ao espírito autônomo quanto antes os ordenamentos heterônomos se impunham ao espírito comprometido. Não só o espírito se ajusta à sua venalidade mercadológica, reproduzindo com isso as categorias sociais predominantes, como se assemelha, objetivamente, ao status quo, mesmo quando, subjetivamente, não se transforma em mercadoria. As malhas do todo são atadas cada vez mais conforme o modelo do ato de troca. [...] A crítica não é injusta quando destrói —esta ainda seria sua melhor qualidade —, mas quando, ao desobedecer, obedece. [...]. Veja mais aqui e aqui.
SOLIDÃO – No livro Ao sul de nenhum lugar: histórias da vida subterrânea (L&PM, 2013),
do escritor estadunidense nascido na Alemanha, Henry Charles Bukowski Jr (1920-1994), destaco o trecho de Solidão:
Edna estava caminhando pela rua com sua sacola de compras
quando passou pelo carro. Havia um cartaz na janela lateral: PROCURA-SE MULHER.
Ela parou. Havia um grande pedaço de papelão grudado na janela com alguma substância.
A maior parte estava datilografada. De onde estava na calçada, Edna não conseguia
ler o aviso. Podia apenas ver as letras graúdas: PROCURA-SE MULHER. Era um carro
novo e caro. Edna deu um passo sobre a grama para ler a parte datilografada: Homem,
49 anos. Divorciado. Procura mulher para casamento. Deve ter entre 35 e 44 anos.
Gosta de televisão e películas cinematográficas. Boa comida. Sou especialista em
custos de produção, com estabilidade no emprego. Dinheiro no banco. Gosto de mulheres
acima do peso. Edna tinha 37 anos e estava acima do peso. Havia um número de telefone.
Também havia três fotos do cavalheiro em busca de uma mulher. Ele parecia bem sério
de terno e gravata. Também parecia estúpido e um pouco cruel. E feito de madeira,
pensou Edna, feito de madeira. Edna se afastou, sorrindo um pouco. Sentia também
uma espécie de repulsa. Ao chegar ao seu apartamento, ela o tinha esquecido. Apenas
algumas horas depois, sentada na banheira, voltou a pensar nele e, dessa vez, pensou
em como ele devia estar realmente sozinho para fazer tal coisa: PROCURA-SEMULHER.
Imaginou-o chegando em casa, encontrando as contas de gás e telefone na caixa de
correio, despindo-se, tomando um banho, a televisão ligada. Então leria o jornal
da tarde. Depois iria para a cozinha preparar sua refeição. De pé, de cuecas, olhando
para a frigideira. Pegando sua comida e caminhando para uma mesa, comendo. Bebendo
seu café. Então mais televisão. E talvez uma solitária lata de cerveja antes de
se deitar. Havia milhões de homens como ele por toda a América. Edna saiu da banheira,
enrolou-se na toalha, vestiu-se e saiu do apartamento. O carro ainda estava lá.
Anotou o nome do homem, Joe Lighthill, e o número do telefone. Leu a parte datilografada
novamente. “Películascinematográficas.” Que termo estranho para se usar. Agora as
pessoas dizem “filmes”. PROCURA-SEMULHER. O aviso era muito ousado. Estava diante
de um sujeito original. Quando Edna chegou em casa, tomou três xícaras de café antes
de discar o número. O telefone chamou quatro vezes. –Alô? – ele respondeu. – Sr.
Lighthill? – Sim? – Vi seu anúncio. Seu anúncio no carro. –Ah, sim. –Meu nome é
Edna. – Como vai, Edna? – Ah, vou bem. Tem feito tanto calor. Esse tempo está demais.
– Sim, nada fácil. –Bem, sr. Lighthill... –Me chame apenas de Joe. – Bem, Joe, rárárá,
me sinto tão boba. Sabe por que estou telefonando? – Você viu meu aviso? – Quero
dizer, rárárá, o que há de errado com você? Não consegue arranjar uma mulher? –
Acho que não, Edna. Me diga, onde elas estão? – As mulheres? – Sim. – Ah, por toda
parte, veja bem. – Onde? Me diga. Onde? –Bem, na igreja, veja bem. Há mulheres na
igreja. – Não gosto de igrejas. –Ah. –Escute, por que você não vem para cá, Edna?
– Quer dizer para sua casa? –Sim. Moro em um lugar legal. Podemos tomar um drinque,
conversar. Sem pressão. –Está tarde. –Não está tão tarde. Escute, você viu meu aviso.
Deve estar interessada. –Bem... – Você está com medo, é só isso. Está apenas com
medo. – Não, não estou com medo. – Então venha pra cá, Edna.– Bem... – Venha. –
Certo. Vejo você em quinze minutos [...]. Veja mais aqui e aqui.
PRECE
& FATALIDADE – Na antologia Poetas dos Palmares
(FUNDARPE/FCCHBF, 1987), organizada pelo poeta Juareiz Correya, encontro os
poemas do poeta, bancário e funcionário público Ezequias Pessoa de Siqueira, do qual destaco o Prece: Têm tais doçuras e afagos / os teus olhos,
Margarida; / não são olhos, são dois lagos / de amor, de luz e de vida... / De
ônix luzente dois bagos / em rara
joia polda / assim tão negros e vagos / como eu os amos, querida! / No mar azul
dos meus dias / entre doidas fantasias / são meus olhos navegantes, / a lhes
mostrar os escolhos / estes faróis – os teus olhos, / puros, macios,
brilhantes! E tambem o poema Fatalidade: Não me foi dada vida de primores / como aos filhos dos deuses da
Odisseia, / - Eu mesmo preparei minha epopeia / sem pífanos, sem flauta, sem
tambores... / Mesmo lutando contra os dissabores / como os velhos profetas da
Judeia, / imitando o Rabi da Galileia, / vivo entre os párias rudes,
sofredores... / Surgi, como Moises, de sarça ardente, / e vivo há muito tempo,
descontente, / procurando outra terra prometida... / Mas, como César, dentro do
senado, / tombo aos pés do destino, transpassado / pelos punhais da minha
própria vida. E veja mais aqui e aqui.
MADAME
SANS GENE, A LIÇÃO E O MAGNIFICO SENHOR – A saudosa e sempre bela atriz Glauce Rocha (1930-1972), conheceu ainda na infância Walmor Chagas,
com quem seguiu para o Conservatório Nacional de Teatro, iniciando sua carreira
de atriz em 1950, como integrante do grupo Os Fabulosos. Sua primeira atuação
profissional foi em 1952, na peça teatral Madame Sans Gene, na Companhia de
Teatro de Alda Garrido. Daí seguiu-se sua apresentação em peças como A lição
(1958), A cantora carega (1958), A beata Maria do Egito (1959), As três irmãs
(1950), Doce pássaro da juventude (1960), Terror e miséria no III Reich (1963),
Electra (1965), Perto do coração selvagem (1965), Amor poe anexins (1967), A
agonia do rei (1968), Um uísque para o rei Saul, na qual foi ganhadora do
Prêmio Moliére de Melhor Atriz (1968), O exercício (1969) e Uma ponte sobre o
pântano (1971). Sua vida era entre o teatro e o cinema, estreando nas telas como
figurante no filme Aviso aos navegantes (1950) e, depois, vieram Aventura no
Rio (1952), Com o diabo no corpo (1952), Rua sem sol, (1954), Rio, 40 graus
(1955), O noivo da girafa (1957), Traficantes do crime (1958), Cabocla (1959),
Helena (1959), Um caso de polícia (1959), Mulheres e milhões (1961), Cinco
vezes favela (1962), Os cafajestes (1962), Quatro mulheres para um herói (1962),
Sol sobre a lama (1962), A marafa (1963), O beijo (1964), Engraçadinha depois
dos trinta (1966), A derrota (1966), Terra em transe (1967), Jardim de guerra
(1968), Na mira do assassino (1968), Tempo de violência (1969), Incrível,
fantástico, extraordinário (1969), A navalha na carne (1970), Roberto Carlos e
o diamante cor-de-rosa (1970), O dia marcado (1970), Um homem sem importância (1971)
e Cassy Jones, o magnifico sedutor (1972). Aqui nossa eterna homenagem. Veja
mais aqui e aqui.
TERRA
EM TRANSE – O drama Terra em Transe (1967), escrito,
dirigido e roteirizado pelo cineasta e escritor Glauber Rocha (1939-1981), conta a história de uma fictícia
república, em que um jornalista idealista e poeta que tem ligação com um
político do partido conservador e a amante dele, formam um triângulo amoroso. Com
a eleição do político, o jornalista se afasta e conhece uma ativista em que
juntos resolvem apoiar um outro politico populista para o governo, contra a miséria
e a injustiça que assola o país. Os dois se desencantam com a eleição do seu
político que se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas. Este filme foi
premiado em Cannes (1967), no Festival de Havana (1967), no Festival de Locarno
(Suiça, 1967), Festival de Juiz de Fora e Premio Governo do Estado de São
Paulo. O destaque do filme vai para a atriz Glauce Rocha que arrebatou prêmios
como Melhor Atriz. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do escultor neoclássico sueco Johan Tobias Sergel (1775-1778),
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Crônica de Amor, a partir
das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. Em
seguida, o programa Mix MCLAM, com
Verney Filho e na madrugada Hot Night,
uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online
acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Dê livros de presente para as crianças.
Aprume aqui.